Carla Raposo POV:
O tempo estava correndo.
Eu sabia que o acidente de Luna havia sido antecipado.
Na linha do tempo anterior, ela só tinha morrido mais tarde, depois de ter revelado seus segredos.
Maurício havia me culpado por sua morte, me jogando na cara que eu não a salvei a tempo.
Ele nunca soube que eu tentei.
Ele nunca soube o quanto eu me esforcei.
Mas agora, era diferente.
A voz me disse para salvá-la.
Para consertar o segundo arrependimento de Maurício.
Para libertá-lo da culpa.
E eu sabia que esta era a minha chance.
Quando cheguei ao hospital, a equipe médica estava em pânico.
"Doutora Raposo! Graças a Deus você veio! É um caso grave de miocardite fulminante! O coração dela está falhando!"
Eu vi Maurício, parado no corredor, o rosto pálido e os olhos vermelhos de tanto chorar.
Ele se virou para mim, seus olhos implorando.
"Carla, por favor! Salve-a!"
Era a primeira vez que eu o via tão vulnerável.
Tão desesperado.
Eu assenti.
Eu não disse uma palavra, apenas me dirigi à sala de cirurgia.
Eu era uma cardiologista brilhante, e eu faria o que fosse preciso.
Eu me preparei, esterilizando minhas mãos, colocando o avental e as luvas.
O cheiro de antisséptico invadiu minhas narinas.
Eu pedi os medicamentos, as ferramentas.
Eu misturei os componentes, o fogo da minha determinação queimando em meus olhos.
Eu me lembrei da pedra, do talismã, pulsando em meu bolso.
A voz havia me dito que eu tinha um poder especial.
Uma intuição médica que ia além da ciência.
Eu comecei a cirurgia.
Meus dedos se moviam com precisão, meu coração batendo em sincronia com o dela.
Eu senti a força em minhas mãos, uma energia que fluía de mim para ela.
Eu estava dando tudo de mim.
Minha energia vital, minha essência.
O tempo perdeu o sentido.
Horas se passaram, mas pareciam minutos.
Eu não sentia o cansaço, a fome, a sede.
Apenas a urgência de salvá-la.
Eu continuei, exausta, mas determinada.
Eu não pararia até que ela estivesse a salvo.
Eu sentia minha força diminuindo, meu corpo tremendo.
Mas eu não desistiria.
Eu tinha que completar minha missão.
Eu tinha que libertá-lo.
E ao fazer isso, eu finalmente me libertaria.