Capítulo 2 Matheus Hunter

Eu estava a caminho de casa quando me celular toca, pego o aparelho para ver quem está lingado e vejo que é minha ex-sogra Vitoria Garcia.

- Dona Vitoria aconteceu alguma coisa para a senhora está me ligando a esse horário? – Pergunto preocupado porque é muito difícil ela me ligar assim.

- Matheus onde você está? Humberto foi preso por uma denúncia de roubo de carro. – A mulher fala desesperada e eu sou obrigado a parar o carro no acostamento para tentar entender o que de fato aconteceu.

- Como assim ele foi preso por roubo de carro? Humberto não tem necessidade de fazer isso, deve ser algum engano.

- Eu não sei Matheus, me ligaram da delegacia me informando que ele foi preso, faça alguma coisa e tire meu neto daquele lugar agora mesmo. – A mulher fala completamente nervosa do outro lado da linha.

- Não se preocupe, vou ligar para o Frank agora mesmo e iremos resolver isso. – Desligo o telefone e ligo para Frank que além de meu melhor amigo também é um excelente advogado, não demora muito e ele atende.

- Fala Matheus, aconteceu alguma coisa para o ocupado CEO de grupo Hunter está me ligando a essa hora da noite?

- Humberto foi preso, não sei bem o que aconteceu mas pelo que dona Vitoria falou foi uma denúncia de roubo de carro. – Falo indo direto ao ponto.

- Não se preocupe vou resolver isso agora mesmo, nos encontramos na delegacia. – Saio dirigindo feiro louco pelas ruas da Califórnia até chegar à delegacia onde meu filho está preso, Frank chega exatamente junto comigo e sem demora ele vai até o delegado se informar sobre o caso.

Não demora muito ela sai da sala do advogado e vem até mim.

- Você estava certo, foi uma denúncia de roubo de carro mas parece que a vítima não o reconheceu o que é muito bom, conversei com o delegado e vão liberar ele sob fiança e irá responder ao processo em liberdade. Agora Matheus vê se fica de olho no seu filho ele tem apenas quinze e já está envolvido com roubo de carro isso é muito sério cara, dessa vez ele teve sorte mas na próxima pode não ter. – Eu não digo nada porque sei que ele tem razão.

Frank sai para providenciar o pagamento da fiança e lo9go em seguida eu a pago e meu filho e liberado, assino uma papelada infinita e depois de quase duas horas estamos dentro do carro indo para casa.

- O que porra deu em você para se envolver com roubo de carro Humberto? Com que tipo de gente você está andado garoto? – Ele debocha da minha cara falando.

- E por algum acaso se importa comigo? Você troca sua família pelo trabalho, não foi à toa que minha mãe estava doente morrendo e você não percebeu, eu estou andando com quem realmente gosta de mim papai com quem quer ficar comigo, já que meu próprio pai me abandou juntamente com minha irmã em uma mansão que só nos traz lembranças de nossa mãe. – Ele me desarma completamente com essas palavras porque no fundo sei que estou errado agindo dessa maneira com meus filhos, eles precisam de mim e não estou conseguindo cumprir com a promessa que fiz no leito de morte de minha amada esposa.

Fazemos o restante do percurso até em casa em silencio, assim que chegamos ele vai direto para o quarto, passo no quarto de minha filha e ao abrir a porta a vejo dormindo como um anjo, mas também sei que ela tem os mesmos pensamentos do irmão, já que os dois são unha e carne desde o dia em que nasceram a diferença de idade dos dois e de apenas um minuto, os gêmeos foram o maior presente que minha esposa já me deu, e estou falhando miseravelmente em cuidar deles.

Fecho a porta do quarto dela e vou para o meu, preciso de um banho quente para relaxar, tentar dormir para que esse dia infernal acabe logo de vez.

Acordo cedo como todos os dias, vou ate a academia que tenho em casa e malho por cerca de uma hora, só assim para que eu desperte completamente antes de começar mas um dia cansativo e estressante de trabalho.

De banho tomado e pronto vou até a cozinha tomar café da manhã que já está servido na mesa, como rapidamente alguma coisa e vou para a empresa, chegando lá Stella não perde tempo e invade a minha sala.

- Matheus podemos conversar agora? – Deus essa velha não vai desistir mesmo.

- Fala de uma vez Stella que ainda estou com um pouquinho de paciência. – Ela não perde tempo e fala jogando a bomba.

- Matheus eu irei me aposentar, estou cansada e faz 3 anos que não tiro férias estou com sua família a mais 35 anos, me dediquei a seu avó Carlos e depois ao seu Pai Vicente. E agora está na hora de outra pessoa assumir meu lugar. – Peta que pariu essa é a última coisa que preciso no momento, Stella está jogando sujo comigo para que eu aceite sua aposentadoria.

- Não aceito isso, preciso de você e sabe disso. Não tenho tempo e nem paciência para escolher e treinar outra secretaria para que ocupe o seu lugar. – Tento fazer com que mude de ideia, mas a velha dessa vez parece está decidida.

- Já está decidido Matheus e não estou pedindo a sua permissão e sim lhe comunicando uma decisão que já tomei a muito tempo, eu mesma farei todo o processo de seleção, escolherei alguém que possa me substituir e irei treiná-la e prepará-la para ser a melhor para você e Humberto ou Alicia quando um deles assumir seu lugar, assim como fui para o seu avô e para seu pai. – Dessa vez não vai ter jeito, terei que aceitar a aposentadoria de Stella.

- Você venceu Stella, eu entendo que você está velha e cansada e que realmente precisa para de trabalhar, mas vou logo avisado, tenha muito cuidado com quem você vai escolher e colocar aqui dentro para ocupar o seu lugar, sabe muito bem que não admito erros e não vou aceitar nada menos do que uma pessoa excelente trabalhando para mim, quero alguém que seja tão competente e compromissada com o trabalho quanto você é, espero ter está sendo bastante claro quanto a isso ou terá que trabalhar para mim até o seu último dia de visa. – Ela concorda sorrindo dizendo que eu adoro fazer um drama.

Algo me diz que Stella já tinha tudo planejado porque a mulher passou o dia selecionando currículos que nem sei de onde saíram e ela me parecia bem animada e determinada a me encontrar uma nova secretaria, eu só espero que ela realmente saiba o que está fazendo.

Como sempre eu acabo perdendo a hora e saiu muito tarde da empresa, chego em casa e não encontro Humberto em lugar nenhum então vou até o quarto de minha filha Alicia e pergunto se ela sabe onde anda seu irmão, mas a resposta que ela me dá não me agrada nem um pouquinho.

- Por um acaso sou babá do Humberto.

- Que atitude é essa Alicia? Não permito que fale dessa maneira comigo.

- Você se importa pai? Nunca quis saber da gente e agora está exigindo respeito? Por favor sai do meu quarto. – Com essa menina eu me acerto depois já que meu foco está no Humberto no momento, espero que esse garoto não esteja aprontado na rua.

Pego o celular e ligo várias vezes para o meu folho que não atende, então preocupado pego meu carro e vou procura-lo na rua, passo horas andando de um lado para o outro da cidade e nada de encontra-lo, então já cansado de dirigir resolvo voltar para casa e quando chego o vejo saindo de um carro com garotos que eu nunca tinha visto antes, espero ele entrar dentro de casa e tento manter a calma.

- Quem são aqueles garotos Humberto?

- Meus amigos.

- Onde os conheceu? E quem são os pais deles? Nunca os vi com você é a primeira vez.

- Não estressa pai eu os conheci em uma balada relaxa. – Ele fala subido para o quarto me deixando falando sozinho então sem opção e sem saber o que fazer com os meus próprios filhos resolvo ligar para os pais de minha falecida esposa pedindo ajuda.

Entro no meu escritório e me tranco dentro dele, me sirvo de uma dose generosa de uísque e pego o telefone para fazer a ligação que logo é atendida por Richard avô materno dos meus filhos.

- Matheus está tudo bem com as crianças? – Ele já pergunta preocupado e resolvo ser direto com ele, sempre nos demos bem e ele me ver como um filho então não tenho motivos para esconder a situação dele.

- Preciso de ajuda Richard, não sei como educar meus próprios filhos, eu não vou conseguir, não vou conseguir fazer isso sem Patrícia. – Falo com a voz embargada tocar no nome de minha esposa ainda dói bastante.

- Acalme-se Matheus, amanhã mesmo vou para sua casa com Vitoria e conversamos, vou trazer as crianças para passar uns dias comigo creio que vai ser bom para eles.

- Obrigado Richard, nos vemos amanhã então. – Desligo o telefone e vou parta o quarto em que passei a dormir depois que minha esposa faleceu, e tortura demais ficar no nosso quarto antigo.