Capítulo 5 " a condenação"

Quando deu mais ou menos 15 dias que fiquei presa, teve meu julgamento e fui condenada há 8 anos de prisão, mas a advogada conseguiu uma redução de 2 anos. Alegando ser legítima defesa.

O juiz concedeu e peguei 6 anos de prisão em regime fechado. Fui transferida pro presídio feminino na zona oeste do RJ.

Cheguei lá apenas com 19 anos, e muitas mulheres me rotularam como a novinha perigosa... eu só tinha certeza de uma coisa, que ali não era pra confiar em ninguém. Cobra mata abraçando, assim que eu aprendi e vou levar pra vida toda.

Os primeiros meses foram de transição e difícil também, era briga todo dia. Um grupo de mulheres lá cismaram com as minhas colegas de cela, e como eu estava com elas.. cismaram comigo também e se tem uma coisa que não queria era brigar, não queria que minha pena aumentasse mais.

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1 ano depois

Por aqui tudo piorou, as brigas começaram a ser muito mais constantes. E contava também com a ajuda do sistema, pra essas brigas acontecerem.

Eles plantavam discórdia em geral, fazendo ter mais confusão ainda. Eu sentia que algo estava por vir, e não era nada bom... já preparava a cabeça pra isso, já fazia umas duas semanas que eu estava sentindo isso.

Um certo dia geral no pátio, e me deu uma sensação que algo ruim estava por vir. E não é que eu acertei.

Uma das detentas chegou em mim e começou a falar que eu estava plantando discórdia entre as outras, que só foi eu chegar que tudo começou a dar errado. Que iria fazer da minha vida um inferno alí dentro, tu ficou batida?? pois é nem eu.

Poderia ter só 20 anos, mas a cabeça era de uma mulher de 50. A muito tempo que eu não acreditava em geral, a minha infância toda foi assim... eu não podia confiar em ninguém.

Era eu por mim alí dentro, não estava afim de confusão apenas saí dali e deixei ela falando sozinha... e isso era tudo que o sistema e ela queria . Se fosse em outro tempo eu teria confrontado ela mas aqui é o seguinte, ou vc tem a cabeça no lugar ou então você surta.

E eu não tava nem com paciência pra nada disso, dps entrou todas pra cela. Mas aí veio um calafrio, e não era do vento e nem nada, alguma coisa iria acontecer e realmente aconteceu.

Quatro mulheres, três com facas vieram em minha direção. E eu tinha chance contra elas?! não, mas nem que eu saísse toda rasgada eu iria lutar por mim mesma.

Eu e mais uma caímos no soco com elas, mas a diferença de nós é que elas tinha uma faca. Quando fui tirar da mão de uma, a outra enfiou a faca nas minhas costas e a outra na barriga. Naquilo ali eu cair no chão e elas começaram a me chutar, e as carcereiras?? não faço a menor idéia, eu já não tinha mais forças pra nada. Alí no chão eu só pedia a Deus que nada de pior me acontecesse.

Eu já não tinha mais coordenação de meu corpo, só senti quando elas pararam. Apaguei, e só acordei na enfermaria que por sinal não tinha nada pra curar os machucados. E eu só tinha certeza de uma coisa, muita coisa iria mudar.

A enfermeira fez os curativos que não adiantou de nada, de tanto sangue que saía. Fui levada para uma espécie de enfermaria também, só que mais limpa, e com curativos de verdade.

Eu tive um começo de hemorragia, mas eles conseguiram parar o sangue antes de algo pior acontecer.

Mas tu fez algo para punir as detentas que fizeram isso?? porquê o sistema não, eles alegaram que não tem provas que comprovem o que eu falei. Aí eu te falo, cheio de gente lá no local com as carcereiras tudo presentes e nenhuma fez nada.

Quando a minha advogada veio aqui contei a ela tudo que tinha acontecido, ela solicitou o juiz mas ele não fez nada. Apenas falou que brigas eram comum, e não poderia fazer nada.

Pedi a ela que não contasse pra ninguém o que aconteceu alí, não queria a Bell mais preocupada do que ela já estava.

Fui transferida para uma solitária pelo menos até os ferimentos se curarem, eles não queriam que o que tinha acontecido vazasse na mídia e acabasse com a reputação do presídio.

Fiquei alí por pelo menos 3 semanas, quando eu voltei para a cela eu já sabia que, ou eu encarava isso tudo, ou então eu iria acabar sendo morta. E foi isso que eu fiz, evitava ao máximo confusão. Mas já ouviram aquele ditado " eu dou um boi pra não entrar em uma briga, mas se eu entrar, dou uma boiada pra não sair" , aquele era o meu o que pensava.

Quando era pra entrar no pau também, eu entrava. Não liguei pra mais nada também, eles não queriam tanto conhecer a Dandara?! pois bem, conheceram.

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