Eu sempre fui um cara reservado, e não parecia me encaixar em minha família, não apenas pelas características físicas, mas principalmente pela forma de ser e agir. Aos doze anos eu descobri porque os meus irmãos tinham um fenótipo diferente de mim, eu sempre achei estranho eu ter características mais latinas. Quando mais novo, minha mãe dizia que eu parecia com meu avô que era mexicano, eu acreditei. Acontece que um mês depois do meu aniversário eu estava procurando espaço para colocar a bateria que tinha ganhado, estava ansioso para começar a tocar.
No espaço onde haviam inúmeras caixas, eu encontrei o lugar ideal, assim comecei a afastar caixas e mais caixas empoeiradas. O que eu não esperava é que uma dessas caixas se rasgasse no momento em que tentei afastá-la e menos ainda, o que encontrei dentro dela. Um álbum de fotografias da minha família. A surpresa: eu não estava em nenhuma das fotos, mas a Giulia, Vitto, mamãe e papai e até os meus avós estavam. Aquilo não fazia nenhum sentido porque embora meus irmãos fossem crianças pequenas eu já tinha nascido nessa época, afinal de contas sou o filho do meio e a diferença entre nós é de quatro anos de mim para Lia e apenas três em relação a Vitto. Ou seja, eu já tinha três anos. Onde eu estava? Aquilo não fazia o menor sentido, eu fiquei confuso e levei o objeto até minha mãe questionando o porquê de eu não estar na foto da família, sobretudo o fato de ela ter dito que eu me parecia com meu avô, mas ele era branco quase transparente de olhos verdes. Ela arregalou os olhos e alguns segundos depois, parecendo não saber o que dizer, decidiu chamar meu pai. Foi aí que me disseram que eu não era filho biológico deles, a minha mãe se chamava Cecília, ela desapareceu, porém havia me deixado com eles um pouco antes. Eu deveria ficar mais surpreso, mas de alguma forma eu meio que já sabia que eu não era filho deles e lembrava da minha mãe, porém por muito tempo achei que ela fosse uma criação de minha imaginação ou um sonho.
Ali eles me contaram tudo que sabiam sobre ela, me mostraram fotografias e disseram o quanto minha mãe me amava e que tinha feito tudo por mim. A partir daquele momento eu jurei que descobriria onde ela estava ou o que aconteceu com ela. Em relação a minha família nada mudou, eu continuei sendo filho deles e irmão dos meus irmãos, isso nunca ia mudar. Eu os amava assim como era igualmente amado por todos eles.
Dezenove anos depois eu resolvi me mudar para Los Angeles, o último lugar em que minha mãe esteve antes de sumir. Segundo meus pais, ela havia me deixado com eles quando eu tinha três anos e disse a eles que iria encontrar um homem em Los Angeles que iria mudar sua vida e então nós iríamos embora para outro país, mais tarde descobri o nome do filho da puta, Lorenzo Novatore. Me instalei na cidade, comprei um prédio no qual abri a boate Codec e mais tarde me tornei sócio de Dominic Petrov que se tornou também meu melhor amigo. Com a ajuda dele descobri muito mais sobre Novatore e estava cada vez mais perto das respostas que precisava e chegava cada vez mais perto de me vingar. Com a ajuda de Dom eu integrei a equipe de Novatore que controlava o tráfico de armas, nunca havia me envolvido com nada ilegal, mas daquele momento em diante eu estava disposto a tudo para alcançar meu objetivo. Tudo corria como planejado, exceto algo que eu não previ e que realmente eu não tinha como cogitar, me apaixonar por Aby. Abigail Novatore, filha do desgraçado. Aby se tornou tudo para mim e no ponto em que eu estava não sabia o que seria de nós dois, do nosso amor, porque eu precisava fazer uma escolha, mas em minha decisão não consideraria de jeito nenhum deixar Lorenzo vivo e isso com certeza seria a porra de um grande problema entre Aby e eu.