Um Jeito Estranho de Amar
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Capítulo 7 Um Jeito Estranho de Amar img
Capítulo 8 Um Jeito Estranho de Amar img
Capítulo 9 Um Jeito Estranho de Amar img
Capítulo 10 Um Jeito Estranho de Amar img
Capítulo 11 Um Jeito Estranho de Amar img
Capítulo 12 Um Jeito Estranho de Amar img
Capítulo 13 Um Jeito Estranho de Amar img
Capítulo 14 Um Jeito Estranho de Amar img
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Capítulo 4 Um Jeito Estranho de Amar

Agradeci e deixei os três no andar debaixo assim que Jacob me

informou que no quarto onde eu dormia, além do closet e do banheiro

estarem já com roupas e com coisas para o meu uso pessoal, tinha também

um presente deles para mim. Assim que abri a porta, vi sobre a cama um

urso enorme. Minha vontade foi de abraçá-lo, mas estava suja e grudenta de

sorvete então resolvi tomar um banho rápido.

Minutos depois, de banho tomado e vestida numa roupa confortável,

eu me joguei na cama e abracei aquele ursão. Desde criança, meu sonho era

ganhar um ursinho de pelúcia, mas como eu morava num orfanato que mais

parecia um inferno, essa regalia para as crianças nunca acontecia, nem

mesmo nas épocas natalinas.

Agora, o Jacob e o Apolo realizaram meu sonho sem nem ao menos

saberem dele. O choro logo me atingiu em cheio e a única coisa que eu

queria fazer aquele momento era agradecê-los então sai do quarto,

enxugando as lágrimas, e desci. Assim que entrei na cozinha, onde os três se

encontravam conversando. Eu me aproximei e abracei Apolo bem forte, pois

ele era o mais próximo da porta.

- Obrigada, muito obrigada, Apolo – falei em meio aos soluços,

depois fui abraçar o Jacob que tinha se aproximado de nós, meio preocupado

– Eu amei o presente que vocês me deram – comentei me desvencilhando

dele e olhando para os dois – Muito obrigada, gente. Vocês estão me fazendo

apagar lembranças ruins e substituir só por recordações boas. Quando eu for

embora, vou na certeza de que fiz dois amigos...

- E eu aqui não conto não, é? – resmungou Ethan, me fazendo sorrir

ainda meio chorosa, então o chamei para um abraço também.

- Quem aqui está com fome? – indagou Jacob, já nos chamando

para comer o espaguete que ele tinha feito.

"Nunca tive amigos tão legais e divertidos como esses" pensei

enquanto os via terminando de se servirem à medida que conversavam sobre

quem fazia o melhor espaguete dentre os três.

Era por volta das duas e meia da tarde quando Shoreline ficou para

trás, à medida que seguíamos a I-5, rumo ao Canadá, pois segundo Apolo me

informou, sua família residia em uma casa em West Vancouver. Como Ethan

praticamente me contou sua vida toda enquanto fazia o meu cabelo, agora na

viagem, eu passei a ser o seu alvo. Mas não tinha muita coisa para contar

sobre a minha vida.

Apenas que meus pais haviam morrido em uma queda de avião

quando voltavam de uma viagem de férias. Que após isso eu tinha sido

levada para um orfanato, onde fiquei dos sete aos dezesseis anos, mas que

fugi de lá, indo morar nas ruas por alguns meses, até que conheci o meu ex-

namorado que era chefe de uma gangue local.

Passei então a viver com ele, sendo sua mulher, sua subordinada, sua

escrava sexual e principalmente seu saco de pancadas até o dia que o mesmo

foi preso e eu tive a chance de sair daquele relacionamento abusivo e

violento por qual vivi por mais de dois anos.

- Meu Deus! Que vida triste. Tadinha da minha Buchoca – Ethan

disse chorando, já me abraçando.

- Ok, gente, vamos parar de falar de mim, senão o Ethan vai alagar

o carro todo, porque ele está pior que o chorão do Apolo.

- Ei, eu não sou chorão não! – ele rebateu se virando para trás,

encarando-me.

- Você é um chorão muito fofinho – murmurei me inclinando um

pouco para frente e apertando a bochecha de Apolo, fazendo os outros rirem.

- Bota Kazaky aí para tocar, Jacobito. Vamos balançar os

esqueletos meu povo!

- Ka... o quê? – indaguei, sem entender nada.

- Kazaky é uma banda gay...

- Eles não se assumiram gays, Ethan – interrompeu Apolo.

- Se eles são héteros daquele jeito, então também somos, Cherzito.

Mas continuando... – ele disse voltando a olhar para mim – Kazaky é uma

banda mega muito diva. Aquelas bichas arrasa no salto, literalmente.

- E tem uns abdomens de tirar o fôlego – acrescentou Apolo.

- Ah é, né? É bom saber disso, querido.

- Humm... Jacobito está com ciúmes – Ethan provocou sorrindo.

- Relaxa, amor. Os deles são de tirar o fôlego, mas o seu é de matar

de tesão – Apolo ressaltou, fazendo um carinho no Jacob, provavelmente na

bochecha, pois não deu para ver direito, já que eu me encontrava sentada

atrás do banco do motorista.

- YOUR STYLE! – Ethan gritou quando uma música invadiu o

interior do carro e logo os três começaram a cantar e a se remexerem em

seus lugares, da cintura para cima.

"Estou presa num carro com três doidos"

- Vamos, Buchoca! Canta com a gente! Solte a bicha presa em você!

- Não sei essa música – declarei.

Fiquei apenas a observar eles enquanto as músicas preenchiam o

interior do carro de minutos a minutos, até que começou a tocar uma

conhecida e aí eu surtei.

- FOR YOUR ENTERTAINMENT! – gritei, pois era a minha

música favorita e a única que eu sabia a letra até detrás para frente, de tanto

escutar nas ravers que eu ia.

- Olha só, meninas, a Buchoca tem cultura. Eu tô chocada!

- Cala a boca e canta, Ethan! – exclamei empolgada, fazendo todos

rirem.

A viagem seguiu animada entre uma música e outra, até que Jacob

saiu da estrada e parou o carro no estacionamento de um posto de gasolina

em Blaine, desligando o som.

- O que foi, amor?

- Nós esquecemos – ele disse, num tom preocupado.

- Esqueceram o quê? – perguntei.

- De que você não possui documentos.

- E daí, Jacobito?

- E daí, que vamos passar pelo posto da fronteira no Canadá e vão

pedir os documentos de todos nós. E a Theodora não tem identidade.

- Ah merda! – praguejou Apolo, puto de raiva.

- O que vamos fazer, querido?

- O jeito é ela ir no porta-malas.

- Vá você no porta-malas, Apolo – retruquei, fechando logo a cara.

- Não vai ter jeito, Thea. Você vai ter que ir lá mesmo.

- Não vou não, Jacob.

- É só enquanto passamos pela fronteira, Buchoca.

- Não!

- Eu não vou perder o casamento da minha irmã por causa de você

não – comentou Apolo, já saindo de dentro do carro, dando a volta e abrindo

a porta do meu lado – Desce. Você vai sim no porta-malas.

- Isso é contra os direitos das grávidas – acusei saindo do carro e

encarando ele bem brava.

- Desde quando você sabe sobre direitos civis para gestantes? –

Apolo me questionou e eu dei de ombros.

- Não sei, mas lá deve ter uma parte onde fala que é proibido enfiar

uma grávida dentro de um porta-malas.

Apolo rolou os olhos e me encaminhou para parte de trás do VW

Golf R.

Graças a Deus conseguimos passar pelo posto no Canadá e na

primeira curva da BC-99, eu parei o carro no acostamento e pedi para que

Apolo fosse tirar a Theodora lá do porta-malas.

- E por que tem que ser eu, hein amor?

- Porque você deu a ideia e a enfiou lá. Anda logo – falei, já lhe

entregando a chave.

- Vamos deixar ela lá.

- Eu tô escutando, seu filho da puta! – ouvimos ela praguejar num

som abafado.

- Buchoca tá muito puta da vida – comentou Ethan rindo à medida

que o Apolo saía do carro.

Num minuto, eu via pelo retrovisor, Apolo abrindo o porta-malas, já

no minuto seguinte, eu o vi ser alvo de tapas de uma Thea em fúria, que dizia

coisas como "Vai prender sua mãe dentro de um porta-malas, seu

desgraçado!".

Então sai de dentro do carro, para tentar acalmá-la e salvar o Apolo

do ataque dela, mas não consegui segurá-la a tempo da Theodora dá um

chute nas partes íntimas do meu companheiro, que se curvou, ajoelhando-se

com as mãos entre as pernas e fazendo uma expressão de dor.

- Se acalma, Thea, por favor. Isso não vai fazer bem para a bebê –

falei e em seguida pedi que ela entrasse então me aproximei de Apolo e o

amparei, conduzindo-o devagar para dentro do veículo de novo.

- Você está bem, Cherzito?

- Ele acabou de levar um chute no saco, Ethan. Tu acha que o Apolo

está como, hein? Vomitando arco-íris de alegria? Não. Ele está sentindo

muita dor – retruquei com raiva, porque eu detestava ver o meu Apolo com

dor, pois parecia que a dor dele era a minha – Na primeira loja de

conveniência que eu ver, vou parar e comprar algo gelado para você colocar

aí, amor. Não se preocupe, essa dor logo vai passar – falei, afagando sua

coxa enquanto seguíamos viagem.

            
            

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