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Barriga de Aluguel Entre desejos e segredos
img img Barriga de Aluguel Entre desejos e segredos img Capítulo 4 O Quase beijo
4 Capítulo
Capítulo 6 O primeiro sintomas img
Capítulo 7 A festa img
Capítulo 8 O jogo de Beatriz img
Capítulo 9 Noite proibida img
Capítulo 10 O plano de Beatriz img
Capítulo 11 A Armadilha de Beatriz img
Capítulo 12 O Escândalo img
Capítulo 13 A Faísca da Rebeldia img
Capítulo 14 Vozes silenciadas,Vozes que despertam img
Capítulo 15 Máscaras da mentira img
Capítulo 16 Vozes que despertam img
Capítulo 17 A voz da verdade img
Capítulo 18 Ecos da verdade img
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Capítulo 4 O Quase beijo

A tempestade começou ao cair da noite. O céu, antes limpo, se transformou em um mar de nuvens escuras, e os trovões faziam a mansão Monteiro estremecer. Camila, deitada em sua cama, não conseguia dormir. O barulho da chuva era forte, mas não era apenas isso que a mantinha desperta. Era a sensação de estar presa, a cada dia mais, em um jogo que não entendia completamente.

Decidiu descer até a sala para buscar um livro. O corredor estava silencioso, iluminado apenas por lâmpadas fracas que projetavam sombras longas nas paredes. Ao chegar à escada, ouviu vozes abafadas na sala principal. Aproximou-se com cautela.

Era Ricardo e Beatriz discutindo.

- Você não precisa vigiar cada passo dela, Beatriz. - A voz de Ricardo era firme, mas baixa. - Isso não vai mudar nada.

- Não me venha com sermões, Ricardo. - retrucou Beatriz, em tom cortante. - Essa garota está aqui por uma única razão: nos dar um filho. Nada mais.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Camila sentiu o rosto arder. Não queria ouvir, mas não conseguiu se mover.

- Às vezes me pergunto se você lembra que eu também estou nesse casamento. - disse Ricardo, com amargura.

Beatriz riu, fria. - Ah, eu lembro. Só não tenho certeza se você lembra.

O som de passos ecoou, e Camila se afastou rapidamente, correndo de volta ao corredor. O coração batia forte. Quando ouviu a porta da sala se fechar, percebeu que Ricardo estava sozinho.

Instantes depois, ele surgiu no corredor. Camila congelou.

- Não consegue dormir? - perguntou, surpreso, mas sem hostilidade.

Ela balançou a cabeça. - A tempestade...

Ricardo suspirou. - Eu também não consigo.

Houve um momento de silêncio, apenas a chuva castigando os vitrais. Então ele se aproximou. - Venha. Quero te mostrar uma coisa.

Camila hesitou, mas o seguiu até uma das salas laterais, que ela ainda não conhecia. Era uma biblioteca imensa, com estantes que iam até o teto e cheiro de madeira antiga. Uma lareira acesa aquecia o ambiente, lançando sombras dançantes.

- Este é o meu lugar favorito da casa. - Ricardo disse, abrindo uma das estantes. - Aqui consigo esquecer, por alguns instantes, a prisão que é essa mansão.

Camila percorreu os olhos pelos livros. - É lindo.

Ele se aproximou da lareira, ficando iluminado pelo brilho das chamas. - Camila, sei que isso tudo é estranho para você. Não quero que se sinta sozinha aqui.

Ela sentiu o coração acelerar. - Já me sinto sozinha, Ricardo. Desde que cheguei.

Os olhares se encontraram, e naquele instante algo mudou. Não era apenas empatia. Era desejo. Forte, proibido, impossível de disfarçar. Ricardo deu um passo à frente. Camila recuou levemente, mas seus olhos permaneciam presos nos dele.

- Você não deveria olhar para mim assim. - ela sussurrou, a voz trêmula.

- Nem você. - Ele respondeu, a respiração pesada.

Os segundos seguintes pareceram eternos. Ricardo ergueu a mão, tocando de leve o rosto dela. Camila fechou os olhos por reflexo, sentindo o calor daquele toque. O coração dela batia tão rápido que parecia que iria explodir.

Ele se inclinou, lentamente. Os lábios estavam a poucos centímetros dos dela. Camila queria fugir, mas seus pés estavam enraizados no chão. Uma mistura de medo e desejo a dominava.

O trovão ribombou, alto, como se o próprio céu protestasse. Camila estremeceu. Ricardo recuou apenas o suficiente para olhar em seus olhos.

- Não posso. - murmurou, num tom quase dolorido.

Camila respirava ofegante. - Nem eu.

Mas nenhum dos dois se moveu. Permaneceram ali, presos naquele instante, desejando o que sabiam não poder ter.

De repente, passos ecoaram no corredor. A porta da biblioteca se abriu com força. Uma empregada entrou, assustada.

- Senhor Ricardo, desculpe incomodar. A senhora Beatriz pediu para avisar que... a luz no quarto dela acabou de falhar.

Ricardo se afastou imediatamente, ajeitando a postura. - Já vou.

Camila, vermelha, recuou um passo, tentando disfarçar.

A empregada saiu, deixando o silêncio de novo.

Ricardo passou a mão pelos cabelos, nervoso. - Isso nunca aconteceu. Não pode acontecer.

Camila mordeu o lábio, tentando recuperar o fôlego. - Eu sei.

Ele respirou fundo, caminhou até a porta e, antes de sair, lançou-lhe um último olhar. Um olhar que dizia muito mais do que palavras: a linha havia sido cruzada, ainda que o beijo não tivesse acontecido.

Camila permaneceu sozinha na biblioteca, sentindo o corpo tremer. Sabia, no fundo, que aquele era apenas o começo de algo muito maior - e muito mais perigoso.

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