Capítulo 4 Formas de Amar

Em um lugar, longe das casas da Comunidade, ouve-se.

- Trouxe o estilingue?

Disse Jade se referindo a Julia e a menina responde um pouco acanhada.

- S-Sim.

- Ótimo, treinaremos com ele pra não gastar munição atoa. Preciso ver como está sua mira pirralha!

A garota engole a seco e fala

- Em que eu vou atirar?

Jade pega cinco latinhas, as põe em cima de uma mureta e fala.

- Nas latas. -Disse Jade com as mãos na cintura- Quando você acertar as cinco em cinco disparos será sua primeira vitória pirralha.

Julia pega as pedrinhas e começa a tentar a acertar, mas erra todos os tiros.

- D-Desculpe. -Disse Julia de cabeça baixa.

- Precisa melhorar essa mira pirralha, -disse Jade com seriedade- como quer matar assim?

Julia ergue a cabeça, fecha os olhos, respira fundo e ao abri-los, mira de novo e acerta uma latinha, Jade arregalou os olhos, mas disfarça a surpresa e fala

- Meus parabéns pirralha.

- O-Obrigada. -Disse Julia com um pouco de vergonha- eu imaginei que as latinhas eram os infectados que tentaram me atacar aquele dia.

- Eu ia te falar pra usar sua imaginação como forma de incentivo, mas você já aprendeu sozinha, boa pirralha!

Julia com um pouco de confiança diz.

- Viu? Eu já sei praticamente matar.

Jade ri e fala

- Já sabe matar? Pirralha matar é bem mais difícil do que acertar o alvo, além do mais, você só acertou uma, eu disse as cinco em cinco disparos!

- Se eu acertei uma, vou acertar as outras -disse Julia convencida--é só eu usar a mesma tática.

- Então acerte, -disse Jade arrumando as latas- alvos parados são mais fáceis mesmo.

Julia aponta seu estilingue e dispara várias vezes, errando algumas e acertando outras, elas passam horas ali treinando e ao fundo atrás de uma árvore escondido, Lucas as observa, ao anoitecer, Julia já estava cansada e do seu último disparo, acertando a lata.

- É ficou uma de pé, -disse Jade- acertou 4 seguidas, terminamos por hoje pirralha.

Julia um pouco cansada fala.

- Viu? Eu aprendo rápido!

- Veremos isso amanhã, agora vá descansar.

Julia recolhe suas coisas e diz.

- Mesmo horário amanhã?

- Claro pirralha!

Julia sai andando cansada, mas com um sorriso no rosto, Lucas a segue sem ser notado pela garota e no dia seguinte, Julia realiza mais alguns disparos e Jade percebe que a garota tem potencial, pois estava melhorando rápido, uma semana se passa e Julia finalmente consegue acertar as 5 latas seguidas pela primeira vez.

- Boa pirralha!

Julia grita de empolgação.

- CONSEGUIII!!!

- Ei, não se empolgue tanto, essa foi só a primeira parte do seu treinamento.

Julia toda elétrica fala.

- E o que vem a seguir? Vou poder usar uma arma de verdade?

Jade dá risada e diz

- Ainda não pirralha, vamos melhorar sua locomoção.

- Locomoção? - Pergunta Julia- Como assim?

- O que você acha que te impede de ser mais rápida?

Julia pensa sobre e diz.

- Bom... no dia em q o meu avô...morreu, um dos infectados me segurou pelo vestido, mas isso não quer dizer nada né?

Jade responde.

- Teve outra vez que alguém fez isso? Ou outro infectado?

Julia abaixa a cabeça e demora um pouco pra falar.

- Sim.

- Então está resolvido -disse Jade- precisa se livrar desse vestido.

- Mas...eu amo vestidos!

Jade se ajoelha para ficar da mesma altura que Julia e diz.

- Temos que nos livrar do que nos deixa mais fracas.

- Por isso o seu coque? -Pergunta Julia.

- Sim. Agora ninguém me agarra mais, posso ser rápida e você também será.

Julia se emociona e uma pequena lágrima escorre pelo seu rosto.

-Ei. -Disse Jade- Por que está chorando?

Julia Olha nos olhos de Jade e diz.

- Ninguém mais vai morrer por minha causa, serei rápida e forte, assim como você!

Jade se surpreende com as palavras da garota e Julia continua.

- Espera só um minuto!

A garota sai correndo até sua casa, entrando no seu quarto, retira o vestido e o joga longe, ela vai até um armário que tinha umas roupas que ninguém usava e por sorte, encontra uma camisa quadriculada branco e preto um pouco grande pra ela, mas a garota dobra as mangas, mais ao fundo do armário uma calça jeans, por sorte essa era do seu tamanho. Toda confiante com seu estilingue no cinto da calça, Julia volta para Jade e diz.

- Gostou?

Jade surpresa e com um pequeno sorriso no rosto fala.

- Está melhor pirralha. Agora voltemos ao treino certo?

- Sim!!!

E assim elas fizeram, mais uma semana se passa e Julia estava ótima na pontaria acertando cinco de cinco a cada vez numa distância maior que a anterior, até que um dia, Julia estava indo para o treino e Jade já estava a esperando com as mãos para trás, então Julia disse:

- Vamos para mais uma seção? Qual a distância dessa vez? Estou botando muita força no braço pra pedra chegar até a lata.

Jade chaga mais perto da garota e diz.

- Estou tão orgulhosa de você pirralha, mas o mundo lá fora não se resume a apenas latas numa mureta.

Julia com um sorriso no rosto diz.

- Então qual a próxima parte do treino?

- Primeiro tenho um presente pra você, vai ajudar na próxima parte.

Jade retira as mãos das costas e mostra o presente a Julia, era uma arma, uma pistola calibre 45 com uma parte do cabo de madeira e um coldre. Julia fica paralisada e com os olhos fixos na arma e assim ela diz.

- É... pra...mim?

Jade diz sorrindo.

- Sim pirralha.

Julia põe no rosto um sorriso de orelha a orelha, joga seu estilingue longe e coloca o coldre com a arma na cintura.

- Agora eu vou matar muitos infectados!! -Disse a garota muito empolgada.

- Ei! -Disse Jade- não é porque agora que tem uma arma que é "a poderosa", tem que aprender a usa-la, não é a mesma coisa de usar um brinquedo.

Julia diz toda confiante.

- Será fácil pra mim!

- Veremos, pegue sua arma.

Julia a retira do coldre e Jade põe as cinco latinhas na mureta e fala.

- Acerte, como fez com o estilingue.

Julia aponta a arma e diz toda convencida.

- Isso será fácil!

A garota segura a arma com as duas mãos e aperta o gatilho, mas nada acontece.

-Ei! Essa está com defeito Jade!

Jade ri e Julia diz um pouco brava.

- O que tem de tão engraçado?

Jade vai até Julia, pega a arma e a destrava, dá um tiro em uma das latas e diz devolvendo a arma para Julia.

- Você tem que destravar a arma primeiro pirralha.

Jade ensina sobre o funcionamento da arma, da trava, como soltar o pente e outras coisas.

- Viu? -Disse Jade- Agora você já sabe a teoria pirralha, acerte-as, mas lembre-se se de que terá o coice e um barulho alto, mas você se acostuma.

- Certo!

- Agora atire!

Julia atira e se assusta com o coice e o barulho, assim soltando a arma no chão e Jade solta um grito.

- Nunca solte a arma pirralha, isso pode te matar!

- D-Desculpe, eu me assustei.

Jade respira fundo e fala.

- Ok. Tente de novo.

E a menina confiante de que não ia se assustar, atira. Segurando a arma com as duas mãos, ela olha que na mureta só haviam quatro latas, então Julia diz.

- Eu acertei?

- Sim.

Julia abre um sorriso e fala

- Meu primeiro tiro de verdade e eu acertei!

- Quando se acostumar com o coice e o barulho, acertara qualquer coisa!

Julia sorrindo fala.

- É bom eu me acostumar mesmo -risos- fiquei um pouco surda.

Ambas deram muitas risadas e Jade disse:

- Você se acostuma.

E mais uma vez Lucas observa tudo escondido, até que Maria vem correndo e diz.

- Jade!!! Estão fazendo uma reunião e mandaram eu te chamar.

Jade pergunta.

- É sobre o que?

- Os Fanáticos!

Jade se vira para Julia e diz.

- Pirralha, nosso treino continua amanhã.

Julia a questiona dizendo.

- Não pode ser mais tarde?

- Não, geralmente essas reuniões demoram.

Julia sem ter o que fazer fala.

- Ok.

Jade vai com Maria e Julia segue seu caminho para casa e discretamente Lucas vai até ela, tocando em seu ombro ele fala.

- Ei...Ju espere!

Julia olha pra trás e diz.

- Ah é você Lucas. O que quer?

- Me redimir com você, só por favor me escuta.

Julia de saco cheio diz.

- Fala logo!

Lucas respira fundo e começa a falar.

- Me desculpe, a culpa é minha de ter arrastado você pra fora, eu fiz sem pensar, eu só queria ser igual ao Mike, sinto muito por seu avô, sei que ele era importante pra você, e-eu te considero uma grande amiga, então aí vai novamente, ME DESCULPE!!!

Julia fica sem palavras, olhando para Lucas que estava olhando para o chão, realmente arrependido, então Julia fala.

- Então era isso que eu tinha a dizer?

Lucas responde.

- Sim.

Julia dá um soco no braço de Lucas e ele fala.

- Eiii!! Eu já me desculpei, não precisa me bater!

Julia dá um sorriso e diz.

- Nunca mais me leve pra morte mocinho.

Lucas abre um sorriso e diz.

- Jamais. Queria ser igual o Mike, mas não deu muito certo.

- Você não é o Mike -disse Julia- mas pode ser forte, como estou tentando ser.

- Eu vi você durante essas semanas, enquanto tomava coragem pra falar.

- Viu? Então já se mostrou corajoso pra vir até mim, mesmo estando armada -disse colando a mão na arma- e do jeito que eu estava com raiva de você, te daria um tiro sem pensar.

Lucas arregala os olhos de medo e Julia com um sorrido sarcástico dá um abraço nele dizendo.

- Estou te zoando besta, você é meu amigo!

Lucas respira aliviado e ambos andam lado a lado até a casa de Julia conversando e a mesma diz.

- Tem umas pessoas querendo nos atacar, você sabia?

- Sim. Os tais Fanáticos, fiquei sabendo do primeiro ataque deles, o que matou a irmã da Jade e a ordem sobre não trazer mais pessoas, mas o Mike desobedeceu e por causa disso ele me achou sozinho, com muita fome e medo, eu ia morrer se não fosse ele, mesmo quebrando as regras da Jade ele me trouxe, me contou a história do ataque, foi assim que fiquei sabendo dos fanáticos e virei fã dele.

Julia surpresa diz.

- Ele fez isso com minha família também

- Viu? É por isso que quero ser como ele, faz o certo acima de qualquer regra, ele salva pessoas, nunca teríamos nos conhecido se não fosse ele.

- Verdade, agora entendi porque você é o fã número um dele. -Risos.

- Vou fazer igual você Ju, enquanto você treina com a Jade, vou pedir pro Mike me treinar.

- Boa! Aí vamos disputar quem mata mais infectados.

Lucas balança a cabeça em sinal afirmativo. Chegando na casa de Julia a mesma diz.

- Agora vou admirar meu novo presente, amanhã nos vemos?

- Sim!!

- Ótimo.

A garota da outro abraço nele e diz.

- Seremos muito fortes!

Lucas retribui o Abraço e fala.

- Seremos os melhores.

Julia entra e Lucas com um sorriso no rosto segue seu caminho.

•••

Enquanto isso, Jade e Maria vão até a casa onde está tendo a reunião, chegando lá, Jade vê todos reunidos discutindo.

- Já faz mais de uma semana e nada de ataque! -Disse Victor.

- Viu Victor? -Richard retruca- seu jeito não trouxe nada!

Cobra intervém dizendo.

- Ei vocês dois, temos problemas maiores do que brigas internas.

- Concordo com Cobra -disse Carol- se realmente ele nos enganou, temos que ficar ligados sempre!

- Vamos ataca-los! -Marcos grita- Eles devem estar nos vigiando agora.

-E por acaso você sabe onde eles estão? -Pergunta Richard.

- Se eles estão nos viajando e as vezes atacando, não devem estar muito longe. -Exclamou Lice.

- Isso Lice! -Afirma Marcos- Se fizermos algumas rondas escondidos podemos chegar nesse Éden que o fanático falou.

- O que está acontecendo aqui?

Jade os interrompe e Maria fala.

- Estamos discutindo sobre o que o fanático falou, de um possível ataque, mas já se passou duas semanas e nada!

Jade olha para todos e vê Mike de canto calado só ouvindo, ela vai até ele e pergunta.

- Mike, o que acha disso tudo?

Mike olha para todos e diz.

- É o óbvio, foi uma armadilha, já tinha falado isso com o Richard nessa semana, certo amigo?

- É o que suspeitamos.

Victor os interrompe dizendo.

- Minha tortura foi perfeita, ele realmente contou a verdade.

- Sim Victor -disse Richard- ele contou o que falaram pra ele contar caso fosse pego, como falei com Mike, esse tal Metatron é esperto e parece que ficamos essas semanas com medo de algo que nunca iria acontecer.

- Então isso quer dizer? -Pergunta Cobra.

- Mordemos a isca desse filho da puta! -Disse Richard.

Todos começam a falar ao mesmo tempo e Jade começa a passar mal, ficando meio tonta até que ela grita.

- Chega!!!

Todos se calam e Marcos fala.

- Senhorita Jade, como você é a líder dessa comunidade, o que você sugere?

- Resolvam vocês, desculpa, mas não estou em condições de tomar decisões no momento.

- Claro que não -disse Victor a desafiando- prefere ficar de babá ao invés de tentar nos ajudar, que bela líder você é.

Jade aponta o dedo na direção de Victor e fala.

- Você não sabe de nada, nem o porquê de eu estar fazendo o que estou!

- Então me diga -Victor fala chegando próximo de Jade- o treinamento daquela garota é mais importante do que um ataque em massa de um louco filho da puta?

Richard se põe entre os dois ficando cara a cara com Victor e diz.

- Ei, a garota é minha filha e se a Jade diz que não está em condições de tomar decisões, como bons companheiros devemos tomar por ela ok?

Jade fica surpresa com a atitude de Richard e fala.

- Obrigada Richard.

- Sem problemas.

Victor encarando Richard diz.

- Quer tomar a liderança "exceção"?

- Só estou fazendo o que é certo.

- O seu certo vai nos matar, você não é e nunca será um líder!

- E você é?

- Sem a Jade sou o melhor aqui.

Lice fica entre os dois e fala

- Gente, os verdadeiros inimigos estão lá fora.

Jade se retira e Maria fala.

- Ei espere Jade!

Cobra põe a mão em seu ombro e diz.

- Deixa ela ir Ma, só está colocando a cabeça no lugar.

- Se ela continuar assim, alguém vai botar uma bala na cabeça dela. -Disse Victor.

Mike se levanta e fala.

- A melhor coisa e ficarmos muito espertos, caso haja um ataque surpresa.

Marcos o interrompe.

- Mike, respeito sua opinião, mas é melhor termos o efeito surpresa ao nosso favor.

- Tenho que concordar com Marcos -disse Carol- eles não estão esperando um ataque nosso, vamos acabar com isso logo.

Lice olha para Richard e diz.

- Então Ri? O que acha? Devemos ficar aqui ou achá-los e acabar com isso?

Cobra, Carol e Marcos ficam esperando a resposta de Richard que fala.

- Eu? Por que me põe nessa situação? Não sou o líder.

Mike diz.

- Mas pode ser, você é esperto e estamos sem.

Victor os interrompe.

- Espera aí, por que estão o colocando como líder?

- Eu não sou líder de nada, se você quer esse posto Victor, fique com ele, fala o que devemos fazer?

- Vamos fazer os dois, -disse Victor- iremos em duas equipes pequenas para achá-los, três em cada está bom e o resto fica aqui mais preparado do que nunca, Maria você vai começar a aprender a usar armas, de acordo?

- S-sim senhor.

- Ótimo.

Richard pergunta.

- Feliz Victor?

- Melhor impossível.

Com o término da reunião, todos saem da casa e Richard vai caminhando até o túmulo de seu pai, chegando lá ele se senta bem em frente, respira fundo e fala.

- Pai, depois que você se foi, tudo ficou mais difícil, -Richard olha para o céu- queria que estivesse aqui pra me orientar, estou tão perdido, na verdade estamos todos perdidos.

Enquanto pensava, ele ouviu uma voz gritando.

- Eiii, Richard!!!

Quando ele olha para trás, vê Lice vindo em sua direção.

- O que está fazendo? Conversando com mortos?

Ele dá uma risadinha e diz.

- Estou tentando pegar uma orientação.

- Acho que posso ajudar.

- Só se tivesse uma bomba pra jogarmos no Éden e acabar com tudo isso.

Ambos riem, Lice se senta ao lado de Richard e agarra seu braço dizendo.

- Não tenho uma bomba, mas posso te ajudar a pensar numa saída.

- Tomara. Ei, por que o Victor ainda me odeia tanto?

- Não faço ideia.

Eles olham um pro outro por alguns segundos e começam a rir do nada.

- Ele é doido então. -Disse Richard sem jeito.

- Deve ser.

- Ei Lice, obrigado por ter ficado do meu lado nessas últimas semanas.

- Não sou só eu, Mike, Cobra e Carol também estão.

- Eu sei, mas, você me trata diferente deles, por quê?

- Eu...eu não sei, você é... diferente pra mim.

- Diferente como?

- Você é uma pessoa boa Ri, como Mike disse: você pode ser nosso líder, Jade está um pouco, ausente.

- Não, não quero ser um líder, não consegui proteger meu pai, imagina uma comunidade inteira.

- Eu posso te falar um segredo que talvez você não saiba ou se nega ver?

- O que é?

- No dia em que você trouxe o fanático e abriu os olhos da Comunidade, todos estão falando de você.

- O que estão falando?

- Sobre qual será a sua ordem para nos defender da nova e velha ameaça.

Richard balança a cabeça e diz.

- Mentira.

- É verdade, pergunte a qualquer um, você querendo ou não, eles te enxergam como um líder, a Jade nunca fez o que você fez, sumir e voltar com um inimigo e tirar informações dele na força.

- Então você se aproximou de mim por que acha que posso liderar?

- Não! Me aproximo de você cada vez mais porque eu te a... porque eu quero que vc fique bem, e veja a situação.

Richard faz um carinho no rosto de Lice e diz.

- Eu não sou e nem quero ser líder, também não sou juma pessoa boa.

- Todos nós fizemos coisas ruins e isso não nos torna necessariamente pessoas ruins.

Lice fica com segurando a mão de Richard e aproxima seu rosto do dele, ele fica paralisado e ela se aproxima mais ainda e quando tenta beija-lo, Richard vira o rosto e se levanta dizendo.

- Acho bom irmos embora.

Lice se levanta e vai atrás dele dizendo.

- Richard! Volte aqui.

Ele olha para trás e diz.

- O que foi?

- Por que sempre que tento me aproximar de você, você se esquiva?

- Eu...eu não... você não entenderia.

- Não sou burra, me explique!

- Você quer explicação? Aí vai, não quero me apegar a mais ninguém, não quero sofrer de novo, não posso me apegar a você e sofrer vendo você morrendo, não dá!

Lice fica sem reação e Richard continua.

- Me desculpa, não quero que você sofra por mim nem eu por você.

Ele vai embora e Lice sem reação e sem palavras se vai também, chegando em casa já de noite, indo tomar um banho e colocando a cara de baixo da água, Richard fala bem baixinho.

- Pai me ajuda, o que eu faço?

Lágrimas se misturando com a água do chuveiro. Indo se deitar em sua cama, mas não conseguindo dormir, tem tantas coisas que ele tem medo, mas, tantas coisas que quer fazer, as horas se passam e nada de pegar no sono, rolando de um lado pro outro da cama tentando esquecer Lice, mas isso é impossível pois nessas horas quem manda é o coração, Richard olha para o teto do quarto e diz.

- Eu não aguento mais pai, espero não me arrepender.

Richard se levanta, vai caminhando até a porta e sai de casa no meio da madrugada, correndo de cueca, uma camiseta azul clara e descalço ele vai até a casa de Lice e dá um grito muito alto.

- LICEEE!!!

Richard estava ofegante e finalmente Lice abre a porta dizendo.

- Richard? Mas o que....

Richard a interrompe com um beijo, eles vão entrando na casa dela se beijando até o quarto de Lice, um tirando a roupa do outro e por fim chegando na cama, Richard a beija seus seios e entre gemidos eles finalmente se entregam um para o outro.

De manhã Lice acorda e Richard está sentado na beira da cama, a moça fala com uma voz doce.

- Ei, no que está pensando?

Richard vê que ela acordou, deita do seu lado e diz baixinho.

- Se o que fizemos foi o certo.

Lice passa a mão em seu rosto e diz.

- Se foi o certo ou não eu não sei, mas que foi bom isso não tenha dúvidas.

Richard dá um sorriso e a beija dizendo.

- Ficaremos juntos para sempre então.

Richard se troca e se despede de Lice indo embora com algumas roupas emprestadas ele se depara com Jade e a mesma diz.

- Oi, estava na Lice?

- Oi, estava.

- Ah sim, ela é legal, vocês... combinam.

- Obrigado.

- De nada. Ah e valeu por ontem, na reunião, você sabe que o que estou fazendo é muito importante pra mim.

- Eu sei, eu não conseguiria, eu que tenho que te agradecer na verdade.

- Então estamos os dois agradecido um com o outro, eu tenho que ir encontrar a pirralha.

- Sim. E como ela está no treino?

- Ótima, do jeito que eu queria.

- Bom, e eu tenho que ir também.

- Ok.

Ambos se comprimento com um aperto de mão e seguem seus caminhos.

Chegando até Julia, Jade diz.

- Vamos atirar um pouco?

Julia toda animada diz.

- Sim! Estou louca pra atirar de verdade igual você!

- Você fez o que eu pedi?

- Sim. Carreguei e descarreguei o pente várias vezes -risos- estou com a mão machucada.

Jade solta um sorriso e fala.

- Faz parte, então atire!

Julia aponta a arma na direção das latas e após alguns disparos e horas a menina fala.

- Acertei vários hoje, viu? Sem derrubar a arma.

-Eu vi pirralha, está melhorando.

Julia coloca a arma no coldre e Jade pergunta.

- O que houve? Se cansou?

- Não é isso, é tem algo me incomodando.

- O que é?

- Meu pai.

Jade põe as mãos na cintura e fala.

- Sente-se aí e me conte.

As duas sentam na grama e Julia começa.

- Eu acho que ele não me ama mais.

Jade não entende e pergunta.

- Por que acha isso?

- Não nos falamos mais como antes, ele não me trata como antes.

- E nem você nem ele são os mesmos de antes. Olha pirralha as coisas mudaram muito, nosso problema não é mais só os infectados, existem pessoas muito ruins querendo nos atacar.

- E o que isso tem a ver com meu pai?

- Tudo. Eu me dediquei a te ensinar a matar, a se proteger e ele se dedicou a proteger todos nós. Mesmo seu pai não querendo, as pessoas aqui o veem como um líder, pelas últimas atitudes que ele tomou.

- Mas e você? As pessoas não te veem mais como líder?

- Nem eu mesma me vejo como uma líder mais.

- Por quê?

- Jurei te ensinar até que possa se virar sozinha.

Julia abre um sorriso e diz.

- Que bom, mas e a minha relação com meu pai?

- Aí que está, ele te ama mais do que tudo, tudo que ele faz, ir nas rondas, matar esses fanáticos, proteger esse lugar, tomar as decisões certas, ele faz tudo isso por você, porquê ele te ama muito e não quer que nada de ruim aconteça com você, amar uma pessoa não é só dar carrinho e beijos nela, é a manter a salvo sempre contigo, isso tudo que eu falei que seu pai faz é uma forma de amar, de te amar pirralha!

Julia fica sem palavras ao ouvir tudo aquilo, pois nunca teve essa visão de seu pai, então ela diz.

- Verdade, no dia em que ele trouxe o fanático e fez ele falar aquelas coisas. Eu não tinha reparado nessa forma de amar.

Julia se levanta e fala.

- Agora me sinto melhor, voltemos ao treino?

Jade também se levanta e fala com sorriso no rosto.

- Sim.

Jade arruma os alvos e Julia se prepara.

- Atire!!

Um mês se passa e Jade treinava Julia em disparos, lutas corpo a corpo e como usar a faca e em um dia, Richard ia fazer sua ronda, tanto atrás de suprimentos quanto atrás do Éden, ele disse a todos que preferiria ir sozinho para não chamar a atenção, então o mesmo pega sua arma, entra em um dos carros e se vai. Parando numa pequena região com algumas casas, ele desce do carro e começa a vasculhar os lugares, com sorte encontrando alguns suprimentos de rotina, indo até o que antes era um parque, em meio as árvores alguns infectadas o percebem, Richard empunhado de seu facão vai à luta, acerta o primeiro no peito e mais dois na cabeça, se esquiva de outros para pegar distância e atacá-los, mas vem mais infectados, Richard quase é obrigado a usar a arma, e enquanto ele lutava, um infectado vem por de trás dele sem o alertar, chegando cada vez mais perto, quando ele coloca suas mãos em Richard para finalmente mordê-lo, alguém acerto um tiro bem na cabeça do infectado, antes que Richard pudesse se virar completamente para ver quem o salvou, ele escuta uma frase.

- Oi pai.

Ao se virar totalmente, vê Julia segurando a arma com as duas mãos, com um sorriso sarcástico e seu cabelo estava preso tipo coque, igual ao de Jade.