Capítulo 2 Primeiro capítulo.

25 de Outubro de 2017

- Nós vamos atrasar a escola outra vez!

- Estou vindo, só mais um minuto.

- Você sempre diz o mesmo.

- E sempre saiu em um minuto!- abro a porta do meu quarto para ver meu amigo de infância parado ao lado de fora impaciente.

- Se não fosse por causa do quebra pau que acontece, eu não esperaria por você.

- Tenho a impressão que isso não é verdade.- sorriu pegando minha marmita na cozinha. - Tio estou saindo.

- Está bem. Epsilon cuide bem da minha filha.

- Pode deixar senhor. Vamos?- suas pupilas brilham em minha direção. Sorrio e respondo que sim- Você tem que começar a acordar cedo, sabia?

Epsilon é meu amigo desde os meus nove anos, dois anos após eu acabar aqui, sem memória e família. O conheci quando quase fui assassinada em meio a um quebra pau entre gangues. Ser humana, numa cidade repleta de sobrenaturais que vivem como animais selvagens se atacando não é fácil.

Epsilon me salvou e a partir daquele momento nunca mais nos desgrudamos. Até agora com os meus 17 anos. Não vejo a hora de terminar de estudar e sair dessa cidade. Não que eu não goste de viver com o tio Kayane, mas eu quero ser independente, conhecer sítios melhores, um local...com mais humanos talvez.

- E essa cara!- ele olhou para mim de lado. -- Está pensando no momento que vai cair fora dessa quebrada.

Fiz bico segurando o riso.

- Como sabe?

- Eu te conheço Harm!- Colocou sua mão em meu ombro - Você sabe que não é assim tão fácil né? Lá fora pode ser muito mais perigoso que aqui.

- Nunca vou saber se realmente é se eu nunca tentar. Você sabe como me sinto aqui!

- Inferior e sozinha. Eu sei. E sei que também está errada, e a garota mais corajosa que conheço, tem a mim, seu tio e um monte de amigos que sinto ciúmes.

Ri de suas palavras. Epsilon é alto, corpulento, de olhos azuis e loiro. Sua postura de viking já dá medo, mas isso se justifica por ele ser lobisomem. Epsilon é membro de uma das gangues de Brooklyn, vive com sua mãe e seu irmão mais novo, matou seu pai que obrigava a sua mãe a se prostituir para os sustentar, foi preso e por ser menor foi colocado num reformatório. O que não foi suficiente para o prender, em menos de um mês, ele já tinha formado aliados no reformatório, se uniram e fugiram de lá.

Ao ir a sua casa descobriu que sua mãe foi retirada a guarda de seu irmão mais novo, que foi mandado para um internado, por ela ser consumidora de drogas. Revoltado mas uma vez, Epsilon resolveu tudo do seu jeito. Invadiu o internato onde descobriu que seu irmão estava sendo maltratado enquanto o diretor engordava com as arrecadações. E por isso enforcou o diretor com uso de uma corda grossa.

Tanto ele quanto sua família foram procurados pela polícia, mas a polícia nada pode contra eles pois, Epsilon é um chefe de uma das gangues mais perigosas de Brooklyn.

E apesar desse comportamento aparentemente todo agressivo, eu não vejo Epsilon como um psicopata louco. Sim, uma pessoa de sentimentos profundos e difíceis de compreender. Eu acredito que existe algo bom nele, acredito não, eu sei que tem. A prova disso foi o que ele fez por mim, quem salvaria uma humana? Aqui em Brooklyn quem arriscaria sua reputação por uma humana?

E apesar dele já ter aprontado muito nessa vida, ele só tem vinte anos. Estamos fazendo juntos o último ano, apesar dele passar grande parte do tempo fora da escola, marcando seu território.

- Boa tarde! - digo abrindo a porta que dá direção ao telhado. Onde encontro Epsilon, Ícaro e Hélio deitados olhando o céu. - Vocês só vêm à escola para dormir, não é mesmo?

- Calcinha cor de rosa!- Hélio diz quando o vento sopra entre minhas pernas. Seguro a saia e me sento junto deles.

- Você tem de parar de ver a cor da Calcinha da minha esposa!

- Eu não tenho culpa se ela só usa saia!

- Parem com isso vocês dois. Não falem de mim como se eu não estivesse aqui!

Hélio e Ícaro são os mais próximos de Epsilon, seus braços direito e esquerdo.

Passei o recreio ali com eles e depois segui para o final das aulas.

                         

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