"Stella, não há nada acontecendo entre mim e Haley além do trabalho. Você está entendendo tudo errado. Essa colaboração com a família Smith pode realmente levar nossa empresa a um novo patamar. O próprio senhor Smith sugeriu que Haley adquirisse alguma experiência prática trabalhando aqui. E, sinceramente, com a formação dela em direito internacional e seu plano de ficar aqui a longo prazo, não consigo pensar em um cargo mais apropriado para ela do que no departamento jurídico."
No momento em que ele começou a falar sobre Haley, Stella zombou silenciosamente.
"O que a entrada dela no jurídico tem a ver comigo?" Ela pensou consigo mesma.
"Então aquela viagem para Hoxphis - é claro, não tinha nada a ver comigo. Foi por causa de Haley."
Marc se inclinou um pouco mais, tentando diminuir a distância entre eles. "É por isso que toquei no assunto. Se sua patente ficar conosco, será o primeiro projeto que Haley assumirá após entrar na empresa. Ela ficará satisfeita, sua família ficará impressionada, e isso ajuda nossa empresa a longo prazo."
No que dizia respeito a Marc, ele havia deixado tudo às claras.
Era uma questão de negócios.
Eles precisavam da família Smith ao seu lado e, se Haley estivesse feliz, as coisas correriam bem.
Quanto a Stella? Tudo o que ela precisava fazer era assinar um documento - não era nada novo. Ela sempre vendeu suas patentes para ele sem criar muito alarde. Hoje era provavelmente apenas um de seus raros momentos de rebeldia.
Assim que se acalmasse, ela voltaria a fazer o que sempre fez.
Ao terminar, ele olhou para ela com aquela expressão familiar e gentil. "Você não vai me recusar isso, vai, Stella? É apenas uma renovação - nada muda para você."
Stella não se sentiu comovida - sentiu nojo.
Seu olhar era frio enquanto ela falava lentamente, cada palavra deliberada. "Então, toda essa conversa... é sobre usar minha patente para fazer Haley feliz?"
Que tipo de lógica distorcida era essa? Como ele podia dizer algo tão absurdo com uma expressão séria?
Vendo a frustração dela, Marc franziu a testa. "Estou apenas sendo honesto. Uma empresa forte beneficia a nós dois. Somos casados, Stella. Não é normal um casal se apoiar?"
Normal? A palavra ecoou em sua cabeça e, de repente, ela não tinha mais nada a dizer.
Toda vez que ele falava, de alguma forma conseguia se tornar ainda mais patético.
Ela se levantou, pairando sobre Marc com um olhar penetrante.
"Esta patente é minha," disse ela, gélida. "Mudei de ideia. Não vou vender. E ninguém, nem mesmo você, tem o direito de me forçar."
Marc não esperava que ela fosse tão pouco cooperativa. Ele já havia engolido seu orgulho, oferecido férias e até deixado o trabalho de lado.
Por que ela estava sendo tão irracional?
Perdendo a paciência, ele se levantou com uma expressão endurecida. "Chega. Esta conversa acabou. Vá ao escritório amanhã e assine a renovação. Não aja como uma criança."
Sem esperar por sua resposta, ele se virou e subiu as escadas.
Stella o observou se afastar, e seus lábios se curvaram em um sorriso amargo.
Talvez a verdade fosse simples - eles nunca foram feitos um para o outro. Não adiantava mais discutir. Era um desperdício de saliva.
Apesar disso, suas emoções não se acalmaram.
Seus olhos pousaram na mesa de centro, mas seu peito estava apertado - tão apertado que ela mal conseguia respirar direito.
Ele realmente teve a cara de pau de dizer que era apenas normal ela ajudá-lo - como se fosse esperado, como se ela lhe devesse isso.
O pensamento a fez soltar uma risada amarga e oca. O som ecoou pela sala de estar silenciosa, encharcado de solidão e incredulidade.
Sua cabeça latejou novamente, a dor do ferimento do dia anterior retornando como se estivesse em sincronia com sua dor no coração.
Naquela noite, ela ficou no estúdio, encolhida e sozinha.
Mas, no meio da noite, acordou num sobressalto com o som de alguém tentando abrir a porta pelo lado de fora.