Alexsander é filho de Martha, minha madrinha e enteado do meu padrinho Sebastian, que eram amigos dos meus pais desde a época do colégio, então, meio que já se esperava que nós também fôssemos amigos. Embora tenhamos nos tornado mais próximos cerca de um ano e meio depois porque antes disso nos odiávamos com força.
Eu acho que isso aconteceu exatamente quando comecei a me tornar mulher. Bem uma adolescente. Mas, meus seios estavam saindo do casulo e tomando forma assim como meus quadris, acho que Alex também notou essa mudança em mim, porque ele começou a agir diferente. Sempre era atencioso e cuidadoso, muito carinhoso até, aquilo não me passou despercebido. Conforme o tempo foi passando nos tornamos mais próximos, era uma amizade improvável, mas nos dávamos muito bem. Quando eu tinha quatorze anos beirando os quinze, fui beijada pela primeira vez. Estávamos na piscina Alex e eu, havíamos saído da água para brincar com a bola no gramado ao lado quando eu caí, ele todo protetor correu para me ajudar, mas acabou escorregando também. Rimos um do outro até enjoar e de uma hora para outra o ar pareceu diferente, algo na atmosfera havia mudado. Estávamos nos encarando de um jeito quase surreal, era como se estivéssemos debaixo d'água sentindo toda aquela pressão, mal conseguindo puxar o ar.
Sem aviso, Alex trouxe a mão em meu rosto e puxou minha boca para a sua. Foi um beijo fofo e romântico até, ele colou nossos lábios e moveu timidamente me fazendo abrir a boca, mas não chegou a ter língua. Quando nos afastei eu estava arfando e ele igualmente, porém não tivemos chance de falar qualquer coisa porque nossos pais chegaram sentando nas cadeiras ali perto.
O beijo não mudou muita coisa em nossa relação, continuamos muito amigos e confidentes exceto pelo fato de que agora vivíamos nos agarrando, testando beijos e pegadas um no outro. Ficamos nessa por mais ou menos um ano, foi quando eu decidi. Eu tinha quinze e ele dezessete. Lembro-me como se fosse hoje a cara de Alex quando disse que queria que ele fosse meu primeiro. Ficou de olhos arregalados e um tanto nervoso, apesar de ele já saber o que era sexo porque perdeu a virgindade desde os quinze. Minha decisão era inteligente e saudável, nos conhecíamos e tínhamos uma relação de confiança muito forte, por isso me sentia segura em me entregar a ele, embora não tivesse amor romântico ali. Eu amava Alex mas não desse jeito, o que não era empecilho para sentir um tesão do caramba por ele. Depois de pestanejar e questionar e negar até... vendo que eu queria aquilo realmente, aceitou. Fizemos tudo muito bem planejado, apenas a minha mãe e a dele sabiam de nós e nos ajudaram com tudo.
A ideia era dizer aos nossos pais que íamos num passeio da escola durante o final de semana, mas na verdade, nossos cupidos haviam reservado um quarto em um hotel maravilhoso. O quarto era perfeito e elas fizeram tudo ficar ainda melhor. Os lençóis brancos faziam contraste com os móveis pretos e alguns itens dourados, no lugar onde deveria haver um mosquiteiro havia um caimento cheio de luzes decorativas e ao me aproximar da cama notei algumas pétalas de rosas amarelas enfeitavam os lençóis. Estava tudo perfeito. Apesar do nervosismo de ambos, Alex tomou as rédeas da situação e me guiou perfeitamente como o cavalheiro que era. O tempo todo me pedia para relaxar e tentar ficar calma e em nenhum momento deixava de me beijar. Foi tudo tão maravilhoso que a minha vontade era ficar ali para sempre.
Mas, o que eu não cogitei aconteceu. Eu achava que o fato de termos transado não mudaria em nada nossa relação assim como nosso primeiro beijo, mas eu me enganei. Alex começou a nutrir por mim um sentimento que não era correspondido. Quando ele me disse que estava apaixonado eu achei que fosse alguma pegadinha sua, que tentava gravar a minha reação para rir de mim depois, mas não. Ele falava sério e até mesmo demonstrou publicamente, mas eu não sentia o mesmo. Meu medo era magoá-lo e perdê-lo para sempre, por isso fui sincera com ele em relação aos meus sentimentos, mas aquilo nos afastou ainda mais. Nossa amizade nunca mais foi a mesma e por mais que eu tentasse me conectar com ele, a gente parecia não ter mais nada em comum. Alex me afastava e não me deixava mais chegar tão próximo, eu entendia que ele estava sofrendo e que me ter por perto era muito ruim, mas eu também sofria por perder o meu melhor amigo. Tentei ser paciente e esperar até que ele estivesse pronto para voltarmos com nossa amizade. Passaram-se pouco mais de um ano e ele continuava me evitando ao máximo, embora me deixasse ter um pouco mais dele, eu achei que estávamos caminhando para a normalidade quando surgiu algo que fez meu coração falhar longas batidas. Alexsander decidiu fazer faculdade em Londres e veio me dizer um dia antes de viajar, apenas para se despedir. Aquele foi o momento mais triste que passei e nunca esqueci de suas palavras ao me abraçar por longos minutos e por fim beijar a minha boca com toda delicadeza e amor que sentia por mim
- Talvez a gente se encontre lá na frente... se esbarre e se conheça novamente de uma forma mais madura. Vou torcer para que você se permita Gal. Eu espero do fundo do coração que você deixe de ser essa pessoa medrosa para o amor - ele me disse com a tristeza estampada em seu rosto - eu quero te dizer também que estou indo embora, irei essa madrugada, mas saiba que eu amo você. Eu te amo como nunca serei capaz de amar mais ninguém, mas eu não quero mais sofrer dessa forma, isso está acabando comigo, eu preciso pensar um pouco em mim agora porque dói tanto te ver e saber que nunca será minha, eu sofro por ter que ir, mas eu tenho que te deixar, preciso tirar você de mim, entende?! Eu sinto que hoje será um dos piores dias da minha vida, porque é o dia que eu tenho que deixar você para trás e olhar para a frente, não foi uma decisão fácil, pelo contrário, foi uma decisão difícil e dolorosa porque eu amo tanto você, mas eu preciso me amar também e cuidar de mim. O... o que tiver de ser, será... e se for, que nos encontremos lá na frente. Eu amo você Gal.
Foi a última coisa que ele me disse. Ele foi embora e nunca mais voltou. Falamos algumas poucas vezes por telefone, principalmente quando eu insistia, mas um dia ele me pediu para parar de ligar e parar de procurá-lo, pois precisava de tempo. Foi ali que eu perdi o meu amigo, nunca mais nos vimos ou nos falamos.