O ACOMPANHANTE DE LUXO (Série Brothers Ryder)
img img O ACOMPANHANTE DE LUXO (Série Brothers Ryder) img Capítulo 5 CAP 5 – Jack
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Capítulo 5 CAP 5 – Jack

Continuo minhas estocadas firmes e violentas sem me importar se é em plena luz do dia. A garota que está comigo geme loucamente e isso é música para os meus ouvidos. Sinto quando suas pernas fraquejam depois de um orgasmo arrebatador. Saio de dentro dela e a mesma joga seu corpo na cama. Olho seu rosto com um sorriso curto de satisfação. A melhor coisa de uma transa é ver a satisfação no rosto da mulher em seguida. Ela puxa um lençol e sobre o corpo nu e se endireita para dormir novamente. Saio da cama e vou até o banheiro.

- Oito horas! - aviso e escuto ela se levantar às pressas.

- Merd*! - ela xinga enquanto coloca as roupas correndo - Jack, poderia ter avisado antes! - ela diz apressada e procura sua bolsa pelo meu quarto.

- Estávamos muito ocupados. - respondo colocando minha cabeça na porta do banheiro e dando um sorriso torto. Ela devolve com um sorriso safado e volto a escovar meus dentes.

- Eu tenho que trabalhar, Jack! - reclama ela.

Acabo minha higiene bucal na mesma hora que ela acaba de colocar as roupas. Ela chega perto de mim, me dá um selinho rápido e sai do quarto.

- Me liga! - grita ela do corredor.

- Quem sabe... - murmuro e duvido muito que ela tenha escutado.

Tomo um banho rápido apenas para tirar o suor do corpo. Coloco uma cueca box preta, uma bermuda vermelha e opto por ficar sem camisa. Procuro meu celular pelo quarto e não encontro. Calço meus chinelos e abro a porta do quarto me deparando com um furacão feminino. Ah, não! A essa hora da manhã não!

- Só vou te dizer um número, Jack Ryder. - ela grita com uma fúria e até estremeço. Por que ela tem que ser tão intimidadora? Ela é realmente a minha cópia feminina. E quem seria o louco de não obedecê-la?

- E qual é? - questiono arqueando a sobrancelha. Ela iria me dar uma bronca, eu sei disso, apesar de não reconhecer o motivo. Que por sinal deve ser banal.

- Três, Jack. Três adolescentes nessa casa! - ela diz firme e cruza os braços embaixo dos seios. Sei bem o que ela quis dizer. É sobre a Tamela... Samela... Pamela... Sei lá qual o nome da loira.

- Bethany! - digo firme e ela não se altera, continua com a mesma postura como se eu não a tivesse afetado. E eu não tinha. Ninguém que eu conheço afeta a Bethany de verdade - Vou te dizer uma hora. OITO DA MANHÃ! - reclamo e ela aperta os olhos.

- Jackson... - ela murmura fechando os olhos e tentando manter a calma.

- Bethany, todos os malditos quartos dessa casa são à prova de sons. Para de encher meu saco! - digo passando por ela e a mesma me segue.

- Jack, isso não significa que eu e todos nós somos obrigados a ficar vendo essas v*dias desfilando pela casa! - ela diz irritada. O pior é que ela tem razão. Não deveria ficar trazendo as mulheres para casa. Mas eu nunca daria o braço a torcer a Bethany.

- Só fechar os olhos, querida. - digo debochado descendo as escadas rumo à cozinha. Bethany continua atrás de mim.

- Maldito! - ela me xinga quando chegamos à cozinha. E só vejo duas pessoas do batalhão sentados tomando café - Estou falando sério, Jack! - ela eleva a voz novamente.

- Bom dia, família. - digo com um sorriso no rosto ignorando as crises de Bethany. Pego uma xícara e dou a Jensen para que ele coloque café para mim já que ele está com a garrafa em mãos.

- Jack, seu infeliz! - ela grita novamente da porta da cozinha com as mãos na cintura - Eu não estou brincando com você!

- E eu também. Se não quer ver, feche os olhos! - rio debochadamente e vejo a hora dela pular essa mesa que nos separa e tentar me enforcar. Por que não afoguei essa criatura na piscina quando éramos crianças.

- Iiih... Já de manhã cedo? - Spencer revira os olhos e toma seu café - Melhorem gente...

- É essa coisa que não sai do meu pé! - reclamo apontando para a Bethany.

- É esse vagabund* que não respeita mais a casa! - ela esperneia e eu rio.

- Aquela loira gostosa?! - exclama Spencer com animação com olhar de guloso. Ela o fuzila com o olhar e Spencer fica cabisbaixo - Parei...

- Eu não quero ver mais nenhuma vadia nessa casa, Jack! Ouviu bem?! Nenhuma! - Bethany diz com a voz firme. Essa criatura podia ser comandante do Exército americano. Ela sai da cozinha rumo a qualquer lugar que não pude ver. Pego um pedaço de torrada na mesa e como.

- Você vai continuar, né?! - questiona Jensen.

- Uhum. - murmuro com a boca cheia - Cadê o resto do povo? - pergunto assim que acabo de mastigar.

- Kai, Aisha e Trisha foram para escola. - responde Jensen.

- John? Kane? - questiono.

- John foi para a academia e Kane a essa hora... - Spencer olha para o relógio de pulso - Deve estar no Afeganistão.

- Afeganistão? - questiono com a sobrancelha arqueada.

- Sim. - confirma Spencer.

- Desde quando Kane pega missão assim tão longe e não avisa? - pergunto de certa forma, preocupado.

- Desde que ele se tornou frio. Ou seja, desde a morte de Kalyssa. - responde Jensen.

- A propósito, cadê meu celular? - pergunto a fim de mudar daquele clima que havia ficado tenso de repente por causa da antiga e falecida namorada do Kane.

- Espero ter caído no esgoto! - responde Bethany entrando na cozinha e se sentando-se à mesa de uma forma agressiva e estressada.

- Para que toda essa revolta, irmã?! - pergunto debochado e ela me fuzila o olhar.

- Vai se f*der! - responde ela raivosa. Caio na gargalhada - A propósito, hoje é o seu dia de pegar os meninos na escola. - diz ela.

- Spencer... Pode pegar os meninos na escola?! - questiono para vê se ele quebra essa para mim.

- Jackson Williams Ryder, você vai pegar os meninos na escola. - Bethany diz com sua cara de poucos amigos que me dá uma pontada de medo - Não adianta pedir para o Spencer apenas para você largar a sua obrigação de mão e comer a porr* das suas vadias! Você vai pegar os meninos na escola e quero eles aqui na hora exata pois sei bem quanto tempo você leva para da escola deles até em casa.

- Mas eu vou demorar! Se eu for pega-los mesmo... - digo e olho para Spencer. O filho da puta não vai me ajudar.

- Você vai pega-los. - Bethany diz neutra.

- Namoral, cara. Quebra essa pra mim. - sussurro para ele suplicando.

- Você tá louco? A Beth vai me matar. Não tô a fim de morrer tão novo. - responde ele.

- Cara, por favor... - insisto.

- Desculpa, mano. Quem manda é ela. - Spencer responde dando de ombros.

- Que merd*! - pigarreio.

- Olha só, Bethany. - a chamo e a mesma me olha atentamente - Você não tinha que estar no hospital? - questiono a fim que ela suma das minhas vistas.

- E você no escritório?! - ela retruca.

- Hoje eu só vou para lá dez horas da manhã. - respondo - E não me aguarde com os meninos para jantar. Vou levar todo mundo para sair depois.

- Você vai levar as crianças para onde?! - Ela questiona gritando e minha cabeça dói.

- Eu vou levá-los para sair, ora! - respondo e coloco café puro na xícara para mim.

- Não! - grita ela - Quero os meninos em casa na hora certa para colocá-los para estudar. Coisa que você nem faz. - ela conclui me mostrando a língua. Às vezes parece mais uma adolescente do que uma mulher adulta.

- Hoje é que dia, Spencer? - pergunto olhando para Bethany.

- Hoje é terça. - responde ele.

- Bethany, hoje Aisha tem aula de ballet, Kai estará na aula de Muay Thai e Trisha na aula de violão, então eu só vou

buscá-los à tarde. Quando eu buscar todo mundo, eu os levo para uma sorveteria, sei lá. - digo dando de ombros. Eu só queria sair com meus irmãos por um tempo. Ultimamente eu nem sei direito o que estou fazendo da minha vida.

- A hora que eles saírem?! Não! Vão ficar resfriados! - Bethany diz com a cara desesperada.

- Bethany! - digo com raiva - Quando você vai aprender que não é a mãe dos meninos?! - questiono com certa tristeza, mas não deixo transparecer.

Ela entristece a cara.

- Estou apenas fazendo o que mamãe faria. - responde ela, cabisbaixa.

- Ela não está aqui, Bethy. - respondo a chamando pelo apelido - Sei que você quer tentar manter as coisas como eram antes, como era quando a mamãe estava aqui, mas você não precisa fazer isso. Aja como a irmã mais velha deles e não como a mãe, por favor.

Eu sabia que tinha tocado em um assunto delicado, ainda mais com a Bethany. Podia ser essa mulher toda atrevida, mandona e cheia de si, mas ela com certeza tinha uma alma e coração sensíveis que só a nossa família podia ver. Ela abaixa a cabeça escondendo o rosto com as mãos e deixa algumas lágrimas escorrendo pelo seu rosto. É um choro silencioso. Naquele momento eu me arrependo de ter dito aquelas coisas para ela. Como eu sou um babaca.

Claro que eu sinto a falta dos meus pais, só que nenhuma pessoa ficou tão abalada com isso quanto Bethany e sei que ela ainda sente a dor da perda deles até hoje. Ela carregou a responsabilidade de ser a mulher dessa família e cuidar de todos nós, mesmo o Jensen sendo o mais velho, ela sempre foi aquela que tomou todas as decisões por todo mundo e cuidou de nós, desde sempre. Não posso culpá-la por chorar. Ela aprendeu a ser mãe e dona de casa muito cedo. E ainda temos problemas extras para convivermos. Problemas extras que podem levar nossas vidas e a vida de pessoas que a gente ama. É muita responsabilidade em cima de nós. A família Ryder nunca pode dormir no ponto ou a gente perderia tudo.

Me aproximando dela a envolvo em meus braços de uma forma protetora e acolhedora. Só queria que ela entendesse que não está sozinha nessa. Somos uma família. Somos em um número de nove irmãos que estaremos sempre para nos proteger um ao outro. Claro que não podemos nos dar o luxo de fechar os olhos para a vida, afinal, nós nunca teremos uma vida normal, não depois de tudo que vem acontecendo por anos. Nossa única solução é fugir, como viemos fugindo há anos, até mesmo antes da morte dos nossos pais. Também não podemos culpar nossos pais de tudo que nos acontece. Eles tentaram de todas as formas nos protegerem. Com tudo o que aconteceu, só restou nos protegermos nós mesmos.

- Me desculpa por ser um idiota. - digo baixo. Spencer e Jensen apenas assistem a cena.

- Não, não desculpa. - ela diz ainda chorando e dá um tapa em meu peito.

- Para de graça. Sei que você me desculpa. - digo na tentativa de tentar animá-la.

Bethany passa os braços em volta do meu tronco e me aperta me juntando com ela.

- Eu só queria que eles estivessem aqui, Jack. - ela diz com a voz baixa e quase soluçando.

- Bethy, todos nós queríamos que eles estivessem aqui. - respondo beijando seus cabelos.

Ela funga e me solta.

- Agora sai que eu ainda estou com raiva de você! - ela me empurra e se senta à mesa. Doce como sempre...

Jensen e Spencer riem de sua birra.

- Bethy, eu só disse que queria levar os meninos para tomar alguma coisa depois, porque sinto que estou me afastando deles. Eu só quero passar um tempo com eles. Só isso. - digo minhas intenções.

Na verdade, depois da morte dos meus pais, Bethany assumiu a frente dessa família, ainda mais quando o assunto era os caçulas. Enquanto todos nós ficamos horrorizados com o acontecido, ela manteve sua postura forte e não deixou com que os laços dessa família fossem destruídos. Se não fosse por ela, cada um com certeza teria tomado um rumo diferente na vida em qualquer lugar no mundo. Bethany ficou à frente do hospital da família e cuida da agência de modelos que um dia ficará para a Aisha. Só que apesar de ser uma mulher forte, claro que ela teria suas recaídas por conta de tudo o que aconteceu. Ainda sim ela foi a mais forte de nós quando aconteceu aquela tragédia com nossos pais.

- Só não volte para casa tarde. Os meninos têm suas lições para fazer. - pede ela ainda fungando.

- Eu vou me arrumar para o trabalho. Ficamos uma hora discutindo sem necessidade. A hora passa rápido. - digo - Alguém vai querer carona para algum lugar?! - questiono.

Todos negam com a cabeça.

Subo para o quarto novamente. Vou para o meu banheiro e tomo um banho relaxante. Apesar de tudo, eu também me sinto responsável pela família e pela casa por ser o terceiro filho, e por sempre saber que o meu pai colocava toda a confiança em mim e no Jensen, já que o Kane era a frieza em pessoa depois de tudo que veio acontecer com a morte da namorada dele.

Saio do banheiro indo direto para o meu guarda-roupa e procuro meu terno. Como sempre, Bethany deixou pendurado em meu guarda-roupa em perfeito estado. Visto meu terno que se ajusta perfeitamente ao meu corpo. Desço as escadas e vou direto para a garagem. Entro no meu carro e me olho pelo retrovisor interno do carro. Meus olhos azuis ficaram fracos mediantes o clima em que se alastrou na casa depois da minha cena com Bethany. Juro que não queria chegar ao ponto de trazer a morte dos nossos pais à tona novamente, mas é algo que a gente vai ter que conviver com isso dia após dia. Eles só têm dois anos de falecidos, na verdade. Pego o controle da garagem e abro a mesma saindo com o carro. Fecho a garagem e vejo a minha vizinha Zoe em pé na calçada como se tivesse esperando por algo.

- Olá, Zoe. - digo educado.

- Oi, Jack. - responde ela com um sorriso malicioso. Zoe era a vizinha da casa ao lado. Ela tinha um corpo estranho e era uma morena com seus cabelos lisos e grandes - Está indo para o escritório? - questiona ela.

- Sim. Vai ter que ir para algum lugar?! Hospital? - questiono. Ela era enfermeira no Hospital Williams Ryder e trabalha constantemente com Bethany.

- Ah, sim. - responde ela. Podia ser bonita, mas tinha algo nela que me incomodava. Zoe Belshoff parecia mais uma atriz pornô do que uma enfermeira. Ela tinha um corpo muito lindo, mas parecia muito daquelas atrizes pornôs. Parecia ser toda artificial. Era bonito, mas ainda sim estranho. Até o seu jeito de ser lembrava muito essas coisas, seu jeito de andar, vestir, de mascar chiclete, como ela está fazendo agora, e o jeito como mexe em uma única mecha do cabelo e joga para trás. Isso me deixa nervoso.

- Quer carona?! - questiono apenas por educação.

- Óh! Claro! - ela responde e não perde tempo em entrar no carro.

Seu cheiro forte de perfume francês entra em minhas narinas e eu me concentro em não espirrar. Seu perfume era muito enjoado e me dava uma agonia imensa - como tudo nela. Zoe é uma mulher atirada e seria mentira da minha parte em dizer que não me aproveitei disso um dia. Na verdade, eu acho que ela já transou com todos os meus irmãos, menos o Kai. Nem havia percebido que Zoe já estava arrumada e com sua bolsa no braço. Ela coloca a bolsa sobre as pernas as cruzando de um modo super desnecessário para alguém que está em um carro. Ignoro seu jeito e continuo minha atenção na estrada.

Eu nem lembrava mais que aquela mulher estava no carro, só senti depois de um tempo sua mão em minha calça e meu membro endurecer na mesma hora em uma reação automática.

- Zoe, tire sua mão daí. - peço, mas ela ignora e aperta ainda mais.

- Jack, sei que sente falta da minha boca. - ela passa a língua nos lábios. A mulher além de estranha era insistente. Na verdade, eu não me lembro de nada na nossa fod*. Até porque não foi interessante.

- Zoe, tire sua mão daí. - peço novamente e ela continua a ignorar.

Eu não podia parar o carro em plena estrada para impedi-la, então ela simplesmente desceu o meu zíper e se debruçou sobre mim começando a judiar do meu pau.

- Zoe! Porr*! - xingo gemendo. Aquilo estava sendo bom de verdade.

Acabei me dando ao luxo de fechar os olhos para aquilo. Um semáforo estava se aproximando e estava vermelho. Fui parando o carro devagar, mas acabei indo um pouco para o lado e quase bati o meu carro em outro. Escuto uma buzina de carro desesperada. Meus olhos estão preguiçosamente abertos.

- Tá maluco, cara?! - escuto uma voz feminina cheia de raiva ao meu lado.

Sorrio ironicamente.

- Tá achando ruim? Quer tentar dirigir com alguém te fazendo um oral?! - grito de volta. Nunca fui uma pessoa discreta. Ela faz uma cara de nojo - Não para não, Zoe. Óh! Isso! - gemo de leve a fim de perturbá-la já que estava incomodada com aquilo.

- Imb*cil! - ela grita me mostrando o dedo do meio.

- Isso é um elogio, gata! - respondo.

Assim que o sinal fica verde, ela parte com o carro para a direita e eu sigo para a esquerda. Quando chega perto ao Hospital, mando Zoe parar o oral e ela para apenas por chegar ao Hospital. Ela se olha no espelho do quebra-sol do carro, passa as mãos nos cabelos e sai sem dizer uma única palavra. Faço a manobra no carro e sigo para o escritório.

Chego ao escritório dando bom dia a todos. Não sou uma pessoa séria o tempo inteiro e gosto de manter um bom relacionamento com todos os meus funcionários. Dou um bom dia para a Tereza, minha secretária, e ela me devolve com um sorriso simpático e meigo. Ela só tem cara de meiga e simpática, porque na cama é um furacão em pessoa, há mesa do escritório que o diga. Digito o código da minha sala e entro. Vou para o armário e pego uns relatórios na qual precisaria analisar. Jogo tudo na mesa. Caramba... Eu fiquei uns bons dias desligado do escritório. Sempre me bate aquela depressão ao lembrar dos meus pais, e no último final de semana eu havia sofrido um ataque. Se não fossem os seguranças, talvez nem saísse vivo de lá, não posso mais bobear. Eu preciso fazer uma reunião com meu chefe de segurança. Peguei o meu celular e disco seu número.

- Mark? - digo ao ver que ele atendeu o celular.

- Olá, Ryder. - responde ele em seu tom frio.

- Queria te falar sobre o último final de semana.

- Eu já estou sabendo Ryder e imaginei que você me ligaria. O que quer dessa vez? - questiona ele.

- Eu só quero que você reforce a segurança de Bethany, Aisha, Trisha e Kai. Assim como foi comigo, poderia ter sido com eles e não quero imaginar se alguém tocar neles.

- Vai matá-los como fez com o cara que te atacou neste final de semana? - questiona Mark. Sua voz me assusta de tão fria que é. Eu ainda nem sei por que esse cara trabalha para mim.

- Mark, foi necessário. Apesar de que eu acho que eles sabem onde estou morando atualmente. Faça a proteção das meninas e do meu irmão Kai. Os meninos vão saber o que fazer, mas se possível, reforce a segurança deles também. Não quero que ninguém encoste nos meus irmãos. - digo.

- Ryder, eu estarei cuidando disso. Daqui a quatro dias eu mesma vou fazer a segurança das gêmeas, só espere esses quatro dias. Elas estão treinando, correto? - questiona ele.

- Todos os dias. Não posso dar mole com nenhum deles. - respondo.

- E como vai o Kane? -pergunta ele.

- Aparentemente bem. Acordei e ele estava no Afeganistão.

- É o único que recusa alguma segurança.

- Sei disso. Ele acha que pode se proteger sozinho. - digo. Aquilo me dava medo. Meu irmão queria abraçar o mundo com os braços.

- Mesmo com seguranças, a Kalyssa foi morta. A gente tem que abrir o olho. - diz Mark.

- Mark, isso já tem três anos. Eu sei disso, mas ficar tocando nesse assunto não é nada legal. Eu sei que ele não está aqui, mas ela era a minha cunhada. Vamos cortar isso, pode ser? - pergunto não muito a fim de falar de uma falha que teve em nossa vida.

Kalyssa ainda é um assunto bem complicado para a nossa família. Ela ainda morreu primeiro que os nossos pais. Kane tem se tornado uma pessoa fria, grossa e perigosa desde então. Parece que seu mundo e sua vida morreu junto com Kalyssa. Ela levou meu irmão embora. Eu não a culpa, ele a amava demais e perder alguém da forma que ele perdeu deve ter sido tão doloroso que nem imagino.

- Claro, Ryder. Me desculpe. - pede Mark.

- Tudo bem. - respondo passando a mão nos cabelos.

- Mais alguma coisa? - questiona ele.

- Precisamos marcar uma reunião para discutirmos a segurança do pessoal de casa, refazer o mapeamento da cidade e refazer o ponto de local de cada segurança. - digo.

- Daqui a quatro dias a gente faz essa reunião. Deixa o salão de sua casa disponível e faremos a reunião. E todos terão que estar presente. - diz ele.

- Por que você sempre insiste em que as reuniões os meninos tem que aparecer também?! - pergunto com raiva.

Era sempre assim. Eles já não gostavam muito dessa história de seguranças apesar de tudo que vivemos, com reuniões eles ficavam enchendo meu saco.

- Ryder, eles são a sua família e tem que estar a par de tudo que acontecer. Então eles têm que saber as coisas que são ditas em prol deles.

- Tá bem, Mark! - cedo.

- Até daqui a quatro dias. - diz ele - Pode deixar que eu reforçarei a segurança das meninas e do Kai e daqui a quatro dias eu ajuda na das gêmeas e quando puder na da Bethany também.

Finalizo a chamada já de cabeça quente. Eu não gostava muito dessa ideia dos meninos comparecerem à reunião. Eu, Jensen e John tudo bem, mas o resto era um verdadeiro saco. Bethany começa a reclamar que os seguranças ficavam perto dela, Trisha reclamava dizendo que não queria ficar com segurança e sempre dava um jeito de escapar deles e Aisha também reclamava, só não tentava fugir. Kai e Spencer já estavam mais tranquilos com aquela situação. E Kane se recusava a todo modo de ter um segurança pelo menos. Se bem que com o modo de vida que ele leva, seria complicado mesmo ele ter um segurança.

Volto a minha cabeça para o trabalho. Fico por horas olhando os relatórios em minha mesa. Brevemente eu teria que advogar um caso. Um cara que estuprou a própria mulher e a agrediu. Eu era um advogado criminalista e estaria defendendo a mulher. Na verdade, eu só aceito o caso quando a corda está para o lado certo para mim. Ajudar bandido não é muito a minha praia. Nunca perdi uma causa e sou um advogado muito respeitado, ainda mais aqui na unidade. O Escritório Ryder foi herança do meu pai que era um advogado criminalista também, assim como o Hospital e a Agência de Modelos Williams Ryder foi herança da mamãe. Apesar de que só eu decidi entrar na área de direito e a Bethany na de medicina, todo mundo ajuda como pode a gerenciar tudo isso. É muito poder para uma família só e isso incomoda bastante. A gente poderia ser uma família normal sem todos esses ataques que sofremos. Que droga. Eu só queria poder proporcionar uma vida normal para os caçulas sem ter que viver com medo dia após dia.

- Posso entrar? - questiona Jay ao abrir a porta.

- Claro, meu amigo. Você sempre pode. - respondo e ele abre seu sorriso.

- Chegou cedo. - diz ele - Normalmente você chega quase onze horas da manhã. Ou então não vem como estava fazendo nos últimos dias.

- Precisava colocar a minha cabeça no lugar. - respondo e passo as mãos nos cabelos.

- Vocês ainda não conseguiram superar isso, Jack? - pergunta ele se sentando na cadeira em minha frente.

- Jay, como a gente pode superar a morte dos nossos pais se com a vida que a gente leva eles fazem questão de se lembrar de como foi que nossos pais morreram. Não dá mais para viver assim. - digo desesperado - Chega uma hora que tudo isso cansa.

- Jack, é uma coisa bastante complicada, eu sei, mas é sua vida e já está na hora de aceitá-la. - diz Jay.

- Jay, aceitar eu já aceitei, só estou cansado de viver com esse medo constantemente. - digo sendo sincero.

- Tem medo de morrer? - pergunta ele.

- Tenho medo de matarem a minha família. Não me importo com o que fazem comigo, mas sim com eles. Meus irmãos são a minha família. Não posso viver sem eles e nem suportar com que faça algo contra eles. Prefiro morrer.

- Jack, lembre-se que sem você os seus irmãos também viveram sem rumo. Você dá o sangue por essa família, eu sei, mas coloca a cabeça no lugar. Você não pode se martirizar por tudo o que acontece. - respiro fundo.

- Só queria poder matá-los. Um por um. - digo olhando para o nada e sinto meus olhos queimarem.

- Você como uma pessoa da lei sabe que está fazendo errado, mas também não te culpo. E você os mata um por um, aos poucos mais mata. - diz Jay cruzando as pernas.

- Não é a mesma coisa. Os caras que vem atrás de nós sempre são mandados por eles. Quero poder matar os mandantes. - digo.

- E você sabe como eles são?

- Não. Mas tenho nomes.

- Quais são?

- Não me lembro de cabeça agora. Está anotado lá em casa. Não são um ou dois Jay. São dezenas. - respondo.

- Imaginei. E como você pretende matá-los? - questiono.

- Um dia eu vou vingar a morte dos meus pais, da Kalyssa e do pequeno Jayden. Eles mataram minha mãe grávida, Jay. - digo triste. Era uma dor tão insuportável.

- Grávida do décimo filho... Qual a intenção dos seus pais? - questiona ele.

- Criar seu próprio exército. - respondo.

- Colocavam tanto filho no mundo assim para isso? Daqui a pouco vocês seriam a nova família Doze é demais. - eu podia estar triste com a conversa, mas Jay me fez rir feito um idiot* podendo imaginar uma família com doze filhos ou mais - Posso falar com minha irmã para ajudar na segurança. - sugere ele.

- Não, Jay. Obrigado mesmo assim pela ajuda. -forço um sorriso.

- Falando na minha irmã, Norah perguntou se você quer ser acompanhante de luxo de uma amiga dela. - diz ele.

Ajeito-me na cadeira. Carne nova no pedaço.

- Que amiga? - pergunto curioso pela conversa.

- Kayla White. Ela é a melhor amiga da minha irmã e tenho que falar que ela é como se fosse a minha irmã caçula junto com a Norah. - responde ele.

- Ela é bonita? - pergunto logo o que me interessa de verdade.

- Sim. Muito. - meu sorriso se alarga - Mas tenho logo que te falar que ela nunca vai querer nada com você. Na verdade, nada com ninguém nunca mais. - diz ele e eu fico confuso.

- Por quê? - questiono.

- Se eu entendi bem, a festa na qual você acompanhá-la caso aceitar, será para o jantar de noivado da irmã caçula dela, a Lydia. E bom, a Lydia vai casar com o ex-namorado dela. - responde Jay.

- Put* merd*...

- Pois é. E o cara pegou a irmã dela por um tempão, eu acho. A história é bem complicada. Mas preciso dar uma resposta logo para a minha irmã. Você aceita?

- Aceito numa boa. - respondo. Quem sabe eu não quebraria esse suposto jejum que essa mulher está vivendo.

- Eu sei que ela vai querer te ver. Quando isso pode acontecer? - questiona ele.

Penso por dois segundos.

- Amanhã. Amanhã mesmo quero conhecê-la.

* * *

Já é noite. É hora de pegar os meninos em suas respectivas atividades. Saio do escritório e pego o meu carro seguindo meu caminho para a academia de Muay Thai de Kai. Em menos de meia hora chego e ele entra no carro completamente suado e cansado pelo treino. Ele começa a tagarelar sobre tudo o que aconteceu no treino e isso me deixa animado. A única pessoa que reclamava dos treinos era a Aisha. Ela não havia nascido para lutar, mas lutava bem. Era necessário. Parto para a academia de artes das meninas. Chego lá e vou até a Jennie para buscar a Aisha no ballet. Jennie me fala de uma possível apresentação de ballet e de teatro que estaria se aproximando e queria que a Aisha participasse. Dou minha autorização para a apresentação e para os ensaios extras. Jennie chama Aisha e avisa que eu já havia chegado para buscá-la. Logo Aisha aparece com seu collant, saia e sapatos de ponta pretos e com seu cabelo preso em um coque bem firme e seus olhinhos verdes brilhavam caminhando em minha direção.

- Oi, Jack! - ela diz me dando um abraço apertado.

- Oi, pequena. - respondo e me curvo para beijar o topo de sua cabeça.

- Professora Jennie, já falou com ele sobre as apresentações? - Aisha pergunta se virando para a professora loira.

- Claro, Aisha. - ela responde sorrindo - Ele permitiu que você participasse. Tendo a autorização dele, eu quero que você seja uma das bailarinas principais. - conclui Jennie e Aisha lhe dá um abraço.

- Obrigado, professora. - diz Aisha.

Sua doçura me dava inveja, de verdade. Ela sempre foi a mais feliz da casa. Completamente diferente da outra gêmea...

- De nada, meu anjo. - a professora responde ao seu abraço.

- Vamos subir para pegar a Trisha na aula de violão. - digo e seguro sua mão.

Saímos da sala de ballet e eu fiquei admirando a Aisha naquela roupa toda lindinha. Trisha bem que podia ser assim também.

- Cadê Kai? - pergunta Aisha enquanto subíamos as escadas para o andar de cima para a sala de violão.

- Está no carro esperando a gente. - respondo - Viu sua irmã hoje? -pergunto.

- Não. Quando sai da escola eu não a vi. - responde Aisha.

Seguimos para a sala e vejo alguns alunos já saindo com seu violão nas costas, outros guardando os instrumentos e vi a professora conversando com alguns pais. Eu não via a Trisha. Aproximei-me da professora e as outras mães começaram a me olhar.

- Olá, posso ajudar? - a professora pergunta. Eu nunca tinha vindo para a sala de violão. Trisha havia trocado o dia de aula dela e o dia em que ela fazia as aulas, era sempre o Jensen ou John que pegava ela para ir embora - Olá, Aisha. - ela cumprimenta a Aisha.

- Oi, professora Ysla. - responde Aisha toda sorridente.

- Eu sou o irmão mais velho da Trisha e Aisha. - digo. Ela me olha confusa.

- Irmão mais velho? Bom, eu conheço dois já. - ela me olha confusa, parece desconfiada.

- Somos nove, professora. - Aisha explica.

- Nove?! - ela faz uma cara de espanto.

- Sim. - respondo - E hoje é meu dia de pegá-las na aula. - explico.

- Pegá-las? - questiona a professora - A Trisha não veio para a aula hoje. - diz ela.

- Como assim? -pergunto desesperado - Como assim ela não veio? Eu achei que ela tinha vindo! - eu comecei a alterar a voz - Era para ela estar na aula!

O desespero tomou conta da minha cabeça. Nada podia acontecer com a minha irmã. Nada. E se eles a acharam? Não vou suportar. Não vou conseguir. A professora fala algumas coisas mas não consigo entender absolutamente nada do que ela diz por minha cabeça já está o cúmulo do bagunçada.

Largo a mão de Aisha e saio correndo da sala de violão e vou direto em direção à sala de câmeras da academia que fica no térreo.

- Jack! Jack! - escuto a voz de Aisha atrás de mim, mas não respondo.

Entro na sala de seguranças desesperado e de forma brusca. Um vigia alto e gordo me olha com a cara enfezada.

- O que faz aqui? - pergunta ele todo grosso.

- A minha irmã. Trisha Ryder. Era para ela estar na academia. - digo meio eufórico.

- Se ela errou o caminho da escola para cá, eu já não tenho nada a ver com isso. - responde ele com ignorância.

- Escuta aqui! - altero a minha voz - Eu quero saber da minha irmã!

- Calma, rapaz. - diz outro vigia que estava na sala - Eu estava na portaria quando ela chegou às cinco horas da tarde. Eu fiquei de plantão na portaria até meia hora atrás e pelo menos nesse intervalo ela não saiu, isso eu posso te garantir. - ele diz e eu o observo atento.

- Quero que vocês olhem as câmeras de segurança de meia hora atrás em diante. - ordeno desesperado.

- E quem é você para pedir isso?! Tem autorização por acaso?! - diz o vigia gordo.

- É BOM VOCÊ OLHAR A PORR* DESSAS C MERAS! - grito sem paciência alguma.

- Oscar, não custa nada à gente olhar. E ele é um Ryder, pare com isso. - ele diz e o tal Oscar não se intimida.

Mesmo reclamando, o tal Oscar e o outro vigia foram olhar as câmeras de segurança. Dez minutos se passaram com eles olhando as câmeras em modo rápido e a cada segundo que se passava me dava um aperto no coração que poderia ser o segundo em que eu estivesse procurando pela minha irmã e a salvando caso esteja em perigo.

- Olha - o vigia educado diz - não a mostrou saindo, então ela ainda tá no prédio.

- Onde ela pode estar?! - pergunto.

- Jack - Aisha diz e eu nem percebi que ela estava próxima a mim - Ela pode estar no...

- Terraço. - responde o vigia antes que Aisha respondesse - Conheço Trisha e ela tem essas artimanhas de matar as aulas para ficar no terraço. Pode ter certeza que ela está no terraço.

- Vá para o carro! -digo para a Aisha e corro para as escadas.

- Jack! -grita ela.

- Faz o que eu tô mandando! - grito de volta.

Corro pulando os degraus de dois em dois e as pessoas me olham como se eu fosse um maluco. Talvez sim. Esses degraus já estão me cansando e eu não estou conseguindo sincronizar meus passos com minha respiração, é isso que está me cansando. O último andar é escuro e meio deserto. Como alguém pode gostar de ficar aqui? É deprimente. Se bem que tudo que é deprimente é a cara da Trisha. O que uma tinha de meiga, carinhosa, amorosa e simpática, a outra tinha de fria, grossa, atrevida e respondona. Uma era o contrário da outra. Uma gostava de rosa, a outra de roxo, uma era doce e a outra bruta. Cheguei ao fim de um corredor com uma porta imensa de ferro. Empurrei a porta e pude ver a Trisha de costas sentada no batente. Meu coração tremeu por ela estar ali, mas eu já estava aliviado de vê-la. Caminhei lentamente até ela.

- Vai embora, John. - ela diz com a voz baixa.

- Então é aqui que o John vem te buscar quando você está aprontando? - questiono e ela continua olhando para baixo.

Quase todas às vezes quem vinha buscar elas era o John. Trisha era muito ligada a mim e ao John. Trisha era uma garota de aventuras e loucuras, e isso era bem a cara de John.

- Jack, vai embora. - diz ela.

- Por que está aqui? Eu quase morri pensando que algo tinha acontecido com você. - digo sentando-me ao seu lado, porém de frente para a porta.

- Eu sei me defender. - diz ela.

A fim de testá-la, tentei acertar rápido seu rosto, porém ela foi mais rápida em segurar o meu braço próximo ao seu rosto.

- É, você sabe se defender. - digo puxando meu braço de volta - Mas não o suficiente ainda. Quando vai aprender que você não pode ficar dando esses sustos na gente?

- Quem mais sabe que eu sumir? -pergunta ela, enfim olhando para mim.

- Sua irmã. E agora o Kai já que a mandei ir para o carro. - respondo - Por que toda essa isolação, Trisha?

- Eu... Me lembrei do papai. - ela diz e logo vejo lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

- Acho que hoje foi o dia em que quase todos os irmãos Ryder se lembraram da mamãe e do papai. - respondo - lembranças são coisas boas, significa que você se importou com eles. O que exatamente você lembrou? - pergunto.

- Está complicado na aula de violão, Jack. Sempre que me ajudava nessa parte era papai. Você sabe da minha dificuldade. Eu quero sair da aula de violão. Quero sair de todas as minhas atividades. - ela diz, chorando.

- Trisha, você não pode colocar anos de esforço no lixo. - digo para acalmá-la.

- Posso e quero! - ela diz firme e fria como sempre - Não vou ficar em algo em que a minha dificuldade só aumenta, Jack! Você não sabe o quanto é difícil para mim não conseguir montar os acordes que a professora está explicando. É complicado durante a aula de dança quando a professora mandar ir para direita, ou para a esquerda e eu não consigo distinguir! Todos me olham como se eu fosse uma burra por errar algo que é tão óbvio. Eu só não me confundo com as coisas durante a luta, Jack. Dentro do tatame com você é onde eu me acho. A difícil à vida de uma pessoa com dislexia é difícil, Jack! E era o papai que me ajudava a lidar com tudo isso.

- Eu sei da sua dislexia, Trisha. Mas você também não pode desistir de tudo por causa disso. Vamos fazer o seguinte, lá em casa todo mundo sabe tocar violão, só falta você, então, qualquer dúvida você pode perguntar a qualquer um de nós e sei que iremos te ajudar. Nas aulas de dança de rua hoje vai se acostumando. Você dança hip hop tão bem. E sei que o John pode te ajudar nisso, basta querer. Em relação a sua dislexia, continue com seu tratamento, Trisha, e as coisas vão melhorando. Sua condição já melhorou tanto - sorrio para ela que ainda se mantém séria. - Você só não pode abandonar tudo. Mas sabe qual o seu verdadeiro problema? Você está tão acostumada com a vida de uma pessoa com dislexia que não está percebendo o quanto a sua condição está melhorando. Preste atenção em como as coisas vão fazer sentido. Seu médico mesmo disse que você vinha melhorando bastante.

- Como você sabe disso? - ela passa a mão na bochecha para limpar a lágrima.

- Bethany me contou que conversou com o médico. Me fala a verdade, Trisha, você ainda tem dúvida em relação a direita e esquerda? - questiono.

- Algumas vezes. - responde ela.

- De uma estimativa para mim.

- Acho que de dez vezes eu erro uma ou duas.

- Você não está vendo o quanto está melhorando? Não deixe isso nunca te abater. Sabe por que você está melhorando bastante com o tratamento?

- Não. - responde.

- É por causa da luta. Ela está melhorando muito o seu cérebro. - digo a ela.

- Sério? - ela faz cara de confusa.

- Sério. Ela está estimulando uma boa parte do seu cérebro. - digo.

- Por que meu médico não me diz essas coisas?

- Porque ele é um babaca. - digo e ela ri - Vamos?

- Vamos. - ela responde e sai da sacada.

- Vamos passar em uma sorveteria antes. - digo enquanto caminhamos para a porta do terraço. Abracei Trisha pela cintura e a puxei para mim. Dei um beijo em seus cabelos sentindo seu cheiro de cabelo lavado.

- Quero Milk shake. - diz ela.

- Você sempre quer Milk shake. - digo e ela ri.

- Por que é bom. - responde.

- Sei disso. Agora vamos adiantar que tenho que sair cedo amanhã. - digo caminhando abraçado com ela.

- Escritório? - pergunta.

- Não. Conhecer mais uma mulher que serei acompanhante. - ela ri maliciosamente.

- Posso ir com você? - pergunta ela.

- Não, tampinha. - respondo rindo.

- Será que ela é a mulher da sua vida?

- Que pergunta é essa Trisha?! Claro que não. - gargalho do seu comentário.

- Sei lá. Vai que é.

- Não viaja.

- Ainda tenho esperanças que você forme uma família. - diz ela.

- Não quero formar uma família. A minha já é grande demais para ficar entrando mais gente. - respondo.

- Mas ter uma pessoa em especial sempre é bom, ainda mais para alguém como você.

- Como assim alguém como eu? - pergunto. Que conversa interessante.

-Alguém que come todas as mulheres da vizinhança e do escritório. Acha mesmo que não sei?! - ela me olha com aquela cara de esperta.

- Que papo mais feio, Trisha! - reclamo.

- Ela pode ser a mulher da sua vida. A que vai colocar você nos trilhos. - ela me olha com uma cara maliciosa.

- No dia em que uma mulher fizer isso, Trisha, pode ter certeza que eu me ajoelho aos pés dela. - respondo e passo as mãos em seus cabelos.

                         

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