Saio do quarto e esbarro sem querer no amor da minha vida.
- Desculpa. - Ditamos juntos, e se encaramos e logo rimos.
- Essa foi boa. - Digo ainda rindo.
- Sim, foi. Se machucou? - Pergunta preocupado.
Ah, como é fica lindo todo preocupado.
- Não e você? - Pergunto olhando fixamente pra ele.
Caramba, eu poderia beija-lo agora.
- Não... Eu tô bem. - Diz um pouco envergonhado.
Porra!! Se controla Klaus.
- Que bom, fico aliviado em saber que não se machucou. - Digo e como não tínhamos mais nada pra falar, ficarmos de encarando.
Belíssimo!!
Escutamos um pigarro.
- Se não estivermos atrapalhando aí, Alex, poderia entrar? - Tomamos um susto.
- A-Ah.. C-Certo, chefe. - Diz todo nervoso.
Fico nervoso também por causa do olhar que meu pai está me dando.
- Vou ver como a mãe está. - Rapidamente corro para o andar de baixo.
Desço as escadas com o coração na mão. Droga, eu realmente estou tão apaixonado que fico feliz somente encarando ele.
- Viu o amor da sua vida? - Reviro os olhos com a voz do Enzo.
- Olha, não começa a essa hora da manhã.
- E quem disse que tem hora pra perturbar?
- Deus, dá-me paciência.
- Eu me pergunto, quando vão se declarar um pro outro? - Olho feio pra ele. - Não precisa me olhar assim, só estou falando o óbvio.
- Deveria se preocupar em parar de fazer pegadinhas com os outros. - Ele bufa.
Esse garoto as vezes parece um adulto.
- Porque eu deveria me preocupar com aqueles que gostam de falar mal dos outros?
Fico sem entender.
- Como assim?
Aproximo dele e me sento ao seu lado.
- Porque você acha que eu fiz a pegadinha com o diretor? - Continuo sem entender.
- Dá pra falar logo.
- Ele falava mal da nossa mãe, Klaus.
- O que? Do que ele falava? - Questiono irritado.
- Que a nossa mãe era uma puta por estar com dois homens.
Ah, se o nossos pais souberem disso.
- Então você fez bem. - Ele me olha como se eu fosse idiota. - Deixa de ser chato.
- Não é chato, é que você fala a coisa mais óbvia do mundo.
- Tu só tem dez anos e é uma peste. Já foi expulso de três escolas.
- Claro, eles falavam mal da nossa mãe, tu queria que eu fizesse o que?
Bom, se os nossos pais soubessem, eles estariam mortos.
- Tá, estou indo na biblioteca.
Levanto do sofá e caminho até a biblioteca, entro e já vou na sessão de matemática. Pego o livro e vou até o sofá, sento e começo a ler.
****
Escuto a voz do Alex e saio da biblioteca o encarando.
- Já vai? - Pergunto se aproximando dele.
- Sim, sabe como é, o trabalho me chama. - Acabo dando um sorriso.
- Sei. - Digo e o vejo morder os lábios.
Puta merda!!!
- Você não deveria está na faculdade? - Pergunta do nada.
- Não teve aula hoje, só amanhã. - Respondo.
- Ah sim.
E novamente ficamos nos encarando, acabo olhando para sua linda boca.
Ah, como eu queria tanto saber o gosto.
- Se os senhores acabaram de se comerem com os olhos, quero assistir meu desenho em paz. - Tomamos um susto com a voz do Enzo.
- Não estávamos se comendo com os olhos. - Falamos juntos.
Essa criança é um demônio.
- Aham, e eu sou um alienígena. - Não disse que é um demônio.
- Vou indo. - Ele diz e rapidamente sai da nossa casa.
Olho feio pro Enzo.
- Porque tu é assim?
- Porque não diz logo o que sente? Vocês dois se gostam, mais nunca vão admitir.
- Ele não gosta de mim. - Sussurro.
- Aham, e eu sou um ninja.
- Desliga o sarcástico por um minuto.
- Klaus, eu sou uma criança e mesmo assim, dá pra perceber que vocês dois se gostam.
Bufo com isso.
- Só fique quieto, não se meta. - Ele revira os olhos.
- Tudo bem.
Solto um suspiro.
- Quer ir no shopping? - Pergunto e o mesmo me olha.
- Querer eu quero né, só que infelizmente tô de castigo. - Acabo rindo.
- Ah é, eu esqueci isso. Quem manda aprontar.
- Vai tomar no...
- É o que Enzo? - Olhamos para os nossos pais na escada.
- Nada, pai. - Diz desviando o olhar.
- É melhor controlar essa sua linguinha, antes que eu arranque ela. - O papai Damon diz sério.
- Desculpa. - Diz emburrado.
- Nem era pra está assistindo, você estar de castigo.
- Mamãe deixou. - Diz ainda emburrado.
- Como sempre, Tom sempre pega leve com você. Porque por mim, eu colocaria você no meu joelho e lhe dava algumas palmadas. - Diz sério.
- Damon, pegue leve com ele. Sabe como o Enzo é.
- Isso porque nunca levou um tapa.
- E nem vai levar. - Olhamos para a entrada da cozinha, vendo a nossa mãe. - Nem ouse pôr a mão nele, Damon.
Ele bufa.
- Como se eu pudesse. - Diz irritado.
- Luc, se ele está de mal humor, leve ele pra longe daqui.
Meus pais sempre brigam por besteira, eu sei o motivo da minha mãe não querer que o Enzo apanhe. É por causa da sua infância, papai Damon sabe disso, por isso não bate nele.
- Irei estudar no quarto. - Digo e subo para o meu quarto, entro e deito na cama.
Será que devo me declarar pro Alex? Nós somos amigos, até já saímos juntos. Foi o melhor dia da minha vida e o pior, porque eu tinha que fingir ser amigo dele. Querendo ou não, eu cresci ao lado dele, saímos quando eu era pequeno e tals.- Alex e eu temos um vínculo, mas, eu não tenho coragem de dizer que amo ele.
O que eu faço hein?
Acho que o Alex não sabe disso, mas, eu sei o segredo dele. Fiquei surpreso em saber que ele tem uma vagina no lugar do pênis. Isso não o torna menos especial, ao contrário, ele é muito especial para mim. Eu o amo tanto que chega doer o meu coração.
Eu lembro do dia que saímos e bebemos juntos, aí formos na casa dele. Eu queria que aquele dia nunca acabasse, foi tão maravilhoso.
- Falando nisso, acho que posso ir na casa dele. Ele mal está dormindo, posso cozinhar algo.
Pego meu celular e ligo pra ele.
- Klaus?
Ah, amo sua voz.
- Oi, foi mal incomodá-lo.
- Não incomodou. Algum problema?
- Nenhum, eu só queria saber se posso ir na sua casa hoje? Faz tempo que não temos tempo pra conversar, só nós dois.
Puta merda!!! Eu realmente falei isso.
- A-Ah..... Sim.
Arregalo os olhos.
- Sim? Eu posso ir?
- Se não se assustar com a minha casa suja.
Brinca e acabo rindo.
- Sem problema nenhum, querido.
A ligação ficou muda por alguns minutos.
- Alex?
Chamo e escuto sua respiração.
- Ah, pode ir.
- Claro, vejo você lá então.
- Tchau.
- Bye.
Desligo o celular e grito feliz.
- Puta merda, eu chamei ele de querido!!
Enterro meu rosto no travesseiro e grito abafado.
Eu preciso ficar lindo, vou levar algumas roupas extras, rapidamente corro pro banheiro.
****
Desço as escadas com a mochila nas costas.
- A onde vai? - Olho pro pai Luc.
- Não está óbvio, pai? Ele vai namorar.
Reviro os olhos.
- Vou pra casa do Alex. - Ele me olha e acena.
- Tudo bem, irei avisar a sua mãe.
- Oh, mãe!! O Klaus vai pra casa do Alex!!!!
- Puta que pariu!! - Rosno irritado.
Ele simplesmente dá um sorriso de lado, olho pra o pai Luc que simplesmente desviou o olhar.
- O que? Pra casa de Alex? - Aceno. - Que horas volta?
- Tarde. - Ele acena.
- Tudo bem.
Saio de casa e vou até garagem, pegando o meu carro. Dou a partida pra casa do amor da minha vida.
Espero que eu não surte e acabe beijando ele.
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