Capítulo 8 Aqui é Favela

VT

- Vou fica aqui até tu se acalmar jae?_ falo segurando o rosto dela tentando acalmar respiração alta que ela está fazendo.

Não vou conseguir deixar essa mina aqui sozinha desesperada desse jeito.

Ela pisca os olhos balançando a cabeça e se encolhe sentando no chão no canto da parede, eu sento do lado dela e tento puxar assunto pra distrair ela, se não a mina vai ter um ataque aqui.

- Fala ai, qual é o seu nome?_ pergunto fingindo curiosidade.

- Manuelly._ ela responde rápido ainda encolhida.

- Eu nunca te vi por aqui antes, tu é amiga da minha irmã?_ meto o 7 pra ver qual foi a dela.

- Eu moro aqui só faz 2 semanas, conheci a Sara hoje na sorveteria que eu trabalho._ ela responde ainda um pouco nervosa e com lágrimas nos olhos.

- To ligado. Tu veio pra cá por que?_ continuo perguntando encarando ela.

- Briguei com meu pai e resolvi sair de casa, mas também não dava pra fica por lá por perto, aí minha amiga me chamou pra vim morar aqui com ela e eu aceitei._ diz ela parecendo está um pouco mais calma agora.

- Pode pá._ respondo.

Ficamos calados por um estante escutando apenas os sons do confronto agora um pouco distantes e as nossas respirações ofegantes.

...

Passa um tempo e a novinha deita a cabeça no meu ombro e adormece.

Caralho, como essa porra consegue dormi com o tiro comendo lá fora? Só pode ser maluca essa mina.

Relaxo as costas na parede, coloco ela deitada do meu colo e fiquei alisando o rosto dela.

E gata mermo namoral.

...

Os tiros cessaram.

Olho o relógio e são 4:15 da madrugada, penso em acordar ela mais resolvo ligar meu radinho antes pra saber como está as coisas lá fora.

- Qual foi, o chefe sumiu._ o doidão grita no radinho da hora que eu ligo.

- Atividade caralho, quero uma tropa pra procurar o patrão em um minuto aqui na boca porra._ Bruninho aciona geral a minha procura.

- To aqui mano, tô em uma das trocas._ respondo pra eles ficarem mas suaves.

- Koé viado, faz isso mais não porra._ ele fala aliviado quando escuta minha voz.

- Foi mal irmão, não dava pra se comunicar, tava cercado, depois te explico._ vendo a novinha se levantar do meu colo.

- Suave irmão, tá ferido?_ insiste ele preocupado.

- Não to Mec, meia hora to piando na boca, quero relatório e os proceder desse k.o todo aí._ falo sem tirar o olho da mina.

- Jae chefe._ diz ele e eu desligo o rádio e ela ainda está me encarando.

- Desculpa ter feito você fica aqui comigo._ ela fala me olhando.

- Tá suave mina, agora já tá tranquilo, a vitória é nossa._ falo e ela dá um sorrisinho de lado meio triste_ bora, vou te leva pra sua goma._ ela suspira aliviada e olha dentro dos meus olhos.

- Obrigada pelo que fez por mim._ diz ela toda envergonhada.

- Depois tu me recompensa, bora._ pego na mão dela e saímos da toca.

De cara já vejo vários corpos, de crias, dos alemão e até de morador. A mina estremece toda colocando a mão na boa aí ver os copos espalhados.

A coisa foi feia hoje.

Chego na porta do baile, pego minha moto, mando o bife subir e partimos pra casa dela.

- Como você sabe que eu moro aqui?_ ela pergunta assim que estaciono na porta dela e na hora me lembro que ela não falou onde morava, eu vi na ficha dela.

- Tu falou ontem pô._ meto um migué.

Caralho me fudi.

- Não falei não._ ela me olha pelo retrovisor com cara de duvida. Nem ela sabe se falou ou não.

- Falou sim mina, tu que não lembra, tava toda esquemática chorando pra caralho._ tento entrar na mente dela, ela se convence descendo da moto.

- Obrigada, e cuidado aí._ diz ela me olhando.

- Relaxa aqui é favela na veia, não conta pra ninguém onde fica a toca falo?_ ela concorda, e aparece uma mina doida gritando na rua.

- Manu, Manu. Aí meu Deus graças a Deus. Desculpa te larga lá sozinha, eu fiquei tão preocupada._ abraça ela com força.

- Calma, está tudo bem Rayssa._ retribui o abraço da amiga.

- Prometo nunca mais te deixar sozinha._ a doidona chora abraçando a novinha.

- Tá entregue._ sorrio e dou a última olhada pra mina e ela também me encara.

Depois arranco com a moto e vou voado para boca.

Chego lá e começo a ter noção do estrago completo.

Os ADA não manda recado, quando eles vem, vem pra fazer estrago mermo tá ligado? sorte que nos tá sempre preparado e armado até os dentes.

Eles não conseguem nada além de sangue aqui.

Mando uns vapores limpa as ruas, ensacar os bagulhos da família dos guerreiros que morreram hoje, só moleque bom que com certeza vai fazer falta.

Mano ML foi um deles, parceirão de maior tempão mermo.

Vai ser vingado.