hora, de acordo com os dermatologistas. Nós chegamos ao prédio luxuoso e eu apertei o botão do último andar.
- Você não me falou que o Júlio tinha tanto dinheiro assim. - Fala ele.
- Isso é da irmã dele! - As portas do elevador se abrem e eu vou até a campanhia sinalizar minha chegada.
- Por favor Noah, comporte-se!
- Eu sou um anjo, Ray. - Eu Revirei os olhos
- Olá em que posso ajudar? - Uma moça de cabelos loiros e olhos verdes nos atendeu.
- O Júlio está?
- Mandy deixa que eu atendo. - Ouvi a voz de Júlio.
- Oi, tudo bem? - Perguntou ele, acenei timidamente
- Oi!
- Olá Júlio! - Noah resolveu fazer voz diferente, eu olhei para ele intrigada.
- Oi Noah. - Ele deu um sorriso tímido
- Então...Podemos entrar? - Pergunto olhando para os dois.
- Oh Claro, mas que cabeça minha. Entrem, fiquem a vontade.
Enquanto o Noah olhava todo o espaço com curiosidade, eu já tinha observado cada detalhe, a única coisa mudada era só quatro mulheres que riam entre si no mesmo sofá que eu e Júlio estávamos há dois dias, e elas estavam bebendo.
- Aonde vamos...Trabalhar? - Perguntei sem graça
- Meu quarto. Se importa? Garanto que não sou o cara com quem se preocupar.
É claro que não, você é gay
- Tudo bem!
- Vem comigo? Noah, pode ficar com as colegas da minha irmã. - Noah olhou para mim
- Também acho melhor você ficar, Noh. - Ele me deu um sutil beliscão.
- Cadê a sua irmã ein? - Disse disfarçando a dor do beliscão.
- Te apresentaria minha irmã se ela não estivesse atrasada num encontro com as amigas em sua própria casa. Vamos.
Uau! Quem chega atrasada na própria casa? Começo achar que essas amigas delas são mesmo umas chatas. Nós chegamos o caminho do quarto dele e que ficava do lado de outra porta, a qual eu podia deduzir ser a da irmã dele, o Noah ficou na sala com as meninas, porque não faria o mínimo sentido ele ir comigo sendo que não opnaria em nada e eu sei que ele vai querer me matar por isso, mas foi ele que quis vir. Nós entramos no quarto dele que eu pensei que fosse enorme, mas não era tanto, tirei os sapatos pois eu tinha esse hábito desde que nasci e o Júlio olhou para mim.
- Não precisa fazer...
- Costume!
- Tudo bem! - Ele sentou na cama.
- Aqui está o meu Pen Drive. - Tirei do bolso e lhe dei, eu não era fã de usar bolsa, tudo o que eu levava era dentro de uma carteira e ponto.
- Bom, sei que você deveria estar ocupada com a demanda por isso atrasou mas...
- Na verdade não foi só isso!
- E o que foi?
- Ms atrasei, porque parei para ler seu livro. - Ele me olhou surpreso
- Sério?
- Algum problema?
- Problema? Nenhum. Eu sempre quis alguém imparcial para ler os meus delírios. O que está achando?
- Você é Foda, Bicha! (Português)
- O que disse?
- Você é demais!
- Que bom que está gostando isso significa que...
- JÚLIO! - Ele olhou para mim
- É a minha irmã. Já volto.
- Por que eu acho que já ouvi essa voz em algum lugar? - Penso alto.
Vejo Júlio abrir a porta e deixar uma mão intercedendo a brecha.
- Que bom que chegou Laurel, suas amigas já estavam reclamando. - Arregalei meus olhos ao ouvir esse nome.
- Só cheguei trinta minutos atrasada, elas já esperaram por mais!
- Se não consegue chegar no horário, porque você marca?
- Não é como se eu tivesse opção, essa semana é aqui, mas na próxima é na casa de alguma delas.
- É só dizer não, Laurel!
- Não se intromete Júlio! Elas são legais depois que estão bêbadas. Eu estava em uma reunião importante.
- Sério mesmo, ou é a desculpa que você vai dar para elas? - Diz ele no tom desconfiado.
Ouvi uma risadinha sua desdenhosa
- E você quer que eu diga o quê? Que eu me atrasei porque estava transando com o Marcco Pollo na mesa dele? Elas nunca me perdoariam. - Ouço seu tom de deboche.
- O Marcco Gosta de você Laurel, acha bom mesmo estar usando ele assim?
- Oh... Quer ele pra você? Eu te daria se ele não fosse hétero, Hermano. - Diz ela em deboche
- Laurel eu só acho que você deveria parar de dar...
- Tem um homem com você? Está fodendo dentro da minha casa?
- Laurel!
- Não que eu seja contra, por mim você faz se for dentro do seu quarto, mas minhas amigas estão aí, merda!
- Eu não estou com homem nenhum, Laurel.
- Está segurando a porta desde que eu cheguei. Quem está aí com você?
Nessa hora dei uma de egípcia e olhei para a tela do notebook que na hora estava apagada.
- Não interessa! Vai logo para suas amigas.
- Eu tenho vinte e sete anos Hermano, não setenta e dois, eu preciso aproveitar a vida e você deveria fazer o mesmo. - Júlio entra dentro do quarto e fecha a porta.
- Desculpe pelo o que você ouviu. - Ele se senta na cama
- Eu? Não ouvi nada...Estava olhando para o notebook..
- Ele está desligado, Rachel!
Olhei para ele, que me olhava com um olhar cômico e olhei para o notebook, ultimamente ando muito lerda e nem sei como aconteceu.
- Eu olho através do escuro! - Júlio olhou para mim e riu bastante e eu também.
- Você é demais, Rachel.
- Enfim, me desculpe assim mesmo eu nem sei o que...
- Olha, eu já sabia que você era gay ok? - Ele me olhou surpreso novamente.
- É tão óbvio assim?
- Para quem tem um amigo gay como eu sim, vocês andam, sentam e até aperta as mãos de modos semelhantes. E também se você fosse um hétero solteiro com dinheiro, estaria em outro lugar menos na casa da sua irmã.
- Eu poderia ter um namorada.
- Jura? Aqui?
- Você tem razão. Você pelo o visto é casada.
- Sim, mas não é como você está pensando.
- E como eu deveria pensar?
- Que eu sou feliz e tenho um marido excelente. Digamos que é só a primeira parte mesmo, mas marido mesmo não, ele está lá na sala bebendo e possívelmente entrando nas fofocas de tal maneira, que elas nem notam que ele é um homem, porque ele só veio até aqui para sair com você.
- Oi? - Disse Júlio confuso
- Quer que eu repita?
- Sim..Quer dizer Não..Espera!
Deixei ele processar, mas não acreditava que não fosse óbvio para ele.
- Confesso que não esperava.
- O quê? Mas óbvio que ele é gay não dá, e pensar que eu duvidei.
- Não estou falando disso. Estou falando..
- Dele querer sair com você? Isso aí eu decidi ajudar, porque prometi a mim mesmo que não deixaria esse casamento impedir ele de ser feliz.
- Posso supor que esse casamento tenha a ver com o seu status no país?
- Exato. Eu não queria, mas ele insistiu, então nos casamos em Toronto.
- Mas por que não aqui?
- O pai dele é um importante empresário em Toronto, com a ajuda dele, Noah pode acelerar certos procedimentos como a licença para o casamento.
- Bom, tendo em vista que vocês são bons amigos, até que o casamento não foi ruim.
- Nós cuidamos um do outro agora, e por causa disso é que quero que pelo menos o chame para sair, se você quiser claro. - Ele olhou para mim assustado.
- Ah Qual É? O Noah é um gay magrelo mas faz o tipo de todo mundo, ele tem charme e traços esculpidos pelo o anjo.
- Não é isso...É...Eu sou um pouco tímido para isso. - Revirei os olhos
- Ali de anjo só tem a cara, ele é contaminado pela a safadeza, basta você dar a faísca que ele faz o resto.
- Acha mesmo que isso daria certo?
- E por que não? Você é um pouco forte, alto, tem olhos bonitos, está ótimo.
- Oh que cabeça minha. Eu nem te ofereci uma bebida. Quer algo?
- Se tiver suco já está bom.
- Vou pegar.
Júlio saiu do quarto e eu me estirei com os pés na cama
- O que não faço por você, Noah? - Penso alto.
Ligo o notebook dessa vez, e abro o Sistema Operacional dele, não tinha senha e eu pude ver o meu Pen Drive ser reconhecido na tela, comecei a procurar a pasta até que ouço a porta ser aberta com rapidez.
- Júlio você viu aonde está... - Eu Largo o notebook em susto e vejo o olhar de Laurel em mim.
Era ela, a "Minha" Laurel era a mesma Laurel do Júlio, o olhar, a voz, pensava em como eu podia ser tão lerda? Os dois se pareciam tanto no olhar, cabelos negros e olhos azuis, isso foi um tremendo vacilo, mas pior que isso, é que ela estava linda, sua maquiagem estava perfeita e seu batom vermelho também, um verdadeiro charme de mulher, mas que eu só encarava pois não sabia como começar.
- Então? Você é a Designer do meu irmão, ou ele trocou de gosto? - Seu olhar estava sério e eu já imaginava, ela havia me dado o seu número e eu não tive coragem de retornar.
- Eu estou trabalhando para ele mesmo.
- Então o que houve com o número que eu te dei? Você me olhou várias vezes naquele dia, pensei que...
- Rachel, eu não achei suco, serve...- Júlio entrou no mesmo momento e olhou para nós duas.
- Vinho? - Ele completou observando o clima.
Laurel olhou para seu irmão.
- Estava procurando essa garrafa mesmo, obrigada Hermano. - Havia um certo tom de desdém em sua fala, ela tomou a garrafa e saiu do quarto.
- Aconteceu algo aqui... - Ele intercalava o dedo entre mim e a porta.
- Ela devia estar te procurando, só isso. - Olho para o notebook.
- Que estranho, Vou pegar outra garrafa.
- Não! Acho melhor não, eu estou bem assim.
- Mas...
- Senta aqui e vamos resolver logo isso.
- Tem certeza de que você...
- Eu não gosto muito de vinho mesmo.
E isso era parcialmente verdade, tinha vinhos que não desciam na minha garganta.
- Laurel não cozinha em hipótese alguma, ela faz todas as refeições fora de casa ou pede alguma coisa para entrega, nos fins de semana ela janta na casa dos pais.
- Tudo bem, eu sei me virar só com água. Agora vamos aqui.
- Então, até onde você leu?
- A namorada dela sumiu.
- Você já leu a introdução a vida dela, não achou nada que possa te dar uma ideia?
- Pensei em correntes, ela sempre estar acorrentada a algo extremo, primeiro a uma vida sem família, depois o sumiço da namorada E... - Nessa hora ouço um Funk altíssimo começar a tocar, estava tão alto que do quarto de Júlio, foi possível ouvir
- Que música é essa? - Perguntou ele
"Hoje eu tô à toa de marola, Aquelas cenas nunca viu, Na onda do black, rindo à toa
Depois que usou o paninho"
- Noah!
- U.U BEBE BEBE BEBE BEBE - Ouvimos um coro uníssono, eu e Júlio nos olhamos.
- Vamos olhar o que elas estão aprontando.
Eu e o Cortéz mais velho, saímos do quarto caminhando para o corredor chegando até a sala, e o pior era a música que ele estava colocando naquele momento em remix.
" Hoje que o barraco balança, Hoje nos vamos transar, Senta por cima e fica menina, Só não explana pras amigas, Se não vão querer me dar, E você sabe que o pai taca a pica."
Quando chegamos na sala vi que todas as chances do Júlio chamar o Noah para sair iriam acabar ali mesmo, a maioria das meninas se esfregavam nele com a bunda para o alto, aparentemente até a coreografia ele havia ensinado, Laurel estava sentada no sofá com os pés estirados sobre a mesinha de centro, bebendo o vinho que Júlio havia trazido, observando e dando risada, ao lado de uma outra amiga dela. Noah tinha uma garrafa de champanhe nas mãos e dançava a berça com as garotas, olhei para Júlio, ele tinha um rosto muito surpreso e eu tinha vontade de colocar a mão no rosto de vergonha.
"Neném, fica de quatro que o pai te taca a vara no modo Bird Box com a venda na sua cara, hoje é esse dia tu nunca vai esquecer vai voltar na tua semana já querendo tbt"
Noah inclinou a bunda em torno das meninas e tampou os dois olhos com as mãos enquanto mexia com a bunda, ninguém entendia a letra, mas só pela a coreografia dele não tinha muito o que se questionar, elas riam, bebiam e se esfregavam como fada encantando o show na escuridão, Laurel morria de rir e era lindo de se ver, mesmo sabendo que ela estava brava comigo.
- Puta merda, Noah (Português)
- HEY RACHEL, VEM CÁ! - Noah me chama e eu viro o rosto fingindo que não era comigo.
Ele não se satisfaz com a minha virada de rosto e então vem até mim com o bafo de champanhe.
- Noah, Não!
- Vem logo, Rachel, você adora isso tanto quanto eu.
- Noah o que eu disse sobre se comportar? - Ele me arrasta contra vontade
- Vem dançar!
Olho para Laurel e ela havia parado de sorrir, agora só observava com uma taça de vinho na boca.
- Noah vamos pra casa, você já bebeu demais.
- Agora é que está delícia! - Ele me dá um sorriso embriagado
- Gente...- Ele começa.
- Minha amiga Rachel não quer dançar, vamos pedir para ela dançar?
Como eu queria ter um buraco para me enfiar.
- DANÇA RACHEL! DANÇA RACHEL! - Ele gritou e bateu palma
- PUTA QUE PARIU NOAH, CHEGA!
As outras me olharam estranha, possivelmente se perguntando o que eu estava falando, Noah olhou para uma delas.
- Ela é brasileira...Adora xingar em português.
Olhei para os lados, Júlio nem estava mais ali e Laurel continuava a beber seu vinho de modo pleno, seria muito sexy se os olhos azuis dela não quisessem matar alguém daquele jeito.
- Noah, Vamos agora!
- O Noah Fica! - A Mandy falou, olhei para ele.
- Noé Samuél Levínson? - Pronunciei o nome dele em português e para minha surpresa ele não respondeu, então eu dei as costas e resolvi ir embora.
Sai surpresa e irritada, já não bastava ter dado mancada com a Laurel, agora tinha o Noah bancando o rebelde, naquele momento eu nem queria saber como ele iria voltar ou se iria voltar, eu é que não iria buscar, peguei o táxi para casa e tomei banho para dormir.
(...)
O Despertador havia me acordado como sempre, fui até o banheiro, escovar os dentes e tomar banho, eu não me preocupava com o Noah, porque tenho certeza que ele estaria jogado no apartamento da Laurel com aquelas outras amigas dela, decidi que se ele quisesse voltar, que voltasse só, fiz meu café da manhã normalmente como eu gostava e já estava pronta para pegar o carro até a Raynoh, quando ouço meu toque do seriado Icarly tocar, julguem-me quem quiser, mas eu amo a música Leave it all to me da Miranda Cosgrove, minha mãe dizia que a música era minha cara e o Noah me caçoou quando ouviu o meu toque pela a primeira vez, então vi o nome do Júlio.
- Oi Júlio.
- Bom dia, Rachel, desculpe o incômodo mas é que o Noah...Ele está jogado aqui no sofá, eu poderia levá-lo mas o carro é da minha irmã.
- Já entendi, vou buscá-lo.
Peguei o táxi e coloquei o endereço deles novamente, eu havia prometido a mim mesmo que deixaria aquele idiota lá, mas não conseguia. Quando cheguei até o apartamento, apertei a campanhia, o Júlio abriu a porta e eu fui entrando logo em direção ao sofá, ele estava lá jogado e sozinho
- O que houve com as outras "amiguinhas"?
- Acho que elas foram para casa, você sabe como é, elas tem motoristas para levá-las quando quiserem.
- E nenhuma se ofereceu para levar o Noah, que ótimo. - Revirei os olhos com tamanha arrogância.
- Bom, ele ficou aqui isso é o que importa.
- Ele tem é muita sorte de que a sua irmã deixou ele ficar aqui, isso sim!
Falando no Diabo, lá estava ela com seus cabelos lisos e de ondas escuras bem arrumadas, maquiagem, e roupas de advogada, ela não usava saia e sim calça pantalona, blusa de botões em seda por dentro da calça e o blazer por cima, um verdadeiro mar de sedução e charme, mas, que nem me olhava nos olhos e o engraçado é que ela me pareceu beber tanto vinho e nem tinha marcas de ressaca.
- Júlio, estou indo! - Ela apareceu e deu um beijo na bochecha do irmão.
- Vamos, Noah, acorda! - Chacoalho o seu corpo
- Laurel se não se importa, pode levar a Rachel até a casa dela? - Fala Júlio.
- Júlio não precisa... - Chacoalho Noah outra vez.
- Vamos lá seu idiota. - Dou um tapa na cara dele de leve.
- Júlio, acho melhor você pegar ele e levar até o meu carro, o Noah tem um buraco no lugar do fígado, ele sozinho, bebeu mais que as minhas amigas.
Eu poderia dizer Não, mas aí eu seria orgulhosa sem motivo e isso não iria me ajudar, deixei o Júlio levar o Noah como princesa no colo e até aproveitei para tirar uma foto rápida da situação.
- Ele é mesmo leve. - Fala Júlio.
- Eu disse, o verdadeiro esqueleto do He-man.
Laurel caminhou na frente e nós descemos todos os andares em silêncio, até chegarmos no estacionamento e ela exibir sua Mercedes Benz classe A que funcionava a controle de voz, o carro por fora tinha cara de simples, mas por dentro era uma espaçonave, equipado com telas sensíveis ao toque e muitos comandos por voz, Júlio deixou o Noah deitado na parte de trás do carro e eu fui na frente, Laurel entrou e fechou a porta.
- Mercedez.
Pior foi minha cara quando o carro respondeu: " Em que posso ajudá-la?"
- Ar condicionado vinte e dois graus. - Laurel acenou para Júlio que estava do lado de fora do carro e eu também, então partimos pelas as ruas de Vancouver em silêncio, ela dirigia com cautela e seriedade, nunca vi pessoa mais focada, era impressionante. Ela só me perguntava coisas básicas mas eu sentia vontade de lhe dizer algo mais, um pedido de desculpas seria bom.
- Esquerda? - Ela perguntou
- Sim.
Quando o percurso se aproximou e ela foi estacionando o carro, ela destravou o carro com o comando de voz.
- Obrigada e desculpa.
- Pelo o quê?
- Primeiro por não ter te ligado ou te mandando uma mensagem. Segundo, porque o Noah bebeu todas e caiu no seu sofá, e agradeço por você deixá-lo lá.
Foi então que vi o seu olhar sobre mim pela a primeira vez
- Eu me divertir com seu amigo, aliás esse encontro foi o melhor com ele. Geralmente a Mandy me enche com histórias fúteis que bebo só para não ouví-la, a Kelly é ótima mas quando está bêbada, só fala do ex que largou ela, a Michaela é a mais sensata, e a Elena tem uma queda na Michaela mas nunca vai assumir.
- Aposto que a Michaela é a que trabalha com você não é?
- Você é boa. Depois de mim, ela é uma das melhores advogadas.
- É compreensível porque ela é sensata para você. Ela é quase você. - Ela riu
- Agora Engraçado, se ela trabalha com você, ela não sabia que você estava mentindo sobre a reunião?
Vi Laurel dar uma breve gargalhada e dá um sorriso de lado charmoso.
- Você ouviu. Michaela não é como eu, ela tem horário para sair, eu e o Marcco Pollo somos os únicos que ficamos até tarde quando queremos, não é a toa que papai o trata melhor que o Júlio.
- Então ele é bom...
- Tão bom quanto eu. É por isso que qualquer desculpa da empresa cola com qualquer uma, minha carga horária não é regular, e eu como filha do dono sempre tenho que estar em algo que ela não estará.
Ela olhou para o fundo do carro.
- Acho melhor tirarmos o seu amigo de lá.
- É...Também acho..
Faço a volta e pego o corpo mole de Noah no colo.
- Acorda Caralho! (Xingo em Português) - E lhe dou um tapa estalado no rosto, Noah acorda assustado
Olho para Laurel, ela fez um bico de surpresa olhando para nós dois.
- Mas que porra ein Rachel? - Ele acariciou o rosto.
- A Bela Adormecida acordou, que ótimo.
- Obrigada mais uma vez Laurel.
Entrei para dentro da portaria com o Noah mas ouvi o seu chamado
- HEY RACHEL! - Olho para o Levinson
- Já está de pé, já pode ir andando! - Digo voltando o caminho.
- Sim?
- Por que não me ligou?
Por que eu sou insegura?
- Você flertou comigo não ? Ou eu entendi errado?
Eu estava nervosa e olhar para os seus olhos não estava facilitando, ela tinha um olhar de magnetita.
- Eu perdi o seu número. - Menti na cara dura.
- Perdeu?
- O Noah vomitou em mim e eu...usei O guardanapo...pra limpar...O vômito apagou a caneta.
Ela me balançou a cabeça em de negação e riu de mim
- Acho que você não entendeu quando eu disse que era uma das melhores advogadas da empresa. Deveria ter contado a verdade. - Ela foi até o seu carro e abriu a porta.
- Laurel! É sério!
- Eu lido com mentirosos dia após dia, Rachel. Se fosse mesmo verdade o que você disse, eu saberia.
- Por que acha que estou mentindo?
Ela me olhou debochada
- Diga você! Como sabia que meu número estava no guardanapo, se o vômito apagou a caneta? - Vi ele bater a porta do carro com uma força que deu dó até em mim.
(...)
Quando entrei em casa, fiz café da manhã para para Noah e deixei lá para que ele se alimentasse, a cada batida minha em uma panela ou até mesmo o barulho do prato dele contra a mesa, o incomodava devido a sua ressaca, mas eu admitia estar gostando da pirraça.
- Vou para a Raynoh, até mais tarde.
- Por que você está assim?
- Assim como Noah?
- Fria.
- Não sou geladeira.
- Tudo isso, só porque eu bebi umas?
- Não, Noah! Não estou assim porque você "Só bebeu umas". Estou assim, porque, você me fez passar uma puta vergonha na frente de todos, depois de eu ter pedido para você se comportar. Como se não fosse suficiente eu te peço para ir embora e você nega, tem sorte da Laurel ter te deixado no sofá dela ou estaria dormindo na calçada, porque eu não iria te buscar! - Pego as chaves e caminho em direção a saída.
- Ah! E a propósito! Eu pedi para o Júlio te chamar para sair. Mas agora boa sorte, se ele te chamar!
Acabei batendo a porta com a mesma raiva da Laurel mais cedo e fui pegar um carro até o nosso local de trabalho, vi Peter esperando com suas roupas perfeitamente passadas, camisa social branca e calça preta, e um tênis no pé.
- Bom Dia Pett, há quanto tempo você está aqui?
- Desde o horário de abertura. - Olhei no relógio, fazia uma hora de diferença.
- Desculpa O atraso. O Noah bebeu de novo e eu tive que cuidar disso.
- Sem problemas, Senhorita Rachel.
Eu olhava para o Peter e sempre me lembrava de mim mesmo no primeiro emprego, acho que isso era um fator que me fazia gostar mais dele.
- Nunca vai me chamar de Rachel não é mesmo? - Ele olhou para mim e eu sorri de volta para confortá-lo.
Quando entramos lá dentro que não era um lugar enorme, tinha uma pequena sala onde eu ficava, o Noah e o Peter tinha duas mesas ali mesmo, havia um sofá, os banheiros e uma outra sala que era um depósito velho pequeno, mas reformamos para colocar o estúdio de vídeo. Fui até a minha micro sala e olhei o quadro de espuma que eu preguei para colocar notas de lembrete, e uma delas dizia que era dia de pagar a energia e os impostos.
- Peter! - Saí da sala
- Estou aqui.
- Será que dar para me ajudar a procurar a conta de...Que bagunça do diabo.
O Noah era muito bagunceiro e acho que isso era para me irritar, não que eu fosse um exemplo de organização, Mas pelo menos no trabalho eu mantinha tudo em ordem, pois me irritava trabalhar em um local onde eu não sabia nem aonde estaria uma caneta. A única coisa que eu não me preocupava muito era o meu próprio quarto, até porque quem vai ficar arrumando algo que só você vê? Chamem-me de hipócrita ou maluca, mas sou assim mesmo.
- Se você achar as profundezas no inferno nessa mesa, me avisa que eu leio o salmo 91. - Peter conteve o sorriso de quem estava querendo rir, confesso que tinha vezes que eu estava completamente séria e ele simplesmente ria.
- A senhora é demais.
- Mas eu não queria...AH deixa! - Ele começa a procurar e se assusta.
- Achei...
- Aquele que habita na morada do altíssimo, a sombra do onipotente descansará. - Ele começa a rir sem parar.
- O que foi? Ele exorciza mesmo os demônios, eu orava isso para o meu ex patrão e ele até passava mal. - Peter ficou vermelho de tanto rir, mas a história era mesmo real, eu havia feito mesmo isso.
- Diziam que ele fazia pacto com o diabo só porque fazia parte da maçonaria, e eu não duvidava, nunca vi ninguém mais avarento, enrolado e escravista, era só falar em pegar dinheiro e ele passava mal. - Peter chorava de rir
- Um dia eu resolvi ver se conseguia um vale pra pagar o gás de casa, você acredita que ele se trancou na sala, quando me viu? E eu ainda precisava voltar pra casa, e ele não saía da sala como se fosse o martelo do Thor. Aí eu pensei, se o Thor conseguia tirar o martelo a base do lance de ser digno, porque eu não tiraria meu patrão da sala com Jesus?
- Eu disse: Jesus é mais forte do que o Satanás que reina dentro desse homem! - Eu confesso que fiquei preocupada com Peter naquele momento, ele estava passando mal de tanto rir.
- Peter, eu estou falando sério! - Peter tossiu várias vezes antes de começar a tentar se desculpar.
- Desculpe, é...A senhorita é demais!
- Bom, no final eu consegui o vale depois que li o Salmo 91. Desde então, eu decorei cada vírgula.
- Bom eu achei algo... - Peter se controla para não rir novamente.
- Mas acho que ele é antigo...- Peguei o recibo, era a luz do mês passado.
- Eu não acredito! O Noah não pagou a luz?
- Procura um cartão com da conta bancária dele por favor. - Liguei para o Noah
- Alô?
- Por que você não pagou a conta de luz?
- Você não disse que pagaria?
- Estou falando a do mês passado.
- Eu paguei!
- Pagou? Estou vendo o recibo sem comprovante largado nas profundezas da sua bagunça.
- Eu devo ter pago, só não guardei o comprovante.
- Cadê o cartão da empresa?
- Espera deve estar na minha mesa... - Olhei para o Peter ele balançou a cabeça negativamente
- Não tem nada aqui Noah, Você perdeu o cartão da empresa?
- Espera deixa...Eu só... - Ele demora alguns minutos no telefone
- Está comigo Ray, desculpe.
- Você está pedindo para levar mais um tapa na cara, Noah. Que Jesus me dê paciência, vou ligar para o contador e nestante estou voltando aí.
- Para que vai ligar para o contador?
- Vou me certificar que Você pagou a conta de energia.
- Já disse que não precisa.
- Tchau!
Então eu liguei para o nosso contador George.
- Está registrado a saída da conta de energia mês passado? - O Contador demorou alguns minutos olhando e então me deu a resposta.
- Água, impostos, internet, telefone...Energia, Não senhora.
- Obrigado. - Desliguei o celular
- Pett pode arrumar essa mesa para mim? Preciso resolver umas coisas.
- Claro! Essa é a conta de luz nova. E aqui tem outros papéis também.
- Agradeço. - Fui até minha sala atrás de um pasta de documentos, olhei para os contatos e vi o nome de Laurel.
- Peter Jaime.
- Oi?
- Você tem namorada? - Vi ele se avermelhado como um tomate
- Eu...Eu..
- Eu perguntaria a minha mãe, mas eu estou irritada com ela também. Você já vez alguma merda com alguém e não sabe como resolver?
- Ah Bom...Eu...Acho que...Tentar pedir desculpas é um bom passo.
- Já tentei, só deu mais merda.
- Levar flores? - Ele pergunta tímido
- Não posso ser romântica com quem não conheço.
- É...Ah...Eu...Acho...Sinto muito Senhorita Rachel...Eu não tenho essa resposta.
- Não é sua culpa. Agradeço se puder deixar a mesa do Noah como a sua.
- Pode deixar. O que eu digo a quem ligar para a senhorita?
- O que você quiser.
Saí de lá e peguei mais um carro de volta para casa assim como a pasta de contas, quando entrei no apartamento de volta, gritei:
- NOAAAH!