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Cama dura, comida uma merda, e horários ridículos. Sem contar com a merda de ser uma novata. No começo é ruim. O medo de ter que virar uma escrava de alguém na cadeia é real. Mas depois de um tempo ser a escrava não é tão ruim. Pelo menos temos proteção da maioral aqui. Ninguém liga pra você. Os agentes quer mais que você morra. Se está aqui é porque alguma merda você fez pra estragar sua vida. E eu fiz. Há dois anos eu dei três tiros no meu pai pra proteger minha irmã. Fui acusada de homicídio não culposo mais mesmo assim peguei 3 anos de prisão.
Fiquei totalmente a mercê pois eu não tinha mais o que fazer. Eu havia matado meu próprio pai, minha irma foi parar no hospital e eu presa por Homicídio e agressão por conta da minha irmã. Mas três meses depois fui inocentada da agressão diminuindo minha pena para 2 anos. Apesar de eu ter tentado de todo o custo falar que foi em legítima defesa, pois era exatamente o que tinha acontecido. Mas era a minha palavra contra três tiros. Eu perdi de qualquer forma. A prisão é o pior lugar que eu poderia estar. Ser a novata é pior ainda. É carne nova e todas por aqui gosta de carne nova. Ser basicamente "escrava" aqui, é como conseguir ouro. Proteção das detentas que tem aqui pra quem é novata é como viver em um mar de rosas na nossa situação. Mas apesar de tudo isso, e pela sorte eu não tive problemas. Quando cheguei aqui meu único objetivo era cumpri a pena e sair o mais rápido que eu poderia. Depois de um tempo conheci Elena. Já está aqui há 7 anos e tem mais 5 para cumprir. Foi a única amizade que eu realmente vi, e como sendo a novata eu consegui sendo amiga dela uma estadia tranquila. Hoje finalmente é meu último dia aqui, amanhã de manhã eu vou ser liberta e poderei ir atrás de minha irmãzinha. Estou louca de saudade. Nunca recebi nenhum visita, afinal de contas meus pais estão mortos e não conheço ninguém da minha família. - Ei- olho pra cama de baixo encontrando Hila, uma menina que entrou aqui a pouco tempo.- Você sai amanhã né.- ela sussurra pra não acorda as outras detentas. - Sim.- me limito a responder. - Nem o que será de mim sem você aqui...- ela lamenta. Quando ela chegou aqui há uns dois meses eu a peguei. Foi presa por tráfico de drogas , sendo mula. Era nova e inteligente, mas precisava de grana pra faculdade, acabando fazendo essa merda. - Você vai ficar bem. Elena prometeu cuidar de você quando eu não estiver mais aqui.- respondi voltando a ficar direito na cama dura. - Mas será que vai? - Elena é assassina, mas não mentirosa.- respondi baixo. - Como se não fosse a mesma coisa.- ela retruca. - Da pra as duas vadias cala a boca que quero dormir!- uma detenta fala. - Foi mal.- respondi- Vai dormir Hila. - Tudo bem.- ela responde e sinto ela se meche na cama. Eu não conseguiria dormir de qualquer jeito. A ansiedade percorria meu sangue. O que eu vou fazer quando sair daqui? Procurar a Jade primeiro? Onde será que ela está? Pra quem meu pai vendeu a minha irmã? Só de imaginar o que ela pode estar passando sinto raiva. E em cada raiva que eu sinto, vejo que não posso me arrepender de ter matado meu pai. Mas no final de tudo eu faria diferente. Não o mataria. Teria fugido pra bem longe dele. Respiro fundo olhando para a mini janela que tinha na cela. Não dava para ver nada além do muro e os arame farpados que dizem que da choque. Eu duvido muito mas também nunca arrisquei. Decido fechar os olhos e imaginar uma vida boa com a Jade. Só eu e ela. ############## Tiro a roupa laranja e a lingerie beje que dão na cadeia. Mexo no saco onde guardaram minha roupa de dois anos atrás. Pego a lingerie preta que eu estava usando quando eu vim pra cá e visto junto coma calça e a blusa vermelha. Calço meu tênis, que era o único que tinha. Olho no pequeno espelho e digo pra mim mesma: " Você está livre Eve. Livre!" Saio do banheiro e uma agente estava esperando. Entrego a roupa a ela e vamos saindo. Ela deixa a roupa com uma detenta que era responsável pela recepção. Aqui todo mundo trabalha. Eu ficava na função de passar e dobrar as roupas das detentas. Todos os dias. Saímos por um portão e estamos na recepção principal. Onde ficamos esperando para a entrada oficial na cela. - Assina aqui.- ela me dá uma prancheta com alguns papéis.- E nas outras dias também.- ela diz me entregando a caneta. Assino rápido e lhe devolvo. Ela vai até o balcão e pega um pacote.- Seus pertences. - Obrigada- agradeço e pego o pacote. A segui e saímos no pátio onde damos de cara em um grande portão. A única coisa que me divide da liberdade agora. - Até mais Carter.- a agente diz. - Adeus- rebati com ela sorrindo desacreditada. Nunca mais volto. Deus me livre. - Assim espero.- ela diz e dá as costas. Vou andando até o portão e quando chego o agente abre o portão. Saio de colocando meu pé direito primeiro e logo em seguida ficando totalmente fora do presídio. Escuto o grande portão ser fechado atrás de mim. Eu tô livre. Olho pra trás e sorrio pro portão cinza rato. - Eu tô livre.- falei só pra mim. Olho pro pacote em minhas mãos e abro. Um anel da minha mãe, um relógio e um cordão. Junto a foto da Jade. Beijo a foto guardando ela no bolso. Coloco o anel e o cordão. O relógio marcava nove da manhã. Pelo menos estava certo. Coloquei ele no pulso e olhei para a estrada. Uma enorme estrada. Deve ser quase 15 km daqui até a cidade. Tem ponto de ônibus mas eu não tenho um tostão. Tenho que ir andando. Começo a andar na direção da cidade. O sol estava começando a esquentar e não tinha nenhum resquício de sombra. Alguns minutos andando, ouço barulho de carro e olho pra trás. Ele vinha distante. Pensei em pegar uma carona, mas o meu medo de ser uma Jack estripador é maior então decido não fazer isso. Não demorou muito pro barulho do carro chegar perto e começar a andar juntamente comigo. Parei e o carro parou também. O vidro do carro foi abaixado revelando um cara loiro de terno. - Posso ajudar?- perguntei me afastando um pouco. Se algo acontecer talvez eu consiga correr. - Eve Carter?- ele pergunta e eu franzo minha sobrancelha. - Quem é você? - Sou Jonh Sparks. Trabalho para Sebastian Cooper. Vim a mando dele. - Eu não conheço você, e muito menos ele.- voltei a andar na mesma direção deixando o cara no carro. Ele acelera um pouco e começar a andar perto de mim - Ele está com a Jade.- paro e o carro para junto. Olho pro cara que continua no banco do motorista. - O que?- perguntei. - O senhor Cooper esta com sua irmã. Ele está pedindo sua presença para falar da mesma.- ele diz em tom profissional. - Como vou saber se você está falando a verdade? - Desculpe senhorita, mas eu não tenho que lhe provar nada.- ele desce do carro e vai até a porta de trás abrindo.- Por favor.- ele indica pra eu entrar no carro. - Eu não vou entrar aí.- falei dando um passo pra trás. - O meu dever é levar a senhorita até o Senhor Cooper. Com sua permissão ou não.- ele diz sério ainda com a mão na porta. - Você não é nem doido.- voltei a andar deixando ele lá. - Senhorita Carter... - Eu não vou entrar na porra dessa carro e foda se.- continuei andando. Não ouvi o carro vindo atrás de mim. Presumi que ele tinha desistido, mas foi engano. Quando menos espero ele me pega e me coloca em seus ombros. Solto um grito pelo susto. - Me solta.- grito e me debato.- Seu merda.- começo começo dar soco nas suas costas. Ele começa a andar na direção oposta que eu estava indo. - Preciso aparecer lá com a senhorita. Sinto muito. - Eu juro que eu vou dar um soco na sua cara seu babaca.- Eu grito ainda me debatendo. Ele me solta solta vejo que estamos em frente ao carro novamente. - Agora pode fazer o favor de entrar no carro senhorita Carter?- ele ajeita seu terno voltando a sua posição profissional.- Achei que se importa com sua irmã. - E me importo. Você não sabe de nada- ajeitei minha blusa desviando meu olhar dele. - Então venha comigo. Ela está animada para lhe ver.- o olhei. - Ela sabe que eu fui presa?- perguntei assustada. Por mim Jade nunca saberia. - Não. Ela acha que você precisou viajar para trabalho. E que agora é voltando.- desviei meu olhar pra estrada. Será que não vou ter paz nessa vida? Nunca. - Se você tentar alguma coisa... - O senhor Cooper me mata. Tenho família e filhos senhorita Carter. Não pretendo morrer agora.- ele sorriu sem mostrar os dentes. Suspirei fundo chegando perto da porta. - Eu sou perigosa!- falei fazendo cara de mal. O que eu acho que não deu muito certo pois ele sorriu. - Não duvido.- ele respondeu. Entrei no carro e ele fechou a porta entrando logo em seguida no lugar do motorista. Que seja apenas a verdade.