一 Então significa que você não vai beber?
一 eu vou, mas com moderação.
一 É assim que fala, esse é o meu garoto.
一 Vai lá cara, estou indo ajudar a minha mãe agora.
一 Vai lá, falou. Mais tarde a gente se encontra já que você vem me buscar.
Ao sair do meu quarto fui em direção a cozinha para encontrar com a minha mãe, chegando lá eu a encontro soprando e tomando o seu café, do jeito em que ela é, o café devia estar quente. Ao notar a minha presença ela abre um largo sorriso.
一 Bom dia minha rainha 一 Digo dando um beijo em sua testa e indo em direção ao armário.
一 Acordou animado hoje, aconteceu algo que eu não sei? 一 perguntou ainda sorrindo.
一 Não exatamente, mas sim. Hoje à noite eu irei a uma festa com o João e uma menina.
一 Eu sabia que isso ia acontecer um dia, eu pedi tanto a Deus para que você mudasse e voltasse a ser o homem que eu criei para ser.
一 Por favor mãe, não começa, sério.
一 Tudo bem, não está mais aqui quem falou. Tem achocolatado na geladeira e torrada no micro-ondas. 一 falou enquanto se levantava e colocava o seu copo na pia. 一 Terei que dar uma saidinha para fazer compras no supermercado, antes das 13:00 horas da tarde eu estarei de volta.
Eu não disse nada, apenas balancei a cabeça e fui pegar o achocolatado na geladeira.
Eu não tinha falado com o Henrique desde ontem, e eu realmente queria saber como ele estava quando, eu mando uma mensagem dizendo: ''Que o seu dia seja tão belo quanto você'' demorou um pouco para ele responder a minha mensagem, mas ele respondeu dizendo de volta: '' que você deixe de ser um idiota'', Eu rebati dizendo: ''Eu sei que você está com raiva mas não precisa me tratar desse jeito também''. Ele apenas visualizou e não respondeu de volta.
Eu sabia que o que eu estava fazendo era errado, sabia que eu estava sendo idiota também, mas o que eu poderia fazer? meus extintos falavam mais alto. Logo em seguida, também mandei uma mensagem para Camila perguntando de que horas eu podia passar para buscá-la.
一 De que horas eu passo para pegar você, gatinha?
一 Você pode me buscar de 19:30 da noite já que daqui para o local são apenas 30 minutos de viagem.
一 Então às 19:00 horas da noite eu estarei aí.
一 Tudo bem gatinho, irei ajudar a minha mãe com algumas coisas aqui em casa, até a noite.
Fiquei o restante da manhã jogado no sofá assistindo um jogo aleatório de futebol que estava passando na televisão enquanto eu esperava a hora chegar. Ao olhar no relógio percebi que ainda eram meio-dia e vinte da tarde, minha mãe ainda não tinha chegado e não tinha almoço feito e eu já estava ficando com fome.
Todos os sábados a mãe do Henry fazia um bom almoço quando ela estava em casa, e era para lá que eu iria agora.
30 minutos de carro era tudo o que eu precisava para chegar em sua casa, passando pelas ruas de São Paulo pude perceber o quão largas e movimentadas elas eram causando até agonia de tantas pessoas que tinha nela. Poucas árvores, vários prédios, muitas pessoas na rua, isso era o que eu menos gostava só após um pequeno vislumbre pude perceber como a cidade era.
Talvez eu estivesse correndo com o carro, não sei, mas cheguei antes do horário normal ao bater na sua porta dona Marta me recebeu com um grande sorriso no rosto, droga, a família dele também era muito legal comigo. 一 Eduardo querido, quanto tempo. Veio almoçar com sua sogra hoje é? 一 perguntou enquanto me dava um breve abraço.
一 Sim, vim comer o seu delicioso almoço. Cadê o Henrique?
一 Tá no quarto dele, suba lá você já é de casa.
Ao pedir licença e entrar em sua casa, subi as escadas e fui em direção ao seu quarto, ao girar a maçaneta da porta percebi que já estava aberta então entrei sem pedir licença e eu o encontrei deitado lendo o seu antigo diário.
一 Pensei que você não usava mais isso. 一 Falei ainda parado em frente da minha cama e quando ele me viu, seu olhar mudou de imediato.
一 E o que você tá fazendo aqui exatamente? Eu não te convidei Eduardo, então pode se retirar.
一 Você era mais educado com o seu namorado antes.
Um silêncio absurdo se instaurou no quarto, apenas nos encaramos, e eu conhecia o olhar em que ele estava me dando, era um olhar de tristeza misturado com raiva, eu não estava em sua casa para brigar, eu apenas queria prepará-lo e ter uma conversa amigável, mas eu achava que isso não seria possível.
一 Namorado? Você tem me ignorado a quatro dias, e nesses quatros dias qualquer coisa que eu fale para você é motivo para você gritar e se estressar comigo, tudo por causa de uma maldita novata. 一 Falou alterando a sua voz.
一 Não grite que eu não sou surdo, e claro, você é um grande idiota que só fica arrumando briga por pouco, não sei o que eu vim fazer aqui, só gastei gasolina, e quer saber Henrique, ela é melhor do que você.
Sua expressão de raiva mudou para uma de choro, dessa vez eu tinha pegado mais pesado que o normal, mas em parte era verdade, ela era melhor do que ele em muitos aspectos. Ela era segura e cheia de si, bonita e confiava no seu taco, tudo o que o Henrique não fazia.
一 Então se ela é melhor do que eu, o que você veio fazer aqui, Eduardo? Por favor, se retire da minha casa agora. 一 Falou enquanto apontava para a porta do seu quarto.
一 Qualquer lugar é melhor do que estar com você em um mesmo cômodo.
Sai do quarto dando passos largos e apressados, quando já estava na metade da escada a mãe do Henrique havia aparecido e fez uma cara de confusa, talvez ela estivesse subindo para o seu quarto e acabou ouvindo a gritaria e queria saber o motivo, ou só fez a cara de confusa porque me viu descer apressado.
一 O que houve? Você já tá indo embora? Eu ia chamar vocês para almoçar agorinha. 一 Falou parando no degrau em que estava na escada.
一 Aconteceu um imprevisto que terei que ir embora agora tia, fica pra próxima.
- Não esqueça de na próxima, estarei esperando.
Concordei com a cabeça e fui para minha casa, tinha perdido a fome e iria descontar nas bebidas de hoje.
***
Por um momento eu jurei não ouvir o que ele tinha dito, ele achava ela melhor do que eu, o que ela tinha que eu não? Uma vagina? Era isso? Qual a qualidade que ela tinha e eu não? Porque até agora ela se mostrou apenas uma vadia sem caráter algum.
Comecei a jogar tudo o que estava em cima da cama em direção a porta, quando a mesma se abre revelando uma mãe assustada que tinha ótimos reflexos, já que a mesma se esquivou para o meu ursinho do Bob esponja não bater nela.
- Henrique, o que foi que aconteceu para você tá jogando tudo no chão? Custou dinheiro, sabia? - Perguntou enquanto colocava as mãos em sua cintura.
- Aquele idiota, desprezível veio aqui na minha casa, pra me dizer que aquele ser desprezível de beleza apenas tolerável e com um órgão genital diferente do meu era melhor do que eu.
A raiva subia por todo o meu corpo, e eu sabia que eu tinha que me controlar para não quebrar coisas de valores, até porque as coisas estavam caras e ninguém tinha dinheiro frouxo.
- Não é motivo para você sair jogando tudo o que vê pela frente, filho. Por mais que eu goste dele, eu reconheço que você deve se afastar dele pelo bem da sua saúde mental.
- Eu nunca pensei que eu ficaria tão dependente emocionalmente de uma pessoa, como estou pensando agora.
- Ele é seu primeiro namorado filho, você só tem dezessete anos, precisa conhecer o mundo, não fique assim por causa disso, Eu te amo e vim avisar que o almoço está pronto.
- Tudo bem, já estou descendo, mamãe.
Por mais que eu o amasse, eu não podia ficar assim, eu sabia que não seria eterno, mas mesmo assim eu insisti. Uma vez ouvi dizer que as pessoas eram suas até quando elas queriam, e que quando chegasse a hora, o que a outra pessoa podia fazer era entender, entender que um ciclo acabou para outro começar. Por mais que doesse, eu reconhecia que teria que deixá-lo ir.
Eu havia perdido a fome, e até estava pensando em cancelar a programação de hoje com os meus amigos, eu não sei se era o certo, também não podia me isolar, teria que estar com a cabeça erguida e seguir em frente. E aquele sentimento apareceu novamente, minha garganta estava querendo fechar, eu precisava desabar, e foi isso o que eu fiz. Me tranquei no banheiro e liguei o chuveiro, assim eu podia chorar sem que ninguém visse, soluços involuntários saíram da minha boca, porque eu tinha que ser tão fraco a ponto de chorar por tudo.
Eu sempre julguei de fracos pessoas que choram por relacionamento, ainda mais um relacionamento raso, mas a realidade não era essa. Chorar não era sinal de fraqueza, era sinal de colocar para fora tudo o que você está sentindo, tudo o que estava guardado dentro de você, não valia a pena estar chorando por um relacionamento, mas na minha concepção, eu chorava pelas lembranças felizes que tive com ele em quase dois anos de relação, eu chorava por todos os beijos, carícias e abraços que ganhei e que também foi dado de minha parte, era por isso que eu chorava, mas não valia a pena chorar pelo leite derramado, até porque tudo o que é bom dura pouco, mas ainda não tínhamos terminado, então significava que eu tinha mais uma chance de conquistá-lo.
Engolir o choro era a pior coisa que alguém poderia fazer, mas eu teria que fazer isso, me sequei e vesti minha roupa que trouxe comigo em seguida sequei o restante do meu corpo e passei um desodorante, olhei pela última vez o meu celular antes de descer para o almoço e lá tinha uma mensagem no grupo dos meus amigos que responderia depois do almoço, pelo menos hoje eu teria um almoço saudável.
Basicamente, estar com a minha mãe é viver a base de pizza e coca-cola, claro que comíamos comida saudável, mas a quantidade de besteira era maior, nesse almoço de sábado, ela tinha preparado suco de acerola, feijão, macarrão ao molho e galinha guisada, tudo o que eu mais amava.
- Mãe, pensei que hoje iriamos comer uma coisa mais light, né.
- Veja bem, o macarrão reúne baixas concentrações de sódio, gordura e colesterol, confia que faz bem e você sabe. Como você diz, confia que é saudável. - Ela dizia enquanto enrolava o garfo no macarrão.
- Mãe, hoje eu vou sair com o Lucas e a Claryssa. Eu posso? - No próximo ano eu atingiria minha maioridade, até lá, eu pediria permissão, e me conhecendo, depois disso também.
- E posso saber exatamente para onde vocês vão?
- O primo de Lucas passou no vestibular e vai dar uma festa de comemoração, eu posso ir? - Perguntei mais uma vez.
- Sim, você pode. Não volte tarde e também não use drogas.
- Mãe, falando assim até parece que você não me conhece.
- Eu te conheço, mas já fui da sua idade, amor.
- Mamãezinha.. Não me diga que você já foi uma dependente química.. - Perguntei fazendo cara de espanto e a mesma gargalhou
- Não exatamente, mas já experimentei algumas coisinhas com o seu pai, tipo uma erva e balinhas..
- Tudo bem, já é demais para mim, vocês eram mesmo porra louca hein.
- Olha o palavrão na mesa, filho.
Eu sabia como ela não tolerava palavras de baixo calão, e ainda mais quando era numa mesa de refeição, minha mãe para mim era meu tudo e minha vida, assim como o meu pai, mas eu nunca imaginei que eles já foram desse tipo de adolescente.
Enquanto comia, conversamos bastante sobre coisas da vida, a minha mãe era uma mulher muito alegre, não importa se estiver triste, ela fará todos a sua volta sorrirem, mesmo estando quebrada por dentro, ela é uma mulher guerreira, e eu admirava muito ela.
- A senhora descobriu o que tem na ginecologista? - Perguntei me lembrando do assunto de alguns dias atrás.
- Só uma infecção, ele passou alguns antibióticos e pomadas vaginais. - Comentou não se importando muito.
- E quanto tempo dura o tratamento? Porque tem tratamento, né?
- Sim, o tratamento dura quinze dias, até lá, sem relações sexuais.
- Credo, mãe. Você não gosta de palavrão, mas pra falar disso né, você vai rapida. - Fiz cara de nojo ao expressar a minha opinião.
- Como se fosse algo demais, e como fosse algo que você não saiba o que é, não é Henrique? - Ela perguntou.
Mas o que eu diria a ela? Nossa mãe, sei perfeitamente o que a senhora quis dizer, e deve ser horrivel para senhora e o papai ficar esse tempo todo sem fazer sexo, mas eu apenas respondi da maneira mais cortês possivel.
- Claro que eu sei, mamãe. Relação sexual é a inserção e fricção do órgão genital masculino na vagina da mulher.
- Então você está ciente do que é.
Ao terminar nossa pequena conversa, voltamos a comer para terminar logo e assistir um filme, como fazíamos normalmente de tarde. O filme de hoje foi dirty dancing - ritmo quente, esse era o nosso filme preferido quando se tratava de assistir juntos.
Ao acabar o filme, subir para o meu quarto, ainda eram 16:37 da tarde, peguei meu celular para ver o que o Lucas tinha enviado no nosso grupo e vi que era o horário da festa, eu esqueci da festa mesmo tendo comentado e pedido a permissão para a minha mãe.
- A festa vai ser das 20:00 as 05:00 da manhã, eu passo ai para buscar vocês. - Lucas falou mandando um emoji de legal.
一 Que horário? 一 Perguntei.
一 Mais ou menos uma 19:30
一 Certo, não vou poder ficar até amanhecer o dia, posso até as 02:00
一 Nesse horário já amanheceu o dia migo, mas a gente vem antes.
一 Eu também tenho que chegar antes. 一 Claryssa disse
一 Não se preocupem, viremos antes.
Ao descer novamente para a sala, encontro a minha mãe falando no telefone e pelo o que entendi era com o meu pai que ela estava falando, e pela a sua animação, aparentemente eles iriam sair hoje.
一 Quem era mãe?
一 Era o seu pai, ele saiu mais cedo do trabalho, vamos sair hoje também, não volte tarde da festa, amanhã iremos para um clube.
一 Faz tempo que não saímos juntos, eu vou gostar, tenha um bom encontro, danadinha.
一 Você e esses seus apelidos estranhos. 一 Falou me dando um beijo e subindo as escadas e conhecendo a mãe que eu tinha, era bem provável que ela fosse arrumar a roupa e fazer uma maquiagem caprichada, porque além de nutricionista, ela também era maquiadora.
Comecei a assistir orgulho e preconceito, o livro e filme eram um dos meus preferidos, sempre achei os romances da Jane austen espetacular, clichê eu diria, mas que faz qualquer um se apaixonar. Não estava animado para ir a festa por causa do acontecimento de mais cedo, mas eu combinei com os meus amigos e não iria furar, mas eu falaria com ele mais uma vez para tentar resolver ou amenizar as coisas..
***
As três horas passaram como Flash, meus pais saíram antes das 19:00 e aqui estava eu, no banco traseiro com a claryssa enquanto o Lucas estava na frente com a sua mãe que estava nos levando para a festa, e que também ficaria por lá com os seus parentes.
Estava tocando Can't remember to forget you, e por incrível que pareça eu estava me lembrando do meu namorado, é Shakira e Rihanna, eu faria de tudo por aquele garoto.
Claryssa encarava o Lucas como se fosse comer ele a qualquer momento, eles não tinham se assumido ainda, mas também nem precisava, estava nítido no olhar de cada um deles o quanto eles se desejavam..
一 Tá sentindo esse clima no ar tia? 一 Perguntei sorrindo e rapidamente ela entendeu, pois também percebeu o quanto clary encarava seu filho.
一 Cheirinho de casal apaixonado no ar.
一 Ainda não entendi do que vocês estão falando. 一 Claryssa estava envergonhada e todas as vezes a sua bochecha ficava vermelha, desvantagens de ser parda.
一 Mas eu entendi que daqui a alguns dias você será a minha norinha.
A cada comentário que a mãe do Lucas fazia era uma gargalhada que eu dava, primeiro por ver minha amiga corada de vergonha e segundo por ver Lucas inventar alguma desculpa para amenizar o clima que estava em um carro fechado.
一 Todo mundo já percebeu que vocês se gostam, não é de hoje que eu sei. 一 Tia Gabriela falou na maior naturalidade, embora que eu achasse que ela estava jogando verde para ver se eles falavam alguma coisa.
一 Tá tão nítido assim? 一 Lucas confirmou a afirmação da sua mãe.
一 Eu sabia, eu sabia. A mãe nunca se engana e conhece bem os filhos que tem.
Bingo, ela jogou verde e ele caiu na mosca, como estava provável que cairia.
一 Como assim tia? 一 Claryssa perguntou gaguejando.
一 Eu não fazia ideia de vocês, pensei que vocês apenas se viam como irmãos, mas uma dica, Use sempre camisinha.
一 Tia.. 一 Claryssa estava envergonhada.
一 Como se a gente tivesse fazendo algo de errado, mãe.
Eu só estava calado rindo da situação em que os meus dois amigos se encontravam.
一 Eu já fui adolescente, não estou dizendo que já fizeram algo, só estou alertando. Estou muito nova para ser avó.
一 Você tá tão engraçada hoje mãe.
一 Sempre fui, mas iremos terminar essa conversa em outra hora porque chegamos.
Ao parar o carro na frente do local que estava acontecendo a festa, todos nós saímos do carro e combinamos de nos encontrar às 02:00 da manhã, pois ela ia procurar as suas irmãs que estavam lá.
As músicas eram variadas entre funk, pop e eletrônica, o que deixava a festa mais animada. A bebida descia queimando na minha garganta, meu estômago doeu na mesma hora em que o álcool chegou nele, eu não estava acostumado com bebida, mas mesmo assim insistia no álcool.
Estava sentindo o efeito do álcool sobre o meu corpo, minha cabeça girava a cada batida da música e o meu corpo também entrava no movimento e ritmo da música, a sensação de prazer se espalhava a cada vez mais, até sentir alguém me puxar pela mão.
一 Mas que porra você tá fazendo aqui? 一 Eduardo estava na minha frente me fazendo uma pergunta, aquilo era realidade ou o efeito do álcool?
一 Você é real mesmo? Nossa que frio tá aqui fora.
Eu ria como se o mundo fosse acabar, e talvez ele estivesse mesmo, e eu jurava ter visto um meteorito caindo na esquina, mas era o álcool, que merda tinha naquela bebida? E desde quando eu tinha me afastado dos meus amigos? Eu estava retornando a consciência novamente, estava ficando lúcido de novo.
一 Me responde Henry, o que você tá fazendo aqui?
一 Vim pra festa do primo de Lucas com ele e claryssa. Mas e você, hein? Tá fazendo o que aqui?
一 João me chamou. 一 Falou curto 一 Então a festa é do primo dele.. 一 Continuou como se estivesse pensando.
一 Sim, algum problema?
一 Não Henrique, vai para casa. 一 Falou como se estivesse me dando ordem.
Antes que eu pudesse responder, uma voz feminina que eu reconheceria até no inferno se pronunciou interrompendo.
一 Achei você dudu, vem vamos entrar. 一 Falou enquanto se aproximava como se fosse para ver com quem ele estava falando.
一 Dudu, hein? Nossa, como as coisas mudaram.
一 Não começa, Henrique.
一 Ah, então é com ele que você está. Nossa aqui tá frio, e já tá dando chuviscos de chuva. 一 Ela falou enquanto me olhava com nojo e virava a cara.
一 Toma o meu moletom e me espera lá dentro que já estou entrando cami. 一 Falou tirando o moletom e dando para ela.
Quando ela entrou, o silêncio enorme permaneceu no lugar.
一 Você viu e eu te disse que eu estava com frio e não exitou em dar o seu moletom para ela. 一 Eu pensei em abaixar o meu olhar triste, mas não o fiz, apenas demonstrei o quão triste eu estava.
一 Tudo o que você tem que fazer é me deixar em paz Henrique. O que existiu entre nós está tudo terminado a partir de agora. Me esquece.
Ele fez menção de sair e no mesmo instante puxei o seu braço novamente.
一 Como posso esquecer de tudo o que tivemos nesses quase dois anos? 一 Gritei, era impossível me esquecer e me controlar diante dessa situação.
一 Eu não sei cara, não sei o que pensei quando te pedi em namoro e não sei o porque te puxei para cá. No fim das contas, você só era mais um.
一 No fim das contas, só percebi agora o quão tóxico e abusivo você foi.
Ele apenas me ignorou e no mesmo instante, como se já não bastasse, começou uma chuva super forte do nada.
Eu nunca fui tão humilhado na minha vida como fui pelo homem que jurou me amar eternamente, mas é como minha mãe disse, quem jura mente.
Assim como a chuva que caía, as lágrimas escorriam junto com ela. Como tudo terminou dessa forma, nem para ser amigável. Eu não estava com cabeça para retornar a festa, ainda estava parado chorando no lugar em que ele me deixou antes de sair da chuva, quando uma voz me chamou a atenção, eu já tinha ouvido essa voz antes.
Minha visão estava embaçada por causa das lágrimas e da chuva, tentei enxergar mas foi em vão quando o dono da voz se aproximou por livre e espontânea vontade.
一 Mas você já gosta de chorar em lugares nada seguro, não é? 一 Perguntou a voz e só quando se aproximou pude ver que era o garoto do parque de ontem.
一 E você já gosta de se meter na vida dos outros, não é? Parece até que me segue. 一 Falei enquanto seguia o meu caminho de volta para casa.
一 Talvez eu esteja e talvez não. 一 Brincou.
一 Tá repreendido, que Deus me proteja de você.
一 É brincadeira, mas que show foi aquele? Era o seu namorado? Ou melhor, ex.. 一 Perguntou debochando.
一 Além de seguir as pessoas, ainda é intrometido. Pai, eu mereço.
一 Vocês estavam gritando, era impossível não ouvir. Vamos, eu não tenho carro, mas te acompanho até em casa.
一 Não precisa, eu sei ir sozinho.
一 Mas eu vou te acompanhar mesmo assim.
A viagem foi silenciosa, mesmo na chuva, que clichê. Já percebi que eu pegaria um baita de uma gripe. Até que a companhia do menino desconhecido que eu não sabia o nome era agradável, ele respeitava o meu espaço e não me fazia perguntas sobre o meu término de namoro e também era melhor assim.
Depois de uma longa hora finalmente chegamos na minha casa, ele se surpreendeu quando viu, provavelmente ele não morava no mesmo condomínio ou até mesmo o bairro que eu, o convidei para entrar mas o mesmo recusou, e então, eu novamente o acompanhei o olhar até ele sumir do meu campo de visão.