Capítulo 8 ~7~

Estavamos caminhando pelo jardim sob a luz do pôr do sol. Eu mantinha minhas mãos juntas atrás das costas, apreciando o belo jardim. Príncipe Nicolas havia chegado de algum lugar com o duque, ambos suados, com um saco de flechas presos as costas e lanças.

Olhei de soslaio na direção do homem de fios loiros que me olhou como uma flecha vem de encontro ao alvo. Senti meus corpo ficar tenso e borboletas surgindo. A rainha ergueu sua mão acenando para a dupla que parecia satisfeitos com algo.

- Parece que o treino foi bastante produtivo. _ ela susssurrou, juntando as mãos frente ao corpo como uma elegância delicada.

Tentei imita-la, e olhei para minhas mãos calejadas rentes a boca de meu estômago. Evelyn se virou devagar, pegou minhas mãos as colocando do jeito certo, tocou a ponta de meu queixo o erguendo e tocou minha barriga e costas corrigindo minha postura.

Um sorrisinho surgiu em seu rosto quando ela passou seu braço pelo meu e me puxou para caminharmos assim.

- Quando se referir a um lorde, tente chama-lo de mi'lord, vossa graça... Muitos deles são arrogantes, é melhor manter um pouco de respeito para com eles, se não quiser se meter em problemas.

- Mas vossa majestade é a rainha...

- E você? _ Evelyn não foi grossa ao abrir meus olhos para realidade. Ela me olhou cética com um toque de preocupação.

Ouvimos passos e direcionamos nossa atenção a quem se aproximava. Estremeci baixo a cima do o olhar severo daquele homem, sua postura era ainda mais indimidadora que a da rainha, e a coroa dourada em sua cabeça adornando seus cabelos pretos não chamavam mais atenção do que seus olhos verdes intensos e frios.

O sorriso da rainha aumentou quando ele parou diante de nós, acenou com a cabeça para mim com cortesia e fiz uma reverencia prudente e tensa. Ele tocou com cuidado o braço livre da rainha, maneou a cabeça a olhando nos olhos. E como se ela soubesse do que ele estava falando, sem o rei nem mesmo precisar dizer uma única palavra, libertou meu braço e me lançou um sorriso estreito antes do rei a tomar em seus braços e carrega-la.

Eu estava boquiaberta e de olhos arregalados. O rei carregando por conta própria a rainha?

- Dylan e Nicolas! _ sua voz rouca e forte ecoou pelo jardim estremecendo minhas pernas.

Por momentos, eu senti medo desse homem, apenas pela aspereza em suas feições. O rei realmente era um homem a se temer, apesar de ser bom para seu povo.

Ouvi alguém desmontar do cavalo e um leve toque em meu ombro.

- Não encare o rei..._ um aviso veio em susssurro e virei rapidamente meu rosto, percebendo que o duque estava bem ao meu lado, com seu rostinho a poucos centímetros do meu. Seus olhos azuis estavam determinados, ele sorriu sutilmente. _ Mas eu deixo você me encarar assim por quanto tempo quiser...

Movi meus olhos levemente arregalados, divindo um olhar demorado em seu rosto. Eu nunca tinha ficado tão perto do rei, e meus pés paralisaram na grama com a imponência daquele homem. Ele me deixa tensa, com medo, como se essa fosse sua intenção: intimidar qualquer um que entrasse em seu caminho.

- Está com medo do rei? _ Abri minha boca procurando palavras, mas nada veio a mente. _ O rei tem essa postura por natureza, mas é um bom homem. Deve haver algum problema que o deicou tão severo em seu olhar...

- Dylan, você não quer perder a cabeça por se atrasar após receber a ordem do Archie, não é? _ o príncipe Nicolas gritou ja de uma distância razoável.

O duque se afastou maneou a cabeça e se afastou apressado. Minhas pernas ainda estavam tremendo, mas agora minhas mãos suando quando encarei aquele par de olhos azuis.

Archie

Com cuidado coloquei Evelyn em seu trono, para que pudesse descansar com conforto.

- Sei que está animada com sua nova amiga, mas por favor não se esforce de mais. Ainda está de resguardo.

Ela me fitou nos olhos, suas íris brilhantes e um sorriso surgindo em seus lábios que fez as camadas gelo em meu interior derreter rapidamente como a primavera chega para o inverno.

- Faz tempo que não tenho uma amiga da minha idade. Desculpe por estar tão animada...

Sorri soltando um suspiro, me dando por vencido e rocei meu polegar em sua bochecha.

- Gosto muito desse olhar que você sustenta agora. Acho que uma amiga lhe fará bem. Mas não me troque, hum! _ arqueio uma sobrancelha e Evelyn solta uma risadinha maneando a cabeça e nega.

Me afasto, lhe dando as costas, mantendo minhas mãos juntas atrás das costas, enquanto vejo o momento em que Nicolas entra correndo e para a minha frente, fazendo uma reverencia e sorri sapeca com o suor escorrendo de sua testa.

- Como anda seu treinamento? _ pergunto mais calmo e Nicolas mostra seu polegar para mim.

- Eu serei melhor do que você um dia, velhote! Espere e verá!

Abro um sorriso largo presunçoso o encarando de cima.

- Isso levará tempo, pirralho! Quando me alcançar, vamos lutar juntos.

Nicolas sorriu abertamente animado e concordou. Ele ficou quieto como se soubesse que não foi chamado ali para conversas rotineiras. Dylan entrou fazendo uma reverencia e me encarou sério, também ciente de que se tratava de um assunto urgente.

Respirei fundo, os encarando sério.

- Iremos a Thalfry. Eu, você e Nicolas.

O silêncio se instalou por longos momentos enquanto eu observava a reação dos três. Evelyn perdeu seu sorriso e se manteve cética, encarando meu rosto quando a olhei por cima do ombro.

- Eu esperava por isso. Matamos um príncipe, era de se esperar que em algum momento teríamos problemas...

- Não estou indo para começar outra guerra, mas sim para impor limites. Se Thalfry quiser uma batalha, a teremos, mas se enfiarem o rabo entre as pernas e aceitar nossas condições, será melhor.

Acabamos de sair de uma batalha. O povo ainda está se recuperando de uma guerra que durou oito anos. Como eu rei, eu não posso apenas pensar em meu orgulho. Eu tenho dois filhos pequeninos agora, minha esposa está em um momento frágil e meu irmão ainda é muito jovem para assumir o trono caso algo aconteça a mim.

- Evelyn ficará e reinará até que voltemos de Thalfry.

- Quanto tempo isso levará? _ ela perguntou séria e me virei buscando seu olhar que brilhava em algo misterioso e preocupação.

- Eu não sei. Pode levar dias uma negociação...

Ela continuou me encarando em silêncio e eu não fazia ideia do que estava passando em sua cabeça. Mas tenho certeza que ela viu em meus olhos a minha preocupação de deixa-la aqui com nossos filhos e a responsabilidade de dois reinos sobre seus ombros. Eu sabia que ela capaz, mas temia pelos problemas que pudessem surgir nesse tempo e a esgotar. Evelyn precisava de descanso, Meredith me alertou sobre isso, e também que eu não deveria possui-la tão brevemente.

- Eu darei meu melhor. _ Ela se levantou devagar vindo em minha direção, parando antes do primeiro degrau e subi para encara-la de frente. _ Deixe Dazzo e Hartz comigo. Não posso governar tão bem como você, mas eu darei meu melhor.

Aceno segurando sua mão e aperto suavemente seus dedos.

- Conto contigo, querida. Sei que minha leoa não vai me decepcionar.

- Quando partirá?

- Após o baile em comemoração do nascimento de nossos filhos.

Ela suspirou forte e acenou convicta.

- Mas porque eu tenho que ir?_ Nicolas praguejou e o encarei sério.

- Porque você agora é um pequeno homem. E como príncipe de Dazzo, precisa aprender a negociar. E a encarar os nossos inimigos como um leão... Você é o príncipe de Dazzo, Nicolas, minha mão direita. Tem que me superar também em decisões para que um dia sua palavra possa valer mais que qualquer ouro e joias do reino. Quando eu for um rei velho e caduco, você saberá como cuidar de tudo ao meu lado.

Nicolas engoliu em seco e concordou tenso.

- Certo, irmão! Eu darei o meu melhor também. Chutarei com força a canela do rei frajuto de Thalfry e mostrarei a ele com quem mexeu!

Ri rouco e me aproximei tocando sua cabeça, minha mão cercou toda a circunferência do topo de seu crânio, e ele olhou para cima com firmeza me encarando.

- Você pode o fazer, eu lhe acobertarei em minha sombra até que tenha idade o suficiente para ter a sua própria. Será um grande homem, eu tenho certeza que me trará orgulho.

Olho para Dylan que se manteve em silêncio, em uma postura tensa.

- E você será meus olhos e ouvidos onde eu não puder ver ou enxergar. Estou ciente de seu poder de observação, duque. Use-o a nosso favor!

- Usarei com honra para nosso reino, meu rei!_ ele fez uma reverencia e concordei também tenso.

Não estávamos indo para tomar chá com o rei de Thalfry, estavamos levando um aviso de guerra caso ele se recusasse a aceitar nossos termos.

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Boa leitura!

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