/0/2766/coverbig.jpg?v=f76d888be93c3a34cfeae32ef74ec303)
Sofia Gabrielli
Fico escutando música enquanto jogava um RPG em meu notebook. A música para e meu celular começa a tocar, tiro o fone e atendo.
- Olá Gabrielli, como vai?- Escuto a voz de Luiza, uma das minhas colegas da faculdade.
Reviro os olhos. Ela só fala comigo quando quer dinheiro, assim como todo mundo só quer fica comigo pelo dinheiro.
- O que você quer?- Pergunto fechando meu notebook.
- Você disse que não aguentava mais ficar na sua casa, não é? Existe um colégio interno onde você pode se mudar para lá. Não fica a vida toda, obviamente, você escolhe o que quer estudar e fica até o final dos estudos.- Diz ela.
Ergo a sobrancelha, peço para ela me passar o nome e assim, desligo antes que ela consiga falar mais alguma coisa. Abro novamente meu notebook, pesquiso por " Internato Buffs". Entro no website.
Procurando pelo melhor internato para seu filho? Então está no lugar certo!
O internato parecia ser realmente bom pelas fotos, a descrição mostrava todos os cursos e como pode ser a vida de alguém lá dentro. Solto um suspiro, passo a mão pelos meus curtos cabelos e mordo os lábios.
Levanto-me, pego meu notebook e vou até a sala, onde meus pais estavam sentados conversando.
- Eu quero ir para esse lugar.- Falo e coloco o notebook na frente deles, fazendo os mesmos olharem na direção do mesmo.
Minha mãe pega no notebook e começa a ler atentamente o anúncio, assim que termina de ler, entrega para meu pai e me olha.
- Por que isso agora?- Perguntou minha mãe.
- Talvez seja pelo fato de que lá, pelo menos, eu posso ter uma vida sem me importar que pais totalmente desinteressados estão indo e vindo de casa?- Pergunto cruzando os braços.
Meu pai coloca o notebook na mesa de centro, passa a mão na sua testa parecendo pensativo.
- Eu não aprovo isso.- Diz ela.
- Não estou pedindo sua aprovação, sou emancipada posso fazer e assinar o que eu bem entender. Apenas estou dizendo que eu quero ir e que irei assinar.- Falo séria.
Meu pai apenas olhava minha mãe e eu discutindo. Era sempre assim, eu e minha mãe nos xingavamos até morrer, quando paravamos ele vinha e expressava sua opinião.
- Posso falar agora?- Perguntou ele.
- Sei o que vai dizer. Ela não vai!- Diz minha mãe autoritária.
- Já disse que não pedi sua permissão. Estou indo lá arrumar minhas malas, se vocês não querem ir comigo, eu vou sozinha.- Falo e vou na direção do meu quarto.
Bato a porta com tudo atrás de mim. Não aguento ela querer mandar na minha vida, além de nunca está em casa, ainda quer achar que me conhece bem o suficiente para saber o que é melhor para mim.
Pego minhas duas malas, as abro em cima da cama e começo a colocar minhas roupas ali. Escuto as vozes dos meus pais discutindo na sala. Passo a mão nos cabelos, dou um chute na minha cadeira e me sento no chão.
Sinto meus olhos se encherem de lágrimas, minha garganta apertada. Deito minha cabeça na cadeira e deixo algumas lágrimas caírem. Assim que três batidas na porta aparece, me levanto, limpo minhas lágrimas e continuo arrumando a mala.
- Querida.- Escuto a voz do meu pai.
Limpo mais uma lágrima que saio por teimosia, continuo focando minha atenção em arrumar minha mala. Meu pai se senta na minha cama e fica me olhando.
- Tem certeza que é isso que você quer?- Perguntou ele.
- Sim.- Falo fechando a primeira mala.
Paro por um momento, apoio minhas mãos na mala e olho para meu pai.
- Pode ligar e me colocar lá dentro ainda hoje?- Pergunto querendo com todo meu coração que ele me ajuda-se.
O mesmo acena, pega seu celular e sai do meu quarto. Fecho a outra mala, solto outro suspiro, arrumo meu cabelo atrás da minha orelha e apoio minhas mãos na mala.
Acredito que a vida tem seus favoritos, os seus amigos e seu inimigos. Sinto que sou a inimiga, a vida me adotou como sua arque inimiga. Na história da vida, eu sou minha própria vilã.
Não é como se eu odiasse minha mãe, não a odeio... Apenas a trato assim querendo que ela me pergunte o que eu quero e me deixa expressar a dor que carrego deis que entendi a solidão que ela me deixa. Pego minha bolsa, coloco minhas coisas pessoais, meus documentos, pego minhas malas e desço as escadas.
Vejo minha mãe sentada no sofá, passando sua mão em seus cabelos, faço um som com a garganta para chamar sua atenção.
- Então... Você vem comigo e com o papai?- Pergunto em um tom baixo.
A mesma se levanta, fica de frente pra mim me olhando. Logo sai andando para a garagem.
- Vamos, o diretor nos aguarda lá.- Diz meu pai pegando uma das minhas malas.
Olho em volta, a casa onde eu cresci sendo cuidada por uma empregada que adotei como tia. Ainda sou iludida de achar que minha mãe e eu podemos ter uma conversa decente, isso me faz pensar se realmente é uma boa ideia ir embora. Um ambiente novo, pensamentos novos.
Vou até o carro, entrego minha mala ao motorista e entro no mesmo. Minha mãe estava séria sentada ao meu lado. Meu pai sempre ficava desconfortável com o clima tenso que ficava no ar quando estávamos juntas.
Puxei os olhos verdes de minha mãe, seu cabelo negro e até mesmo a bochecha rosada. Tão parecidas mais tão diferentes. Minha personalidade era como a do meu pai, dura por fora, sensível por dentro.
Minha mente gritava para mim dizendo que estava a ponto de explodir, como uma bomba atômica pronta para ser acionada, mais eu ainda conseguia segurar as fortes sensações. Costumo morder minha bochecha quando estou a ponto de explodir, isso me faz ficar quieta, assim como aperto as unhas contra minha própria mão, quando estou muito nervosa. Resultando que as palmas de minhas mãos tenha marcas.
O que eu realmente queria... Terá ter uma mãe de verdade!