Capítulo 9 A Casa de Campo

Sábado por volta das 10 a.m Shaw foi falar com o pai dele:

- Pai o senhor poderia me emprestar as chaves do chalé? Quero ir para lá esse fim de semana.

- Você e o Ian não disseram nada sobre ir para lá no almoço da semana passada, então eu achei que não iriam ir.

- É que... Pai, eu não vou com o Ian!

- Não vai comigo para onde? - Falou Ian entrando no salão principal do bar, que era onde os dois estavam.

- Oi Ian, eu estava falando para o meu pai que esse fim de semana eu não irei para o chalé contigo.

- Sim, eu tenho um treino extra com os meninos do time.

- Então Gabriel, com quem você vai para o chalé? - Perguntou o pai do garoto.

- Aposto que será com a mesma pessoa que ele teve um encontro ontem! - Daniel chegou se intrometendo na conversa.

- Encontro? - Ian e Alberth perguntaram juntos.

- Ah, então ele não contou para vocês? Ontem ele saiu todo arrumado e feliz para um passeio noturno. - Daniel falou novamente, agora rindo.

- Por isso o senhor não quis dormir lá em casa ontem, não foi? - Ian perguntou curioso.

- Sim Ian, ontem eu sair com alguém e só não te contei ainda, porque o encontro ainda não acabou. Então pai, o senhor vai me dar as chaves ou não?

- Pode pegá-las lá no "pendurador". - Respondeu Alberth

- Como? - Dessa vez foi Daniel e Ian que indagaram juntos.

- O senhor não vai nem perguntar com quem é esse encontro? - Daniel perguntou ao pai.

- Eu confio no teu irmão, Daniel, e você deveria parar de ser tão curioso.

- Sendo assim, eu já estou indo, estou atrasado.

- Espere por mim, eu também já vou. - Ian disse ao sair com Gabriel.

Faltavam apenas poucos minutos para as 11 a.m quando Shaw tocou a campainha da casa de Benjamin.

- Shaw - Gritou Lisa abraçando o menino que estava parado em sua frente.

- Oi Lisa, tudo bem? - Perguntou Shaw ao retribuir o abraço.

- Eu estou bem e meu irmão já deve estar quase vindo, você gostaria de entrar? - Perguntou a menina.

- Não, aqui está bom, obrigado!

- Sendo assim, vamos ali me ajudar a fazer uma coisa. - Lisa falava enquanto caminhava pelo gramado verde que compunha a parte da frente de sua casa. Em determinado momento a garota abaixa e pega uma mangueira, pede para que Shaw a segure. A menina então liga um registro fazendo que a mangueira espirre muita água e Gabriel Shaw se molhasse um pouco, os dois então passam a correr pelo gramado até que a mãe de Lisa que já se encontrava na porta da casa chama a atenção dos dois. Benjamin que estava com sua mãe, ria de Lisa e Shaw que mais pareciam duas crianças travessas.

- Lisa, o que você está fazendo? - Pergunta a mulher.

- Ah! Mamãe, eu estou me divertindo um pouco, a propósito, Gabriel Shaw essa é Brenda, minha mãe. Mãe, esse é o amigo do Ben.

- Prazer senhora, agora eu posso ver de onde a Lis puxou tanta beleza.

- Gentileza sua. Shaw, dos Shaw da 50B'FT?

- Exatamente - respondeu o menino.

- Há tempos que tento conseguir uma reserva lá, mas enfim, você que vai sair com meu filho hoje?

- Sim, meu pai tem um chalé na área rural da cidade e se a senhora permitir, gostaria de ir lá com Benjamin.

- Qual a necessidade disso tudo mãe? A senhora já não havia deixado eu ir? - Benjamin questiona meio envergonhado.

- Sim meu filho, eu só estava brincando, agora vão e se divirtam – Disse finalmente, a mulher. Benjamin e Gabriel Shaw se despediram e saíram.

- E aí, como nós vamos? - Questionou Benjamin. Gabriel apenas mostrou a ele uma bicicleta de garupa, então os dois subiram na mesma e seguiram caminho rumo ao chalé. Quando eles saíram dos limites da cidade, entraram em uma estrada de terra e Ben, que até então estava sentado na garupa, ficou de pé apoiando os joelhos nas costas de Shaw abrindo os braços antes de começar a gritar.

- Liberdade, Livre, Livre...

Gabriel Shaw, apenas sorria do menino que mais parecia uma criança de cincos anos que estava sentindo a brisa pela primeira vez. Quando os meninos chegaram na chácara onde fica o chalé, eles deixaram a bike de lado e foi quando Benjamin pôde olhar tudo ao redor. O Chalé da família Shaw tinha um tom rústico com um toque de modernidade, ele era construído praticamente todo de madeira, sendo que alguns cômodos, como a sala, por exemplo, possuía uma das paredes de vidro.

- É lindo - Disse Benjamin ao admirar o local.

- Concordo, é tão lindo que quase me falta o ar quando olho para ele - Shaw disse, porém ele estava olhando para Ben, e não para a construção. Apesar de ter ficado corado Benjamin sorriu e deu um beijo no rosto de Gabriel que abriu um sorriso lindo.

- Só não é mais bonito que o teu sorriso, aliás nada é mais lindo que o teu sorriso. - Falou Ben.

Gabriel Shaw abriu a porta para que os dois entrassem, ao entrar os dois caíram cansados no sofá, pois a viagem, apesar de não ser longa, foi um pouco cansativa. Após descansarem Shaw pergunta a Ben se ele estava com fome.

- Um pouco, o que você trouxe para nós? - Perguntou Benjamin.

- Nada, aqui tem tudo o que precisamos - Ao responder Shaw se levanta do sofá e tira a camisa, então começa a caminhar para o fundo da casa e ao perceber que Benjamin não o estava seguindo, para e fala:

- Você não vem?

Benjamin levanta às pressas e segue o garoto e quando eles chegam na parte dos fundos do chalé Ben, vê um grande pomar com várias coisas plantadas, ele então entende o recado e também tira a camisa e apenas vai com Shaw para o meio daquele lugar. Em determinado momento eles estavam arrancando algumas hortaliças da terra quando Benjamin suja as mãos e passa um dedo sujo de terra no rosto de Shaw. Isso foi o suficiente para que os dois começassem uma guerra ali mesmo, rindo alto e se divertindo muito e ficaram assim por um bom tempo. Depois que pararam, os dois sujos, tiraram as roupas e de cueca tomaram banho em um chuveiro que havia do lado de fora da casa, após o banho Shaw arrumou uma toalha e eles se secaram. Shaw vestiu apenas um short de nylon ficando sem camisa e Ben vestiu uma bermuda e uma regata branca. Eles também lavaram os alimentos que haviam colhido e agora Shaw os estava arrumando para preparo enquanto Ben estava sentado na bancada que separava a cozinha da sala, encarando o menino organizar tudo.

- O que foi, nunca viu um homem cozinhar?

- Lá em casa meu pai não deixa sequer eu chegar perto da cozinha.

- Pois lá em casa tanto eu como meu irmão temos tarefas para fazer, e dentre essas tarefas está cozinhar, mas chega de papo e vem cá me ajudar.

Benjamin vai até onde o menino está, ficando atrás dele auxiliando meio que desajeitado. Quando tudo já está cozinhando no fogo Benjamin senta novamente na bancada e Shaw fica em pé de frente para ele.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Outra, pode sim. - Responde Shaw rindo da cara de confusão do garoto a sua frente.

- Há quanto tempo você tem essa tatuagem? E o que significa?

- Bom, eu fiz há dois anos atrás e antes que você pergunte, sim, meu pai autorizou. Eu e o Ian fizemos uma promessa de que sempre e independente do que houver nós vamos estar lá um para o outro então nós dois fizemos essa tatuagem do símbolo do infinito que significa que nossa amizade, carinho, amor e respeito um para o outro será para sempre.

- Nossa, você e o Ian parecem se amar muito, e as famílias de vocês o que acham disso?

- Nossas famílias acham que vamos nos casar!

Benjamin pareceu se engasgar com o ar quando Shaw disse isso.

- Sabe Ben, tudo que eu e Ian dissemos um do outro na apresentação do colégio no primeiro dia de aula, foi a mais pura verdade nós mudamos a vida um do outro de várias formas e nossas famílias sabem disso, e apesar de nós já termos explicado um monte de vezes que o amor que nós sentimos um pelo outro é um amor diferente do que eu sinto por você, por exemplo, eles fazem essas brincadeiras de que no futuro nós ainda iremos nos casar.

- Amor diferente, diferente como?

- Bem, eu não tenho vontade de fazer isso com o Ian - Fala Shaw ao se aproximar do menino que está sentado na sua frente e dar um beijo na boca dele.

O Fim de semana ainda teve muitos momentos de diversão e muitos beijos, porém mesmo assim ainda havia sido muito curto para os dois garotos. Era domingo por volta das 4 p.m quando Benjamin e Shaw se aproximavam da residência de Ben, porém Benjamin pediu para que Shaw parasse uma esquina antes. Benjamin então desceu da garupa da bicicleta e se certificou de que a rua em que eles se encontravam naquele momento estava vazia e então deu um selinho no em Shaw.

- Obrigado, Gabriel Shaw, há tempos eu não me divertia tanto. Shaw seu amigo me perguntou aquele dia se eu sentia algo por você, eu não sabia ao certo, mas agora eu tenho certeza eu nunca conheci alguém como você, eu te amo. - Falou Benjamin.

- Benjamin, eu amo você também. meu coração nunca havia batido tão descompassadamente antes. - Gabriel falou ao beijar o rosto do menino e seguir caminho para a sua casa com um sorriso no rosto.

            
            

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