Capítulo 4 Isso foi um erro

Eu não sei que se passava em minha cabeça, mais precisava espairecer, sair um pouco da rotina de orações, algo dentro de mim estava mudando e isso me assustava, me assustava de tal maneira que eu não parava de pensar que faltava algo dentro de mim, mais o que poderia se tudo me completava, eu estava me sentindo bem aqui com os irmãos ,gostava do que fazia, mas eu não entendia algo dentro de mim estava inquieto.

Sai da minha cela com maior cuidado, olhei no relógio do pulso ainda era cedo umas 9 da noite, mais nenhum irmão podia vagar pelos corredores do convento a essas horas, a não ser para fazer as completas no silêncio da capela diante de Jesus crucificado, mas não era o meu caso, eu já tinha feito minhas orações, sai andando nas pontas dos pés eu queria sentir nem que fosse por alguns minutos a sensação de liberdade, eu queria sair lá fora sentir a brisa da noite mas era uma má idéia, pois o segurança noturno me viria e depois eu ia me ver com o padre superior.

Pensei melhor, eu queria me sentir livre, não precisaria estar usando o hábito, então rapidamente vesti meu pijama e sai era a sensação que queria sentir a liberdade sem regras.

Fechei a porta da cela e segui pelo corredor olhando para os lados e não vi ninguém ,passei pelas outras celas dos irmãos, para minha sorte a cela do padre superior ficava do outro lado ,então estava tranquilo, e segui caminho.

A capela não era bem o lugar que queria estar sozinho para me aventurar fiquei o caminho todo me perguntando onde poderia ir pelo instituto não tinha muitos lugares apesar que nosso convento era demasiado grande demais e poderia facilmente se perder, mais era o único lugar que dava para eu ir e eu gostava do ambiente, entrei sem fazer nenhum ruído estava escuro só uma luz vermelha fraca que iluminava o lugar, me sentei numa da segunda fileira dos bancos olhei para Jesus Crucificado e em minha mente veio o rosto da professor Edward porque eu não conseguia parar de pensar nele, a presença dele me deixava sem jeito, mais o que a de errado comigo eu pensando em um homem, isso não é certo eu nunca tinha sentindo tais sentimentos ainda mais por outro homem.

Todos esses pensamentos invadiam minha cabeça foi quando fui pego de surpresa.

Estava ajeitando umas flores e quem aparece do meu lado ? Ele o professor Edward, abaixei o olhar senti minha garganta seca as mãos suando e pensava porque ele está aqui a essa hora da noite, será que minha vocação estava sendo testada, então olhei para ele novamente e perguntei.

_O que faz acordado em nossa capela senhor Edward ?

Ele ficara imóvel e eu tinha me lembrado que não estava com trajes adequados, e aquilo podia me encrencar caso o padre soubesse, então tentava esconder meus cabelos o corpo porque eu me sentia uma pessoa nua na frente dele, eu sei é uma grande tolice eu pensar assim ,mais ninguém podia nos ver em trajes normais, somente de hábito religioso.

_Me desculpe eu apenas...queria me distrair, tomar um ar...

_Não tudo bem, não está conseguindo dormir, quer alguma coisa? Um copo de leite ? Um suco-Perguntei a ele e rapidamente amarrei os laços do pijama sobre minha cintura.

_ Não irmão Ângelo eu estou bem, muito obrigado.

Eu não conseguia olhar diretamente para ele , abaixei a cabeça ajeitando uma mecha do meu cabelo na orelha, me sentindo um bobo, tomei coragem e o encarei por um breve momento e eu sorri.

Ele devolveu o sorriso, quando ia convida-lo para irmos a cozinha tomar um café, escutei um barulho de passos vindo pelo corredor próximo a capela, não pensei duas vezes peguei na mão dele e o puxei perto de mim, quase tropeçamos e ele me segurou pela cintura, ao toque de sua mão em minha pele me fez tremer ,aquela sensação era nova para mim e me dava medo, eu estava tão perto dele que nossas respiração se misturava eu não conseguia desviar meu olhar do dele, notei que ele não tirava seus olhos dos meus lábios e então senti meu rosto corar e tentei me levantar e ele se afastou.

A pessoa que estava chegando se manifestou dizendo.

- Tem alguém aí ?

Ao ouvir a voz esganiçada notei que era Irmão Joffrey e fiquei com raiva e me perguntando ,o que ele fazia acordado a essas horas, sinceramente eu não gostava desse cara e ele também não ia com a minha, ele se mostrava para o padre uma bom irmão, generoso que estava pronto para ajudar, mas não passava de um invejoso e mentiroso manipulador, os outro irmãos já chegaram a me falar que ele tinha inveja de mim , porque desde minha chegada no convento o Padre pegou afeição a mim então praticamente para ele eu era o braço direito do padre. Mas não era bem assim, várias vezes Irmão Joffrey sempre tentou me ridicularizar na frente do padre ou dos irmãos , mas nunca dei importância a ele.

Lembrei que nos fundos da capela tinha um quarto onde guardava os livros e arquivos velhos do convento então puxei o professor perto da parede, fiz um sinal de silêncio e abri devagar a porta e entramos no quarto.

_Vamos aguardar aqui, em alguns minutos ele vai embora.-Disse ficando de frente para ele .

_Ok.

Acordei de um susto o professor comigo ali nem tinha notado que estava deitado sobre seu ombro e imediatamente me levantei, nossos olhares se encontraram e eu fiquei muito constrangido com ele tão perto de mim e aquilo absurdamente me dava uma sensação de prazer e ao mesmo tempo me assustava sentindo meu coração bater mais forte, olhei fixamente em seus olhos e ele se aproximou em minha direção e pensei.

Ele vai me beijar, isso realmente está acontecendo, mais eu nunca beijei, isso é errado eu não posso, mais não sei o que deu em mim e fechei meus olhos quando dei por mim senti seus lábios tocando os meus, era uma sensação boa, seus lábios eram macios e senti sua língua entrar o que me deixou surpreso e concedi, senti um calor percorrer por todo meu corpo então eu me afastei lembrando dos meus votos e sem me importar se irmão Joffrey estava ainda na capela.

_Isso foi um erro, meu Deus me perdoe, não devia ter acontecido isso.

Não vi nada à minha frente e fui correndo para minha cela.

Naquela manhã tudo parecia normal como se nada tivesse acontecido, o que achei muito estranho eu já estava em aula e não tinha visto Irmão Ângelo desde o nosso beijo, ele não estava na sala ao lado era outro irmão e aquilo me preocupou.

Irmão Joffrey passou uma única vez pela minha sala e me lançou um olhar com as sobrancelhas erguidas como se quisesse me cobrar algo.

A hora do almoço tinha chegado e eu estava no jardim aproveitando o sol ensolarado daquela segunda-feira para descansar pois tinha umas horinhas antes de começar a segunda aula, me sentei ao banco e não conseguia parar de pensar naquele beijo, como ele estava ,eu precisava vê-lo conversar com ele, até pedir desculpas ,enquanto observava o jardim florido de tulipas de um lado e do outro rosas vermelhas bem cuidadas um vento ao norte soprou em meu rosto e fechei os olhos para sentir a brisa, quando escuto uma voz e algo tocar meu ombro direito.

_ Então é aqui que se esconde ?

Olhei do lado e era Irmão Joffrey com um sorriso falso na boca.

_Não estou me escondendo-Disse friamente.

_Ah sim, estou atrapalhando, posso me sentar ? -Perguntou.

_ Fique à vontade.

Ele sorriu me encarando de cima a baixo.

_Nunca conheci alguém como você.

Eu fiquei parado só ouvindo.

_Sim não me olhe com essa cara, você é diferente, misterioso.

_O que quer de mim Irmão Joffrey ? -Perguntei sem medo.

Ele deu uma gargalhada e se aproximou mais de mim e disse.

_Você sabe o que quero-Disse quase sussurrando em meu ouvido.

Me afastei dele um tanto surpreso quase deixando-o sozinho, mais ele me segurou pela mão.

-Não estou entendendo Irmão Joffrey, deixe me ir preciso voltar para minha aula.

_Pare de se fazer de desentendido eu vi você aos beijos com irmão Ângelo e eu quero o mesmo com você.

Esse cara só pode estar ficando louco.

_Me solta você está me machucando, você só pode estar ficando maluco, me deixa em paz e fique longe de mim.

E sai deixando ele falando sozinho.

Dessa vez estava com muita raiva, me sentia sob pressão e eu não gostava disso, o que ele queria comigo. Eu fui muito burro em deixar isso chegar a esse ponto e estava correndo o risco de perder meu emprego e o pior prejudicar o Irmão Ângelo, eu não sei o que aquele cara pretendia mais eu precisava fazer algo.

Ao chegar em minha sala vi Irmão Ângelo com o padre Domingos meu coração quase parou de felicidade, olhei para ele sorrindo mas ele não retribui, ficou com um olhar sério e se dirigiu o olhar para o padre.

Eu abaixei a cabeça em sinal de decepção os alunos ainda não tinham chegado então entrei na sala , mas antes que pudesse o padre me chamou e fui até ele com o olhar fixo no Ângelo.

_Boa tarde senhor Edward, esqueci de mencionar a você, hoje teremos uma sessão cinema na sala de recreação, os alunos do 2 ano com a turma do 1 e do 3 estão lá ,vamos lá iremos assistir um filme.

Saímos os três a caminho da sala e só observei ele não conseguia me olhar nos olhos ou estava me evitando e aquilo me deixava muito frustrado.

Chegamos na sala e todos em silêncio, tinha almofadas espalhadas pelo chão para minha infelicidade do outro lado se encontrava Irmão Joffrey me olhando, eu fingi que ele não estava ali, quando ia me sentar perto da parede num cantinho isolado, o padre me disse para sentar perto dele e de irmão Ângelo.

Pronto já estava difícil minha aproximação com ele e agora eu estava perto novamente, eu tentava disfarçar olhava de canto para ele enquanto o filme rodava e ele continuava sério como se nada tivesse acontecido.