O Diário Que Nunca Foi Meu
img img O Diário Que Nunca Foi Meu img Capítulo 1 O Diário que Nunca Foi Meu
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Capítulo 6 Tarde Tensa img
Capítulo 7 O diário fica íntimo img
Capítulo 8 CIÚME INICIAL img
Capítulo 9 QUASE BEIJO... MAS ÓDIO img
Capítulo 10 O TRAUMA DELE DÁ SINAIS img
Capítulo 11 ELE EVITA... MAS OLHA DEMAIS img
Capítulo 12 ELE EVITA ELA... MAS img
Capítulo 13 O diário vira obsessão img
Capítulo 14 O toque proibido img
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O Diário Que Nunca Foi Meu

Luana Souza
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Capítulo 1 O Diário que Nunca Foi Meu

Eu só queria chegar na sala sem levar advertência.

Mas, como sempre, minha vida decidiu complicar tudo.

O corredor estava vazio, exceto por um armário aberto - daqueles que ninguém usa faz meses - com uma pilha de coisas caindo pra fora.

Eu ia ignorar.

Juro que ia.

Mas quando passei rápido, algo caiu no chão bem na minha frente.

Um livrinho preto, pequeno, com a capa meio gasta.

Peguei no automático.

Não era meu.

Não tinha nome.

Não tinha nada.

Olhei pros lados.

Ninguém.

Nem sinal de quem largou ali.

- Ótimo... - murmurei. - Agora eu sou a idiota que coleta lixo perdido.

Guardei o livro na bolsa porque o professor já estava chamando os atrasados.

Só no intervalo eu abri.

E aí tudo começou a ficar estranho.

O diário estava cheio.

Páginas e páginas de letra bonita, organizada, mas... intensa.

A primeira frase que li me deixou estática:

"Eu passo o dia inteiro fingindo que estou bem.

Ninguém percebe.

Ninguém nunca percebe."

Engoli seco.

Virei outra página.

"Não sei o que é pior: me importar demais ou não conseguir dizer nada."

Aquilo não parecia de alguém que eu conhecia.

Mas ao mesmo tempo... parecia.

Continuei lendo.

Devagar.

Com medo de parar.

"Às vezes sinto tanta raiva que não sei o que fazer com as mãos."

"Hoje quase explodi. Ela nem percebeu."

Eu franzi a testa.

Ela quem?

Alguma namorada desesperada?

Alguma menina sem noção?

Ou só alguém que esse autor inventou?

Fechei o diário por um segundo.

Meu coração estava estranho - acelerado sem motivo.

Quando levantei a cabeça, vi ele.

Noah.

Entrando no corredor, fones no pescoço, expressão irritada, aquele jeito de que acordou brigando com o próprio reflexo.

Ele passou por mim sem olhar.

Mas quando passou, senti um arrepio idiota subir pela minha nuca.

O cheiro dele sempre vinha antes: quente, amadeirado, marcante.

Balancei a cabeça.

Nada a ver.

Eu estava só impressionada com o diário.

Noah nunca falaria daquele jeito.

Ele era frio demais.

Duro demais.

Ou eu achava que era.

Coloquei o diário na bolsa rápido, como se alguém pudesse me acusar de alguma coisa.

Mais tarde, na biblioteca, abri de novo.

E li um trecho que fez meu estômago virar:

"Se ela soubesse o que eu penso quando passa por mim...

se soubesse o que eu imagino...

ela nunca mais chegaria perto."

Eu encostei no encosto da cadeira.

Ok.

Isso já era informação demais.

O problema?

Eu queria saber mais.

Muito mais.

Fechei o diário devagar.

E antes de sair, sem querer, olhei pela janela.

Noah estava lá fora, encostado no muro, mexendo no celular, dando chutes numa pedra com expressão de quem estava irritado com o mundo inteiro.

Por um segundo, só um segundo, me ocorreu algo absurdo:

E se o diário fosse dele?

Mas eu sacudi a cabeça na mesma hora.

Ridículo.

Impossível.

Noah mal falava com alguém, muito menos escrevia sentimentos.

Guardei o diário na bolsa.

E mesmo sem saber por quê...

Eu fiquei com medo de abrir de novo.

E com muito mais medo do que eu iria sentir se eu abrisse.

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