O ACOMPANHANTE DE LUXO (Série Brothers Ryder)
img img O ACOMPANHANTE DE LUXO (Série Brothers Ryder) img Capítulo 4 CAP 4 – Kayla
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Capítulo 4 CAP 4 – Kayla

- Você tem certeza disso, Kayla? - Norah pergunta pela milésima vez.

- Norah... Eu já não tenho mais certeza de nada na minha vida. - respondo.

- Cara, o que aconteceu pra você mudar de ideia assim? - Norah diz.

- Kay, você tava decidida que não ia fazer isso? Eu também quero saber o que rolou. - Tyler diz ainda parecendo surpreso.

- Norah, eu acho melhor você ligar logo para esse tal acompanhante de luxo antes que eu desista que ir para essa merd* de jantar. - digo entediada.

- Mano, eu nem to conseguindo pensar direito. - Norah pisca repetidamente como se quisesse acreditar que estava de fato acordada e não sonhando - Ele é um conhecido do meu irmão... Meu deus eu preciso falar com o Jay.

- Norah... Liga logo... - digo impaciente.

- Tá, tá! Eu vou ligar! - responde ela - Mas me diz, como foi que você mudou de ideia assim tão rápido? - questiona Norah.

- Primeiro você liga para a droga do acompanhante ou para o seu irmão, sei lá, antes que eu me arrependa e depois eu te explico. - digo ficando com raiva.

- Norah! Liga logo! Adianta, mulher! - Tyler diz colocando mais fogo na fogueira.

- Gente, não é tão simples assim. - Norah torce a boca.

- Espera ai... Quer dizer que você me induz a aceitar a ir no jantar com um acompanhante e nem se quer eu tenho acompanhante? - questiono cerrando os olhos para ela.

- Kayla, eu pensei e falei na hora. Tipo... As palavras saíram da minha boca do nada. - Norah explica - Eu ainda preciso ligar para ele e saber se ele pode ir.

- Norah... - digo aparentemente calma - Eu juro que se ele não puder ir, eu vou matar você.

- Se ele não puder a gente arranjar outra pessoa. Me diz quem não gostaria de sair com você? - ela pergunta irônica.

- O Adam. - respondo seca.

- Para de pensar nele, pelo amor de Deus! - Tyler praticamente grita.

- Você me gritou? - viro com raiva para Tyler.

Norah ri da situação. Tyler levanta do sofá e vem até mim, abraça minha cintura e me dá um beijo estalado na bochecha.

- Desculpa. - pede ele - Não te gritei. Eu ia, mas não gritei. - cerro meus olhos para ele e ele ri - Não vou fazer mais isso. - ele me solta e se joga no sofá novamente.

- Acho bom. - continuo com os olhos cerrados para ele - Norah, voltando ao foco. Se você não arranjar alguém para eu ir a esse jantar, você está ferrada, muito ferrada. - ela dá de ombros.

- Sei que esse cara vai. - diz ela - Acho quase impossível.

- Como ele é, pelo menos? - jogo-me ao lado de Tyler no sofá.

- Na verdade... Eu não sei. - Norah responde e eu cruzo os braços.

- Como é que você me propõe alguém que é desconhecido até mesmo para você? - cerro os olhos para ela.

Eu não acredito que aquilo estava acontecendo. Norah praticamente me obriga a aceitar a ir nesse jantar me garantindo que eu tinha um acompanhante, mas ela nem se quer falou com o cara e ainda por cima ela nunca viu o cara na vida. Se ele for maluco e fizer alguma coisa comigo, Norah é a grande culpada. Tudo é culpa dela.

- Ele não é bem desconhecido. - explica ela - Ele na verdade trabalha junto com meu irmão. Quer dizer, meu irmão que trabalha com ele. - faço cara de confusa.

- Explica direito, Norah. - peço.

- O escritório que meu irmão trabalha é desse cara. - diz Norah.

- Então o cara é advogado? - questiono.

- Isso. - responde ela.

- Por que um cara que é advogado que tem o próprio escritório seria acompanhante de luxo? - pergunto arqueando a sobrancelha.

- Meu irmão diz que ele faz isso nas horas vagas. O Jack é o melhor amigo de Jay, mas eu nunca cheguei a conhecê-lo. O que eu sei dele é o que Jay me diz. - explica Norah.

- O nome dele é Jack então? - pergunto.

- Sim. - responde ela.

Fico pensativa. Já consigo imaginar um louro, de altura mediana e meio magrelo. Não sei por que, mas a imagem que apareceu na minha mente foi justamente essa. Posso estar maluca, não sei. Já imagino um pé rapado magricelo que a idiot* do me arrumou. Sinto que eu ainda tentaria assassinar Norah por conta de tudo isso. Se Lydia desconfiar, ela vai caçoar tanto da minha cara. Ela nunca pode desconfiar disso. Eu tenho que conhecer esse cara, não posso sair com qualquer um. E eu ainda disse que era um namorado. Lydia vai cair em cima de mim com zoações com certeza. Eu fiz as coisas tão sem pensar que eu estou me metendo em uma roubada tão grande. Eu iria me arrepender de tudo isso, com certeza. Eu ainda me pergunto como foi que eu acabei caindo nessa merd*. Eu caí no papo da Lydia. Ela quer saber como eu estou levando a vida e agora eu me animei. Eu preciso jogar na cara dela que eu estou bem, muito bem.

- Precisamos arrumar a minha roupa. - digo convicta do que estava fazendo.

- AÊ! PORR*! - grita Tyler todo animado.

- Você também, viu Tyler. - digo e ele faz cara emburrada.

- Eu não quero ir. - diz ele.

- Mas você não se manda, e vai! - digo ele cruza os braços.

- Por que eu tenho que ir mesmo? -questiona ele.

- Por que você é minha família também. Você vai sim. - respondo.

- Você será meus olhos e ouvidos naquele jantar, Tyler. - diz Norah. Viro-me para ela.

- Você não vai? - pergunto.

- Acha mesmo que sua irmã iria me convidar? - Norah diz com uma ironia e vejo que ela tem razão.

- Mas você vai. - digo - Nem que seja comigo.

- Para evitar que eu mesma de na cara da sua irmã e saia da casa dos seus pais presa, é melhor eu ficar quieta no meu canto, Kayla. - ela diz e gargalha em seguida - Quer saber? Assim como você, eu vou. E vai ser para lacrar!

- Norah... Você é maléfica... - Tyler diz sério, mas ri e seguida.

- Lógico, meu amor. - Norah diz e em seguida solta um beijo por cima do ombro para Tyler.

- Vocês são uns idiot*s. - digo.

* * *

Ficamos discutindo por um tempo para saber se Tyler iria ou não, pois ele estava fazendo birra dizendo que não queria, mas ele acabou aceitando por querer ver a Norah no jantar. Pelo o que eu vi no convite, o jantar seria em quatro dias. Eu tinha quatro dias pra dar um up em minha aparência e aparentemente na minha vida. Eu tinha que conhecer o tal acompanhante de luxo e comprar roupas novas. Se fosse para mudar, que fosse para valer. Eu não iria ficar mais chorando de noite em noite porque fui trocada da pior forma possível. Eu tenho que ser superior a tudo isso. Tentarei partir para outra. Não será fácil, mas o primeiro passo é tentar. Vou começar a sair mais com Norah quando ela me chamar. Eu quero passar por uma transformação de verdade. E começaria hoje, agora!

Depois de conversar com Norah e com Tyler, decidi sair com um destino certo. Subi para o meu quarto e troquei de roupa. Peguei uma bolsa pequena atravessada e coloquei nela apenas meu celular, cartão e documentos. Desci as escadas correndo, mas com todo o cuidado para não tropeçar no pequeno salto. Eu sabia andar em todos os saltos, dos maiores aos menores, mas todo cuidado é pouco, ainda mais do jeito que estou descendo toda desgovernada. Lydia sempre teve inveja com isso. Mamãe diz que eu nasci para andar de salto alto, que eu tinha o dom tanto que antes de eu me tornar empresária do Tyler, ela tentou por muito tempo colocar na minha cabeça pra me tornar modelo e Lydia sempre morria com isso, pois ela não tinha equilíbrio algum pra andar de salto e nem talento pra ser modelo ou qualquer coisa parecida. Peguei a chave do meu carro e segui para o meu destino. Liguei o som alto e coloquei o meu pen drive e umas séries de músicas de Bon Jovi. Eu estava cantando feito uma louca e percebi que estava feliz de verdade. Feliz porque eu notei que dei um enorme passo para essa mudança de vida depressiva. Eu só era forte na frente de Lydia, na frente dos meus pais, da minha tia... Agora, eu preciso ser forte sozinha, preciso ser forte para mim mesma. Eu cheguei ao meu limite, não dá mais para viver desse jeito desprezível. Paro em frente a um grande espaço com uma placa enorme escrito "Salão de Beleza Fanny's". Se fosse para mudar, que fosse por inteira.

Estacionei meu carro e desci observando a minha escolta de sempre fazer o mesmo. Hoje eu só estava acompanhada por dois homens, o que para mim poderia ser o suficiente até o fim da minha vida. Ando calmamente até a porta e eles me seguem. Antes de entrar, paro e viro-me para eles.

- Vocês não vão entrar. - digo e os dois seguranças me encararam sérios.

Ambos eram tão altos que pareciam uns armários. Um era negro e se chamava Bradley e o outro era um moreno que eu acho que se chamava Denis. Os todos trajavam ternos negros e possuíam escutas em suas orelhas e óculos escuros. Houve uma época em que eu me assustava com homens andando pela casa com a mesma roupa, mas agora já estou até acostumada e acho até mesmo bonitinho.

- Senhora - diz Bradley - Temos o comando de seguir a senhora para qual...

- Não! - digo o cortando - Já disse que não vão entrar. Fiquem aqui na porta. Lá dentro só tem mulher e gay. Vocês não vão querer entrar.

Vejo o segurança que eu acho que se chama Denis torcer a boca e Bradley respira fundo cedendo a minha vitória. Viro-me novamente para o salão e entro na cara e na coragem. Olho ao redor vendo que fizeram uma bela reforma aqui. O salão que antes era rosa, agora está roxo. Vejo uma pessoa correr em minha direção e me abraçar.

- KAYLAAAAAAA! - grita Roy em meu ouvido.

Roy é um dos cabelereiros do salão e um assumido homossexual. Quer dizer, os três rapazes que trabalham aqui, além do Roy, são homossexuais assumidos. Eu costumava vir aqui sempre que podia enquanto trabalhava com Tyler nos shows.

- Também é bom te ver, Roy. - digo e sorrio em seguida.

- Quanto tempo que você não vem aqui, mulher! - ele diz mais alto que o normal e os outros funcionários que me conheciam vieram ao meu encontro e me abraçaram.

- E aí, como estão as coisas? - Roy pergunta e percebo que os funcionários fizeram uma roda ao meu redor. Sei que ele estava falando em relação à Lydia. Todos sempre perguntavam em relação à Lydia. Salão de beleza é a pior e a melhor coisa do mundo ao mesmo tempo. Dentro de um salão de beleza todos sabem tudo de todo mundo. Então era óbvio que as pessoas aqui sabiam da Lydia, Adam e eu. Resumindo, eu era uma corna conhecida - O que vai querer fazer hoje?! Pede que eu faço, musa. Ai você vai contando.

Antes que eu pudesse responder, uma voz conhecida diz:

- Larga de ser uma bicha fofoqueira, Roy. - vejo Fanny se encaminhando em nossa direção. Radiante e séria como sempre foi. Fanny tem cerca de cinquenta anos e é uma mulher com tudo em cima. Sempre foi séria e elegante, nunca se rebaixou a ninguém. Ela é amiga da minha família e especialmente da minha mãe. Assim como qualquer outra pessoa do salão ela odeia Lydia e Maya. Fanny é a dona do salão e sempre atendeu a minha família. Todos os seus funcionários são excelentes, inclusive o Roy - Deixa que dessa daí eu cuido. - ela diz fazendo passagem entre as pessoas que fizeram a rodinha em torno de mim e me puxa para uma cadeira afastada. Fanny me senta na cadeira e me olha pelo enorme espelho na minha frente. Ela passa a mão por dentro do cabelo e acaricia meu couro cabeludo. - Como você está? - ela ainda me olha atentamente pelo espelho - De verdade?

- Destruída. - respondo.

Não conseguia mentir para a Fanny. Ela era uma grande amiga da minha família e me conhece desde que nasci. Mentir para ela seria uma falta de respeito muito grande e eu jamais conseguiria olhar na cara dela de novo. Fora que se eu mentisse, tenho certeza que ela saberia a verdade. Era como se a mesma fosse a minha segunda mãe.

- E o que pretende fazer em relação ao casamento? - questiona ela. Como eu já previa, Fanny já sabia do casamento de Lydia com Adam. Se ela já sabia, todo o salão já sabia desse impasse.

- Você já sabe? - questiono retoricamente. Fanny tem seu olhar de pena pelo espelho e isso me da angústia.

- Na verdade - diz ela - ela contratou a comissão do salão para arrumar ela e a Maya no dia do casamento.

- E você aceitou?

- E o que eu poderia fazer, Kayla? Ela é cliente como qualquer outra, e ainda mais, é filha de Rebecca. Você sabe o quanto eu sou amiga de sua mãe, nunca poderia fazer uma coisa dessas com ela. - explica ela.

- Tudo bem. - sorrio fraco.

- O que quer fazer nesse seu cabelo? - pergunta ela com um sorriso no rosto.

- O que você acha, Fanny?

- Que tal perguntar ao Roy? - ela sorri mais uma vez.

- Pode ser. - sorrio melhor agora.

Ela passa a mão no meu cabelo mais uma vez, faz um sinal e Roy se aproxima. Eles começam a conversar sobre o que podem fazer no meu cabelo. Mas eu nem sequer estou dando tanto atenção assim. Eu estava disposta a mudar e a surpreender os outros, e nisso, eu também queria me surpreender. Eu iria mudar, nem que para isso mentisse sobre um tal acompanhante de luxo. Como eu disse que ele era meu namorado, logo eu diria que não deu certo e aí sim partiria para outra de verdade. Fanny começa molhando meus cabelos e logo Roy aparece cheio de produtos nas mãos.

Começa uma faladeira infernal entre Roy e Fanny e logo eles estão aprontando meu cabelo. Confio minha vida a eles, portanto, confiava no que eles fariam em mim. Roy chama Afrodite que é a manicure do salão e uma excelente profissional. Ela começa a fazer minha unha da mão e uma de sua assistente faz a do pé. Eu estava me sentindo uma pessoa da realiza. Fanny e Roy não deixaram em nenhum momento eu me virar para o espelho para ver do jeito que eu estava e isso estava me matando de curiosidade. Depois de horas o meu cabelo veio a ficar pronto e só assim eu pude me olhar no espelho. Tenho que admitir que fiquei impressionada com o resultado, eu estava de fato maravilhosa. Minhas unhas estavam pintadas de vermelho. Afrodite sabia bem meu gosto e meu amor pela cor vermelha, então eu estava apaixonada pelas minhas unhas. Na hora de pagar pelo trabalho feito em mim, Fanny e Roy me barraram dizendo que era por conta da casa. Retruquei bastante, mas por fim me rendi a eles.

Sai do salão completamente satisfeito comigo mesmo. Peguei meu carro e parti para o meu segundo destino, e claro com os seguranças atrás de mim. Em trinta minutos eu chego ao Estúdio de Tatuagem Crash. É aqui onde meu pai faz as tatuagens dele, onde Tyler quer fazer a deles e onde eu vou fazer a minha. Estacionei o carro e entrei no estúdio com os seguranças.

- Vocês dois! - diz Joel saindo de uma sala com a máscara no queixo e os óculos de proteção no rosto - Podem ficar lá fora! - ele diz em seu tom todo autoritário e retira os óculos o colocando em sua camisa.

Os seguranças não respondem absolutamente nada e me acompanham conforme ando.

- Podem ficar lá fora, gente! - digo com uma certa raiva de ficar sendo acompanhada o tempo inteiro.

Como sempre, eles colocaram uma cara emburrada e saíram do estúdio ficando na porta.

- Olá, minha querida. - Joel me abraça e sorri.

- Oi, Joel. - respondo sorridente.

- Como você está bonita! - ele diz pegando em meu cabelo e em seguida na minha mão me fazendo dar uma voltinha - Não sei como Adam trocou você pela Lydia.

O time contra a Lydia só aumentava a cada dia. Não sei como alguém pode ser tão arrogante e ignorante com as pessoas como ela. Por isso ela se dá tão bem com a Maya. As pessoas só as odiavam mesmo por causa desse ar de superior que elas sempre carregavam e pela forma em que elas sempre quiseram subir na vida pisando nas pessoas.

- Vamos cortar esse assunto, está bem? - peço e ele desfaz o sorriso.

- Está bem, querida. - ele diz e me abraça mais uma vez - Mas você realmente está muito gata! - ele diz mais uma vez e eu sorrio - Garota, se eu fosse uns dez anos mais novo e não fosse amigo de seu pai - eu gargalho - eu já teria pedido seu telefone com certeza. Só que ir enfrentar seu pai não seria legal. - Joel solta uma gargalhada gostosa - Sabia que ele veio aqui essa semana?

- Outra tatuagem? - questiono arqueando a sobrancelha.

- Sim. Daqui a pouco vão confundir seu pai com o novo mapa de tesouro. - gargalho mais uma vez - E veio contar as novidades. Sabia que ele vai sair em missão depois do jantar de noivado da sua irmã?

- Não... Ele nem me falou nada. - digo decepcionada.

- E provavelmente não deve ter dito para sua mãe também. - responde ele.

Quando papai sai em missões, ele quase nunca dizia à mamãe. Ela sempre ficava apavorada quando ele contava, por isso ele simplesmente saia sem falar e quando ela acordava, ele já não estava mais em casa. Mamãe sempre teve medo de papai ir e não voltar mais. Nunca entendi bem seu trabalho, ele era um policial, eu acho.

- Ela ficaria louca. - sorrio fraco.

- Pois é. - responde Joel -Mas me diga, o que veio fazer? - pergunta.

- Uma tatuagem. - sorrio. O que era óbvio.

- Sério? Achou a coragem que tanto procurava para fazer? - ele gargalha de mim.

- Joel, você é uma pessoa desprezível.

- Venha, Kayla. Venha comigo.

Joel me puxa e entramos em uma porta. Nunca tinha passado daquela porta. Adentrei em um lugar bem amplo com diversos desenhos nas paredes em preto e branco. Era uma sala cheia de portas que provavelmente levaria a outras salas. Segui Joel até outra porta. Entramos em uma sala já menor e com uma maca nela e uma cadeira que possivelmente era de deitar também.

- Já pensou no que fazer, Kayla? -pergunta Joel.

- Claro. Uma Fênix. - respondo.

- Uma Fênix? - ele arqueia a sobrancelha para mim.

Joel pede para que eu me sente na cadeira e puxa uma de rodinhas para ele sentar. Sento-me e ele me encara com a mesma cara.

- Sim. - respondo.

- A maioria das tatuagens têm significados, Kayla. Geralmente não sou de perguntar para clientes o motivo de fazer determinadas tatuagens, mas a sua eu estou curiosa. Qual o significado para você fazer a sua? - questiona ele.

- Renascimento das cinzas. Não é óbvio? - cruzo os braços - Meu renascimento das cinzas. - respondo e ele sorri.

- Você sabe lidar bem com as palavras. Puxou ao seu pai. - sorrio quando ele diz isso. As pessoas sempre disseram que eu era parecida com meu pai em meu jeito de ser. Sempre centrada e concentrada. Agora, a quem Lydia puxou, é um mistério até hoje, porque o papai não foi, e muito menos a mamãe. Mamãe ainda tem aquele jeito de menina inocente, não vê maldade em nada e em ninguém - Já sabe onde vai fazer?

- Sei. Hum... Nas costas, na área do cós de um short, mais ou menos. - respondo e ele arregala os olhos.

- Sério? - assenti afirmando - Então deita na maca. - pede ele.

Levanto-me da cadeira e sento na maca como ele pede. Joel coloca os óculos de proteção novamente e coloca a máscara na boca. Joel pega um pedaço de pano e coloca sobre minha cintura e puxa a minha saia um pouco pra baixo deixando apenas descoberto o local onde ele iria fazer a tatuagem. Ele me perguntou se o local estava bom e eu apenas confirmo. Ele passa alguns produtos de mim antes de começar e enfim o barulho da agulha começa.

* * *

- Ficou lindo, Joel! - digo ao ver o resultado. Tinha ficado lindo mesmo, apesar de eu sentir a minha pele ardida. Ele disse que era normal. Eu não achei que ficaria pronta hoje e teria mais sessões como sempre dizem, mas Joel era um tatuador ágil e conseguiu concluir hoje, e além disso, a tatuagem não era grande, era realmente pequena e ficou bastante legal. Como profissional ele era maravilhoso.

- Obrigado por ter gostado. - responde ele sorrindo.

- Antes que eu me esqueça, qual foi a tatuagem que eu meu pai fez? - questiono por curiosidade.

- Ele tatuou seu nome na costela dele. - responde ele cruzando os braços.

- Sério? -pergunto e com certeza meus olhos estão brilhando. Papai nunca tinha tatuado o nome de ninguém no corpo, muito menos o da minha mãe. Suas tatuagens eram apenas desenhos e frases em latim.

- Sim, Kayla. Minha letra ficou linda no corpo másculo dele. - Joel diz fazendo graça e eu sorrio.

- De qualquer forma, obrigado Joel. - respondo com um sorriso cativante.

- Outra coisa, sua irmã também me pediu uma tatuagem. - diz ele de surpresa.

É impressionante a forma que a Lydia tem de me perseguir, mesmo sem querer. Nunca vou conseguir me livrar daquela inútil. Em todos os lugares que eu vou tem que ter vestígios dela.

É bom você ir se acostumando de verdade, dona Kayla. Afinal, ela é a sua irmã e agora irá se casar.

- Tudo bem. Realmente não me interessa a tatuagem que ela irá fazer. - respondo ríspida.

- Jura? - ele arqueia o cenho para mim.

- Não. Mentira. Conta logo. - eu mesmo provoco as coisas.

Joel sorri sem humor.

- Ela pediu para eu tatuar o nome do Adam nela. - responde ele - Mas, você sabe como a sua irmã é, né Kayla? Ela está esperando o medo de agulhas passar.

Ainda tinha essa. Lydia tem pavor de agulhas. Desde criança. Dias de vacina foram os piores dias com Lydia. Nunca vi uma criança tão escandalosa como ela.

Rio com o comentário de Joel.

- Obrigada, Joel. - respondo e ele me abraça.

- Apareça mais vezes, nem que seja apenas para me visitar. - assinto - E se quiser fazer mais alguma tatuagem, pode vir sem marcar como hoje. Sempre tem espaço na minha agenda para você.

* * *

Sai do estúdio de tatuagem e volto para o meu carro com os seguranças em meu encalço. Olho para o meu celular e não vejo nenhuma mensagem ou ligação de Norah e nem de Tyler. Obviamente ela sabia onde eu estava por causa dos armários que me seguem. Segui para o meu próximo destino. Quero comprar uma moto. Com a vida que eu levo, eu nunca tinha parado para pensar em ter uma moto, apesar de a minha habilitação ser as categorias de moto e carro. Com essa vida de viajar com Tyler, eu só tinha mesmo o meu carro, mas me bateu uma vontade de ter uma moto. Fui à concessionária mais próxima dali. Estacionei meu carro, pedi para que os seguranças ficassem do lado de fora novamente e eles ficaram, fazendo cara de birra mas ficaram. É chato ter que andar com seguranças o tempo inteiro. Duas sombras humanas. Às vezes eles parecem não ter vida própria. Largo meus pensamentos e logo entro na loja. Começo a olhar as motos quando um atendente gatíssimo chega perto de mim. Seu perfume maravilhoso invade minhas narinas enquanto seu corpo másculo invade meu campo de visão.

- Posso ajudar, moça? - ele pergunta com uma voz grave e doce.

- Só estou dando uma olhada. - respondo sem olhar para ele.

- Certo. Qualquer coisa me chame. - olho para ele e o mesmo está sorrindo. Ele se vira para sair, mas se vira para mim novamente - A propósito, meu nome é Ellis.

Voltei a minha atenção para as motos que estavam sendo expostas na loja. Era uma mais linda do que a outra. Olhei de canto algumas vezes para o Ellis e eu o vi conversando com os colegas de trabalho e ele olhava para mim algumas vezes também. Passando os olhos nas motos vi uma que era a minha cara e a que sempre quis. Era linda. Grande e preta.

- Oi. - escuto a voz linda de Ellis.

- Oi. - viro-me para ele e sorrio.

- Gostou dessa? -questiona ele.

- Sim! -respondo toda sorridente. Estava realmente animada com a ideia de ter uma moto.

- Vai querer levá-la? - pergunta ele.

- Vou sim. - respondo.

- Me acompanhe. - pede Ellis.

O segui até uma mesária e ela ficou responsável por me atender. Seu nome era, Phoebe. Phoebe era uma moça linda de pele morena, cabelos castanhos encaracolados e com olhos azuis de dar inveja. Meus olhos eram um cinza meio azulado, só que os dela eram mais vibrantes, completamente perfeitos. Phoebe foi muito atenciosa comigo me explicando tudo sobre a moto, seguro, documentação entre outras coisas. Acertei a parte toda da documentação na própria loja e com ela e tudo ocorreu sem problema algum. A moto ainda passaria por uma vistoria na loja antes de vir para a minha mão, portanto ela me deu um prazo de no máximo quinze dias para que eles entregassem em casa. Paguei a moto, deixei meus telefones para contato e fiquei super feliz com o acerto de contas com a moto. Sai da sala de atendimento com um sorriso estampado na cara. Era como se uma criança acabasse de comprar seu tão sonhado brinquedo. Era quase isso. Vejo Ellis vir até mim com os passos apressados.

- Conseguiu comprar a moto? - pergunta ele de um jeito doce.

- Sim. Tudo resolvido. - respondo educada.

- Que bom. Espero que esteja feliz. - ele dá um sorriso bem aberto.

- Estou sim. - sorrio tímida.

- É que eu gostei muito de você, sabe? Poderia me dar o seu número? - ele pergunta tímido passando a mão nos cabelos e acho a cena muito fofa.

- Claro. Sem problemas. - respondo.

Disse o meu número a ele e o mesmo anotou em seu celular. Ele parecia mesmo ser um cara tímido e nervoso, mas isso o deixou ainda mais gracioso.

- Vou te ligar. - ele diz antes que eu saísse da loja.

- Espero. - sorrio para ele.

Volto para o meu carro. O que eu tinha para fazer hoje eu já fiz. Mudei meu visual, fiz tatuagem, comprei a minha moto e agora só faltava passar um dia inteiro no shopping para renovar meu guarda-roupa. Eu gostava das minhas roupas, de verdade. As minhas favoritas eu iria ficar com elas e as antigas, as que eu não usava mais eu iria doá-las. Já está de noite e eu estou cansada desse dia de mudanças. Esse dia no shopping eu deixaria para amanhã. Agora o meu destino são os meus namorados eternos que eu chamo de cama e travesseiro. Dirigi um pouco mais rápido do que estava dirigindo durante o dia. Queria chegar logo em casa, porque eu estava morta de cansada. Meus ossos estavam moídos e eu precisava de um banho. Uma visitinha no SPA cairia bem agora. Mas como eu vou para um SPA com esse trabalho que nunca para? E eu tinha me esquecido! Amanhã ainda tinha a gravação de uma música do Tyler. Quer saber?! Vou largar ele na gravadora e vou partir para o meu shopping, se não assim eu nunca cuido de mim. Cuidar de adolescente já é complicado, sendo um astro então piora as coisas.

Quando menos esperava eu já estava em casa. Abro o portão da garagem e guardo o meu carro no mesmo. Sai do carro sentindo a minha bunda dormente ir voltando ao normal aos poucos. Espreguicei-me antes de entrar em casa. Os seguranças já haviam sumidos das minhas vistas. Andei calmamente até a porta da frente e entrei devagar.

- CHEGUEI! - grito ao passar pela porta.

Escuto passos desesperados e sei que são de Norah e Tyler.

- Kayla, você... Uau... - Tyler diz ao ver a transformação no meu cabelo - Você... Meu Deus... Uau.

- Tyler. - digo - Limpa o canto da boca que a baba tá descendo. - rio do meu próprio comentário - Algo a dizer, Norah? - questiono a ela que me encara sem parar.

- Já disse que te amo hoje? - ela pergunta séria e eu rio.

- Não sei. Mas não me importo que você diga. - digo e passo por eles indo para a cozinha e eles me acompanham.

- Sabia que mais cedo ou mais tarde você faria uma mudança drástica. - ela diz orgulhosa. Fico sem entender.

- Como assim? - questiono-a e abro a geladeira. Pego uma garrafa de água e bebo da boca. Odeio quando Tyler faz isso, mas hoje eu estou com preguiça de fazer qualquer coisa.

- Querida - começa ela - Você está em uma fase que foi traída pelo namorado e pela sua irmã. Chegaria a um momento da sua vida que você iria querer se levantar para dar na cara do mundo que você não ficaria fodid* para sempre e iria mudar, começando pela sua aparência.

- Norah... Você arrasa, viu! - Tyler diz gargalhando.

- Me diz - pego uma torta na geladeira e sento no balcão da cozinha - Como você já previa isso, senhorita? - questiono e Tyler gargalha ainda mais.

- Simples, minha flor. - diz ela - Eu sou uma investigadora do FBI. Acha mesmo que eu não teria noção de como é uma mente humana seja ela a mais simples que for? - ela diz retoricamente arqueando a sobrancelha para mim em sinal de desafio.

- Eu nem sei por que eu ainda tento debater as coisas com você. - digo e começo a comer minha torta de limão.

- Também não. - ela diz se gabando.

- Novidades enquanto eu estive fora? - pergunto.

- Novidades? Novidades tem você! - diz Tyler se juntando a nós no balcão - Fez mais algo? - pergunta ele.

- Além do meu cabelo super maravilhoso? - faço cara de desentendida -Não. - respondo.

- Você tá linda assim. - diz Tyler.

Meu cabelo que estava pintado de preto, agora estava em tons de castanho, todo hidratado e com leves ondas. O cabelo estava lindo. Fanny e Roy fizeram um trabalho excelente.

- Devo lhe avisar que eu liguei para o meu irmão. - diz Norah sobre Jay.

- Sobre o acompanhante? E aí? -pergunto agoniada.

- Ele falou com o cara, bom, ele aceitou. Parece que o cara não perde uma. - responde ela virando os olhos.

- Você por acaso citou a parte que eu disse que ele seria meu namorado de mentirinha? - pergunto.

- Isso vai da merda... - diz Tyler.

- Calado! - aponto meu garfo para ele -Continue, Norah.

- Eu esqueci, mas essa parte a gente pode falar depois quando acertarmos com ele. - responde Norah.

- Certo então. E quando eu vou conhecer ele?! Não saio com ele sem antes eu o aprovar. - digo firme.

- Hum... Exigente! - Tyler debochada.

Levanto meu garfo para ele novamente.

- Já mandei ficar calado! - cerro meus olhos para ele.

- Já imaginei que você diria isso. - ela sorri sem humor - Ele vem amanhã te conhecer.

- Que maravilha!

* * *

- O que você está escondendo? - pergunta Norah assim que passo pela porta do meu quarto.

- Do que você está falando? -me faço de desentendida.

- Quando Tyler te perguntou se você tinha feito algo a mais, você disse que não e eu sei que está mentindo! - ela me empurra e eu caio sentada na minha cama.

- Sai, Norah! Quero dormir! - digo com deboche - Por que não perguntou para os malditos seguranças que andam na minha cola?

- Kayla, eu não fico querendo saber onde você anda de cinco em cinco minutos. Quando eu ligo para eles, eu nem sequer peço que eles me digam, só confirmo se você está bem. - ela diz forçando um sorriso. Cerro meus olhos para ela. - Eu realmente não sei onde você passou o dia.

- Sinto muito por você. - digo irônica.

- Vaca!

Norah me ataca e começa a fazer cócegas em minha barriga. Começo a rir como uma louca.

- PESTE! - grito ainda rindo.

Minha barriga começa a doer bastante, mas mesmo assim eu continuo rindo feito uma idiota. Me contorço toda na cama pela dor na barriga e pela vontade grotesca de rir.

- O que é isso? -escuto Norah pergunta e ele para as cócegas de repente. Sinto a mão de Norah em minha cintura e ela puxa minha saia para baixo. - AH RÁ! - ela grita - FEZ UMA TATUAGEM... VADI*! NEM ME CONTA, NÉ?!

- Isso era pessoal! - digo e me sento na cama chegando para trás.

- Por que não me contou da tatuagem? Foi o Joel, né? - ela questiona e eu assinto - Uma fênix. Por que uma fênix?

- Renascimento das cinzas. Meu renascimento.

            
            

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