Capítulo 3 O que estava escondendo de mim

Embora Sara parecesse calma, ela ainda não conseguia aceitar o fato de que ela e Jacob estavam oficialmente divorciados. Honestamente, era impossível duas pessoas não desenvolverem sentimentos uma pela outra depois de mais de quatro anos convivendo juntas.

Sara apoiou a mão sobre o peito, sentindo a dor crescer cada vez mais.

Ela se virou e olhou para Jacob, viu que ele estava de costas para ela. Sara pensou: 'Aposto que ele deve estar muito feliz agora que estou fora de sua vida. Ele pode finalmente estar com aquela mulher, a que ele realmente ama.'

Para Sara estava tudo acabado. O que ela não sabia era que, na verdade, Jacob não apenas queria estar com ela, mas também estava relutante em deixá-la.

"Não torne nosso divórcio público ainda."

Jacob assustou Sara falando repentinamente; depois de se recompor, ela olhou surpresa para ele.

Daria para ver a expressão cética no rosto de Sara a quilômetros de distância. O que ela deveria fazer?

Jacob se virou e eles se entreolharam; com os olhos cheios de tristeza, ele perguntou: "O que está acontecendo? Eu ajudei a empresa de seu pai por quatro longos anos. É tão difícil atender um pequeno pedido como este?"

O rosto dela estava pálido; de repente, ela deu um leve sorriso com seus lábios vermelhos que pareciam ainda mais bonitos do que o habitual. Sara respondeu: "Você não tem mais nada a ver comigo. Por que eu deveria atender qualquer tipo de pedido seu? Além disso, ajudar a empresa do meu pai está longe de ser um favor, pois fazia parte do acordo que fizemos quando nos casamos. Se você não se recorda do acordo, ele exigia que eu passasse quatro longos anos da minha vida com você. Não é suficiente que eu tenha desperdiçado minha juventude ao seu lado?"

Depois de falar, ela olhou amargamente para a certidão de divórcio em sua mão. Qual era o sentido de não deixar ninguém saber que o casamento deles já havia sido dissolvido? Era como se Jacob estivesse pedindo que ela não estivesse livre para ver outra pessoa e nem pudesse estar com ele.

Estreitando os olhos, Jacob olhou com desaprovação para ela. Mesmo estando com seu rosto pálido, ela ainda parecia delicada e suave. Os cantos de seus olhos eram levemente elevados e estavam extremamente fascinantes mesmo sem maquiagem. Mas sua característica mais atraente era a cor âmbar de seus olhos. Jacob ainda podia se lembrar claramente da ternura que aqueles olhos demonstravam no dia em que se casaram.

Nem precisava dizer que ela tinha um charme indescritível.

Jacob teve de admitir que ela era muito mais bonita que Alice, pois sua aparência, além de causar grande impacto à primeira vista, também irradiava um charme irresistível e expressava uma atitude agradável. As pessoas, muitas vezes, olhavam para ela com admiração.

Por fim, Jacob zombou: "Sua juventude? Alice dedicou sete anos de sua juventude a mim, mas não reclamou nem uma única vez. Sem falar que ela não recebeu nada de mim! Comparada a Alice, você não é nada! O que você tem a oferecer para este mundo?"

Naquele momento, os pensamentos de Jacob foram dominados com suas lembranças de Alice, seu primeiro amor, o que só o fez querer destruir Sara com palavras.

'Não sou nada? Ele está falando sério?', remoeu Sara, lamentando que o homem que acabou de se tornar seu ex-marido a tivesse humilhado apenas para proteger outra mulher.

Ela olhou para baixo com seus cílios grossos e longos escondendo dor e tristeza. Então, ela se recompôs, olhou para cima novamente com sentimento de desapego.

"Sinto muito, meu querido ex-marido, mas não tenho mais tempo para perder com você. De qualquer maneira, eu não sou nada, certo? Assim, se eu tornar nosso divórcio publicamente conhecido, que mal fará já que não sou nada? Mas preciso que saibam que estou livre, de que outra forma eu poderia sair de sua vida de altos padrões?"

Sara falou com Jacob com uma voz cheia de sarcasmo na tentativa de provocá-lo e dizer algo ainda mais cruel que ele. Só assim, seu amor por ele gradualmente desapareceria e ela esqueceria sua existência.

"Está bem!" Jacob exclamou, travando os dentes e completou: "Já que você quer se vender, vou comprá-la de volta. Você não tem permissão para anunciar nosso divórcio publicamente e, em troca, continuarei apoiando a empresa de seu pai e cooperando com ele o quanto for necessário para garantir mais lucro."

'Será que ele está me ameaçando?' Sara pensou incrédula.

Ele queria o divórcio por causa da Alice, mas a pressão da mídia e outros fatores externos não permitiram que ele revelasse a notícia. De repente, Sara queria expor o rompimento impiedosa e publicamente.

"Você fez tudo isso por causa da Alice, não foi? Quando aquela mulher deixou você, por que não quis que ela ficasse como quer agora? Ela voltou sem mais, nem menos e você nem estranhou. Você nem sabia por que ela tinha voltado! Você realmente acha que isso é amor?"

Sara nem deu importância para a expressão no rosto de Jacob, ela falou tudo que pensou de uma só vez. A pergunta que ela fez estava relacionada a algo que ele não ousava admitir.

O rosto de Jacob mudou completamente e as veias em suas têmporas pulsaram de raiva. Ele cerrou os punhos com uma raiva enorme e foi se aproximando cada vez mais dela dizendo: "É melhor você retirar tudo que disse ou eu não respondo por mim!"

Sara foi recuando conforme ele se aproximava até que suas costas estavam contra a parede. Jacob estava a poucos centímetros dela.

"Retirar o que eu disse? Por quê? Será que mexi na ferida? Você é realmente tão burro e cego? Não importa o que ela faça, você ainda gosta dela, não é? Estivemos juntos por quatro anos. Ainda assim, você ousa me comparar com ela!"

Depois de fazer tantos comentários odiosos, Sara sentiu a tristeza tomar conta dela novamente.

Jacob também ficou surpreso porque ele não esperava que ela fosse capaz de dizer aquelas coisas. Ele ficou sem ação.

"Eu...", começou a dizer, mas se lembrou dos olhos tristes de Alice, então, balançou a cabeça negando e disse com um tom baixo e solene: "Nós nos casamos naquela época porque era conveniente para nós dois. Você deveria saber disso melhor do que ninguém."

Sara já estava começando a se arrepender de tudo que havia dito. Ela falou por impulso, não estava pensando no que falava. Mesmo assim, ela não podia deixar de se perguntar: 'Ele realmente não sentia nada por mim depois de todos esses anos?'

Ela tentou controlar seus pensamentos o máximo que pôde. Ela respirou fundo e olhou diretamente nos olhos dele com o mesmo vigor de antigamente.

"Eu não tenho de ouvir você. Você não tem o direito de me pedir nada", disse ela com firmeza. Jacob recuou um passo, sem tirar os olhos dela.

Foi só então, a centímetros dela, que ele percebeu que não havia notado Sara de tão perto até aquele momento.

Ele notou que os olhos dela estavam ligeiramente vermelhos e inchados, e havia veias aparentes neles, indicando que ela não estava dormindo bem.

Seu rosto branco e limpo estava um pouco abatido.

Aquilo, de alguma forma, fez seu coração amolecer. Ele falou: "Sara... você, no passado..."

Uma voz encantadora vinda de trás o interrompeu.

"Jacob!", Alice o cumprimentou do carro que parou ali do lado.

Jacob não teve tempo para pensar, então começou a caminhar em direção a Alice, olhando de soslaio para Sara para dizer algo.

"Se você não quer que nada aconteça com a empresa de seu pai, faça o que eu pedi."

Uma rajada de vento soprou e bagunçou o cabelo de Sara.

Ela olhava para baixo, cheia de autopiedade.

A vida seguiu sem nada de especial depois do divórcio, pelo contrário, continuou a ser como sempre foi para Sara. Ela estava fazendo de tudo para não perder tempo ficando triste, mas ela se sentia sozinha o tempo todo.

Ethan tentou muitas coisas para fazê-la se sentir feliz.

"Vamos para o campo hoje. Conheço um lugar muito bonito que você vai adorar", sugeriu Ethan um dia. Ele tinha um sorriso radiante e Sara se sentia mais leve com ele.

Fazia muito tempo que Sara não tomava ar fresco. Olhando a paisagem pela janela aberta do carro, ela não se sentiu tão deprimida. Ela comentou, tentando se animar: "Realmente foi uma boa ideia, Ethan."

Bem antes de chegar ao campo, a viagem foi interrompida por um telefonema.

Sara olhou o número na tela do celular e franziu a testa.

Ela não queria atender, mas, quando ela pensou na ameaça que ele havia feito, respirou fundo e atendeu: "Olá, o que posso fazer por você?"

Seu tom era educado, mas distante, talvez para que ninguém pudesse perceber os verdadeiros sentimentos que estavam em seu coração.