Garoto de Luxo
img img Garoto de Luxo img Capítulo 4 Cada detalhes
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Capítulo 6 Ferrado img
Capítulo 7 Famílias img
Capítulo 8 Primeira vez img
Capítulo 9 Só amigos img
Capítulo 10 Meu corpo pede o teu img
Capítulo 11 Um mais um talvez dê três img
Capítulo 12 Sonhos quentes, desejos frios img
Capítulo 13 Apaixonados img
Capítulo 14 Chame pelo meu nome img
Capítulo 15 Me ensina como faz img
Capítulo 16 Último cliente img
Capítulo 17 Íntimos img
Capítulo 18 Me mostre que você é realmente bom img
Capítulo 19 Ameaças img
Capítulo 20 Polícia img
Capítulo 21 Fora da rotina img
Capítulo 22 Corpos, paixões e desejos img
Capítulo 23 Sina do destino img
Capítulo 24 A ponta do fio do destino img
Capítulo 25 Dias bons, dias melhores img
Capítulo 26 O melhor pedido img
Capítulo 27 Confissões img
Capítulo 28 Tribunal img
Capítulo 29 Amor selvagem img
Capítulo 30 FireClub img
Capítulo 31 Sonhos destruídos img
Capítulo 32 Ameaças do passado img
Capítulo 33 Dias bons img
Capítulo 34 Comemorações img
Capítulo 35 Enfim no banco de réu img
Capítulo 36 O destino trouxe uma nova felicidade img
Capítulo 37 Passado insistente img
Capítulo 38 Natal img
Capítulo 39 O encontro img
Capítulo 40 A realidade pode doer img
Capítulo 41 Coração partido img
Capítulo 42 Almas ligadas img
Capítulo 43 A primeira Neve img
Capítulo 44 Dores e persistências img
Capítulo 45 Família unida img
Capítulo 46 Aniversário, desculpas e promessas img
Capítulo 47 Proteção img
Capítulo 48 Tatuagens img
Capítulo 49 Tempo img
Capítulo 50 Conquiste img
Capítulo 51 Família Jeon img
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Capítulo 4 Cada detalhes

Minsun encarava o sorrisinho torto que Hayoon tinha no rosto. Estavam fazendo uma vídeo chamada, e enquanto Hayoon estava deitado no chão da sala do seu apartamento, Minsun estava trancado no banheiro de um desconhecido, não tão desconhecido assim.

- E qual culpa eu tenho de você ter deixado o carro na universidade? - Minsun sussurrou. Estava bravo. Hayoon havia ligado na hora em que ele estava indo tomar banho.

- Nenhuma, Minsun, mas o que tem você ir até lá e buscar para mim? Você está muito ocupado?

- Bom, eu acabei de ter uma das melhores fodas com um cara incrível, e estava agora mesmo indo tomar banho para, talvez, ter uma noite de sono tranquila enquanto ele me abraçava.

- Então o truque funcionou? - Hayoon riu, desfazendo a marra do outro, ao fazê-lo rir junto e assentir. - Ainda bem.

- Ainda bem mesmo. Eu não aguentava mais ficar tanto tempo sem fazer sexo, estava quase em castidade...

- Quanto drama Minsun. Mas me diz, foi bom?

Minsun suspirou, sentando sobre a tampa do vaso e sorrindo como um bobo.

- Foi ótimo, Hayoon. Ele é um fofo, sempre perguntava se eu estava confortável e... Meu deus, ele mete tão bem.

Hayoon riu negando, olhando o outro suspirar mais uma vez.

- Cuidado para não se apaixonar.

- Eu não te garanto nada. - O outro riu. - Mas você ainda não me explicou porque deixou o carro na universidade. Não me diz que o truque do Junsik funcionou também?

- Não foi um truque, foi só um suco.

- Então vocês não fizeram sexo?

- Você acha mesmo que se eu tivesse perdido a virgindade, eu estaria tão calmo jogado no chão da minha sala?

- Acho. Mas se não foi o Junsik, porque foi então?

- JaeHwa. - Hayoon falou e viu Minsun franzir o cenho. - O amigo do tal Taeil.

- Ah... ele está aí com você? Vocês vão fazer sexo?

- Porque tudo para você é sexo, Minsun?

- Porque sexo é bom, Hayoon.

- Você é um bobo. Mas eu e JaeHwa apenas saímos para comer e depois ele me levou para ver cães filhotinhos, acredita? A maioria era marrom, mas tinha uns pretinhos e alguns com manchinhas cinzas... Ah, Minsun, você iria amar.

- Hayoon, você já está pronto para se apaixonar outra vez?

- Apaixonar, Minsun? - Hayoon riu, aproveitando para se erguer e sentar sobre o sofá. - Eu seria um louco se me apaixonasse logo por ele.

- Por quê? Ele é bonito, gostoso à beça e parece ser um cara legal. E Taeil disse que vocês estavam se pegando no banheiro da boate.

- Eu não te contei não é? JaeHwa é o garoto de programa que eu contratei, Minsun. Eu não fazia ideia que ele estudava na mesma universidade que a nossa, muito menos que ele e o Jiwan estudavam o mesmo curso juntos!

- Então o problema de você se apaixonar é o embuste do Jiwan?

- Claro que não, eu nem quero ver a cara dele mais. O problema é que JaeHwa é um garoto de programa, eu jamais ficaria com alguém assim.

- Assim...? - Minsun franziu o cenho para o outro, mas viu-o revirar os olhos.

- Você me entendeu.

- Você não pode julgar ele assim, Hayoon.

- Ele se vende...

- E continua sendo um cara como qualquer outro. Se você achasse diferente disso, não teria optado por perder sua virgindade com ele, estou errado?

- Não, mas tinha o Jiwan e ele-

- Jiwan poderia até ter te colocado pressão nisso, mas nós dois sabemos que se você fosse além, era porque você queria. Por isso você parou. Você não julgou o JaeHwa sujo ou inferior, você só estava com medo.

- Eu não... - Hayoon tentou retrucar aquilo, queria que Minsun acreditasse que o problema era a vida "promíscua" do outro, mas no fundo ele sabia o real motivo.

- Você não precisa ter medo, Hayoon. - ele ouviu a voz baixa e confortável de Minsun. - Não é porque não deu certo com o Jiwan, que todos vão fazer o mesmo.

- Mas eu não quero isso com o JaeHwa. Eu... Eu não vou me apaixonar, não mesmo. A gente nem vai mais sair, o que aconteceu hoje foi só... destino, Sabe? O acaso...

Minsun negou, olhando-o. Era o melhor amigo do outro, entendia-o e sabia quando o Park estava se enganando.

Ele abriu a boca para falar algo, mas a porta do banheiro se abriu devagar. Taeil pôs a cabeça na fresta que se abriu e riu, tão bobo quanto o outro.

- Eu preciso ir, Hayoon. - e encerrou a ligação.

Hayoon não teve tempo de falar mais nada. Encarou o celular agora com a tela apagada e só conseguia pensar que Jeon foi tão... legal? Talvez fosse essa a palavra. Mas Jeon havia sido tão legal naquela noite que ele havia esquecido o carro no estacionamento. O carro no qual ele morre de ciúmes e que teve que juntar muitas mesadas para comprar.

Quando Hayoon estava de pé, pronto para ir para seu quarto e enfim descansar, ouviu o som da mensagem indicar uma nova em seu celular e buscou-o, caminhando para o cômodo e esperando apenas que fluffy adentrasse junto consigo e deitasse em sua caminha, para fechar a porta.

Ele destravou o celular quando deitou-se e franziu o cenho quando abriu a mensagem e viu que se tratava de um número que não estava salvo em seu celular.

Desconhecido:

|Você é bem legal, Park.

Hayoon ainda mantinha-se de cenho franzido, mas recebeu outra mensagem a seguir.

Desconhecido:

|Amanhã vou ao prédio do senhor Lee às duas da tarde para buscar Delly. Eu sei que talvez você nem vá, mas estou avisando caso queira ir. Seu carro ficou na universidade, então eu posso ir te buscar.

Automaticamente o rosto de Jeon veio a mente de Hayoon, e ele riu ao puxar o cobertor e cobrir apenas seus pés, apagando o abajur ao seu lado e repousando melhor sobre o travesseiro antes de responder à mensagem.

Hayoon:

|Acabei de falar com um amigo sobre o meu carro, eu realmente esqueci ele lá e eu não costumo fazer isso.

Jeon:

|Talvez você estivesse muito distraído me olhando. Eu sou bem bonito, sabia?

Hayoon:

|Você é bastante convencido.

|Mas eu realmente quero ajudar a Delly. Eu prometi que faria isso ao senhor Sunjin. E eu não quebro promessas.

Jeon:

|Tudo bem, então. Eu te busco antes das duas, certo?

Hayoon:

|Certo.

Hayoon bloqueou o celular e fechou os olhos para enfim descansar.

[...]

Passava das duas da tarde e Hayoon já havia trocado de roupas quatro vezes.

- Por que eu 'tô fazendo isso? - ele perguntou para si mesmo, retirando uma calça para vestir outra. - Não é um encontro nem nada do tipo. A gente só vai ao veterinário...

Fluffy estava deitada sobre a cama. Tinha as patinhas brancas unidas e sua cabeça repousava sobre, sempre observando tudo o que Hayoon fazia.

- O que você acha dessa? - Hayoon vestiu uma calça de moletom cinza e fez a pergunta para a cadelinha. - Não marca tanto a minha bunda, não é? Não que eu queira que marque, eu não quero que ele olhe, é só que... Não sei. - Obviamente ele não obteve resposta alguma, mas assustou-se quando a campainha de seu apartamento tocou.

Ainda estava sem camisa, mas não se importou com aquilo, caminhou até a porta e abriu-a. Estava à espera de Minsun, ele ficaria com Fluffy até Hayoon retornar, mas o garoto teve uma enorme surpresa ao encontrar sua irmã mais velha ali.

- O que... Quando chegou a Seul? - Hayoon perguntou vendo-a adentrar o cômodo sem sequer esperar um convite e ainda repleta de sacolas de marcas conhecidas nas mãos.

- Também senti sua falta, maninho. - ela riu e jogou as sacolas no meio da sala e jogando-se no sofá. Fluffy logo estava cheirando a mão estirada para o chão, o que fez Ranah rir - e eu cheguei hoje, se te responde à pergunta.

- E quando volta? - Hayoon caminhou até ela e viu a forma em como ela lhe olhou, fazendo sua típica caretinha de desgosto.

- não gostou de me ver, é isso?

Hayoon riu e negou. - Não é isso, é que sempre que você vem, você volta no máximo em uma semana.

- Está com saudade de me ter por perto? - ela sorriu ao olhá-lo e Hayoon assentiu, empurrando as pernas dela para o lado, para sentar no pequeno espaço. Ranah sentou-se e arrumou seus cabelos curtos e loiros para o lado, olhando o irmão. - Eu voltei.

Hayoon encarou-a por longos segundos em silêncio, até processar a informação e arregalar os olhos.

- Voltou para Seul? Tipo, para morar aqui? - Ranah assentiu abrindo um sorriso grande. - E o Harry? Ele veio com você também?

- A gente terminou. Ele ficou em Londres e nós nunca mais nos falaremos.

- Você disse isso quando terminou com a... qual era o nome da garota mesmo?

- Lauren, mas para o papai era Arthur. - A garota riu alto, fazendo Hayoon rir junto. - Deus me livre se o papai descobre que eu tinha-

- Essa coisa de ser gay. - Hayoon falou imitando o modo em como seu pai sempre falava e riu ainda mais com a irmã. - Ainda bem que comigo ele já aceitou, eu acho.

- Você só acha mesmo. Ele só não te infernizou porque nunca te viu com um cara. E por falar nisso, e aquele seu namorado, quando vou conhecer?

- Nunca - Hayoon disse simples e se erguendo para ir até às sacolas. - A gente terminou a uma semana, eu acho.

- Poxa, Hayoon... e o que aconteceu?

- Gaia, Ranah, foi isso que aconteceu. Ele me fez de corno e toda universidade sabia disso, menos eu.

- Que pena, mas veja pelo lado bom, você é o membro menos conhecido da família Park, seu chifre não está espalhado em revistas ou sites de fofocas local, é algo bom.

- Uhul, super positivo. - Hayoon ironizou, retirando as roupas de uma das sacolas. - o que é isso?

- Ah! - a garota se ergueu rápido e buscou as sacolas, colocando-as no sofá. - Eu comprei algumas coisas para você em Londres.

- Mesmo? - Hayoon se animou, indo até lá e vendo as diversas roupas que sua irmã retirava da bolsa. - me dá, deixa eu provar. - ele pediu buscando uma calça preta e jeans nas mãos dela.

Retirou a calça que vestia ali mesmo, não se importando de ficar apenas de cueca na frente de sua irmã, mesmo ela fazendo alguns comentários sobre a cueca um tanto surrada que ele vestia.

Hayoon ergueu a calça com facilidade, mesmo notando como ela era justa, e fechou-a na cintura.

- Ótimo, não tinha hora melhor para essa calça chegar. - ele riu, voltando para as sacolas para revirar mais roupas. - Tem alguma camisa?

- Tem, mas... hora boa? Como assim?

Hayoon não teve tempo para resposta, o interfone do apartamento tocou e foi Ranah quem foi atendê-lo.

- Um homem? - Ranah olhou para Hayoon. - Jeon JaeHwa?

Hayoon arregalou os olhos e estapeou a testa. - Ele chegou e eu nem 'tô pronto ainda.

Ranah riu. - Tudo bem, mande-o subir. - e desligou.

- O quê? Por quê?

- Porque eu quero conhecer o novo carinha que você está saindo. Aliás, para onde irão agora?

- Nós não estamos saindo...

- Não? Eu tenho certeza que ouvi o porteiro falar algo como: Aquele rapaz alto que veio na semana passada...

A garota sorriu diabólica, vendo os olhos do irmão aumentarem ainda mais de tamanho. A campainha tocou e ela teve quase certeza que Hayoon colapsaria.

- Eu não estou pronto! - ele exclamou em um sussurro.

Ranah buscou as sacolas, em seguida buscou o irmão e caminhou com tudo até o quarto. Jogou as sacolas sobre a cama e olhou bem nos olhos de Hayoon antes de falar:

- Se arruma logo, eu enrolo ele até você ficar pronto.

E outra vez, Hayoon não teve tempo para uma resposta, a porta fechou em sua cara e Ranah caminhou elegantemente sobre os seus saltos saint laurent e sorriu completamente plena para o moreno que encontrou do outro lado da porta.

- Olá. - ela disse vendo as sobrancelhas de Jeon arquearem pela surpresa de encontrar outra pessoa além de Hayoon ali. A garota ainda tinha o sorriso elegante, igual a toda a sua postura e ergueu a mão em direção ao mais alto. - Sou Park Ranah.

- Oh... - Jeon coçou a garganta e se apressou em retribuir o aperto, sentindo a maciez da pequena mão sobre sua palma. - Sou Jeon JaeHwa.

- Namorado do Hayoon, eu presumo. Entre.

Jeon riu contido, não sabendo como desmentir a frase dela, mas entrou mesmo assim.

- Ele está terminando de se arrumar. - Ranah informou fechando a porta e caminhando até Jeon. - Aceita uma bebida?

- Ah, acho que água já está bom, obrigado. - JaeHwa sorriu outra vez.

A garota assentiu, descendo os olhos por todo o corpo de JaeHwa, não ligando se ele notava, mas reparando nos aparentes músculos e na ponta do que ela julgou ser uma tatuagem sobre a coxa direita dele. O tecido da calça rasgada dava uma visão daquilo.

Ranah enfim virou-se, fazendo JaeHwa ainda permanecer lhe encarando, e foi até a cozinha, buscando dois copos e uma garrafa com água.

- Aqui. - ela ergueu um copo ainda da ilha da cozinha. - Está envergonhado? Tenho certeza que você já veio diversas vezes aqui.

- Bom... na verdade não. - JaeHwa sorriu contido e buscou o copo com água, bebendo enquanto viu a garota lhe analisar outra vez. - Eu conheci Hayoon na semana passada apenas.

- Ah é? E como se conheceram? - Ranah debruçou sobre o mármore, encarando Jeon com suavidade.

- No trabalho. - ele assentiu sem jeito, desviando os olhos.

- E com o que você trabalha?

Jeon abriu a boca para responder, mas a porta do quarto abriu-se com força. Hayoon saiu de lá já arrumado e permitiu que a cadelinha que estava junto consigo visse JaeHwa, o que resultou em alguns latidos.

- Vamos? - Hayoon falou olhando para JaeHwa. O homem assentiu, bebendo o restante da água e agradecendo a Ranah quando entregou de volta o copo ao mármore.

Hayoon sem querer reparou nas roupas de JaeHwa e em como ele ficava atraente com uma simples camisa preta, uma jaqueta de couro, calça jeans e um boné também preto.

Roupas simples, mas que fez Park reparar por mais tempo do que deveria no outro.

Mas não soava estranho, para além de Ranah que reparava naquilo com um sorrisinho sugestivo no rosto. Jeon também reparava nas roupas de Hayoon. O garoto usava a calça preta que Ranah havia lhe dado, e usava uma camisa preta de mangas curtas, vestindo também uma bolsa da chanel de alça fina e que passava através de seu peito, junto a um cinto cuja fivela mostrava a mesma marca.

- Para onde irão? - Ranah perguntou, fazendo-os sair da bolha imaginária que os prendiam entre si.

JaeHwa desviou o olhar e Hayoon coçou a garganta, olhando para a irmã e vendo-a prendendo o riso.

- Minsun chega em alguns minutos, 'tá bem? - o de cabelos desbotados falou, passando por Jeon para ir até a porta. - Vamos. - chamou mais uma vez pelo mais alto.

JaeHwa sorriu para Ranah e se despediu, passando por Hayoon para ir pro lado de fora.

- O quê? Eu vou ficar aqui sozinha?

- Minsun chega daqui a pouco. - Hayoon falou chamando o elevador.

- Mas Hayoon!

O elevador chegou naquele andar, e Hayoon assustou-se quando ao adentrar, quase entrou em conflito Minsun que saia dali também.

- Ranah está aí. - Hayoon avisou adentrando de vez, enquanto Minsun já estava fora.

- Mesmo? - Minsun abriu o maior sorriso. Logo depois desviou o olhar e reparou JaeHwa ali. - Oi? - e acenou.

- Olá. - JaeHwa sorriu em retribuição, mas como Ranah, viu quando Minsun lhe analisou de cima a baixo, e em seguida olhou para Hayoon com um sorriso que sugeria muita coisa.

- Vai logo Minsun! - Hayoon falou com as bochechas levemente coradas e apertou o andar do térreo.

Sozinhos dentro daquele elevador, os corpos se encontravam um do lado ao outro, em silêncio e analisando o painel que mostrava os andares no qual desciam.

- Está bonito. - Jeon falou quando chegaram no segundo.

Hayoon mordiscou o lábio inferior e esperou que chegassem ao térreo. O elevador abriu e saíram juntos.

- Obrigado... você também.

Jeon sorriu e seguiu para fora. Hayoon cumprimentou o porteiro, mas viu Jeon destravar o carro e sorriu de volta para ele quando teve a porta aberta para que adentrasse.

JaeHwa bateu com sutileza a porta, observando se vinham carros quando foi para a rua e adentrou o lado do motorista.

- Teremos que passar no senhor Lee, mas Delly não tem aquelas caixinhas de transportes, então se você puder, terá que levá-la no colo. Ou eu posso levar, se quiser dirigir.

- Não, está tudo bem, eu levo ela. - Jeon assentiu e deu partida no carro, arrumando o cinto de segurança com apenas uma mão, enquanto olhava os retrovisores para sair da vaga.

- Espero que ela não tenha nada grave... - Hayoon disse fechando o cinto de segurança em si.

- Estou torcendo por isso. Senhor Lee já sofreu muito com a morte do Dylan.

- Dylan? - Hayoon franziu o cenho.

- Sim, era o outro cachorrinho dele. Dylan morreu de causas naturais, tinha doze anos quando aconteceu. Ele e a Delly eram namorados desde os primeiros anos, mas nunca tiveram filhotes. Mas quando Dylan morreu, o senhor Lee descobriu que Delly estava grávida dele, e desde que os filhotinhos nasceram ela anda meio tristinha.

- Poxa, será que ela sente falta dele?

- Acredito que sim, já vi relatos de que animais são assim quando amam muito ou tem um sentimento forte por outros animais, ou até mesmo humanos. Delly e Dylan sempre foram unidos e únicos naquele terraço, senhor Lee pediu para reformar e cobrir todo o lugar para que eles ficassem confortáveis.

- Senhor Lee parece uma pessoa tão boa...

- Ele é, Hayoon, uma das melhores pessoas que eu pude conhecer na vida. Quando... Quando eu tive que vir pra cá, ele foi o primeiro adulto que me acolheu bem...

- Você não é daqui? - Referiu-se a Seul. A curiosidade circulou Park, e ele nunca conseguia mantê-la somente para si.

Jeon negou. - Sou de Busan.

- Mesmo? Eu também sou de lá, mas eu só nasci por lá mesmo, meus pais moram aqui em Seul. Minha mãe quando estava no fim da gestação foi para perto dos meus avós, então só por isso eu nasci lá. No parto da irmã também, mas eu não entendo o porquê dela só ir quando esteve grávida e depois nunca voltar...

- Ela deve se sentir segura lá.

- A minha mãe é muito segura Jeon... a mulher mais segura de Seul, infelizmente.

- Ela é algum símbolo cultural, ou sei lá, de honra? Geralmente pessoas famosas ou relevantes são assim em cidades grandes... - JaeHwa riu, avistando o prédio pacato onde Sunjin morava e reduzindo para parar ali.

- Se há uma coisa que minha mãe não é, é um símbolo de honra, não em um quesito bom.

- Sua mãe faz parte da máfia, então? - outra vez Jeon riu e estacionou.

- Quase isso. - Hayoon falou rindo, retirando o cinto e esperando que Jeon destravasse o carro para descer. - Park Nabi, conhece?

- A advogada? - JaeHwa olhou para Hayoon, travando seu carro e esperando-o dar a volta no carro para subir. Hayoon assentiu. - Não me diga que ela que é a sua-

- Mãe. - Hayoon interrompeu JaeHwa e riu, abrindo ele o portão para subir. - Pode ter certeza.

- Minha nossa, eu já ouvi falarem muito dela. Me desculpe, mas ela é conhecida como o próprio demônio quando está num tribunal. Dizem que os clientes vendem a alma para ela, porque ela nunca perde um caso.

- Eu ficaria bem ofendido com o seu comentário se eu não concordasse com ele. Ela e Park JoonHo são o próprio mal.

- Você e seus pais não tem um relacionamento bom? - Jeon perguntou seguindo Hayoon escadas acima. O outro olhou-o por cima do ombro, assentindo para a pergunta. - Desculpa se estou sendo muito invasivo, eu tenho esse problema quando...

- Se sente à vontade?

- Acho que sim.

Hayoon abriu a porta do terraço, Sunjin já estava por lá, estava sentado num banquinho, bem ao lado de Delly e fazia carinhos sobre as orelhas dela.

- Senhor Lee. - Hayoon chamou a atenção do homem, fazendo-o esboçar um sorriso ao notá-lo ali junto ao outro. - Boa tarde.

Hayoon fez uma reverência e JaeHwa se aproximou do mais velho, tocando-o sobre o braço para ajudá-lo a ficar de pé.

- Está tudo pronto? - JaeHwa perguntou, vendo-o assentir. O homem havia feito questão de ir junto a ambos, o que para eles não foi problema algum.

- Vou só chamar meu neto para vir ficar com os filhotinhos.

- O senhor tem netos? - Hayoon perguntou, vendo-o se afastar.

- Somente um, ele mora comigo. - disse, abrindo a porta outra vez para gritar do início da escada. - Junsik!

Hayoon franziu o cenho, não poderia ser o mesmo Junsik que estudava como ele.

- Venha, JaeHwa chegou, precisamos ir. - senhor Lee falou.

Hayoon surpreendeu-se ao ver seu colega de curso aparecer ali. Ele estava apenas vestido numa calça folgada de flanela xadrez e assustou-se também ao notar Hayoon ali. Junsik tentou cobrir o tronco despido, mas tudo o que fez foi o avô rir.

- Junsik! - Hayoon chamou-o contente, aproximando-se do outro. - eu não acredito que você que é o neto do senhor Sunjin.

- Muito menos eu sabia que você é o tal namorado do... do coisinha aí.

JaeHwa riu, não era nova a implicância com o garoto. Desde que conheceu Sunjin, havia se aproximado tanto que pensava que Junsik se sentia ameaçado com a ideia do mais velho vê-lo também como um neto.

- Não chame o JaeHwa de coisinha. - Sunjin reclamou, olhando-o com raiva. - Peça desculpas.

- Está tudo bem, senhor Lee, o coisinha aqui é ele, esse ciumento.

- Eu não tenho ciúme de você. - Junsik falou semicerrando os olhos e JaeHwa o imitou.

- Vê se cresce, criança. - JaeHwa o provocou.

- Falou o idoso.

Hayoon permanecia olhando-os no meio. O que lhe chamava mais atenção era o modo informal e sem filtros que ambos falavam um com o outro.

- Vocês parecem irmãos. - Hayoon soltou, o que fez ambos olharem-no com uma caretinha.

- Não mesmo. - Junsik falou.

- De jeito nenhum, Hayoon. Eu sou bonito.

- Junsik também. - Hayoon riu da cara que JaeHwa fez. Parecia incrédulo, mas não era uma mentira. Ambos eram mesmo bonitos. - Mas eu digo, irmão brigam, certo? E vocês estão brigando como irmãos.

- Ok, Ok, você está delirando. - JaeHwa disse e virou para o mais velho. - Vamos senhor Lee?

Sunjin assentiu, vendo o modo em como JaeHwa se arrumava para pegar a cadelinha no colo e enquanto ele fazia aquilo, Junsik aproximou-se devagar de Hayoon.

- Vocês... estão mesmo namorando?

- Eu e JaeHwa? - Hayoon perguntou olhando-o e viu-o assentir. - Não... somos só, hm, colegas eu acho. Eu nem sabia que ele era da mesma universidade que nós para ter ideia, soube há uma semana.

- Ah... certo. Então eu queria saber se você não queria... Não sei, ir ao cinema comigo, tipo, só comigo?

Hayoon olhou-o e riu contido. - Você está me chamando para um encontro?

- Tipo isso...

Hayoon riu mais, vendo Junsik se encolher e rir do mesmo modo, completamente envergonhado enquanto abraçava o próprio peito desnudo.

- Será que a paquera já acabou? - JaeHwa interrompeu-os, olhando Junsik e em seguida Hayoon. - Precisamos ir.

- Oh, claro. - Hayoon foi até o senhor de idade e segurou a mão do homem para ajudá-lo a descer as escadas.

- Junsik, fique de olho neles, entendeu? Cuidado para não deixar que eles caiam da caminha.

- Tudo bem, vovô, eu vou ficar de olho.

O homem assentiu e seguiu com Hayoon, mas antes que descessem as escadas, Hayoon olhou-o uma última vez, sorrindo e dizendo:

- A gente conversa depois.

Aquela mísera frase fez o peito de Junsik esquentar. A quanto tempo ele não esperava por aquela oportunidade?

[...]

Estavam a caminho de um hospital veterinário que pertencia a um antigo amigo de JaeHwa. Ele chamava-o assim, porque havia sido aquele amigo, o mesmo que na história que contou a Hayoon, lhe ajudou e lhe abriu a mente para a forma que hoje ganha dinheiro.

Sunjin estava no banco de trás, sentado no assento do meio e com o cinto de segurança ao redor de seu corpo.

Hayoon segurava Delly nos braços e fazia carinhos nela, enquanto a cadelinha apenas dormia. JaeHwa dirigia, mas vez ou outra olhava para o homem no banco de trás ou para Hayoon, respirando fundo e batucando o pé quando paravam em algum sinal vermelho.

- Você, hm... - Jeon começou, chamando a atenção de Hayoon quando parou em mais um sinal vermelho. O Jeon olhou para o outro e coçou a garganta antes de continuar. - conhece o coisinha de onde?

Hayoon riu. - Não o chame assim, parece o Minsun quando implica. Nós estudamos juntos.

- Dança? - Jeon voltou a andar com o carro, vendo no GPS que faltavam poucos metros para chegarem.

- Uhum, mesmo curso, mesmo período. Iremos terminar juntos.

- E vocês... - Jeon outra vez coçou a garganta e desta vez olhou o retrovisor, apenas para não desviar o olhar para Hayoon. - Estão saindo?

- Ainda não. - Hayoon falou e JaeHwa olhou-o. - Eu terminei um relacionamento a pouco tempo e foi bem conturbado... Não sei se quero me envolver com outra pessoa agora.

- Relacionamento conturbado, sei bem... Mas diga, o que de fato aconteceu?

- Chifre, JaeHwa. Eu levei chifre não sei nem quantas vezes, mas presumo que muitas.

- Então é corno... agora entendo a revolta do estacionamento. - JaeHwa riu, avistando o hospital à frente.

- Eu fui corno. - Hayoon o corrigiu. - Se eu já deixei Jiwan, significa que eu também deixei o chifre.

JaeHwa adentrou o estacionamento e parou numa vaga perto da entrada, Hayoon desceu do carro com cuidado com Delly em seus braços, enquanto JaeHwa desprendia o cinto de Sunjin e ajudava-o a descer do carro também.

- Eu não acho que essa seja a definição de ser corno, filho. - Sunjin disse para Hayoon, fazendo JaeHwa rir. - Chifre é algo que quando tomamos uma vez, ele nunca mais some.

- Ainda bem que não cresce, então. - Hayoon resmungou, mas riu no final.

Adentraram o hospital e JaeHwa foi quem foi à recepção. Já havia marcado a consulta com JooJonHee no dia anterior, então bastou que a mulher ligasse para o consultório do veterinário, e JaeHwa teve permissão para adentrar com Delly.

- Nós podemos ir, não é? - Sunjin perguntou. Hayoon não largava Delly por nada.

- Vão sim, é no final do corredor. - a atendente informou.

Seguiram a orientação da mulher e JaeHwa logo viu a placa com o nome do homem na porta. Bateu duas vezes antes de adentrar, mas sorriu grande quando viu JonHee.

- Minha nossa quanto tempo! - JonHee ficou de pé, aproximando-se rapidamente de JaeHwa e abraçando-o fortemente.

- JonHee, que saudade. - JaeHwa retribuiu o abraço forte e carinhoso.

- Eu perdi seu contato. - JonHee largou-o.

- Eu tive que trocar... ocorreram algumas... hm, inconveniências.

JonHee entendia bem o que aquilo significava.

- Então depois me passe seu novo número, precisamos marcar uma bebida.

- Claro.

- Mas enfim, o que te trouxe aqui? - JonHee desviou a atenção para os outros dois ali, e estapeou a própria testa. - Minha nossa, onde estão meus modos? Sou o médico veterinário, Lee JonHee. - ele apresentou-se e ergueu a mão primeiramente para o mais velho.

- Sou Lee Sunjin, esse é Hayoon, o namorado do JaeHwa. - as bochechas de Hayoon ficaram rubras e seus olhos saltaram.

- Não é isso. - Hayoon negou, mas estalou a língua e arrumou melhor Delly até livrar a mão e cumprimentar o homem. - Sou Park Hayoon.

- É um prazer. - JonHee sorriu ao cumprimentar o mais baixo e desviou os olhos para a cadelinha. - E essa, é...?

- Essa é a Delly. - Sunjin falou com o peito estufado, olhando-a quando Hayoon entregou a cadelinha ao médico.

- E o que a Delly tem? - O veterinário acariciou a cadelinha, colocando-a sobre a maca e observou o jeitinho que ela deitou totalmente encolhida ali. - Ela é sempre assim quietinha?

- Não. - JaeHwa e Sunjin falaram em uníssono.

- Ela costumava ser bem ativa, doutor. - Sunjin falou parando ao lado da maca. - ela amava brincar e correr pelo terraço. Eu quase nunca os levava para a rua, o terraço é bem espaçoso, mas agora ela não quer brincar mais.

- Ela teve filhotes recentemente? - JonHee falou, olhando as mamas da cadela. Ele apalpou devagar ali, Delly nem sequer reagiu.

- Sim, a duas semanas mais ou menos.

- O senhor tem outros cachorros além dela e os filhotes?

- Eu tinha... - Sunjin suspirou. - mas Dylan morreu a pouco mais de seis semanas.

- Dylan é o pai dos filhotes? - JonHee perguntou, voltando os carinhos as orelhas de Delly, olhando o jeitinho triste que ela mantinha-se ali.

- sim. - foi JaeHwa quem respondeu. - Nós descobrimos que a Delly estava grávida duas semanas depois dele morrer.

- Eles eram muito unidos? Perceberam alguma mudança depois da morte dele?

- Ela ficou mais quieta. - Sunjin falou.

- É verdade, eu ainda não tinha reparado, mas Delly nem brinca mais depois disso.

- Ela está se alimentando direito?

- Está, mas eu tenho que ficar com ela conversando, sabe? Ela sempre come quando estou com ela. - Sunjin sorriu para o médico e acaricio a cadelinha também.

- Eu pedirei alguns exames, mas o que pode estar acontecendo é que Delly está com depressão. Geralmente cães desenvolvem a doença quando algum evento ruim acontece, geralmente a perda do tutor, ou até mesmo de outros animais. Maus tratos, isolamento... tudo pode resultar nisso.

- Mas então, como tratamos? - Hayoon perguntou, aproximando-se da maca também. - Há meios de tratarmos isso, não é?

- Sim, existem remédios como homeopáticos, antidepressivos e medicamentos alopáticos que ajudam no tratamento, mas nem sempre é necessário o uso deles. Eu geralmente gosto de avaliar, ver todos os exames, passar algumas atividades e então com o resultado de tudo, decidir se será necessário o uso dos remédios, sim ou não, certo?

- Certo. - Hayoon e JaeHwa responderam juntos.

- O senhor pode pedir todos os exames, nós faremos. - Hayoon garantiu.

- Mas... será muito caro? - Sunjin perguntou sem jeito.

- Não se preocupe com isso, senhor Lee.

- É, não se preocupe. Eu e JaeHwa pagaremos por tudo.

Sunjin sorriu agradecido, o que os jovens faziam por si ali era muito, ele não teria condições de pagar por tratamento alguns para a cadela, mas também não se imaginava perdendo-a. Havia sofrido muito com a morte de Dylan, e se não fosse Junsik e JaeHwa para ajudá-lo, com certeza ele teria ficado doente ou pior, teria morrido.

Hayoon ficou com Delly que ainda estava na maca. Ele e Sunjin ainda acariciavam as orelhinhas dela, então JaeHwa foi até a mesa do veterinário, esperar por todos os pedidos de exames que seriam necessários.

- É mesmo seu namorado? - JonHee perguntou baixo a JaeHwa, nem sequer desviava os olhos do computador.

- Não. - JaeHwa riu e sentou-se na cadeira em frente ao médico. - você sabe muito bem que eu não namoro.

- Tem seus motivos, sei bem. - JonHee sorriu. - mesmo não tendo me aceitado como namorado aquele tempo.

- JonHee... - JaeHwa riu. - você estava de casamento marcado, não dava.

- É, é... eu sei. Mas eu te ajudava bem, você quem não quis continuar.

- Eu conheci o Kim, você sabe, eu fui tolo e me apaixonei. Quase me fodi no fim, foi trágico.

- fiquei sabendo disso. - JonHee recolheu todas as guias com exames e organizou-as. - e fiquei surpreso em saber que você não denunciou aquilo.

- Você acha mesmo que alguém iria dar ouvidos a mim? Ele era conhecido, já tinha a fama dele. Eu era só eu, não daria em nada.

- Daria um grande escândalo. Ele poderia perder tudo o que tem, até mesmo a licença médica.

- Ninguém iria me ouvir, acredite nisso. O único que me ajudou foi Taeil, sem ele eu teria com certeza morrido aquele dia.

- Você não deve se esquecer de mim, por favor, me procure sempre que precisar. Tudo bem que tudo o que tivemos a cinco anos atrás foi só bobagem, mas ainda sou seu amigo, eu te ajudo no que precisar.

- Obrigado. - JaeHwa sorriu e buscou os papéis que JonHee entregou-lhe.

Hayoon atentou-se ao médico quando ele se pôs de pé e se aproximou da maca, sorrindo para si quando tocou outra vez as orelhinhas de Delly.

- Todos os exames que quero, estão aí. - apontou para os papéis que estavam nas mãos de JaeHwa. - Por favor, não deixem de fazer. E sobre as atividades que comentei, o senhor disse que não costuma sair muito com ela, mas Seul tem lindos parques que tenho certeza que ela amará correr um pouco ou apenas passear tranquilamente. Tente fazer isso, ao menos uma vez no dia. Se ela apresentar mudanças com os novos hábitos, não precisaremos de remédios.

- Tentarei levá-la todos os dias a pracinha, mas eu não posso caminhar muito, meus joelhos doem...

- Não se preocupe, eu levo ela. - JaeHwa disse.

- Mas filho, e o seu emprego no escritório? Vai te complicar muito...

JonHee ergueu os olhos para JaeHwa, assim como Hayoon, mas o garoto negou sorridente para o mais velho.

- Não vai não, garanto.

- Eu também posso. - disse Hayoon. - Eu tenho uma cadelinha, a Fluffy. Ela fará dois aninhos ainda, ama correr no parque, Talvez ela se dê bem com a Delly.

- É uma ótima ideia. - O veterinário falou. - Delly precisa entender que o mundo não parou quando Dylan morreu. É triste para ela, tenho certeza disso, cães tendem a sentir mais do que nós humanos, mas outros pets, caminhadas, brinquedos... tudo isso conta para que ela tenha uma boa melhora.

- Então a partir de amanhã mesmo eu e Fluffy buscaremos Delly para um passeio.

- Eu falo com você e a gente marca, tudo bem? - JaeHwa perguntou a Hayoon e ele assentiu. - Então, certo. Muito obrigado por nos atender, JonHee.

JaeHwa abraçou o médico, despedindo-se.

- Não se esqueça de mim, entendeu? E me ligue, a gente pode realmente sair para beber algo.

JaeHwa assentiu. Sunjin abriu a porta do consultório, despedindo-se com Hayoon do médico também.

Caminharam pelo corredor do hospital outra vez, indo em direção a saída, mas pararam quando JaeHwa informou que já tentaria deixar os exames marcados.

- Ela ficará bem. - Hayoon disse parado com Sunjin da entrada. Ainda fazia carinho na cadelinha, mas olhava JaeHwa ao longe, ele falava com a recepcionista e mostrava os exames para marcar.

- Você e o JaeHwa realmente não namoram? - Sunjin perguntou vendo o modo em como os olhos de Hayoon não desviava do outro.

- Não. - Hayoon riu abaixando o olhar.

- Mas vocês ficariam bem bonitinhos juntos, sabia? Eu sei que provavelmente o JaeHwa não tenha muito tempo, às vezes ele tem que viajar por causa do trabalho no escritório, mas ele ganha muito bem, poderia te levar para jantar e passear direto. E ele é uma boa pessoa, você vê? Você também parece ser um bom rapaz. Fiquem juntos então.

Hayoon riu, vendo JaeHwa voltar a se aproximar, e os olhos dele encaravam os seus, o que fez ambos desviarem no momento em que notaram o que faziam.

- Do que estão rindo? - JaeHwa perguntou ajudando o homem a sair, enquanto Hayoon já caminhava à frente, em direção ao estacionamento.

- Eu 'tava fazendo propaganda sua para o Hayoon, se der certo, talvez vocês casem.

- Vovô! - JaeHwa riu. Hayoon ouvia tudo, mas fingia não ouvir. Se olhasse para trás, com certeza ficaria de bochechas rubras. - e não é permitido casamento homoafetivo aqui ainda, lembra?

- Que se dane a permissão. - Sunjin falou realmente revoltado. JaeHwa destravou o carro rindo e ajudou o outro a entrar no banco traseiro. - Quando eu me casei com a Hana, os nossos pais não queriam porque ela era japonesa e eu coreano. Mas o que fizemos? Nós casamos mesmo assim. Passamos anos morando juntos e sem ter nossos nomes misturados numa certidão. Nem sempre casamento precisa ser em um cartório ou em uma igreja. Casar significa se unir a outra pessoa com o intuito de viver uma vida inteira com ela. Então eu repito, que se dane a permissão, vocês podem casar sim, basta quererem. E se forem casar, por favor, me avisem, eu preciso comprar um terno bem bonito e convidar a senhora Jung também, ela será meu par.

JaeHwa colocou o cinto de segurança no homem e riu alto. Adentrou o carro, sentando-se no banco do motorista e olhou Hayoon, que tentava prender o cinto de segurança com apenas uma mão, já que ainda segurava Delly.

- Eu te ajudo. - JaeHwa falou aproximando-se. Inclinou-se para buscar o cinto de segurança e ajeitou para que não machucasse Hayoon quando puxasse. Nem sequer notou que estava perto demais do outro, Sunjin por outro lado notou e cobria o sorriso com a mão. Park estava congelado, talvez ele nem respirasse enquanto JaeHwa estava inclinado sobre si e até mesmo conseguia sentir o cheiro do perfume dele.

JaeHwa enfim notou como estava ali, olhou para Hayoon e percebeu como os rostos estavam perto demais. Demorou para se afastar, também sentia o cheiro doce do perfume de Hayoon e gostou daquilo, os olhos assustados do outro o fez enfim cair em si e afastar, prendendo o cinto e ajustando o seu, dando partida no carro e saindo do estacionamento em um silêncio absoluto.

Logo chegaram no prédio de Sunjin e ajudaram-no a subir. Tamin ainda estava no terraço, mas vestia uma camisa agora. Estava praticando um passo de dança, mas tinha os olhos nos filhotinhos e assustou-se quando a porta do terraço abriu-se e todos passaram por ali.

Delly caminhou cabisbaixa, mas foi para os filhotes, deixando lambidas sobre cada um e ajeitando-se para que todos mamassem.

- E então? - Junsik perguntou aproximando-se do avô.

- O médico passou um montão de exames, mas disse que ela pode estar com depressão.

- Depressão?

- Por causa da morte do Dylan. - JaeHwa o explicou. - Mas ele passou alguns exames e atividades para fazer com ela.

- Ela precisa passear todos os dias, uma volta no parque. Talvez isso ajude ela a ficar mais alegre. - Hayoon explicou. - Tentarei vir amanhã mesmo para brincar com ela, eu tenho uma cadelinha também, talvez elas se deem bem e brinquem juntas.

- Você vem aqui amanhã? - Junsik sorriu para Hayoon que assentiu.

- Mas que pena que você 'ta fazendo estágio, não é? - JaeHwa alfinetou o outro, vendo seu claro interesse no Park. - Eu também venho, mané.

Junsik revirou os olhos para JaeHwa, mas ouviu a voz de Hayoon chamar-lhe, o que lhe fez sorrir inconscientemente.

- Você conseguiu um estágio? - Hayoon perguntou aproximando-se do outro, sorrindo tão grande quanto.

- Sim, fazem duas semanas.

- E você não me contou? - Hayoon deixou um tapinha sobre o ombro de Junsik. - Nós bebemos um suco juntos e você não falou nada.

- Eu não sabia se você iria se importar com isso...

- Está brincando? É muito legal. Onde você está estagiando?

- Ah, é uma escolinha de dança... Vou três vezes por semana.

- Poxa, eu ainda não consegui nada... Nem eu, nem Minsun, talvez nossos pais tenham dedo nisso, mas nós ainda estamos a procura, não dá para desistir.

- Não mesmo, mas eu posso ver se lá tem alguma vaga. Eles não pagam muito bem, mas são horas para contar no curso... Eu também não sei se o seu amigo vai querer estagiar no mesmo lugar que eu, ele implica demais...

- E quem não implica? - JaeHwa falou alto, rindo quando Junsik revirou os olhos outra vez.

- Ele irá querer sim. Além do mais, eu quero no futuro pôr a minha própria escolinha, e se eu contrato vocês dois? Vocês vão implicar ainda?

- Possivelmente. - Junsik riu. - Mas eu não sabia disso, você quer mesmo ter a sua própria escolinha?

- Sim, e eu já tenho um dinheiro guardado. Se tudo der certo, assim que o curso encerrar ano que vem, eu já terei ela prontinha.

- Que legal Hayoon!

- Não querendo interromper a conversa de ambos, porém querendo fazer o coisinha revirar mais uma vez os olhos, podemos ir, Hayoon?

Hayoon riu da fala de JaeHwa, mas assentiu. Ele sorriu para Junsik e acenou em despedida. Despediu-se também do mais velho e garantiu que voltaria no dia seguinte para animar Delly e ouviu JaeHwa garantir que também voltaria.

Hayoon outra vez adentrou o carro de JaeHwa, mas pediu-o para deixá-lo na universidade, ainda precisava buscar seu carro que havia abandonado lá.

Já estavam quase lá, mas ainda estavam em silêncio, desde que havia entrado naquele carro, palavra alguma havia sido dita, e isso estava deixando JaeHwa um pouco desconfortável. Ele não entendia, mas gostava de falar com o outro ou apenas ouvir a voz dele.

- Então... - ele falou, chamando a atenção do Park. - Você quer ensinar dança?

- é um sonho meu. - Hayoon riu pequeno olhando-o.

- Mas você dança de tudo? - Hayoon assentiu. - Tipo, tudo mesmo?

- Acho que sim. Mas o balé contemporâneo sempre foi o que mais me excitou. Eu gosto de praticá-lo.

- Eu adoraria te ver dançando algum dia desses... - JaeHwa soltou, atentando-se ao trânsito.

Hayoon riu soprado. - Acho que não.

- Falo sério, eu gosto de dança, mesmo não sendo bom em nenhuma. E você deve ser muito bom, eu não perderia meu tempo caso você me mostrasse sua dança.

- Eu realmente sou bom. - Hayoon disse rindo e fazendo Jeon rir. - mas eu não sei se você iria gostar.

- E não saberá até que me mostre. Que tal você me mostrar numa próxima vez em que... hm, não sei, estivermos sozinhos?

Hayoon olhou-o de canto de olho e mordeu o lábio inferior.

- Pode ser...

- Ok, então. Ficarei no aguardo. - JaeHwa sorriu uma última vez e estacionou na universidade. Tentou parar bem perto de onde o carro de Hayoon estava, então viu-o descer já com a chave nas mãos e viu-o destravar o carro e abrir a porta do veículo para entrar. Jeon permaneceu olhando-o, e até mesmo quando Park já estava dentro, prendendo o cinto de segurança em si, ele continuou. Hayoon enfim deu partida no carro, mas não saiu de imediato. Ligou o ar-condicionado dali, mas olhou Jeon antes de fechar os vidros. - Te vejo à noite? Quer dizer, aqui na universidade, sabe?

- Possivelmente. Ao que parece, nossos melhores amigos estão tendo algo, então é possível que nos vejamos a noite.

JaeHwa sorriu e assentiu, demorando a erguer seus vidros também.

- Então, até lá. - Hayoon disse por fim, erguendo os vidros e guiando seu carro para fora do estacionamento.

JaeHwa ergueu os vidros e suspirou. Ele realmente não podia cair na armadilha que sua mente já estava criando, mas estava impossível. Parecia que o cheiro doce de Park ainda estava ali, presente no ar. E a mente de JaeHwa fazia-o lembrar apenas da aproximação que ambos tiveram mais cedo.

Os rostos perto, tão perto que poderiam as bocas se tocar. Mas além do gosto do beijo que ainda permanecia na mente dele, os olhos, o sorriso, a voz... Tudo parecia mexer consigo.

JaeHwa negou, tentando afastar aquilo de sua mente e saiu do estacionamento também. Não podia mesmo continuar com aqueles pensamentos, era algo muito, muito perigoso para si.

            
            

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