A Traição Dele, A Sinfonia Despedaçada Dela
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Capítulo 2

Perspectiva de Ana Ferraz:

O pavor era um companheiro frio e constante agora, uma sombra que se agarrava a mim mesmo sob as luzes fluorescentes brilhantes da cafeteria. Eu conhecia Juliano. Ele não apenas falava sobre esperar. Ele agia. Ele sempre conseguia o que queria.

Começou sutilmente. Uma nova cliente, uma mulher em um terno caro, pedia um latte todos os dias, sempre me observando. Depois, um SUV preto com vidros fumê estacionou do outro lado da rua, parado por horas. Minha paz cuidadosamente construída começou a se desfazer.

Numa terça-feira chuvosa, o SUV havia sumido. Em seu lugar, um Porsche Panamera prateado e elegante parou no meio-fio, suas janelas escuras brilhando. O carro de Juliano. Reconheci-o com um solavanco que fez o café quente derramar sobre minha mão.

Ele se moveu rápido. Ele sempre se movia. Ele era um bilionário da tecnologia. Os recursos eram infinitos para ele. Se ele quisesse encontrar um fantasma, ele encontraria. E eu era apenas uma barista com um nome novo.

Antes mesmo de Juliano sair, a rua ganhou vida. Repórteres, fotógrafos, fãs - um enxame deles, surgindo do nada. Eles cercaram o Porsche, uma multidão faminta. Eles haviam sido avisados. Juliano sempre teve talento para orquestrar uma plateia.

Fiquei paralisada atrás do balcão, o vapor da máquina de expresso embaçando minha visão. Minha vida nesta cidade tranquila, meu refúgio, estava desmoronando. O contraste entre meu passado e meu presente me atingiu como um golpe físico. Uma vez, eu era quem eles clamavam para ver. Agora, eu era quem eles caçavam.

Dona Elza, minha senhoria e dona da cafeteria, espiou pela janela, suas mãos frágeis tremendo. Ela era idosa, com um coração bondoso e uma tosse severa que sempre me preocupava.

"Ana", ela sussurrou, sua voz falhando. "O que está acontecendo lá fora?"

Sua confusão foi uma pontada aguda de culpa. Eu havia trazido isso para a porta dela. Esse caos. Esse espetáculo público.

Juliano saiu do Porsche. Ele era ainda mais imponente pessoalmente, seu terno sob medida um contraste gritante com o ar úmido de Gramado. Seus olhos, no entanto, foram o que me prenderam. Eles varreram a multidão, depois a cafeteria, com uma precisão enervante. Ele sabia que eu estava aqui. Ele sempre sabia.

"Estou procurando por Ana Ferraz", a voz de Juliano, amplificada pelos microfones enfiados em seu rosto, cortou o clamor. Soava exatamente como antes – suave, autoritária, totalmente cativante.

Dona Elza se virou para mim, seus olhos arregalados de medo.

"Ana Ferraz? Ana, de quem ele está falando?"

Eu balancei a cabeça, minha garganta apertada.

"Eu não sei, Dona Elza. É um engano."

Mas a multidão lá fora não estava comprando. Uma mulher na frente, segurando uma placa que dizia "Justiça por Karina", gritou: "Ela está se escondendo! Ela mudou de nome para escapar da justiça!"

Outra voz se juntou, mais alta, mais raivosa.

"Ela acha que pode simplesmente desaparecer depois de arruinar vidas? Depois de praticamente matar o próprio avô?"

As palavras me atingiram como pedras. Meu avô. Eles o arrastaram para isso também. Minha respiração engatou.

Juliano, enquanto isso, permaneceu perfeitamente imóvel, seu olhar fixo diretamente na porta da frente da cafeteria. Ele não estava gritando. Ele não precisava. Ele simplesmente usava sua presença. Seu poder.

Seus olhos se estreitaram, fixando-se em algo dentro da loja. Em mim. Seus lábios mal se moveram, mas as palavras foram claras, mesmo através do vidro, através do rugido da multidão.

"Ana. Eu sei que você está aí."

A acusação pairou no ar. Meu coração martelava contra minhas costelas, um pássaro preso desesperado para escapar. Ele não estava pedindo. Ele estava exigindo. E eu sabia, com uma certeza que me gelou até os ossos, que ele não iria embora até que eu mostrasse meu rosto.

            
            

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