Capítulo 5 Quando fui embora, uma vida dentro de mim se formava.

Larissa Kelly

Desde que iniciei a minha vida em Araraquara com o meu filho, tem passado três anos.Na época era tão inocente e tinha uma inocência tão grande e tudo começou quando o conheci. Tinha vinte e três anos, estava gostando de minha vida nova após fugir do meu patrão abusivo. Ainda tenho medo dele me encontrar,mas tenho certeza que esse passado ficou para trás. Hoje estou com vinte e cinco anos, tenho mais dividas que um ser humano normal. Claro que tenho dinheiro e estou bem no trabalho, mas estou juntando umas economias. Pretendo comprar meu apartamento para não está pagando aluguel. Se eu for resumir um pouquinho de minha vida, falaria sobre o quanto sofri com a minha mãe.

Desde que saí do Rio de Janeiro, ela foi morar com um cara, não sei quem é, nem para onde ela foi. Quando pequena não conseguia entender a indiferença de minha mãe. Enquanto queria o seu carinho, era desprezada e seu olhar de desprezo por mim.

Eu não entendia o porquê de sua raiva, sempre me perguntava o motivo, mas desistir! Buscava intimação sobre o meu pai, ela falava que era bebum e morreu.

Quando na minha adolescência não tive sua ajuda e eu tive minha primeira menstruação. Estava na sala de aula quando todos os amigos da aula riram de mim, minha calça branca toda suja e o sangue visível. A única pessoa que poderia pedir ajuda, era minha amiga Juliana, sempre me ajudando. Isso aconteceu a três anos atrás, estava sem destino e minha amiga é a única que poderia me ajudar. Foi quando fui morar em Araraquara, interior de São Paulo, a pedido dela. Estava procurando trabalho e foi então que consegui fazer bicos, tinha que terminar a faculdade. Eu te amo Larissa Kelly, você é linda demais para estar só olhando, posso beijá-la?

Aquele restaurante tão chique preparou um canto reservado para nós dois. Tinham rosas sobre a mesa, vinho, dançamos juntos uma canção tão bonita. Eu estava vivendo um conto de fadas, nossa primeira vez no hotel. Entrei no banheiro e vesti o roupão, estava nervosa o suficiente para não contar que era virgem.

Tive medo dele me rejeitar, foi quando saí, ele estava deitado na cama todo pelado. Eu nunca havia visto um homem desnudo de tão perto.

- Aqui linda, venha aqui.-Ele fala batendo na cama com as mãos, me sentei, estava toda nervosa.

Lembro que nem conseguia olhar para ele, porém sou puxada tão rapidamente. Nossos lábios se tocando suavemente e a língua adentrando se pedindo espaço para um beijo avassalador. Suas mãos desamarrando meu roupão, seu toque no meu seio. Ele lambe mordiscando tão leve, sentia minha vagina molhada e não fazia ideia de que poderia sentir essas sensações.

- Querida, abra as pernas, eu vou te provar.

Nem consegui responder e ele já estava com ela em sua boca quente. Aquela deliciosa sensação, sentia o meu corpo como uma eletricidade elétrica. Minha vagina pulsando e aquela sensação rápida chegando com tudo, me fazendo contorcendo o corpo. Sim, eu gozei pela primeira vez daquela forma, pensei que estava morrendo.

- Muito doce, Larissa Kelly, agora que tal fazer o mesmo em mim?

Ele ficou em pé na minha frente, estava nervosa o suficiente para sem querer morder.

- Não sabe fazer?

Ele sentiu que doeu, então sua brincadeira foi que era pai e não uma banana.

Dei risada quando o vi o som da sua gargalhada e sorriso lindo, era a parte dele que desmanchava o meu coração.

- Então, minha bela, eu quero colocá-la dentro de você agora, posso?

Falei que sim, mas a dor que suportei e quanto mais ele penetrava. Sentia que estava sendo rasgada, cada estocada rápida. Minha unha cavalo em suas costas e a minha mordida em seu pescoço. Acordei no dia seguinte, ele estava sentado pensativo e eu fui abraçá-lo. Ele se afastou, seu olhar foi diretamente sobre o pano coberto pelo sangue de minha inocência.

- Porque, Caralho não falou que era virgem? Eu até imaginei isso, mas custa a acreditar que essa foi sua primeira vez! Veja, o que te fiz! Porra Larissa Kelly, não queria machucá-la, veja o que aconteceu. Se me contasse que era realmente sua primeira vez, não faria desta forma!

- Calma, Mathias! Eu sabia que era assim, mas foi muito bonito e eu estou feliz. Isso é normal em toda primeira vez de uma mulher. Por acaso nunca esteve com uma mulher virgem?

Ele pega a camisinha usada que estava jogada no chão e fala.

- Larissa, olha a camisinha, ela está coberta de sangue, e se te acontece algo? Eu não suporto mentiras, deveria ter contado antes disso tudo acontecer!

- Calma, eu gostei muito, olha, não doeu tanto e estou bem...

Nesse momento abracei forte pela cintura, falei que estava bem. Vamos para um banho, foi quando fizemos sexo pela segunda vez sem proteção. Talvez nesse momento da minha gravidez, estava tão bem, claro que dolorida. Ele estava estranho, tremia apertando o punho, por um momento ouvi dizer; não era para ser assim.

Só comecei a sentir os efeitos no dia seguinte que nem conseguia andar. Essas duas vezes que fizemos sexo ,foram as únicas e ele não estava me procurando.

Até que Maria viajou com André, ele me ligou e perguntou onde estava. Havia aparecido depois de uma semana me ignorando. Nos beijamos, ele brincou com as crianças, o estranho foi que ele estava fazendo perguntas sobre Maria. Foi quando o beijei e nessa hora, André e Maria chegaram nos pegando em pleno ato.

Não fazia ideia que ele era o Mathias Lemos, só sabia do seu primeiro nome. Quando descobrir tudo sobre ele, aquela decepção toda...

- Mestre, quem é essa aí?

Ele olha diretamente em meus olhos, suas duras e desprezíveis palavras são como facas afiadas em meu coração. Palavras enganosas, estava tão aflita , só queria abraçá-lo. Queria ouvir que estava mentindo, era uma brincadeira de mal gosto? Eu não precisava ouvir mais nada para confirmar tudo, você é ridícula!

Vamos entrar, não tenho nada a mais para falar com esta pessoa.

- Ela não é ninguém!

Sinto vontade de chorar e agarro em seu braço, queria desabafar.

- Mas, você falou que me amava, casaria comigo, eu era sua namorada. Eu... eu... me entreguei para você e acreditei em suas palavras, era mentira?

Ele gargalhou e quando mencionei sobre a gravidez ele não acreditou.

- Se estiver grávida, isso não é meu!

- Usamos camisinha, eu não sou tão trouxa e saiba que não posso engravidar mulher alguma! Mathias, mas você disse que sempre estaria ao meu lado e me amaria, isso também é mentira?

- Eu falo isso para todas, acreditou que era importante na minha vida? Esse filho não é meu, não é meu, não é meu, faça o que quiser e vai embora!

Acordei novamente suada e com o coração acelerado. Tentei não pensar muito, são lembranças de um passado tão doloroso. Peguei o vasinho de água ao lado do criado mudo, nesse momento.

Bebi a água e voltei a dormir, mas como sempre não é o suficiente. Após esperar o sono vir, fecho os olhos e não percebi quando a música do meu celular tocou no fone. Me fez adormecer.

- Larissa, você é minha, eu te quero todinho docinho, fica comigo!

Comecei a correr até sentir os meus pés sangrando queimando ao olhar que estava em carne viva.

- Docinho, está bem?

Me encostei em uma árvore que estava me escondendo. Novamente aquela voz me chamando de docinho, fiquei paralisada. Meu corpo congelado não conseguia andar, nem falar, sei quem é. Essa é a fonte dos meus medos, então para minha confirmação. Ele está próximo o suficiente, seu olhar maligno me deixa com os olhos cheios de lágrimas. Estou tremendo e quero fugir, mas meu corpo está paralisado e minha voz não sai.

- Larissa, não fuja de mim, eu vou cuidar de você, eu amo, te amo.

Sinto suas mãos tocando meu ombro, ele lambe os lábios tocando em meu rosto. Grito cuspindo em seu rosto com as forças que tive para me defender.

- Me solte, Roberto!

Acordei do pesadelo maldito que tenho todas as noites. Estava suada e sempre tive esses sonhos, mas quando não é o Mathias. Meus pesadelos são o Roberto, ele sempre está tentando me pagar. Ultimamente tomo remédios controlados e a pedido do meu médico. Estou consultando o psicólogo, eu tenho dificuldade para confiar novamente nas pessoas. Então quando desperto assim, a primeira coisa que faço, é pegar os comprimidos na gaveta.

Ao olhar para o lado esquerdo da minha cama, vejo que Anthony está dormindo. Meu pequeno, ele faz os dias de minha vida serem leves, tive que parar a faculdade. Trabalhei muito, e quando ele fez um ano, voltei a faculdade. Sou professora formada, e graças aos meus esforços e ajuda de minhas irmãs, nunca contei onde estava morando. Eu contei para elas, que estava bem, trabalhando, mas quando resolvi contar da gravidez. Foi uma chuva de perguntas, fiz Maria prometer que não contaria para André. Monique queria meu endereço de qualquer jeito, mas não dei a elas. Conseguir concluir o meu sonho, sou professora de uma escola infantil particular. Acaricio os cabelos do meu filho, e desde que ele nasceu. Nunca os cortei, são morenos como os meus, além de lindo cacheado.

Seus olhos verdes claros, assim como o daquele maldito!

Mathias não sabe, mas o filho dele está vivo, naquele dia em que entrei na farmácia comprei o comprimido e me sentei na praça. Lembro que chorei tanto, mas fiz algo que me arrependo até hoje. Eu tomei o remédio e quando estava esperando o táxi, passei mal e tive uma crise ao cair no chão. Acordei no hospital com o braço dolorido e o médico havia dito que o bebê estava bem por um milagre. Eu fiquei três dias sobre o soro em observação e não acordava, sofri uma crise de epilepsia e a convulsão quase me matou. O remédio que havia ingerido foi expulso do meu estômago. Quando cheguei em casa tive que fingir um sorriso e não contei para minha irmã. Eu saí de São Paulo e voltei para o lugar do qual havia jurado nunca pisar os pés novamente. Após os abusos do meu ex patrões e o Roberto que é o meu pesadelo noturno.

Minha irmã está casada e tem sua própria vida,mas naquele momento não pensava em outra pessoa que não fosse ela. Porém ao chegar no Rio de Janeiro, fiquei sentada no estacionamento do aeroporto. Eu pensei no quanto que poderia trazer problemas para ela. Não poderia fazer isso, eu estava ferrada e levando os meus problemas e preocupação para ela. Naquele momento eu peguei o celular no bolso e então disquei um número. Liguei para minha amiga, foi quando contei chorando o que me aconteceu. Suas palavras naquele exato momento foram para que eu a encontrasse, eu tive que voltar para São Paulo.

Araraquara, era o meu destino! Claro que não iria contar para minhas irmãs, principalmente a Monique. Eu voltei e elas não faziam ideia de que estou em São Paulo, mas no interior.

Comprei a passagem de volta, minha irmã ligou várias vezes, já dentro do ônibus. Contei que queria ir para outro estado, e quantas perguntas foram feitas.

Algumas horas de viagem, estava de volta e foi quando vi minha amiga Juliana. Ela estava me esperando ao lado do seu namorado. Juliana me convidou a morar em seu apartamento pelo tempo que eu precisasse. Até encontrar um apartamento para mim, mas minha situação financeira não estava boa. Comecei a trabalhar e estudar ao mesmo tempo, mas minha gravidez foi ficando cada vez mais difícil.

Tive que trancar a faculdade esperar que o meu filho nascesse, passei a morar com a minha amiga. É claro que era desconfortável estar morando de favor e minha preocupação era sua privacidade. Ela tem seu namorado, até falei sobre isso, mas Juliana mandou eu ficar tranquila quanto a isso. Porque eles sabiam a minha situação, foram tão amigáveis, me ajudaram desde o princípio. Seu namorado Otávio tem um restaurante e foi ele que me ofereceu trabalho.

Eu trabalhei até o nascimento do meu filho e queria ajudá-los nas despesas. O prédio onde estão vivendo é muito confortável, os vizinhos gostam muito do Anthony.

Desde que ele nasceu, o nome do pai não é registrado na certidão. Falei que morreu, então eu registrei apenas no meu sobrenome. Me preocupo com isso, pois quando ele crescer e sei que vai querer saber sobre seu pai...

Falando sobre o traste, eu tive notícias que ele se envolveu no sequestro da minha irmã. Foi o suficiente para ter tanta raiva dele e eu queria voltar e matá-lo!

Maria me contou que ele também ajudou, mas matou a Luana. Soube que Mathias estava com problemas na justiça, queria vê-lo, e ri dele. Talvez uma vingança, mas tudo que fiz foi sumir, e então pedir o contato com minhas irmãs.

Foi melhor assim, não queria que ele soubesse dessa criança. O tempo passou e meu filho tem 2 anos e então minha amiga se mudou para a casa de seu noivo.

Todos os vizinhos são legais, porém cada um no seu canto, mas quando eles veem o Anthony. Meu filho derrete o coração de qualquer pessoa de tão fofo e lindo que é o meu bebê.

Me formei, e quando fui chamada a trabalhar na escolinha particular. Estava tão feliz e finalmente iria realizar o meu sonho de trabalhar em uma escola também organizada e famosa.

Contratei uma babá para tomar conta do meu filho e com o salário que recebia era mais do que o suficiente para nos mantermos. Fraldas e todas as roupinhas que ele necessita para alimentação, clínica pediátrica. Bem, sempre estou com dívidas e quem não? Afinal, uma mãe solteira cuidando de um filho é aluguel e despesas para pagar. Estava tão louca, mas posso garantir que sou a louca mais feliz desse mundo. Só em tê-lo em minha vida, isso vale muito e não tem preço!

Estava acostumada a estar sozinha na vida, meu pai não o conhecia, mas minha mãe. Ela não, não gosta muito de mim,sei que a única que ela gosta é a Monique.

Desde que saí do Rio de Janeiro, não temos nos falado e sei que viajou para casa de um ricaço. Para aliviar todo meu estresse peguei o hábito de escrever tudo aquilo que me acontece.

Eu escrevo na minha agenda tudo que se passa e a cada conquista e desacertos. Não consegui dormir então, comecei a escrever tudo sobre minha rotina.

Estou lendo tudo que já notifiquei, todas as coisas que me aconteceram. Aquela primeira vez que tive com ele, eu não sabia o quanto poderia ser feliz novamente.

Tive um relacionamento com um ex namorado no passado, foi o meu noivo, quase me casei e fiquei com dívidas. Existe uma mulher tão azarada para homens, essa com certeza sou eu!