Shiva e o Desespero Congelado
img img Shiva e o Desespero Congelado img Capítulo 5 As Algas
5
Capítulo 6 O Big Bang img
Capítulo 7 O Início do Caos img
Capítulo 8 Sobreviventes img
Capítulo 9 Impossível Resistir img
Capítulo 10 Primeiro Contato img
Capítulo 11 Além do limite do Universo img
Capítulo 12 Reencontro Inesperado img
Capítulo 13 A Primeira Morte img
Capítulo 14 Fenômenos Naturais img
Capítulo 15 O Inicio de Uma Nova Era img
Capítulo 16 Visões ou Sonho img
Capítulo 17 Povoamento img
Capítulo 18 Morte e Vida img
Capítulo 19 Gigantes img
Capítulo 20 Deus servil img
Capítulo 21 De Volta ao Planeta Original img
Capítulo 22 Origem da Vida img
Capítulo 23 Natureza Ruim img
Capítulo 24 Tempo de Amor img
Capítulo 25 O Planeta dos Anjos img
Capítulo 26 A Sedução do Arcanjo img
Capítulo 27 Serpentário das Águas img
Capítulo 28 O Néctar img
Capítulo 29 Refúgio da Paixão img
Capítulo 30 Plenitude img
Capítulo 31 Identidade Descoberta img
Capítulo 32 Uma Nova Chance img
Capítulo 33 Reino da Escravidão img
Capítulo 34 A Fuga img
Capítulo 35 Olimpo das Deusas img
Capítulo 36 A Responsabilidade do Poder img
Capítulo 37 Fiel Adorador img
Capítulo 38 A Dúvida do Verdadeiro Amor img
Capítulo 39 A Água img
Capítulo 40 Pesadelo Sem Fim img
Capítulo 41 A Escolhida img
Capítulo 42 Um Destino Inesperado img
Capítulo 43 O Plano img
Capítulo 44 A Rainha Revelada img
Capítulo 45 As Gigantes e as Antigas img
Capítulo 46 Completamente Sozinha img
Capítulo 47 Pequeno Momento de Felicidade img
Capítulo 48 O Fim do Inferno img
Capítulo 49 Um Recomeço img
Capítulo 50 Um Inferno Sempre é um Inferno img
Capítulo 51 Um Planeta Recriado img
img
  /  1
img

Capítulo 5 As Algas

Aqueles seres eram algas. Essa foi a informação que deram para Shiva, comunicando-se por telepatia com ela. Flutuavam no ar, deslizavam por ele, como se estivessem se readaptando à liberdade. O movimento delas era um verdadeiro espetáculo para os olhos, belíssimo. Faziam formas pelo céu, giravam, iam e voltavam.

- Algas, ouvi vocês responderem meu pensamento, minha pergunta sobre o que vocês são. Mas o que essa palavra significa? Como estavam dentro de mim?

A pergunta em voz alta não teve resposta. Shiva ficou impaciente. Agora, aqueles seres que pareciam folhas finas de árvores que se moviam como pássaros, ficaram parados, como se tivessem congelado no ar. Ela começou a imaginar se deveria tentar usar alguma técnica que as ameaçasse, talvez criar fogo ou eletricidade, qualquer coisa que pudesse forçá-las a se comunicar.

Mesmo com esse pensamento, elas continuaram sem reação. Quando ela criou fogo em uma das mãos, elas envolveram seu braço, numa velocidade incrível e apagaram o fogo.

- Não faça isso! Não tente nos atacar! Fazemos parte de você!

- Como isso é possível?

- Chama-se simbiose. Todos os seres do Universo podem fazer simbioses. Quase sempre ela é feita entre animais de maior e menos complexidade. Somos de uma espécie raríssima, na verdade, as únicas em todo o Universo e em toda a história.

- Vocês tem conhecimento sobre toda a história do Universo?

Como alguém que falou demais, elas não responderam. Haviam segredos que não podiam ser revelados.

- Existem coisas que não devem ser contadas ainda, para sua própria segurança.

- Ora, vocês não fazem parte de mim? Como podem ter mais conhecimento e não compartilhar?

Shiva tinha realmente um ponto de razão.

- Não somos uma simbiose comum.

- Por que saíram, então? Por que não permaneceram onde estavam? Aliás, como estavam aqui, esse tempo todo? Como entraram sem eu perceber? Foi enquanto eu dormia? Não é necessária uma espécie de consentimento?

- Seu poder e desenvolvimento alcançou um estágio que não permitia mais que ficássemos apenas armazenadas. Houve consentimento, você só não se lembra.

Com aquela revelação, Shiva recuperou lembranças.

Ela era um bebê e existia alguém. Era uma mulher de pele branca e cabelos amarelos, e vestia uma roupa toda colada ao corpo, de tom azul escuro.

Ela era... Era sua mãe?

Com aquela lembrança, Shiva sentiu uma emoção, como se estivesse rompendo em lágrimas, mas ela não estava realmente chorando. Era como se existisse mais alguém dentro dela.

Ela tentou forçar, colocar para fora, mas parecia que ela estava lutando contra algo tão poderoso ou mais do que ela.

- Você está aí dentro não é? - Ela estava no limbo, flutuando no espaço. Era como se esse espaço fosse um Universo dentro de sua mente. Uma escuridão iluminada por poucas estrelas distantes. - Me responda. Você é minha mãe?

Ela podia perceber os sentimentos e sabia que fosse quem fosse, naquele momento esse ser estava em dúvida.

- Venha, por favor!

Foi então que Emma surgiu à frente de Shiva, flutuando, também.

- Você... Você é mesmo quem me fez? Minha origem vem de ti?

- Sim, Shiva, fui eu quem te criei.

Aquele momento era mágico e ao mesmo tempo confuso. Ambas não sabiam o que dizer, apesar de querem dizer tudo.

- Por que, mãe? Por quê? O que fez você me abandonar sozinha?

- Eu nunca te abandonei, meu amor! Nunca! Eu estive aqui o tempo todo.

- Mas não esteve do meu lado, não me disse o que eu precisava escutar, não me fez sentir... - Nesse momento, Shiva pensou melhor e percebeu que não era verdade. Ela sempre ouviu uma voz interior, que achava ser dela própria. Sempre recebeu conhecimento, respostas, foi acolhida quando sentia que precisava de alguém. - Tem algo errado comigo, não tem? Eu sempre senti isso! Eu sou má?

- Não existe isso, não existe. Ninguém é bom ou mal. Caminhos são escolhidos. Consequências serão colhidas. Mas não conseguimos premeditar exatamente o que irá acontecer. Talvez possamos ofertar o maior amor do mundo a alguém e as decisões que essa pessoa possa tomar não levem em consideração as experiências de outros, seus sofrimentos. Ou então, podemos ser duros e apesar de não sermos lembrados de forma afetuosa, as decisões que essa pessoa possa vir a tomar sejam baseadas no fato de não querer que mais ninguém sofra como ela. O fato é que a complexidade de cada ação, de cada sim, não ou talvez, pode mudar de forma imprevisível o futuro, seja em pequenas proporções, seja em proporções grandiosas. O que eu acho importante é tentarmos escutar o que nosso coração considera mais correto.

- Foi seu coração que te fez esconder-se dentro de mim?

- Meu coração ficou dividido. Eu queria estar presente, mas ao mesmo tempo, queria garantir que ninguém viesse te fazer mal e eu não pudesse te proteger.

- E havia esse risco? Por que alguém me causaria mal?

- Filha, o Universo é um ciclo. A história começa, termina e se repete. Por muitas eras, você foi o ser mais poderoso de todos. Você era a única que guardava memórias do que tinha acontecido. Porém, você não entendia que eram memórias. Toda vez, acreditava que eram visões do futuro. Você achava que deveria garantir que tudo acontecesse do jeito que as visões se apresentavam e que assim, poderia ter certeza de como seria o final e que, chegando lá, poderia descobrir o que existe acima do Universo, além dele, nosso criador.

- Eu fiz mal para pessoas, ao tentar isso?

- Não intencionalmente. Você também protegeu pessoas, quando acreditou que era o melhor a se fazer. Era como se houvessem antolhos em seus olhos que te impedissem de olhar para os lados, te focando num único objetivo, independente de qualquer outro fator.

- E você não podia aparecer para mim porque...

- Porque essa é a primeira vez que eu sou sua mãe...

- E para que nada mudasse, eu não poderia saber que tinha mãe... E existem seres poderosos que queriam garantir que eu não soubesse disso, que eu tomasse as mesmas decisões e que nada mudasse.

- Exatamente...

- Você é um desses seres?

- Eu estive no fim... Eu vi sua morte, segundos antes do fim do Universo, do meu próprio fim, também... E recomeço... Mas não compactuo em manter as coisas como antes.

- Por isso decidiu aparecer pra mim?

- Mas, pelo menos por enquanto, você não pode demonstrar que descobriu tudo. Será que consegue fazer isso?

                         

COPYRIGHT(©) 2022