Quais surpresas essa tarde em Londres reserva para eles? Somente o destino sabe, e é a partir desse ponto que a nossa emblemática história de romance, inevitavelmnte começava a se desenrolar.
Flávia notou que Enrique saiu chateado da biblioteca-café, logo após outra de suas conversas calorosas com seu pai. Alguns clientes se incomodam com a arrogância do CEO. Não há dúvidas de que ele não frequenta lugares assim, a situação só piora quando Edmundo lhe enfrenta. Assim, o mal humor de Enrique sobe a cabeça.
Os outros clientes não lhe veem com bons olhos, pois Antologia possui um menu ilimitado com diversos tipos de café, bem como livros. Tem comida feita na hora e além da presença constante de Edmundo, não há dúvidas de que Flávia, a proprietária, é encantadora. Toda a Londres sabe que o lugar é ótimo para comer, relaxar e se divertir sem fazer algazarra.
Inúmeros críticos londrinos frequentam o lugar por diversas vezes ao longo da semana e sempre elogiam o café limpo que é servido, além do conforto atrelado ao serviço simpático e encantador. Acredite, os sanduíches torrados são realmente bons e ainda podem fazer um ótimo almoço, são uma verdadeira iguaria. A biblioteca-café foi sem sombra de dúvidas uma adorável mudança para os cafés da região.
O que quero me referir, é que o local administrado por Flávia, é um verdadeiro oásis dentro de uma infinidade de areia londrina, servindo verdadeiras guloseimas deliciosas. Trata-se de um lugar para todos, seja você um pai cansado, uma mãe solteira, um casal inseparável, amigo ou transeunte causal. Os alunos dos colégios próximos e principalmente do Instituto Imperial, amam ir para lá.
Os outros funcionários que ainda vão aparecer no decorrer da história, realmente sabem como gerenciar todos os cenários deste ambiente, com toda a certeza, caso você deseja entrar no conforto de sua própria casa, com a mesma atmosfera, cuidado, amor e atenção, a biblioteca-café é a pedida ideal.
E pelo fato de um libertino displicente como Enrique frequentar este cantinho do céu, vem despertando sussurros e falatórios dos outros clientes.
"Tem sido um problema, mas eu realmente não ligo. Ou não tanto assim, mais cedo ou mais tarde, preciso conversar com ele. Mas isso tem acontecido com frequência, espero que esteja tudo bem com o próprio Enrique e entre eles". - pensou Flávia enquanto olhava para seu pai.
- Filha! - Edmundo lhe chamou atenção.
- Oi? - respondeu.
- Pode deixa que eu pago a conta dele, tudo bem? - sinalizou Edmundo colocando algumas notas de libras embaixo do copo que Enrique estava bebendo.
"Espero que ele melhore, ninguém que leva uma vida assim, consegue viver por muito tempo". - ponderou Edmundo.
No momento exato em que o furioso Enrique estava saindo da Biblioteca-Café, podemos ver Edseu e Natasha estavam entrando de mãos dadas como todo bom e velho tradicional casal adolescente . Enrique, contudo, se aborreceu ainda mais ao ver aquela expressão alegre, estava irritado pelo simples ato de ver que existem vários casais felizes andando por aí, mas ele, com tudo para ser feliz, inevitavelmente, não conseguia.
Enrique então, tratou de esbarrar intencionalmente em Edseu que ficou sem entender nada. Ao encarar quem lhe esbarrou, se assustou com o semblante de Enrique que o encarou de volta e saiu às pressas pela porta da frente.
"Esses merdinhas não deviam estar estudando?" - ponderou.
Ao se virar rapidamente, acabou esbarrando em ninguém mais, ninguém menos que Neríssa que se bem lembra, estava aos prantos pela despedida de solteiro.
- Enrique? - questionou ela perplexa.
- Neríssa? - questionou ele atordoado.
O que foi? Realmente achou que a história não dava para piorar? Era até que vem óbvio que os dois frequentassem o mesmo meio social. O fato é que os dois piores padrinhos de casamento do universo, acabaram de se chocar. Neríssa estava chorando, abalada e Enrique estava atônito e arrasado. Afinal, o que de errado poderia sair deste encontro inesperado?
Maaaaaaaaas! Contudo, porém, entretanto, toda a via, temo interromper esse precioso encontro inesperado para relatar outro, então, vamos até o interior da Biblioteca-Café, onde problemas não tão graves quanto os deles estão para se desenrolar.
Sei que a trama de Edseu e Natasha é um tanto boba e água com açúcar demais, mas realmente retrata muitos jovens da mesma faixa-etária que mesmo extremamente inteligentes, são inconsequentes em seus atos, palavras e atitudes. Penamos para acreditar que nem tudo o que fazemos vale muito à pena, mesmo aquelas coisas que são feitas pelo amor.
Os apaixonados, Edseu e Natasha veem Edmundo amargurado no segundo andar. E como nosso herói velho é o amigão da vizinhança, o casal se aproxima com questões significativas na cabeça.
- Opa!
- E aí?
Edmundo sequer reagiu, apenas acenou com a cabeça. Edseu e Natasha logo trataram de se juntarem à mesa dele.
- O que houve chefe? O senhor está meio aéreo. - questionou Natasha.
- É! Você está meio pra baixo hoje, brigou com a Nanda de novo? - disse Edseu.
- Deixa pra lá crianças.
Edseu e Natasha lhe encararam.
- Não é nada, são coisas de adulto, vocês realmente não entenderiam. - explicou Edmundo.
E na real mesmo? Isso é um fato, porque por mais que os dois possam até ser maduros demais para suas idades, a história está um pouco além do que um jovem pode absorver. Existem várias nuances de lealdade e amizade envolvidas. Não acha?
- Ok... - disse Edseu.
- Tudo bem então... - disse Natasha.
- O que vocês querem afinal? - questionou Edmundo.
- É que... - Edseu tentou buscar a melhor palavra para introduzir o assunto, mas Natasha, impaciente, logo expôs.
- ELE ME PEDIU EM NOIVADO! - exclamou ela.
Edseu levou as mãos ao rosto. Edmundo fez o mesmo.
- Eu não disse que iria falar?
- Você estava enrolando demais!
Enquanto o casal brigava, Edmundo quase caiu para trás.
- Mas como? O que? Como assim?
- Foi assim, eu comprei um anel, né? Aí eu... - Edmundo o interrompeu.
- Eu sei como foi seu ignóbil, o que eu quero saber é a causa, motivo, razão, circunstância!
- Nós dois meio que namoramos a uns meses, sabe? Não é isso o que todos querem? - explicou Edseu.
- MAS VOCÊS SE CONHECEM A ALGUNS MESES! - exclamou Edmundo.
A ira dele foi tanta que Flávia e alguns dos outros clientes da Biblioteca-Café os encararam assustados e irritados.
- Eu sei, eu sei, mas eu não me aguentei, sabe? - sussurrou Edseu.
- E se ele não fizesse isso, eu mesmo faria. - completou Natasha.
- Mas vocês mal se conhecem, como sabem que se completam? Como podem ter certeza disso? Um noivado requer meses e até anos de convívio, além de um planejamento de vida e financeiro real e estrutural. Vocês dois definitivamente não tem isso. - pontuou Edmundo.
- Sr. Edmundo, me entenda, eu tenho sede de céu. - disse ela.
- E eu me apego pela vastidão do universo. - disse ele.
Edseu e Natasha dão as mãos e se encaram.
- Nós nos completamos. - responderam juntos.
Edmundo quase cedeu às palavras românticas que a dupla resolveu soltar para o ar. Mas sabe que como um bom adulto, essa história não acabaria bem.
Mas mesmo que as coisas parecessem estar bem, Edseu não sabia onde enfiar a cara, pois sabia que estava no furo e que pisou na bola.
- Eu preciso de sua ajuda para... - Edmundo o interrompeu de novo.
- Para um transplante de cérebro, só pode! Como você acabou fazendo isso?
- É que eu sou muito... - ele o interrompeu de novo.
- Impulsivo! Eu sei, mas é um idiota também, onde já se viu isso!
- Então... - Natasha tentava emplacar o assunto.
Edmundo os encarou seriamente.
- O que vocês estão me escondendo?
- É que eu gastei todo o dinheiro do aluguel com o anel...
Edmundo colocou a mão no rosto.
- E eu achei que não teria problemas, vocês são os melhores alunos nos seus anos do Instituto Imperial da Inglaterra, pelo amor de Deus.
Natasha e Edseu abaixaram a cabeça, temendo o tremendo esporro que viria a seguir, mas Edmundo tomou uma atitude inusitada.
- Vou falar com a Flávia, quem sabe ela aceite.
- Sobre o que? - questionou Natasha.
- Sobre o Edseu passar um tempo lá em casa.
Um tensão começou a subir do chão e a tomar o ar.
- Flávi, pode vir aqui? - sinalizou Edmundo.
Mas creio que sem dúvida alguma a cereja do bolo ainda é a trama do casamento, certo? Ou então você quer saber da despedida de solteiro? Ou saber se os padrinhos vão ficar com os noivos? Ou até mesmo se pegar? Voltaremos para o lado de fora.
- Preciso conversar contigo. - por incrível que pareça, Enrique e Neríssa falaram a mesma frase ao mesmo tempo.
A dupla se encarou um tanto sem graça.
- Vamos tomar um chá depois do expediente? - Enrique e Neríssa falaram de novo ao mesmo tempo.
Parece cena de desenho animado.
- No mesmo lugar? - questionou ele.
- No mesmo lugar! - confirmou ela.
O que vem por aí?