Capítulo 5 Tudo pode mudar...

Quinze horas da tarde

Juan Carlos Salazar Penedo é o menino mais lindo de todo mundo e nasceu exatamente como eu sonhei. Seus cabelos negros, sua bochecha rosadas, sua pele clara, está tudo ali. Seus olhos castanhos me encaram o tempo todo. Eu passaria minha vida toda olhando só para ele.

- Olha quem chegou para a visita - diz Carlos na porta com meus pais.

Eles se aproximam querendo ver meu filho. Meu pai o coloca nos braços e pela primeira vez o vejo sorrir após meses. Ele fica ninando Juan que não parece gostar muito de sua presença... provando ser meu filho.

- Vieram verificar se ele não irá precisar de protetor solar? - questiono sem deixar passar a brincadeira do jantar.

- Claro que não - diz meu pai - Vim conhecer o próximo da linha dos Penedo.

- O Juan é lindo - elogia minha mãe. Ela se aproxima de mim e diz - Só um conselho: nunca tire os olhos do seu bebê após o nascimento.

- Por quê? - pergunto, preocupada.

- Porque criança sempre surpreende e nem sempre de uma forma boa - diz minha mãe, séria.

- Cheguei - diz minha irmã na porta. Mais do que rápida ela vai até Juan e o pega dos braços do meu pai - Quem é o galã da titia?

Eles ficam um bom tempo até a enfermeira despachar a todos e me deixar descansar.

***

Dezoito horas da noite.

- Hora de levantar, mãezinha - chama a enfermeira me acordando - Você precisa levantar, tomar um banho antes da janta.

- Tudo bem, mas o Juan? Quem irá olhar? - pergunto, preocupada - Meu marido ainda não voltou de casa.

- Eu o olho enquanto você tomará seu banho - diz a enfermeira.

Levanto da cama e me sinto como nova, nem parece que passei por um parto normal. Entrei no banho e relaxei. Assim que sai me olhei no espelho, ainda tenho uma barriga saliente, como se estivesse grávida, mas nada de mais. Começo a pentear o meu cabelo e então tudo começa a rodar...

- Enfermeira- chamo.

Então tudo ficou escuro.

****

Abro meus olhos e estou deitada na cama com um médico e a enfermeira do lado. Em minha mente a única coisa em que penso é no Juan. Tento levantar, mas a enfermeira não deixa.

- Você precisa descansar - explica o médico me olhando - Apesar de você estar se sentindo bem, seu corpo precisa de um descanso apropriado.

- Onde está, Juan? - pergunto com dificuldade.

- Ele foi para o berçário, mas daqui a pouco ele volta. Só descanse - diz a enfermeira.

Então deito na cama e relaxo, apagando mais uma vez.

****

Meia-noite.

Acordo com a enfermeira entrando com Juan. Ajeito-me na cama e seguro meu filho nos braços. Juan Carlos não chorou e nem mamou muito à noite. Até pela manhã, ele só mamou um pouco e voltou a dormir.

***

11h50 da manhã.

- Almoço - anuncia a enfermeira entrando com a bandeja.

Olho para Juan que dorme tranquilamente ao meu lado, então pego a bandeja e vou até minha mala pegar o talher, foi então que olhei para o meu filho e vejo meu mundo desabar: Juan está roxo e com os lábios brancos.

Jogo a bandeja no chão e corro até meu filho, pegando no colo e saindo pelo corredor, descalça a procura de um médico... enfermeira... qualquer pessoa que possa salvar meu filho. Quando vejo uma vindo em minha direção entrego Juan.

- Ele não está respirando - digo chorando - Por favor, me ajuda.

Ela o leva para uma sala e eu a acompanho até a porta, lá tem outros médicos que quando veem meu filho, correm até ele. Então a enfermeira fecha a porta não me permitindo ver o que aconteceria ao meu Juan.