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Fiquei no castelo sozinha com os guardas e criadas. Mas, sinceramente, eu preferia isso do que ficar naquele matadouro assistindo sangue ser derramado para satisfazer as vontades do rei e a sua escória.
Enquanto as horas não passavam, caminhei pelo castelo na intenção de encontrar algo interessante. Mas era tão frio, vazio e sombrio que aposto que não tinha uma simples biblioteca naquele lugar imenso e sem vida. Solto um suspiro cansado e volto ao meu quarto. Pego uma pena e começo a escrever aleatoriamente na folha de papel. Era um bom passatempo.
"O desejo inoportuno. Um desejo que me mataria facilmente, criada por apenas uma atração iminente. Eu não conseguia segurar, o mundo estava desabando nos meus pés e eu não era capaz de fazer nada. Casando com um psicopata que poderia mandar fazer comigo, o que aquele homem fez na arena contra três... ah, aquele homem. Alto, forte, moreno de olhos azuis. Ágil e quente como o inferno. Ser julgada por tamanha perversidade, decapitada por não conseguir evitar sentir uma atração inoportuna por um homem que acabei de conhecer, um lutador, gladiador, o campeão do meu noivo. Céus, como isso era errado e... excitante. Escapar da minha realidade me excitava, a realidade onde eu era uma princesa prestes a me tornar uma rainha, me casando com um monarca repugnante apenas para salvar o meu povo, ser rebelde por apenas uma vez... e pensar nele me fazia ser uma rebelde, por apenas um dia, uma noite. O desejo inoportuno, proibido."
Gargalho com o que tinha escrito. Mas de certa forma, eu estava certa. Me sentir atraída por um homem bruto que matou três pessoas numa só vez, e pensar que isso jamais seria aceitado, fazia uma chama nascer em mim. Nunca fui rebelde antes, sempre andei na linha como uma boa e honrada princesa, até mesmo em pensamentos. Mas quando eu fechava os olhos e pensava nele, me fazia uma rebelde, e ser rebelde era um desejo, um desejo longe demais. Pego o papel e dobrei, escondendo dentro do meu vestido, na parte dos seios. Então me jogo na cama esperando que o dia fosse embora, e que enfim, a noite estrelada tomasse conta do ambiente. Acordei com um bater na porta. Olho pela janela e vejo a luz da lua invadindo o meu quarto. O estrondo da porta me faz dar um pulo para trás, assustada. Olho para frente e arregalo os meus olhos, confusa.
- O que faz no meu quarto? - Pergunto num sussurro, ele sorriu.
- Você não me queria aqui? - Perguntou, se aproximando da minha cama. Seus dedos encontram os meus pés, onde foram subindo pelas minhas pernas.
Cada vez que se aproximava, ele subia com as suas mãos, passeando pela minha coxa, meu busto, até chegar em meu rosto, onde ele acariciou a minha bochecha, olhando no fundo dos meus olhos. Seus olhos azuis brilhavam mais por causa da luz que refletia no quarto, a luz natural da lua. Mordo os lábios. Ele negou com a cabeça, ficando sério enquanto tocava a minha boca com os seus dedos.
- Não faça isso - Sua voz num sussurro fez com que o meu corpo enrijecesse.
- Você não deve ficar aqui, se o rei entrar...
- Você quer que eu saia? - Me cortou, me fazendo ficar em silêncio. Seus olhos vagavam pelos meus me deixando completamente perdida, sua boca me atraía, suas mãos, seu rosto, tudo. Não consigo evitar e mordo os lábios outra vez, assistindo os seus olhos ficarem escuros. - F0da-se o rei. - Exclamou.
Mal terminou de dizer quando avançou em cima de mim, selando os nossos lábios. Céus, como era bom. Minhas mãos correm pela sua nuca, subindo nos seus cabelos, enquanto Rolfe apertou a minha cintura, me puxando mais para ele. Sua língua pediu passagem e então dançou junto com a minha numa sintonia perfeita, me fazendo esquecer todo o problema que me cercava.
Um sorriso nasceu entre o seu beijo, e quando sinto falta de ar, finalizo dando uma mordida em seu lábios, voltando a encarar os oceanos em seus olhos.
- Ah, Kalissa... - Sussurrou quase num gemido, fazendo um fogo nascer entre as minhas pernas. Tomo os seus lábios de novo, fazendo a minha língua brincar com a sua, intensamente. Sinto as suas mãos deslizarem até a parte traseira do meu corset, afrouxando-o e o puxando para baixo.
Ele descola os nossos lábios, me fazendo cair na cama, enquanto assistia os seus movimentos. Rolfe segurou as laterais do meu corset, deslizando até chegar nas minhas pernas, e jogou no chão, afrouxando ainda mais o meu vestido azul comprido.
Quando penso que ele iria voltar para me beijar, me surpreendo ao sentir a sua mão subindo nas minhas coxas, enquanto os seus olhos não abandonavam os meus por um segundo sequer. Eu iria ir a loucura.
Ele sobe em cima de mim, voltando a passear as suas mãos entre as minhas coxas, me deixando instigada ao sentir o formigamento no meio das minhas pernas. Mordo os lábios, tentando abafar a situação, mas apenas piorou. - Não me tortura. - Digo num sussurro, assistindo um sorriso travesso nascer nos seus lábios.
Ele voltou para baixo, onde ouvi o pano fino sendo rasgado no meio das minhas pernas. Sua língua me invadiu, fazendo um gemido inoportuno escapar, enquanto me estremeço na cama abrindo mais as minhas pernas.
Sua língua em movimento iria me deixar louca, ele sabia exatamente onde deveria atuar, fazendo gemidos incontroláveis escapar. Rolfe apertou as minhas pernas, me puxando mais para ele, enquanto a sua língua vagava pela minha intimidade.
Seguro as suas mãos que estavam nas minhas coxas, abrindo-as. O bater na porta me faz abrir os olhos assustada. Olho ao redor do meu quarto que estava completamente vazio, me deixando frustrada e envergonhada por ter sonhado com tamanha promiscuidade. Céus, como pude ter sonhado com algo assim? Puxo o cobertor, e ouço novamente o bater da porta.
- Está aberta. A porta abre, revelando a minha mãe.
- Estava dormindo? - Perguntou, assenti. - Apenas vim ver se você estava bem depois de hoje, querida. - Sorri fraco.
- Não se preocupe, mamãe. Isso será apenas o começo de um grande castigo. - Ela se encolhe - Mas estou disposta a fazer isso pelo povo de Khromed. Então está tudo bem. - Tento a tranquilizar, mas falho miseravelmente.
- Me sinto um monstro por permitir isso. - Diz, cabisbaixa. - Vou falar com o seu pai.
- Mãe, tudo está bem...
- Você tem dezenove anos, Kalissa. Não precisa pagar por um erro que nós cometemos! - Exclamou, me fazendo levantar e ir até ela.
- Sim, eu preciso - Seguro as suas mãos. - É o meu dever como princesa e futura rainha, é uma honra me sacrificar pelo meu povo. Esse é o meu destino, você não pode mudá-lo, ou colocará em jogo a vida de milhares. - Ela suspirou com os olhos cheios de lágrimas. - Vou ficar bem.
- Faria qualquer coisa, minha querida, para que o seu destino fosse diferente. - Balancei a cabeça, envolvendo-a num abraço. - Eu não amava o seu pai quando me casei, talvez com o tempo vocês dois de apaixonem e seja mais leve. - Eu queria rir e vomitar com o pensamento.
- Ele é um monstro, mamãe. E de monstros eu sempre tive medo. - Suspiro. Depois de um tempo, mamãe me deixou sozinha.
Caminhei até a sacada do quarto onde eu estava, e olhei para o céu coberto por estrelas, sendo iluminado pela luz da lua. Acho que isso era a única coisa bonita que esse castelo proporcionava. Uma bela vista. Abraço o meu corpo quando sinto o vento frio. Olho para frente, observando as luzes da cidade. Era lindo também, e parecia que estava em festa por tamanha iluminação mesmo estando tão tarde da noite.
E se... Não, eu não posso! Seria imprudente e uma ato rebelde... Mas quem se importa? Minha vida estava prestes a se tornar uma prisão.
Vou até as minhas coisas, escolhendo um vestido longo e branco, era muito chamativo, mas eu não tinha outra coisa.
Reviro novamente o meu baú de roupas, encontrando um vestido vermelho que também era chamativo.
Droga! Uma princesa não pode ter uma roupa normal? Bufo, mas ele seria melhor do que o branco que sujaria facilmente.
Deixo-o na cama, e caminho até o banheiro do quarto, ligando a água da banheira.
Ao sair do banho e colocar o vestido, prendi o meu cabelo num coque elegante, deixando algumas madeixas soltas para não parecer formal de mais.
Não coloco o corset, além de ser desconfortável, deixaria o vestido ainda mais chamativo. Me olho no pequeno espelho, eu estava bem bonita, o vestido vermelho destacava a cor bronzeada da minha pele e os meus cabelos castanhos escuros.
Saio do castelo silenciosamente sem ser barrada por nenhum guarda, até porque eles não tinham ordens para me impedir. Espero que não contem ao rei.
A caminhada não era longe, demoraria dez minutos no máximo. Tinha um pequeno conjunto de árvores entre o castelo e a cidade, mas não era nada que me deixasse com medo, bem, não o suficiente. O que eu sentia agora era um sentimento bom, surreal, eu estava cometendo um ato que não deveria, e isso me causava uma adrenalina. Mas que mal isso teria? Eu estaria visitando um reino que em breve seria meu, era mais do que justo uma caminhada, mesmo sendo uma caminhada noturna. Mas quem se importa? Nem mesmo Geoffrey gostava da minha presença.
Chego na cidade, ouvindo uma música sendo tocava com uma cantoria em multidão. Abro um sorriso, seguindo a melodia da música. Era como um festival logo de início, pelo menos o rei não impedia que os seus súditos tivessem algum tipo de diversão.
As pessoas olhavam para mim, cochichando. Mas eu não tiro a razão deles, o vestido era chamativo demais. Não acho que saberiam que eu sou uma princesa, eles mal conseguiriam ver o meu rosto na arena, nossa arquibancada era muito distante e havia uma barreira entre eles. Sim, era o vestido.
Eu deveria ter me enrolado numa cortina. Viro uma esquina, ainda seguindo a melodia da música que ficava mais perto. Logo, pude ver um clarão com um amontoado de pessoas dançando ao redor de uma fogueira, enquanto um homem tocava violão, os outros cantavam uma música desconhecida. Sorri. Entro no meio deles, enquanto os assistia tocarem a música, batendo palmas como os que não estavam dançando, no ritmo da canção, bem, pelo menos eu tentava.
As pessoas me olhavam de cima embaixo, o que começou a me deixar desconfortável, mas eu não podia julga-los, ele se destacava dentre os outros que eram simples de cores frias, o vermelho era intenso com bordados em forma de flores, colado no corpo. Abaixo os ombros, respirando fundo. Os observo bebendo algo. A famosa cerveja.
Nunca tive a chance de experimentar. Mas eu já estava comentando um ato rebelde, porque eu não poderia cometer dois? Vejo a Taverna na esquina, onde as pessoas estavam com grandes copos de bebidas. Vamos, Kalissa! Caminho até lá, tentando ignorar os olhares e cochichos, adentrando naquele lugar. Não estava tão cheio, mas também não estava vazio. Vou até o balcão, sentindo os olhares dos homens sobre mim, me deixando ainda mais desconfortável por ser a única mulher lá dentro. Engulo um seco, mas tento ignorar, me sentando no desconfortável banco de frente ao balcão. Um homem caminhou até mim – o que servia – seu sorriso era claro enquanto me olhava de cima à baixo.
- Uma nobre na minha taverna? - Questionou, sorrindo. Suspirei. - Você não deveria estar na alta sociedade, gracinha? - Se curvou em minha direção, me fazendo afastar. Ignoro a sua pergunta.
- Posso ter uma cerveja, por favor? - Pergunto, assistindo o seu sorriso se abrir mais, revelando um dente de ouro. Ou ao menos parecia, era amarelado como um.
- É claro, coisa linda. - Pegou um corpo sem desviar os olhos de mim. Olho para frente, evitando o olhar, mas o olhei de escanteio, observando o mesmo derramando um líquido dourado e espumante no copo. Em seguida, colocou em minha frente.
- Obrigada. - Tiro as moedas que escondi nas minhas luvas, e o entreguei. Ele me devolveu.
- Por conta da casa. - Se inclinou mais, me fazendo franzir o cenho. - Ou você pode me pagar com outra coisa, e pode beber tudo o que quiser. - Arregalo os olhos, enojada. Como alguém podia ser tão repugnante assim? Constranger e assediar uma mulher que apenas queria beber uma cerveja? Respiro fundo, não posso fazer uma besteira.
- Não, obrigada. Quero pegar em moedas. - Deixei as moedas no balcão, observando o seu sorriso diminuir, enquanto olhava para mim.
- Me diga, você está sozinha, gracinha? - Questionou, engulo um seco. Se eu dissesse que não, eu não sei do que ele seria capaz de fazer.
- Não. - Minto. Ele olhou para os lados.
- Com quem? - Perguntou, me deixando sem ter o dizer, apenas me estremeço. Penso em sair, mas quando olho para a porta, vejo dos homens olhando para mim sorrindo como o homem que me servia, de braços cruzados. Maldição, onde foi que eu me meti? Ergo a cerveja levando até a minha boca, torcendo para que me deixassem ir. Assim que vou derramar o líquido na minha boca, o copo é tirado da minha mão, com uma voz grave e rouca ecoando logo em seguida, fazendo o homem na minha frente se encolher.
- Comigo - Disse. Olho para o lado, arregalando os olhos vendo quem eu menos esperava.
Rolfe.