Ragnarok : A Guerra Milenar.
img img Ragnarok : A Guerra Milenar. img Capítulo 5 Solo de Guerra.
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Capítulo 6 Lição de Vida. img
Capítulo 7 Sensação de Falha. img
Capítulo 8 Passado Esquecido. img
Capítulo 9 A Cidade que Nunca Dorme. img
Capítulo 10 Cidade Noturna. img
Capítulo 11 Espinhos da Rosa. img
Capítulo 12 Festival Lunar. img
Capítulo 13 Cidade Ensolarada img
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Capítulo 5 Solo de Guerra.

Solo De Guerra.

Capítulo 5

Tempos Atuais.

Point Of View - Silena.

Até onde eu sei, foi aqui que eu nasci, o sul era descrito como um lugar frio e mortal para aqueles que viviam sobe a presença do sol, mas diziam haver uma beleza inigualável neste lugar, ao anoitecer a lua se camuflava com a neve, o sol das manhãs ao bater no solo, fazia tudo parecer cristal, as árvores por serem do local, não congelavam, mas tinham uma cor azul claro que fazia tudo ser mais belo, aqui os rios eram flutuantes, vagavam pela floresta azulada com beleza, ninguém ousava tocar pois congelaria até mesmo o sol, eu sonhava em ver o rio flutuando, os peixes gélidos nadando junto a ele, mas não há nada aqui.

Nada aqui está azul como o descrevido, apenas há a cor cinza que trás uma tristeza sem fim, tudo que vi está morto, não há plantações e nem árvores, apenas vilarejos caindo aos pedaços, pessoas chorando e resmungando pelos cantos, com fome e dor, as florestas foram destruídas e tornaram-se campos de combate, estou em uma vila um pouco distante dos campos, mas ainda consigo ouvir os estrondos que as mágias causam ao se chocarem, as pessoas não parecem se importar com isso, já estão acostumadas, com a guerra, o perigo de viver aqui, como River pode estragar tudo dessa maneira?

- Obrigada por me trazer Robin. - Agradeci de repente enquanto caminhamos pela vila acizentada, Robin me encarou surpreso pela primeira vez, nesse meio tempo acabamos virando amigos, ele me salvou mais de três vezes em nossa vinda até aqui, e acabei percebendo que seu jeito idiota de ser, não passa de uma barreira protetora que ele mesmo criou por algum motivo desconhecido, mas aparentemente ele se importa comigo, Ishtar sempre me disse que algum dia eu formaria amigos que se tornariam minha família, pensei que a primeira seria Freya, mas Robin mudou as coisas. - Sei que disse que não tem família, mas quero que saiba que depois disso, somos amigos, e amigos são parte da família. - Falei e dei um leve soco em seu ombro, vi seus olhos brilharem de uma forma gentil.

- Foram apenas dois dias, e já sou da família? Você é muito sentimental. - Ele falou soltando um riso nasal, a dois dias atrás eu ficaria irritada com seu comentário, mas ri levemente atraindo a atenção dele que sorriu abertamente para mim, sei que ele ficou feliz com o que eu disse, mas também pude ver receio em seus olhos, me pergunto se a família de Robin foi morta, ou se ele cortou os laços com eles, ele assim como Ishtar, aparentam ser pessoas que sofreram bastante, não é pra menos, eu não faço ideia do que já aconteceu na guerra milenar, mas ao ver este lugar, consigo ter uma ideia das coisas, todos estão sofrendo. - Vamos pegar sua amiga, e dar o fora daqui. - Ele falou e segurou meu pulso se forma leve, logo me puxou para que eu ande mais rápido.

Pensei em questiona-lo sobre a coisa que ele queria aqui no sul, mas não quis ser intrometida, porém, até o momento ele não falou o que tanto buscava, imaginei que quando chegássemos aqui ele iria se separar de mim e buscaria o que deseja, mas agora só aparenta querer encontrar Freya, e eu não faço ideia de onde ela está, como este é o vilarejo central, creio que ela esteja aqui, é melhor para conseguir alimento neste lugar horrível, os outros vilarejos não devem ter mantimentos, sofrem mais do que este que é visivelmente destruído, devem sofrer bastante para pegar comida além da barreira já que os animais se espantam com as lutas.

- Eu não sei onde Freya está, é..- Comecei a dizer após passarmos por várias ruas, perguntando por Freya e Magnus, todos ali pareciam conhece-la, mas como somos estranhos, nenhum deles quis responder a pergunta, apenas negaram conhecer tais pessoas, admito que é bonito ver como eles são unidos apesar das circunstâncias em que estão, me orgulho de ter nascido aqui. - Olha ! - Puxei Robin com força, o fazendo quase perder o equilíbrio e cair, ele parou e olhou na mesma direção que eu. Um grupo de pessoas carregando armas entrou em nosso campo de visão, visivelmente estão voltando de uma batalha, mas foi a cabeleira ruiva que me chamou atenção. - Freya !

Gritei seu nome a plenos pulmões, Freya virou a cabeça de forma alarmada em minha direção e apesar da distancia, pude ver seus olhos se arregalarem em surpresa, meu coração acelerou rapidamente e não demorei em ir em sua direção, ela também deu passos a frente e nós nos abraçamos com vontade, como irmãs que não se vêem a anos, ao tê-la em meus braços senti um enorme conforto e alegria, no final das contas ela está bem e me sinto feliz ao saber disso. Ouvi a risada de Freya em meu ouvido enquanto ela me aperta mais forte e ri também, nos separamos em seguida e nos encaramos, com felicidade, receio e nostalgia, um misto de sensações que foi cortado pelo homem grande e forte que a puxou levemente.

- Não sabe o quanto é perigoso ! - O homem falou em tom repreensivo para mim, arregalei os olhos de forma assustada, mas respirei fundo ao lembrar que este deve ser Magnus, o guardião de Freya, a mesma o encarou com uma careta e em seguida me olhou dando de ombros, Ishtar falaria a mesma coisa. - Não deveria ter trago ela aqui, estás louco ! - Magnus proferiu em direção a Robin que ergueu uma sobrancelha de forma debochada na direção de Magnus, soltei um riso nasal com a cena, mas então percebi que Magnus está achando que Robin é meu guardião.

- Robin não é meu guardião...- Falei no lugar de Robin, Magnus rapidamente me encarou de forma assustada, por que Guardiões tem que ser tão dramáticos assim? - Mas ele me protegeu e me trouxe em segurança pra cá, ele é da família. - Terminei de dizer a ultima parte olhando para Robin que sorriu minimamente e desviou o olhar, como se quisesse fugir de algo, franzi o cenho em sua direção, mas não pude questiona-lo, não agora. - O importante é que nós encontramos, agora precisamos ir embora. - Disse para Magnus e Freya que concordou de maneira animada, como sei que ela está animada? Seu cabelo pegou fogo em alguns pontos.

- Claro que temos, River deve estar a caminho neste momento ! - Magnus retrucou de forma irritada e puxou Freya, prontamente os segui na direção de uma casa velha. Ao adentrarmos, Magnus começa a pegar algumas coisas e colocar nas bolsas, " Ele é muito protetor, não se preocupa. " Freya sussurrou para mim e eu concordei com a cabeça, eu realmente entendo como é ter um guardião assim, só que Ishtar é muito mais controlada em uma situação como essa, já Magnus está visivelmente amedrontado. - Vamos antes que seja tarde. - Magnus falou e jogou a bolsa na direção de Freya. - Você deve ser a menina de Ishtar, River vai ser meu ultimo problema....

Foi o que Magnus resmungou, isso me fez rir levemente, então ele e Ishtar realmente se conhecem, imaginei que alguns guardiões se conhecessem, mas ele parece a conhecer bem o suficiente para teme-la, aposto que vão gostar de se reencontrar, falando nela, aposto que deve estar a caminho, talvez já esteja próxima pelo que conheço de Ishtar, ela deve estar furiosa, mas espero que também fique orgulhosa por saber que consegui sobreviver sem ela. Saímos da casa e caminhamos de forma apresada na direção da montanha onde a barreira está menos ameaçada, mas ao virarmos outra rua encontramos algumas pessoas, que visivelmente não são daqui.

- Esquadrão da morte....- Sussurrou Magnus e senti meu corpo se arrepiar ao saber quem são, meu olhar foi para o homem alto que está no meio, é perceptível que ele é quem está no comando, ele abriu um sorriso presunçoso e por instinto eu fiquei próxima a Robin, normalmente em frente a algo que me desse medo eu me grudava a Ishtar, mas ela não está aqui por conta de minhas escolhas, terei que arcar com as consequências. - Vão ter que passar por mim para tê-las ! - Magnus apesar de amedrontado, tomou nossa frente de forma protetiva, ele assim como eu e Freya, sabemos que lutar é a única opção, mas a desvantagem é grande.

- E iremos, não se preocupe. - O homem falou e eu engoli em seco ao encarar sua feição, sua feição demonstra tédio, ele nem nós considera como oponentes, seus olhos são brancos brilhantes, assim como uma mecha de seu cabelo negro, não sou boa em sentir auras ainda, mas dá pra sentir que a sua é enorme e negra, seu visual demonstra isso, suas roupas não são de guerreiro, parece ser alguém importante. - Primeiro quero agradece ao Robin por nós trazer Silena, e nos dar Freya de brinde. - Meu coração gelou no mesmo momento em que ouvi, arregalei meus olhos ao ver Robin caminhar até ele.

Pela primeira vez em minha vida, me senti sem chão, sem valor, meus olhos lacrimejaram ao perceber que Robin simplesmente me vendeu a River, que o que ele tanto queria no sul era apenas o dinheiro que ele iria receber ao me vender, não consigo descrever a sensação de ser traída por alguém que estava começando a gostar, é uma sensação enigmática e perturbadora, eu fui visivelmente a tola da situação, mas eu pensei que estava fazendo minha primeira amizade, pensei que ele estava sendo legal por querer ser, o pior é que em momento algum notei arrependimento nele. Senti a mão de Freya tocar a minha e a encarei, seus olhos claros estão tristes, mas transmitem força, respirei fundo e engoli o choro, ele não merece minhas lágrimas.

- Agora podemos começar. - O homem bem vestido falou, vi Robin me olhar pela ultima vez, mas não fiz o mesmo, ele se virou e saiu andando para longe. O homem a frente moveu a mão, e uma quimera assustadora com chifres, começou a flutuar sobe uma espada, puxou uma flauta feia a mão e a assoprou, puxei minha espada e vi Freya fazer o mesmo, de repente uma onda forte veio em nossa direção, devastando o solo que tocou, vi as casas com suporte fraco voarem, meu interior gritou, há pessoas ali, pessoas que precisam desse lugar para viver, como podem fazer isso. Ergui os braços para me proteger de alguma forma, mas não foi necessário.

Magnus ergueu um dos braços e uma barreira mágica foi formada ao nosso redor em forma circular, abaixei o braço e olhei para a barreira cor mostarda ao nosso redor, a onda sonora bateu com força na barreira, senti um leve tremor no chão, mas nada aconteceu a barreira, olhei para Magnus, que agora está com a feição seria e assustadora, nem se quer imaginava que a magia dele fosse escudo, também não achava a magia muito útil, mas agora vendo pessoalmente eu tenho certeza que pode ser usada de várias maneiras, e por ela ter aguentado tamanho ataque, constato que Magnus é extremamente poderoso.

- Magnus? - Freya o chamou de forma receiosa, Magnus virou a cabeça para nós e de forma carinhosa, tocou nossas cabeças e soltou um suspiro, eu queria não ter entendido o que significava, não conheço Magnus, mas sei que agora ele pode morrer por minha causa. - Vamos Silena. - Freya me chamou e segurou meu pulso com firmeza, olhei pela ultima vez para o rosto serio e confiante de Magnus, me virei e vi que uma parte da barreira foi aberta para que nós conseguíssemos sair. - Precisamos sair da barreira ! - Freya gritou enquanto corremos, acenei com a cabeça de forma positiva.

Quando menos percebemos, tivemos que parar pois nos deparamos com um dos campos de batalha, virei a cabeça para trás e arregalei os olhos ao ver um homem celeste voando em nossa direção, ele estava com os outros que ficaram com Magnus, imaginei que um deles conseguiria vir até nós, Freya logo percebeu a aproximação também, segurei minha espada com firmeza e me preparei para sua chegada, mas Freya não teve a mesma ideia, ela se afastou de mim com um sorriso frio, mas suas mãos esquentaram, ela criou duas bolas de fogo nas mãos e as arremessou sem pensar duas vezes na direção do homem voando em nossa direção, fogo realmente combina com Freya.

- Vou queimar você vivo passarinho ! - Freya gritou de forma estressada e eu a encarei surpresa, o temperamento dela mudou rapidamente, nem parece a mesma pessoa de antes. O celeste desviou de seus dois ataques e desceu em nossa direção com velocidade, percebi que seu olhar gélido está em Freya, sem pensar duas vezes a empurrei e levei o ataque em seu lugar, ele me acertou com um chute, onde usou os dois pés. Fechei os olhos com força, sentindo meu ar sumir por alguns instantes, meu corpo saiu do chão e logo senti a dor ao me chocar contra o chão novamente, abri os olhos e puxei todo ar que consegui no momento.

- Merda ! - Xinguei quando um cavalo furioso passou correndo em minha frente, bufei e me ergui novamente, podendo avistar Freya lutando com sua espada contra ele, ela se defendeu e usou a outra mão para arremessara fogo nele novamente, mas em um movimento rápido ele bateu suas enormes asas negras com força, o que fez seu fogo se apagar e seu corpo ser lançado pra longe. - Quer brincar com vento? Então vamos...- Resmunguei sentindo meu peito arder pela raiva incessante que chega a meu coração, Robin, Magnus, esse idiota de asas, estou cansada e só fazem dois dias que me separei de Ishtar.

Segurei o cabo de minha espada com das duas mãos e a puxei com as duas mãos para trás, inspirei fundo e logo soltei o ar, me concentrando em minha magia, meu mana se moldou ao redor da espada e vendo a cobriu como um furação ao redor da lámina, abri um sorriso contente e rapidamente empurrei a espada no ar, em sua direção, uma rajada de vento saiu da espada e atingiu fortemente o celeste que literalmente voou para longe, pude ver seu corpo abrir caminho na terra até parar, Freya voltou coberta por chamas, deixando o ar rarefeito, mas não é um problema para mim, não preciso usar o ar a minha volta, posso muito bem criar.

- Vamos ver quem tem mais vantagem com o ar.

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Point Of View - Ishtar.

Eu mal havia chegado, sabia que tudo iria piorar quando o esquadrão de River encontrasse Silena, mas nunca imaginei que aconteceria de forma tão rápida, ele não a encontraria dessa forma, algo aconteceu, mas não tenho tempo para pensar agora. Tudo aqui estava tão horrível, não imaginei que fosse piorar, mas aconteceu, consegui finalmente avistar Silena após dois dias e ao invés de sentir raiva por ela ter feito o que fez, senti um alivio enorme ao constatar que ela está viva e bem, no momento ela luta ferozmente contra um celeste ao lado de uma garota ruiva com magia de fogo, o mana dela é forte, provavelmente a Ragnarok.

Bati o pé no solo e usei meu mana para transformar a neve ao meu redor em agua, olhei diretamente para a quimera de chifres que voa ao atacar meu antigo parceiro, e não penso duas vezes em mover a mão em sua direção, fazendo a agua atingi-lo em cheio, fechei a palma de uma mão ao ver quimera cair no chão, e seu corpo foi coberto por gelo, por sorte eu a peguei desprevenida e sua flauta caiu longe de seu corpo, tornando sua saída do gelo bem difícil, pois meu gelo é revestido por mana, uma força física básica não basta para quebra-lo, me orgulho bastante de minha magia.

- Quem diria que iria rever você. - Magnus falou de forma surpresa ao me ver, fiz uma careta e dei de ombros como se não me importasse, mas na verdade estou feliz em rever o melhor escudeiro que alguém poderia ter. - Sua garota está bem. - Ele falou me dando um leve tapa no ombro, mas logo voltou a atacar outra transmorfa que avançou sobre nós. Meu olhar foi para o suposto líder do esquadrão, ele possui uma feição calma e um olhar gélido, sua aura é podre como o tártaro, é compreensível que seja um dos soldados de confiança de River, ele aparenta estar confiante.

- A famosa Water Fênix...- Ele começou a dizer de forma neutra, seu olhar passou por todo meu corpo de maneira avaliativa, me causando um certo desconforto. - Seu mana não me impressiona, estou desapontado. - Ele falou de forma tediosa e eu fechei minha feição, quem ele pensa que é para se quer pensar que é melhor que eu? O vi mover dois dedos e senti uma leve vibração no solo, movi minha mão de forma rápida e a agua formou uma barreira a minha volta, pude ver mesmo com a visão embaçada que a agua me proporciona, e também ouvi vários blocos de terra se chocarem contra minha defesa improvisada.

Quando seu ataque cessou, permiti que a agua caísse aos meus pés novamente, a magia dele é poderosa quando se tem um bom mana para manipular uma boa quantidade de terra, mas a desvantagem é que você não pode produzir terra, apenas manipula-la, mas ele ainda sim parece confiante sobre sua vitória. Soltei um riso nasal e juntei minhas mãos, estalando meus dedos com vontade, acho que está na hora de dar uma lição para ele, talvez assim River veja que não estava brincando quando iniciei está guerra, se esse abutre pensa que pode me abater usando magia, está muito enganado sobre uma batalha magica funciona.

- Vou te mostrar a diferença gritante entre nós. - Falei abrindo um sorriso convencido e o mover levemente a boca, pelo visto ele prefere ser o único confiante e convencido no duelo. Ele moveu a mão com velocidade e quatro blocos de terra saíram do chão, sua mão foi estendida em minha direção e os blocos avançaram, não movi um dedo, a agua fez seu trabalho de forma rápida e eficaz, quando a terra chegou perto, a agua subiu e se agarrou nelas, as destruindo sem dificuldade. - Parecia confiante, achei que me mostraria algo interessante. - Falei de maneira convencida e finalmente vi sua confiança mudar pra raiva. - Agora parece mais interessante. - Seu mana se contorceu, devo admitir que é um inimigo formidável.

- Se arrependerá amargamente por suas palavras !

Foi o que ele disse antes de iniciarmos, mas eu nunca me senti tão certa em uma batalha, quanto estou ao dizer que ele será derrotado pela própria magia.

                         

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