Capítulo 7 Caindo na armadilha

Sara levantou a cabeça e olhou para Alice com um sorriso indulgente, comentando: "Não adianta me dizer isso. Jacob não é tão bom quanto você pensa. Sei que você gosta dele e não dou a mínima."

Ela soube acertar Alice no ponto mais dolorido e estava determinada a não curvar a cabeça para pessoas como ela.

De repente, Alice caiu na gargalhada se aproximando da sua rival. Então, ela sussurrou em seu ouvido: "Você pode gostar de Jacob, mas ele não gosta nem um pouco de você. Infelizmente, você não tem chance. Pare de choramingar, é melhor parar de sentir ciúmes."

Assim que parou de falar, ela olhou para Sara com um sorriso de autossatisfação.

Sara mal conseguia manter um simples sorriso, mas se segurou para não perder a calma. Então, olhou para Alice com um sorriso de escárnio e disse: "Como pode ter tanta certeza de que não tenho chance com Jacob? Não se esqueça que ainda sou sua esposa legalmente. Estamos casados há quatro anos. Realmente acha que nada aconteceu entre nós durante todo esse tempo?"

Exatamente como Sara havia imaginado, assim que terminou de falar, a expressão de Alice mudou.

"Você...", Alice estava prestes a dizer algo, mas alguém a interrompeu.

"Senhora Sara, nosso CEO solicita sua presença na sala de conferência", disse uma garota usando o cabelo em rabo de cavalo. Ela ficou surpresa ao ver Alice. Então, sorriu educadamente para Sara e a acompanhou até a sala de conferência.

Quando Sara passou na sua frente, Alice sentiu como se seu coração estivesse rasgando. Sara caminhou triunfante como se houvesse acabado de vencer uma batalha.

O senhor Walter estava na sala de conferência, mas Jacob não.

"Senhora Sara, sinto muito por ter feito você esperar. Primeiramente, vamos falar sobre esse plano específico de cooperação. Nosso presidente está ocupado no momento, mas virá para a reunião logo mais", disse o senhor Walter.

Ele era um homem muito educado e, como ainda não sabia do divórcio de Sara e Jacob, tratou-a com muita gentileza.

Sem preâmbulos, Sara foi direta e mostrou sua estratégia de negócios para todos os presentes. Ela iniciou a apresentação com confiança: "O plano a seguir é um projeto que demonstra nosso desejo de colaborar com a sua empresa. Apresentarei os detalhes específicos a seguir."

Sara era uma mulher trabalhadora e as pessoas olhavam para ela com admiração. No início, eles estavam céticos em relação ao projeto e pensaram que ela estava tentando algum tipo de trapaça, mas a apresentação confiante de Sara impressionou todos os presentes.

Depois de terminar a apresentação, ela estava exausta.

"Senhora, eu...", o senhor Walter chamou Sara e tentou agradá-la assim que todos já haviam saído da sala de conferência.

Gesticulando com a mão, Sara disse: "Pode me chamar de Sara e pode se retirar. Não me incomode agora. Conheço este lugar como a palma da minha mão."

No passado, Sara, muitas vezes, ia à empresa com Jacob para mostrar o quanto eles se "amavam".

O senhor Walter hesitou por um momento e, então, se retirou da sala.

Sara organizava cuidadosamente uns documentos.

Quando terminou, ela se recostou na cadeira, completamente exausta. Jacob costumava apreciar muito seus esforços. Ele gostava até de vê-la trabalhar, mas, agora, nem ele, nem ninguém parecia se importar.

Sara acreditava que tinha de agir profissionalmente ao lidar com Jacob não importasse as circunstâncias. Tendo sido sua esposa, ela sabia que ele era muito exigente no trabalho; assim, ela ainda não tinha certeza se ele concordaria com o projeto que ela havia elaborado. Ela não tinha ideia do que faria se ele tentasse dificultar as coisas para ela de propósito.

Com esse pensamento em mente, Sara se levantou e saiu da sala de conferência. Para sua irritação, ao sair, viu Alice. Ela segurava uma xícara de café na mão e sorria maliciosamente.

Sara detestava Alice. Ela odiou o fato de que, enquanto tivesse negócios com a empresa de Jacob, ela teria de ver seu rosto toda vez que fosse lá.

Alice se aproximou dela piscando.

Por mais difícil que fosse, Sara sabia que tinha de ignorá-la. Dar atenção à Alice só a faria perder o controle. Era óbvio que ela faria qualquer coisa para provocar Sara.

"Senhora Sara, parece que você está muito ocupada hoje. Quer um cafézinho?", perguntou Alice, parando na frente dela. Ela não estava agindo de forma tão amigável como fingiu pouco tempo atrás; agora, usava um tom mais distante. Era impossível saber o que Alice estava planejando, mas era claro que ela detestava Sara.

Alice tinha duas razões para isso. A primeira razão era porque Sara tinha sido a esposa de Jacob. A segunda, porque ela dormiu ao lado de Jacob nos últimos quatro anos. Embora Sara e Jacob afirmassem constantemente que não tinham sentimentos um pelo outro, Alice sabia que uma faísca poderia ter acendido entre eles durante aqueles anos.

Um casamento de quatro anos não era algo para se levar na brincadeira.

Sara lançou um olhar gélido e disse: "Senhora Alice, parece que você está de folga. Teve tempo até de fazer um cafezinho."

Alice não tinha nenhum cargo na empresa, então, era óbvio que ela não tinha nada para fazer. Na verdade, ela estava ali apenas para ter certeza de que Jacob nunca ficasse com conversinhas com outras mulheres.

E para ela, Sara era sua principal rival e ela tinha de se certificar de que ela não colocaria suas garras em Jacob.

"Enfim... quer um?", perguntou Alice novamente, entregando-lhe uma xícara.

Sara ergueu um lado das sobrancelhas e respondeu: "Não. Eu não tomo café quando estou trabalhando e se for levar para o Jacob, ele não gosta de café quente; ele só toma café gelado."

A coisa que Alice mais lamentava em sua vida foi estar longe de Jacob por todos esses anos. Quatro anos era muito tempo e Jacob se tornou uma pessoa completamente diferente. Ela nem sabia que ele preferia café gelado a quente. Alice odiou o fato de que Sara sabia mais sobre Jacob do que ela.

Com tudo isso, como Alice poderia não sentir ciúmes?

Ela preparou um café especialmente para ele em vão. Mesmo sem fazer muito, ela queria agradá-lo com detalhes.

Ela se sentiu impotente naquele momento.

Com um olhar cruel, ela disse de maneira indiferente: "Senhora Sara, tenho certeza de que você prestou muita atenção nas preferências de Jacob, mas, me diga, de que adianta se ele nem quer mais olhar para você? Afinal, é a mim que ele ama. Caso contrário, ele não teria deixado você por mim, teria? Então, nada vai adiantar seus conhecimentos sobre seu tipo preferido de café. Você já o perdeu, simplesmente aceite isso."

Enlouquecida de ciúmes, Alice acertou em cheio a ferida no coração de Sara.

Sara observava fixamente a pilha de documentos em sua mão. Ela começou a caminhar e disse: "Sim, eu sei que é inútil. Como você disse: você ganhou e eu perdi. Não precisa esfregar na minha cara... a menos que você se sinta tão insegura que não consegue me deixar em paz."

Quando Sara passou, Alice moveu rapidamente a mão e derramou o café quente sobre si.

Surpresa, Sara parou.

Alice olhou para seu vestido branco manchado e disse: "Opa! Lamento, mas não suporto olhar para a sua cara presunçosa. Desde que eu era criança, ninguém nunca se atreveu a pegar o que é meu e se safar", ela sussurrou. Nesse momento, Alice viu um funcionário se aproximando e imediatamente abaixou a cabeça em reverência.

Sara observou aquilo intrigada. Então Alice levantou a cabeça e olhou para ela com lágrimas nos olhos enquanto gritava: "Senhora Sara, o que eu fiz de errado? Eu sei que a senhora não gosta de mim, mas não pode fazer isso comigo!"

Ela parecia tão chateada que sua atuação mereceria um prêmio.

"Do que você está falando?", indagou Sara com uma expressão séria e pensou consigo mesma: 'Nem toquei nessa mulher e ela está chorando? Será que está me colocando em uma armadilha?'

Então, Sara sorriu com sarcasmo, ainda pensando: 'É essa a mulher por quem Jacob estava apaixonado nos últimos anos? Seu primeiro amor? Ele não poderia ter escolhido alguém melhor?'

"O que aconteceu aqui?", perguntou o funcionário que tinha se aproximado delas, já sabendo quem era Sara e, também, que Alice estava namorando Jacob. Alice tinha uma inteligência emocional superior a de Sara e era capaz de manipular muito bem as pessoas ao seu redor.