Ele estava sem expressão, já tinha chorado muito, olhou ao redor de devagar e viu Victor carregando Mike para dentro da Comunidade, sua filha chorando nos braços de Jade e os outros ao redor de seu pai, com a audição voltando aos poucos ele ouviu.
- Ele .... ele está morto?
- Quem o deixou sair?
- Como essas crianças saíram?
Ao longe um grito desesperado, era de Maria ao ver o corpo do amigo, ela começa a chorar desesperadamente. Cobra e Lice ajudam Richard a se levantar e os outros levam o corpo de José para dentro da Comunidade para enterra-lo. Dentro da comunidade após terem cavado um buraco num canteiro, eles colocam o corpo de José enrolado em um lençol branco, todos da Comunidade estavam presentes então, um homem que trabalhava com enterros resolve dar algumas palavras.
- José era um bom homem, chegou a nós não faz muito tempo, mas, já conseguiu seu lugar no coração de muitos aqui, sempre feliz mesmo com sua limitação, que deus acalme o coração dos familiares -pegou um pouco de terra e despejou na cova- descanse em paz amigo, que Deus o tenha!
Todos fizeram o mesmo ato e Richard que foi o último, pegou uma pá e começou a enterrar seu pai, Cobra chega nele e fala.
- Ei amigo, você está cansado, deixa eu te ajudar.
Richard olha feio para Cobra e continua.
- Ok Ri, se precisar sabe onde nos encontrar.
Após terminar de enterrar, ele pega dois pedaços de madeiras e alguns pregos, faz uma cruz e enfinca na terra, com uma faca ele escreve na madeira: José de Castro, assim terminando o túmulo de seu pai. Indo para casa começa a chover e ao chegar nela, Julia estava cabisbaixa sentada no sofá, mas percebe seu pai e tenta ir até ele.
- Pai...eu...
Richard não dá atenção e vai direto pro banho, enquanto Julia senta no sofá de novo e chorando fala baixinho.
- Desculpa.
No dia seguinte, Richard arruma suas coisas como arma, munição e facão, então ele sai, mas se depara com Maria e a mesma começa a falar com seus olhos verdes cheios de lágrimas.
- Richard...desculpa....a culpa é minha, por favor Richard, eu quis leva-lo para casa, mas ele queria ir sozinho então por favor, por favor me desculpe!
Richard só olha para a mulher em prantos e segue seu caminho sem falar nada, entra em um carro e se vai para fora da Comunidade. Ao andar por algumas horas ele para em um lugar com algumas casas e muitos infectados, põe sua máscara pega seu facão com a mão direita, seu 38 com a esquerda e vai pra cima dos infectados matando um por um que havia ali, esquivando e dando facadas e até tiros quando juntavam ou quando o facão estava ocupado, ao final do dia ele retorna a Comunidade alguns perguntam onde ele esteve, mas Richard não quebra seu silêncio e ao chegar sua filha tenta abraça-lo para conversar mas ele a empurra fazendo a correr chorando para seu quarto, Richard repetiu isso por três dias e incansavelmente Maria tentava se desculpar com ele todos os dias, até que em um dia Richard estava saindo e Maria veio até ele e disse:
- Richard pelo amor de Deus me desculpe eu...
Richard para de caminhar se vira com ódio no olhar e grita.
- CALA A BOCA!
Maria se cala imediatamente e Richard fala gritando.
- VOCÊ FICA TODO DIA DIZENDO QUE A CULPA É SUA, PRA EU TE PERDOAR, QUE PODERIA TER FEITO DIFERENTE. FIZESSE DIFERENTE! AGORA NÃO ADIANTA FICAR CHORANDO E ENCHENDO A PORRA DO MEU SACO. SÓ PARA OK?
Maria calada e chorando, abaixa a cabeça e se vai, enquanto Richard faz seu trajeto de sempre, até que é parado por Mike que estava com a mão e a perna enfaixada, com dificuldades para andar ele fala.
- Onde você tem ido todos esses dias Richard?
- Não interessa!
Mike fica entre Richard e o carro e fala.
- A se interessa, você magoou a Maria e está deixando todos preocupados.
- Ao invés de ficarem preocupados comigo, deveriam estar preocupados com os fanáticos que podem nos atacar a qualquer momento, olha como eles te deixaram!
- Não é ficando calado e sendo grosso com as pessoas que você vai ajudar contra os fanáticos e pra onde você vai todo dia?
- A pergunta é: onde está Isa? Você não foi mais vê lá, nem sabe se ela está lá ainda!
- Ela está bem Richard, é um lugar escondido.
- Quem garante? Aqueles filhos da puta estavam nos esperando, sabiam que estaríamos lá
Mike fica sem palavras e Richard se vai mais uma vez. Parando o carro em um lugar onde nunca esteve antes ele avista alguns infectados e os mata sem dó, chegando numa loja, ele entra e toma um refrigerante que estava no chão, mas ouve um barulho no fundo da loja, com sua arma em punho ele vai até o barulho que vinha de uma porta, e ao abri-la viu que lá havia um homem no chão assustado e tremendo, o homem disse:
- P-Por favor...n-não atire.
Richard já ia embora quando viu em uma das mãos do homem um crucifixo, no mesmo estante os olhos de Richard se encheram de ódio e ele disse:
- Você é um deles filho da puta!
O homem sem entender nada e complete assustado diz.
- Que? Um d-deles quem?
Richard o pega gola da camisa e vai o arrastando para fora da loja enquanto o homem falava desesperadamente.
- Ei ... o que está fazendo?
Ao chegar do lado de fora, Richard o joga no chão e fala com raiva.
- Me fala onde estão os outros?
O homem no chão com as mãos tentando proteger a cabeça e ainda segurando o crucifixo diz.
- E-eu não sei do q você está falando cara, e-eu estou com a perna machucada esperando minha mulher e filha voltarem com os curativos.
Richard grita.
- MENTIRAAA!!!
E sem pensar duas vezes, Richard começa a socar a cara do homem enquanto falava.
- Seu fanático filho da puta, onde vocês se escondem?
Richard não estava mais deixando o homem falar e o esmurrava como se fosse um saco de pancadas, até que uma mulher chega com uma garotinha carregando algumas coisas médicas numa maleta, então ela disse:
- Ei!!! pare com isso agora.
Quando Richard Olha e vê a mulher segurando uma faca e muito tremendo, a criança em choque o olhando, ele se dá conta do que estava fazendo e ao olhar na vidraça da loja, vê que está com muito sangue nas roupas, mãos e um pouco na cara, ele se lembra dessa mesma cena no dia em que o mundo acabou, a alguns meses atrás, só que naquela época ele era o mocinho e agora se tornou o "infectado", saiu de cima do homem e falou consigo mesmo.
- Eu me tornei um deles pai, me tornei um monstro!
Quando ele se vira para a família e os vê assustados, pergunta.
- E esse crucifixo?
A mulher que já estava do lado de seu marido junto a garotinha, responde.
- Nós somos muito religiosos, por favor não nos machuque!
- Como posso saber se não estão com eles?
- Eles quem?
Richard sério fala.
- Esse é o jeito de vocês, se fingem de pobres coitados, com nomes de anjos, mas sei bem o que são na verdade, não vou deixar vocês feriram mais ninguém!
Richard puxa a arma e a mulher fala assustada.
- Moço se acalme... nós não sabemos de quem o senhor está falando.
- Mentirosos!
Richard aponta a arma na direção deles e dá um tiro no homem, a mulher grita e pede pra sua filha sair correndo, a menina o faz, mas Richard mira a arma na direção dela, mas a mulher entra na frente e toma o tiro, antes que a menina conseguisse escapar, Richard lhe dá outro tiro certeiro a matando. Ele deita no chão, começa a chorar e ao mesmo tempo rir (risadas descontroladas), Richard se levanta, coloca a arma na sua cabeça e um som de disparo ecoa em meio a árvores e as casas abandonadas.
•••
Julia estava cada dia mais angustiada, não queria mais sair de casa, Maria foi até seu quarto para tentar falar com ela.
- Julia, por que você não vai brincar com as crianças? Espairecer a mente pode te ajudar a sair da tristeza.
Julia chorando sentada em sua cama responde.
- Não. Muito obrigada!
Maria se aproxima da menina e fala.
- Eu também estou triste, mas....
- Por que meu pai gritou com você hoje? -Interrompeu Maria.
- A culpa é minha e eu e seu pai sabemos disso.
- Se ele pensa isso está enganado, você cuidou muito bem do meu avô, obrigada por ainda ficar comigo.
Maria se senta do lado de Julia, a abraça e diz.
- Eu jamais vou te abandonar.
Ambas se abraçam e Maria fala.
- Mas... por que você diz que ele pensa errado? Eu quem estava cuidando do seu...
- Não é nada, esqueça!
- Ok.
- Vou sair pra tentar brincar um pouco, como você sugeriu.
- É a melhor coisa que você faz Ju.
Julia vai até a porta e ao abri-la para sair, se depara com Lucas.
- Julia? Eu...ia te chamar.
- Pra que? Pra me deixar morrer de novo?
- Eu vim me desculpar, não foi certo e nem corajoso fazer aquilo, o Mike jamais faria aquilo. -Murmurou.
- Não, não foi. Agora saia da minha frente, já estou muito estressada.
- Ei, eu quero me desculpar.
- Isso não trará meu avô de volta.
- Ei sei, mas...só não fique brava comigo.
Julia saindo dali fala.
- Tarde demais Lucas, pensasse nisso antes de me arrastar pra morte e me abandonar lá. Tchau!
Lucas ficou ali vendo a se distanciar com lágrimas nos olhos. Julia andava pelas ruas da Comunidade choramingando e lembrando de seu avô, ela vai até a cova dele e se senta lá.
- Vovô, eu sinto sua falta e o papai está muito bravo, eu queria pedir desculpas -começou a chorar- eu fui fraca vovô, você não merecia estar aí de baixo, eu quem merecia, espero que esteja num lugar melhor, a menina se levanta e volta a caminhar de cabeça baixa. Dois dias se passam e Richard não havia retornado, seus amigos já estavam fazendo rondas atrás dele, mas nada, Julia fica no meio dos adultos que estavam falando sobre seu pai e as interrompe dizendo.
- Algum de vocês sabem onde meu pai foi e quando volta?
Todos se calam, Lice vai até a menina e diz.
- Estamos procurando Ju
Carol faz o mesmo.
- E vamos achar, pode ficar tranquila garota.
Julia fala.
- Só espero que os homens com cruzes não tenham o achado primeiro.
Mike se intromete na conversa e fala.
- Como sabe deles Ju?
- Eu ouvi meu pai falando deles uma vez, só quero que ele volte vivo, preciso me descul...falar com ele, preciso falar com ele!
- Estamos fazendo o nosso melhor Ju, fique tranquila nossos amigos vão achá-lo.
-Eu posso ajudar Mike?
- Você já ajuda ficando em segurança.
Julia abaixa a cabeça e fala.
- Ok.
A garota sai triste e de noite já em sua casa e nada de seu pai, ela conversa com Maria.
- E daí eu perguntei se podia ajudar e eles pediram pra eu ficar em segurança.
- É um trabalho sério Ju, eles só querem te proteger.
- Eu quero proteger também, mas..., mas...
- Você vai querida, um dia.
- Eles sabem que eu sou inútil e só causo problemas.
- Isso não é verdade Ju.
- Então me fala algo de útil que eu fiz?
- Ju, você é uma criança, não deve pensar nessas coisas.
Julia fica pensativa e diz.
- Ok. Estou com sono vou dormir agora e espero que amanhã o papai tenha voltado.
- Se Deus quiser sim querida.
Após cobrir Julia Maria dá um beijo na cabeça dela e fala.
- Boa noite.
- Pra você também Maria.
Então Maria se vai fechando a porta e após alguns minutos a menina levanta de fininho e ao ver que Maria havia adormecido na sala, sai de casa em silêncio e corre até a casa de Jade que estava acorda recarregando algumas pistolas. Julia entra sem bater e Jade fica surpresa com a visita noturna e fala.
- O que você quer pirralha?
Julia fica muda por alguns segundos e Jade fala
- Ficou muda?
- Eu...eu estou cansada de ser inútil, -começa a chorar- as pessoas me evitam por eu não saber nada, meu pai está desaparecido, Maria está muito triste e eu também, não consigo mais brincar como antes.... meu vovô está morto e a culpa é toda minha!
A garota se ajoelha no chão chorando e falando.
- Se eu não fosse inútil, nada disso teria acontecido, meu pai e avô estariam aqui comigo, eu não aguento mais esse aperto no peito, por favor Jade me ajuda!
Jade estava extremamente surpresa com tudo aquilo e falou.
- Coisas ruins acontecem pirralha e não podemos fazer nada a respeito e ficamos com essa sensação de culpa que você está agora.
- Eu só quero que isso passe!
-E o que você quer que eu faça pirralha?
Julia se levanta, enxuga as lágrimas e olhando sério para Jade diz.
- Me ensine a matar!
E nesse exato momento, enquanto as duas falavam na casa de Jade, em uma ronda noturna estavam Cobra, Carol e Lice atrás de Richard, até que Cobra disse:
- Vamos voltar, está muito escuro, nunca vamos acha-lo assim.
- Concordo - disse Carol- amanhã cedo voltamos.
- Ok, -disse Lice- vocês têm razão, vamos.
Quando Cobra se vira para voltarem para o carro, um infectado o assustado e antes que o mesmo pudesse fazer algo, a cabeça do infectado é arrancada e ao apontar a lanterna para quem teria matado o infectado, Cobra fala.
- Richard?
Richard estava com sem facão na mão direita cheio de sangue, igualmente suas roupas, estava segurando em seu ombro esquerdo um corpo ainda vivo, porem desmaiado, com as mãos e pernas amarradas, e na testa de Richard havia uma cruz.