Capítulo 4 Lótus

Megan Phelpps

Depois de mais algumas doses da bebida colorida, Hillary colocou uma longneck na minha mão, experimento e sinto que é uma bebida doce, minhas favoritas. E para minha felicidade, o som está alto o suficiente para que eu não escute meus próprios pensamentos, porque eu sei que se fizer isso, vou pensar nos meus problemas e não é isso que eu quero.

Puxo Hill para o meio da pista de dança, movendo meu corpo no ritmo da música, sem me importar com mais nada, só me deixando levar pelo embalo das batidas, rindo despreocupadamente, amanhã é outro dia.

Sinto uma mão na minha cintura, puxando meu corpo para trás, e isso me faz desacelerar completamente. Hillary também para de dançar e eu respiro fundo antes de me mover tentando me afastar, mas quem está me segurando me mantém no mesmo lugar.

- Que isso, meu bem. Vamos dançar juntos. - Ele fala e eu sinto meu estômago embrulhar - Acho que essa bunda sua fica bem colada aqui em mim.

- Se você não me soltar agora, eu vou fazer um escândalo - Ameaço, alto o suficiente para que ele escute apesar do som, enquanto tento inútilmente tirar as mãos dele de mim.

- Solta minha amiga, Derek. Para com essa merda - Hillary falou firme.

- Ou vai fazer o que? - Ele pergunta debochado.

- Isso - Respondo e no mesmo instante piso no pé dele colocando bastante força no salto e ele me solta reclamando de dor e me chamando de puta, mas eu apenas ignoro puxando a Hillary para longe.

Hoje definitivamente não é meu dia. Sério universo? Duas vezes no mesmo dia? Eu não mereço isso não, eu só queria esquecer a porcaria de dia que eu estava tendo, mas agora tudo parece pior. Sem querer esbarro um pouco mais forte em uma pessoa, quando foco meu olhar, vejo que foi em um homem muito bonito. Cabelo preto e olhos castanhos, um pouco mais alto que eu, e parece já ter passado dos trinta. Um gato!

- Me desculpa! - Peço, enquanto me afasto para seguir meu caminho.

- Tudo bem, acontece - Ele responde, e sua voz grave faz um arrepio percorrer minha espinha, ele sorri e segue por onde estava indo, e eu não consigo evitar, o observo até sumir das minhas vistas.

- Tomara que ele tenha ido beber água - Escutei a voz da Hillary ao meu lado.

- Do que você está falando? - Pergunto confusa.

- O tanto que você secou o cara, não sobrou nada de água no corpo dele, desidratou todo - Ela explica rindo e eu reviro os olhos rindo também.

- Não tenho defesa, ele é realmente muito lindo, até esqueci da raiva que estava - Me viro ficando bem de frente para a Hillary - Quem é ele?

- Não tenho ideia, nunca vi, e se vi, não lembro - Deu de ombros - É só um cara bonito, você supera esse momento, e capaz que amanhã nem vai lembrar, tem álcool demais nesse sangue.

- Depois é o amor da minha vida e eu estou perdendo a oportunidade de conhecê-lo - Fiz bico - E eu nem estou tão bêbada, pode parar.

- Só estou falando a verdade - Riu - Vamos pegar mais bebidas e dançar mais, é disso que a gente precisa.

- Eu preciso muito, porque sinceramente, estou em surto com esse dia ruim, péssimo, tenebroso - Reclamo.

- Vamos beber até esquecer tudo isso - Hillary disse me puxando em direção ao bar e eu deixei que ela me guiasse.

Depois de mais algumas rodadas, eu decidi parar de beber, antes que perdesse o total controle das minhas atitudes, e foquei apenas em dançar, nem me importei quando a Hillary veio avisar que ia sair para ficar com alguém, mas voltava depois porque iríamos embora juntas.

Felizmente mais nada atrapalhou minha diversão, e quando já estava beirando às quatro da manhã meu telefone tocou.

- Pronta para ir para casa? - Hillary perguntou.

- Sim, e você? - Perguntei alto indo em direção ao banheiro, porque lá eu conseguiria ouvir melhor o que estava sendo falado - Se divertiu?

- Aaaah com certeza - Ela ri - Passo ai na frente daqui a pouco.

- Vou te esperar lá na frente, não demora mocinha - Digo saindo do banheiro.

- Não vou, beijo - Ela desliga a chamada e eu vou para frente da boate.

Enquanto estou esperando, observo ao meu redor, muitos saindo mesmo depois de beber muito e reviro os olhos, não gosto dessa atitude imprudente e irresponsável. Um carro para na minha frente, e a Hillary abre a porta de trás do carro se afastando para o lado, para que eu pudesse entrar. Assim que entro e fecho a porta, o motorista liga o carro e sai.

- Vamos direto para minha casa? - Hillary pergunta.

- Acho que eu quero ir para casa - Faço bico e ela me olha me analisando.

- Tem certeza? - Ela questiona.

- Tenho, e tá tudo bem antes que você pergunte - Sorrio.

- Você está me escondendo alguma coisa - Ela fala com os olhos semicerrados.

- A qualquer hora eu vou te contar, não bêbadas no banco de trás do seu motorista - Rio.

- Você tem que compartilhar mais as coisas comigo, eu sinto que você não me fala tudo - Ela faz bico e eu suspiro - Não precisa me contar só as coisas boas, Meg. Eu não sou só sua amiga para festa, você sabe disso.

- Amanhã eu vou te contar tudo, quando estivermos sóbrias - Garanto.

- Você promete? - Ela me olha nos olhos.

- Prometo - Respondo tentando acalmá-la.

Eu sei que ela está certa, mas não sinto como se fosse uma questão de confiança, mas tem coisas que não me sinto confortável em falar, mesmo ela sendo minha melhor amiga. É tão estranha essa sensação. Falar as coisas em voz alta faz tudo parecer pior.

Suspiro olhando pela janela do carro observando as ruas enquanto o motorista dirige para minha casa. Depois desse longo dia e dessa noite, eu preciso muito da minha cama para poder descansar muito e bem.

O motorista pára em frente minha casa e eu abraço Hillary antes de sair do carro e subo para minha casa, para tomar meu banho frio e dormir um pouco, porque com tanto álcool na cabeça eu não vou "pilhar'' pensando nas contas que tenho para pagar.