_ Certo Jardel, você venceu. Ate porque hoje estou realmente cansada e sua carona vai me ajudar, pois não estou conseguindo chamar um aplicativo.
_ Menina, a partir de hoje você está proibida de andar de aplicativo, você não assiste jornal? Um assaltante roubou um caro de aplicativo e cometeu vários assaltos na cidade enquanto o motorista estava desmaiado no porta malas do carro.
_ Eu não estava ciente Jardel, mas eu não tenho carro, AINDA, e pelo horário preciso usar o aplicativo.
_ É por isso que Jardel está dizendo que você não precisa se preocupar, ele, Cristian ou eu te levaremos em casa. Marcell falou após se aproximar depois de ouvir a conversa. Ele estava esperando uma chance de se aproximar e Jardel deu a ele essa oportunidade.
Lisa abaixou a cabeça para evitar contato visual e respondeu que ele não precisava se preocupar, ela era apenas uma funcionaria e não queria dar motivo para qualquer pessoa falar sobre ela.
Marcell percebeu que seria difícil se aproximar dela e por experiência própria, sabe que ela tem uma historia e não quer que outros tenham conhecimento.
_ Vamos indo Jardel? Lisa fala tentando fugir do momento em que se encontra.
Jardel olha para Marcell e entendeu que seu chefe está caidinho por Lisa, ele pisca para Marcell e se despede, levando Lisa com ele para o estacionamento. O carro de Marcell é um Honda Civic 2022, laranja, muito bonito. Em menos de 15 minutos eles chegam ao apartamento dela na Asa Norte. Apesar de não querer, ela convida Jardel a subir e tomar um chá, ao que ele aceita sem cerimonias.
Já no apartamento, Jardel não consegue manter a curiosidade e pede permissão para olhar tudo, ao que Lisa mesmo não gostando permiti. Ela mostra a ele os quartos, sala, varanda, banheiro e cozinha. Jardel percebe que não há fotos no apartamento, nenhuma, nem dela ou de qualquer outra pessoa, o que o deixa um pouco intrigado, mas resolve abordar isso noutra oportunidade, pois percebeu que ela está um pouco desconsertada.
Lisa termina de preparar o chá e leva para a varanda onde tem uma mesa de centro e duas poltronas, ela senta-se numa e convida a Jardel a sentar-se na outra. Ele nota que apesar dela estar sentindo-se desconfortável ela faz o que pode para deixa-lo à vontade e isso faz com que aqueca o coração dele, ele já a vê como uma irmã que precisa ser cuidada e amada.
_ Lisa, sinto que você está desconfortável, mas fique ciente que não vou perguntar nada sobre tua vida e se algum dia quiser conversar sobre, estarei sempre aqui para te ouvir. Mas agora me fala sobre aquele homem barbado que chegou com o primeiro grupo, sei que ele é gay e ele é bem o meu tipo e como estou solteiro quero saber tudo o que posso a respeito dele. Quem sabe sou abençoado e ele se torna meu namorado? Fala piscando um olho para Lisa que acaba sorrindo um pouco.
Lisa assente ao que Jardel fala e fica vermelha com a segunda parte que ele se referiu. Ela já imaginava que Felipe era gay, mas nunca se aproximou o bastante para ter certeza. Jardel conseguiu avançar um pouco contra as barreiras de Lisa e ela já se sente um pouco mais confortável na presença dele e quando eles olham a hora já são quase 4h30 da manhã. Lisa convida Jardel a ficar para dormir e ele aceita, não vai perder a oportunidade de se aproximar dela. Ele sente esse senso de proteção que grita em sua alma para que cuide dela. Ela entrega a ele uma toalha, lençóis limpos e um blusão para que ele use para dormir, pois como ela nunca recebeu visita antes, não tem roupas extras para oferecer. Enquanto Jardel toma banho, Lisa trocou os lençóis da cama do estúdio, colocou fronhas limpas e cobertas para que ele se embrulhe caso queira e como é um estúdio, o quarto é a prova de som.
Jardel termina e entra no quarto vestindo o blusão que ela lhe deu e sua calca que trocou antes de sair do trabalho, quando ela esta terminando de trocar as roupas de cama e comenta que o quarto é bonito, ainda que seja um estúdio. Ela responde que às vezes fica tocando o violino após chegar do restaurante e que as vezes dorme ali, por isso ela acolchoou o quarto, assim o som não se propaga e tão pouco incomoda a seus vizinhos.
_ Posso te ouvir tocar uma música?
_ Quando acordarmos eu toco, tenho estudado as Suítes de Bach para apresentar nessa nova temporada.
_ Feito. Vá descansar. Também já vou deitar. Faz tempo que não fico acordado até tarde conversando com alguém que não vou levar pra cama.
Lisa travou na hora e isso não passou despercebido, Jardel pede desculpas pela brincadeira e pergunta se pode dar um abraço nela, que ela não precisa ter medo dele, ele é 100% gay e ele sente em seu coração que ela é alguém especial para ele e ele quer cuidar dela. Lisa ainda está sentindo-se desconfortável ao que nega o pedido, pede desculpas e saí do quarto deixando Jardel sozinho com seus pensamentos.
Lisa foi para o banheiro e enquanto tomava seu banho não conseguiu segurar as lagrimas e começou a chorar. Após Lisa ter saido do quarto, Jardel não conseguiu ficar quieto e foi pra sala esperar por ela, ele precisava se desculpar com ela e acaba escutando ela chorar. Aquilo lhe parte o coração. Ele não sabe o que, mas sabe que ela está muito machucada e isso explica o seu comportamento. Quando Lisa sai do banho ela dá de cara com Jardel sentado no sofá na sala. Ela para e fica o olhando enquanto ele se levanta e se aproxima dela, antes que ela fuja, ele já a capturou em seus braços e abraça forte enquanto sussurra em seu ouvido fazendo-a chorar ainda mais.
_ Lisa querida não sei quem foi que te machucou assim, mas saiba que jamais farei qualquer coisa pra te machucar. Desde nosso primeiro contato senti uma ligação contigo, e você sabe que sempre tentei me aproximar de ti. Não tenho nenhum outro interesse além de estabelecer uma amizade verdadeira e duradoura contigo. Por favor, me perdoa se disse ou fiz algo que te magoou, não foi minha intenção.
Lisa já está aos prantos novamente, eram quase 6 horas quando eles finalmente adormeceram, pela primeira vez, lisa dormiu nos braços de alguém e sentiu paz, pois ela chorou até dormir. Chorou tudo o que tinha guardado pra si durante todos os anos em que sofreu no passado.