A filha do magnata
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Capítulo 5 5

Eu abandonei o quarto da senhorita Génesis com à sua frase martelando em minha cabeça, fiquei boquiaberta com o que dissera e não soube o que lhe responder no momento, restando-me apenas a opção de desejar-lhe um "boa-noite" pesaroso e retirar-me.

__ Senhorita Drumong?

Lady Armstrong chamou-me quando estava prestes a adentrar o quarto. Soltei um suspiro discretamente e virei-me para ela com um sorriso que não condizia com o meu estado de espírito.

__ Deseja alguma coisa, senhora?

Ela passou as mãos por cima do uniforme com cuidado, tentando não demonstrar a curiosidade avassaladora que parecia lhe entorpecer a alma.

__ Nada de mais. Vi que acabara de sair do quarto de Génesis, ela já está dormindo?

Eu fitei-a com o sobrecenho franzido.

__ Não, ela está lendo um livro. Mas, creio que daqui a nada irá deitar-se. Porquê?

Ela empinou o nariz de forma arrogante.

__ A essa hora ela já deveria estar dormindo. Daqui a nada o relógio marcará meia noite.

Contenho o desejo de revirar os olhos.

__ Estou ciente disso. Porém ler antes de dormir tem inúmeros benefícios por isso dei-lhe mais alguns minutos.

Fiz menção de dar-lhe as costas.

__ Espere Srta. Drumong! Sobre o que conversou com o senhor Greenford?

Eu virei-me para ela novamente.

__ Nada de mais, lady Armstrong. O senhor queria apenas saber qual foi a impressão que tive de Génesis e se eu fui bem recepcionada por si.

Ela franziu brandamente as sobrancelhas e cruzou os braços atrás das costas, com um semblante curioso.

__ E o que lhe respondera?

Inquiriu com um falso ar de desinteresse.

__ Apenas a verdade.

Dei de ombros.

__ E que seria?

Notei um certo receio no seu tom de voz.

__ Uma recepção suntuosa e magnífica, tal como fora. Tenha uma excelente noite, Senhora.

Os seus olhos estreitam-se ao perceber que minha resposta não passou de uma afronta.

__ Para você também, menina.

Ouvi-a dizendo num tom cortante antes de entrar no meu quarto.

***

Era tarde da madrugada quando acordei ouvindo o som de gritos dilacerantes provindo de outro cómodo.

Saindo da cama, calcei os chinelos às pressas e abandonei o quarto. Tomei um pequeno susto ao deparar-me com a silhueta enorme do senhor Greenford na penumbra do corredor, ele terminava de amarrar o seu robe.

__ Também ouviu os gritos?

Perguntou olhando diretamente para o quarto da filha, e sem esperar à minha resposta adentrou nele, eu segui-o logo.

Sob a luz fraca do quarto, podíamos ver Génesis debatendo-se entre os lençóis como se fosse uma ave sendo capturada, ela gritava e sussurrava coisas desconexas.

O senhor Greenford aproximou-se da cama e despertou-a calmamente, mas ainda assim um choro sofrido ecoou pelo quarto.

Ele a segurou pelo colo e fez com que ela apoiasse a cabeça no seu ombro, os seus braços fortes envolveram o corpo frágil dela de forma protetora.

O Senhor Greenford começou a passear então singelamente de um lado para o outro com ela, proferindo palavras de calmaria para que parasse de chorar.

Aquela cena emocionou-me de uma forma indescretível.

Mas, como se tivesse se despertando e saindo do transe, ele parou de andar e olhou-me constrangido. Caminhou novamente até a cama e deitou-a.

__ Cuide dela.

Ele disse num tom autoritário antes de passar por mim apressadamente. Eu revirei os olhos e juntei-me a garotinha encolhida em posição fetal.

__ O que houve, pequena pupila?

Perguntei passando a mão por seus fios castanhos. Génesis fungou e abraçou-me pela cintura com força, como se pedisse silenciosamente que eu nunca mais a soltasse. Eu retribui ao seu abraço preocupada.

__ Você pode confiar em mim. Eu vou estar aqui para te ouvir e até mesmo proteger, não precisa inibir-se.

Ela não respondeu, apenas intensificou ainda mais o abraço.

Eu sorri de lado e fechei os olhos, à medida que o tempo ia passando os soluços iam desaparecendo no silêncio do quarto e as nossas respirações iam tornando-se mais brandas.

...

Na manhã seguinte acordei com o barulho do despertador. Apesar de calmo, foi o suficiente para trazer-me de volta a realidade.

Génesis continuava abraçada a mim, de forma quase possessiva. Eu escorri os dedos por suas madeixas castanhas até chegar ao seu rosto, ela revirou-se levemente até abrir os seus olhos aos poucos.

__ Bom dia, mocinha.

Eu cumprimentei-a com um sorriso, mas ela não correspondeu-o, virou-se para o lado e fitou o teto com desánimo.

__ Você quer conversar sobre o seu pesadelo?

Ela olhou-me apavorada e levantou da cama num pulo.

__ Eu preciso prepar-me para ir à escola, saia do meu quarto.

Eu olhei-a confusa, mas assenti e cumpri com o seu pedido. No corredor, encontrei-me com uma empregada tirando o pó dos vasos sustentados por pilastras de gesso, ela sorriu-me minimamente e continou o seu trabalho.

Logo que entrei no quarto segui para o banheiro. Tomei um banho de chuveiro morno tentando não pensar na frieza com que Génesis me tratou.

Ao terminar de arrumar-me, abandonei o quarto, deparando-me com ela no corredor.

__ Já estou pronta.

Génesis disse ajeitando a mochila nas costas.

Eu olhei-a de cima a baixo, admirando a sua farda composta por uma blusa branca com o brasão da escola, gravata azul marinho, saia de casimira igualmente azul na altura dos tornozelos, com pregas, um par de meias três por quatro brancas e sapatos retrô preto. O cabelo sedoso estava preso no topo da cabeça com uma xuxinha também azul.

__ Vamos tomar o pequeno almoço.__ eu digo com um sorriso amarelo.

A minha surpresa foi grande ao chegar na sala de jantar e encontrar apenas uma copeira terminando de arrumar a mesa.

__ Bom dia. E lady Armstrong?

Eu perguntei, ajudando Génesis a sentar-se.

__ Bom dia, senhorita Drumong. Lady Armstrong está no escritório abrindo as correspondências do dia.

Ela respondeu num tom polido.

__ E o meu pai?

Génesis perguntou enquanto eu servia o seu desjejum.

__ Ele saiu antes do dia amanhecer, senhorita.

Aquela revelação pareceu deixá-la cabisbaixa. O pequeno almoço transcorreu num silêncio enfadonho.

Após à ida de Génesis até a escola eu retirei-me para a biblioteca. Embora achasse bastante custoso teria de dar-lhe explicações de matemática logo que chegasse.

__ Senhorita Drumong?

Lady Armstrong chamou-me num tom carregado. Pela sua feição pressenti que suas palavras não seriam agradáveis.

__ Sim, Lady Armstrong?

Deixei os livros de matemática que iria usar para a nossa aula empilhados sobre a secretária e fitei a minha interlocutora a contragosto.

__ Eu gostaria que me acompanhasse em um chá.

O seu convite pegou-me de surpresa. Eu olhei-a com o sobrecenho franzido e pensei em recusar, mas contive o impecto e seguia-a até ao jardim onde uma copeira nos aguardava com um serviço de chá.

Ainda um pouco assustada com o gesto de simpatia repentino de lady Armstrong ocupei uma cadeira sob o guarda sol e observei-a com atenção. Ela cruzou as pernas, apanhou a xícara fulmegante e sorveu o primeiro gole do chá.

__ Não vai tomar o seu chá?

Eu revirei levemente os olhos e peguei a xícara oferecida dando um pequeno gole.

__ Eu vou ser direta com a menina.__ o seu tom foi de sereno a arrogante. __ Eu não sei quais são as motivações que estão por detrás da sua contratação, afinal o Senhor Greenford sempre deixou esse trabalho encarregue a mim, mas quero enfatizar que deveria ter vergonha dos seus atos. Aproveitar-se da fragilidade de um viúvo e de uma garota órfã para tirar vantagens.

Fitei-a boquiaberta e pousei rapidamente a xícara sobre a bandeja. Lady Armstrong por outro lado manteve a mesma postura elegante e o seu olhar, firme, inclusive frio.

__ Vantagens?__ perguntei ofendida.__ Do que está falando?

Ela riu anasalado.

__ Não se faça de tola. A senhorita está pisando em um território perigoso, aconselho-a a tomar muito cuidado, você não conhece o histórico dessa família.

                         

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