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img img Romance img A Vingança da Minha Alma
A Vingança da Minha Alma

A Vingança da Minha Alma

img Romance
img 15 Capítulo
img 51 Leituras
img Romislaine Corrêa
5.0
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Sinopse

Amara Bastos acreditava viver o amor perfeito. Rica, admirada e apaixonada, ela se casou com Adriano Monteverde - o homem que o mundo via como exemplo de sucesso, caráter e elegância. Mas, na noite do casamento, o conto de fadas virou tragédia. Ao procurar o marido, Amara o encontrou no terraço do hotel, nos braços da melhor amiga. Entre mentiras, risos e promessas distorcidas, foi traída e assassinada. O destino, porém, não terminou ali. Amara desperta dois anos antes, exatamente no jantar de noivado que antecedeu sua ruína. A mesma amiga falsa. O mesmo noivo perfeito. A mesma inocência que, desta vez, não existirá. Determinada a se vingar, Amara finge ser a mulher doce e ingênua de antes - mas, por trás do sorriso, planeja cada golpe. Nos bastidores, destrói reputações, manipula negócios e sabota os dois que um dia a mataram. Só não contava reencontrar Ezequiel Alves, o filho do motorista - o homem que, em sua vida passada, vingou sua morte e se matou por amor. Agora, entre o ódio e o desejo, Amara descobre que a verdadeira vingança não é fazer o outro cair... É se erguer mais forte do que nunca. E, desta vez, ela não vai morrer por amor. Vai viver por ele.

Capítulo 1 O Casamento

O céu de São Paulo estava limpo demais para um dia de maio.

O sol atravessava os vitrais da igreja como se a própria luz quisesse abençoar Amara Bastos.

Ela inspirou devagar. O perfume das flores misturava-se ao som grave do órgão, e cada nota parecia uma promessa.

Do outro lado do corredor, Adriano Monteverde a esperava.

Terno branco, olhar sereno, sorriso que desmontava defesas.

Por um instante, tudo parou - o burburinho, os flashes, o mundo.

Só existiam os dois.

Amara começou a caminhar.

O vestido pesava o suficiente para lembrá-la de que o amor também é responsabilidade.

As rendas arrastavam no chão como espuma.

Ela via o futuro em cada passo: casa, filhos, viagens, domingos lentos ao lado do homem que dizia amá-la desde os dezessete.

Quando chegou ao altar, Adriano segurou sua mão.

- Achei que o tempo não ia passar hoje. - Ele sorriu. - Estava contando os segundos pra te ver assim.

Ela respondeu com um olhar que dizia tudo: finalmente.

O padre falou, e Amara mal ouviu as palavras.

"Na alegria e na tristeza..."

Ela só pensava no brilho nos olhos dele, no modo como ele lhe apertava os dedos, como se dissesse sou teu lar.

O "sim" dela saiu firme, quase emocionado demais.

E o dele, controlado, perfeito - como sempre fora.

O aplauso encheu a nave, pétalas caíram do alto, e a orquestra trocou o som solene por música viva.

Amara riu, um riso limpo, leve.

Nada poderia dar errado.

O salão de festas do hotel era um espetáculo.

Candelabros refletiam em paredes de espelhos, arranjos de lírios brancos tomavam as mesas, e o nome deles brilhava em dourado na pista de dança: A & A – Para Sempre.

Adriano era o anfitrião perfeito.

Cumprimentava convidados, fazia brindes, contava histórias engraçadas sobre o começo do namoro.

Amara o observava de longe, o coração cheio de orgulho.

- Ele nasceu pra isso - comentou Clara Salvatto, encostando-se a ela com uma taça na mão.

- Pra brilhar? - Amara riu.

- Pra te amar. - Clara piscou, e as duas riram juntas.

Clara era sua sombra leal, a amiga que esteve em todos os aniversários, em cada choro adolescente, em cada decisão da vida.

Ver a emoção nos olhos dela era o que deixava tudo ainda mais real.

O pai de Amara subiu ao palco para o brinde.

Falou sobre a filha que sempre acreditou no amor, sobre Adriano, "o homem que a faria feliz".

As palavras tocaram fundo.

Quando as taças se ergueram, Amara quase chorou.

- À Amara e Adriano, que sejam eternos! - bradou o pai.

O som dos cristais se chocando ecoou como um feitiço.

Amara olhou para Adriano - ele devolveu o olhar, um sorriso rápido, controlado, daqueles que guardam segredos de homem seguro.

Naquele instante, ela pensou: é assim que a felicidade se parece.

Horas depois, já sem o véu, ela caminhava pela pista de dança de pés descalços.

A banda tocava uma canção antiga, o vestido rodava no ritmo do corpo, e Adriano a segurava pela cintura.

- Promete que nada vai mudar? - ela sussurrou.

- Só o teu sobrenome. - Ele sorriu contra o ouvido dela. - O resto vai durar pra sempre.

Ela acreditou.

Porque o amor, quando é verdadeiro - ou parece ser -, convence até o impossível.

Lá fora, a noite começava a cair sobre a cidade.

Dentro do salão, tudo era brilho, música e calor humano.

O destino esperava pacientemente do lado de fora das portas, mas Amara ainda não o via.

Por enquanto, ela era apenas uma noiva feliz, girando entre flores e promessas, sem saber que cada aplauso daquela noite seria a última celebração da mulher que acreditava no amor.

O jantar começou com risadas.

As luzes foram suavizadas, o salão inteiro parecia respirar o perfume das velas e do vinho tinto.

Adriano fez um brinde rápido - elegante, ensaiado.

- À mulher mais incrível que já conheci. - Ele levantou a taça, o sorriso preciso, o tom de quem domina a sala. - À minha esposa.

Os convidados aplaudiram.

Amara sentiu as bochechas queimarem.

- E ao marido que vai ter que lidar com a sogra mais ciumenta de São Paulo! - gritou alguém da mesa ao lado, e a gargalhada geral dissolveu a formalidade.

Ela observava os rostos conhecidos: o pai emocionado, a mãe satisfeita, os tios trocando olhares cúmplices, Clara conversando animada com um produtor de cinema.

Tudo era vida, movimento, calor.

Adriano encostou os lábios no ouvido dela:

- Você não vai comer nada?

- Estou tentando gravar tudo. Não quero esquecer nem um segundo.

Ele sorriu. - Então me deixa te lembrar. - E levou um pedaço de bolo à boca dela.

Era simples, doce, humano.

Ela pensou que talvez fosse isso o amor - pequenas gentilezas num dia grandioso.

Mais tarde, Amara saiu para respirar.

Do lado de fora, o jardim do hotel estava silencioso, iluminado por fileiras de luzinhas brancas.

O vento balançava o véu esquecido em seu braço.

Ela olhou para o céu e pensou na vida que a esperava: a lua de mel, a casa nova, o escritório que montaria ao lado dele, as manhãs compartilhadas.

Por dentro, ainda era uma menina grata por ter acertado.

- Fugindo da festa? - a voz de Clara surgiu atrás dela.

Amara se virou, rindo.

- Só um minuto de paz.

Clara se aproximou, segurando duas taças.

- Paz é perigosa. Faz a gente pensar demais.

- Hoje eu só quero sentir. - Amara pegou a taça. - Nenhum pensamento cabe nessa noite.

- Então brinda comigo. - Clara ergueu o copo. - À tua felicidade... e à nossa amizade eterna.

O som das taças se chocando foi claro, cristalino.

Amara acreditou.

Por quinze anos, aquela amizade fora seu porto seguro - e era reconfortante pensar que continuaria sendo.

De volta ao salão, o DJ havia trocado a música clássica por uma seleção de jazz moderno.

Adriano estava rodeado de convidados importantes, falando sobre investimentos, gesticulando como quem já nasceu dentro de uma cúpula de sucesso.

Amara o observou de longe, orgulhosa.

- É um homem admirável, filha. - disse seu pai, aproximando-se. - Não poderia ter escolhido melhor.

- Eu sei, papai. - Ela o abraçou. - Prometo que vou honrar o nome da família, como a mamãe sempre diz.

Quando ele se afastou, ela viu Adriano a procurando entre as pessoas.

Ele sorriu quando a encontrou e estendeu a mão.

- Senhora Monteverde, dance comigo.

Amara colocou a taça na mesa e deixou-se levar.

O corpo dele era quente, o cheiro familiar.

A música envolvia os dois como se o mundo tivesse ficado menor.

- Eu nunca pensei que pudesse amar alguém tanto assim. - Ela disse, com a voz embargada.

- E nunca mais vai amar assim. - Ele respondeu sem perceber o peso da frase. - Porque o que a gente tem é raro.

Ela acreditou.

Acreditou em cada palavra, em cada toque, em cada aplauso que acompanhava os passos do casal.

A noite seguiu, infinita e dourada.

E, quando o relógio marcou duas da manhã, Amara Bastos pensou que o destino finalmente tinha parado de brincar com ela.

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