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Tem que ser ela ...
img img Tem que ser ela ... img Capítulo 5 A mesa onde tudo retorna
5 Capítulo
Capítulo 6 Pensamentos img
Capítulo 7 O tempo não para img
Capítulo 8 A Ausência que Permanece img
Capítulo 9 Quando o Passado Senta à Mesa img
Capítulo 10 O Que o Corpo Confessa img
Capítulo 11 Quando Alguém Ultrapassa img
Capítulo 12 O que cabe no silêncio img
Capítulo 13 O convite img
Capítulo 14 O limite que revela img
Capítulo 15 O Recuo Que Machuca img
Capítulo 16 Pressão Demais Para Fingir Controle img
Capítulo 17 A beira img
Capítulo 18 Perdendo o controle img
Capítulo 19 O Último Limite img
Capítulo 20 A manhã seguinte img
Capítulo 21 O Erro Que Ela Tentou Nomear img
Capítulo 22 O Silêncio Dela img
Capítulo 23 O Tempo Suspenso img
Capítulo 24 O Que Não Pede Permissão img
Capítulo 25 O Que Parecia Verdade img
Capítulo 26 Necessário ! img
Capítulo 27 O que ela nunca contou ... img
Capítulo 28 O Que Ele Não Deveria Ter Ouvido img
Capítulo 29 O Nome Que Ela Evitava img
Capítulo 30 Quando ele chega ... img
Capítulo 31 O que fica Depois img
Capítulo 32 Um lugar seguro img
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Capítulo 5 A mesa onde tudo retorna

Lys não pretendia descer para jantar.

Depois do toque no corredor, tudo nela pedia recolhimento. Sabia reconhecer quando algo ultrapassava o limite do controle - e Erick Montreal havia feito isso sem sequer tentar.

Ainda assim, fome não era apenas física.

Era inquietação.

O restaurante do hotel estava cheio quando ela entrou. Luz baixa, conversas discretas, taças tilintando. Ela escolheu uma mesa mais afastada, o mesmo hábito de sempre: ver sem ser vista.

Erick a viu no instante em que atravessou a porta.

Dono de dezenas de restaurantes como aquele, ele conhecia cada detalhe do salão - mas nada o preparou para a sensação de vê-la ali, novamente, como se o destino tivesse decidido testar a resistência de ambos.

Ela estava sozinha.

De novo.

Ele não se aproximou.

Não mandou bebida.

Não interferiu.

Observou.

Lys sentiu o olhar antes de localizá-lo. Quando encontrou os olhos verdes do outro lado do salão, algo se apertou em seu peito - não medo, não rejeição.

Reconhecimento.

Ela sustentou o olhar por dois segundos. Depois desviou.

Isso foi o convite mais silencioso que já deu.

Erick levantou-se apenas quando o prato dela chegou. Caminhou com calma, parando a uma distância respeitosa da mesa.

- Boa noite - disse ele. - Posso...?

Ela não respondeu de imediato. Cortou um pedaço do prato, levou à boca, mastigou com tranquilidade calculada.

- Não costumo mudar de ideia fácil - Lys disse, por fim.

- Eu não pedi para você mudar - Erick respondeu. - Só para me permitir estar aqui.

Ela indicou a cadeira à frente com um gesto breve.

- Cinco minutos.

Ele sentou.

- Você escolhe sempre mesas onde ninguém invade seu espaço - ele comentou.

- Porque aprendi que quem invade costuma confundir proximidade com direito.

Ele assentiu.

- Eu fiquei longe de propósito.

- Notei - ela disse. - Isso também conta.

O silêncio se instalou entre eles. Não constrangedor. Denso.

- Você parece diferente hoje - Erick disse.

- Estou - ela respondeu. - Mais consciente.

- De quê?

- De que pessoas interessantes costumam aparecer quando não estamos procurando.

Ele a observou com atenção. Não como homem - como alguém que entendia riscos.

- E isso te afasta ou te aproxima?

- Depende - Lys respondeu, apoiando os talheres. - Se a pessoa souber ficar.

Ele inclinou-se levemente para frente, mantendo a voz baixa.

- Eu sei ficar.

- Ainda não sabe - ela corrigiu. - Mas está aprendendo.

Um garçom se aproximou, interrompendo o momento. Erick recusou qualquer cortesia. Pediu o mesmo prato que ela, pagando a própria conta.

Outro ponto para ele.

- Você não gosta de privilégios - Lys observou.

- Só quando são impostos - ele respondeu. - Não quando são escolhidos.

Ela o encarou por alguns segundos. Os olhos azuis estavam menos defensivos. Não abertos - menos armados.

- O que você quer, Erick Montreal? - ela perguntou, finalmente.

Ele respirou fundo.

- Descobrir se essa curiosidade mútua merece espaço. Sem pressa. Sem promessa.

Ela assentiu, devagar.

- Então estamos alinhados.

- Estamos?

- Por enquanto - Lys disse, retomando a refeição. - Não confunda isso com avanço.

Ele sorriu de leve.

- Não confundo. Confundo com chance.

Ela ergueu o olhar uma última vez naquela noite.

- Não desperdice.

E, pela primeira vez, Lys Cavalcante permitiu que ele permanecesse à mesa até o fim do jantar.

Nada aconteceu.

E ainda assim, tudo havia começado.

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