Alguns moços mais atrevidos até a convidavam para jantar, mas Sara de imediato recusava, sorrindo com algum constrangimento. No fundo , ela estava a ter a confirmação de seus pensamentos , os homens eram todos iguais, fosse na cidade grande ou pequena, vendo um rabo de saia já tinham que tentar a sorte. Sempre com segundas intenções e nunca levavam uma relação a sério. Depois enquanto seguiam em frente sem danos colaterais, as mulheres saíam sempre de coração partido.
Mas Sara nesse momento estava imune aos homens, estava determinada nesse ponto, não estaria apostando em nenhum romance em sua vida, tão cedo. Embora alguns tivessem um aspeto bastante atraente, com corpos bem tonificados e rostos bonitos, não queria saber mais de amores ou paixões. Não, isso não era mais do seu interesse, queria trabalho, uma casa e dedicar-se a si mesma para sempre.
Poderia ter-se convencido disso durante os próximos anos se por acaso não se tivesse virado para a pessoa que acabava de se sentar ao seu lado. Na mesma hora conseguia perceber que ele era alto, musculoso através dos seus braços com veias salientes. Seu cabelo era curto e tão preto que os fios brilhavam azulados quando a luz incidia neles. Os olhos dela encontraram os dele e de imediato fica sem ar . Em segundos é apanhada num intenso, brilhante e hipnótico azul. Aquele olhar , num rosto masculino com feições duras mas de uma beleza inquestionável, a fazia ficar presa num transe fascinante. Mas o que a fez ruborizar mesmo, não foi a apreciação daquele homem, mas sim os pensamentos sacanas que passaram por sua mente quando seu olhar recai nos lábios daquela tentação ao pecado. Como sua imaginação estava ao rubro, era impossível resistir a analisar o resto do corpo daquele "Deus" da luxuria .
Sara estava tão enfeitiçada que foi preciso alguém pigarrear para acordar de seu transe . Completamente constrangida , solta o ar preso em sua garganta desviando de imediato em direção ao som que a fez acordar. Atrás daquele "Adónis" estava mais um verdadeiro pedaço de mau caminho que a observava com um sorriso divertido. Como percebeu que ainda estava de boca aberta e antes que entrasse mosca, ela vira-se rapidamente para a frente,e tenta acabar o resto do seu café sem dar mais nas vistas .
__ Boa noite rapazes ! - Cumprimentou Marta atrás do balcão que os fitava com um sorriso.
__ Boa noite Marta! - Rafael de imediato retribui o cumprimento , sua voz dominante , séria como sempre.
__ Boa noite Marta! - Marco de imediato cumprimenta a velha Senhora com uma postura extrovertida, afinal ela já os conhecia há muitos anos.__Como estão as coisas por aqui?
__ Está tudo bem, obrigada. - Marta esboça um sorriso sincero. __Mas vão ter que esperar um pouco, as sanduíches ainda não estão prontas.
__Tudo bem, não há problema. -Rafael de imediato declara, desta vez sorrindo à velha senhora antes de acenar a seu irmão. __ Nós tomamos um café enquanto esperamos.
Sara estava quieta mordiscando lentamente a sua sanduíche, tentando ao máximo não fazer qualquer som enquanto ouvia toda aquela conversação entre Marta e aqueles homens, demasiados perfeitos em sua beleza, a seu ver. Por muito que se esforçasse para não sentir qualquer tipo de perturbação perante o corpo musculado do homem ao seu lado,era impossível, sabia que o calor que a começava a invadir era visível em seu rosto, até apostava que estaria mais vermelha que um tomate maduro naquele momento .O calor era avassalador que se tornava quase insuportável de aguentar e naquele momento sabia que não era menopausa.
"Oh Inferno! Inferno! Que se passa contigo Sara, é só um homem, por amor de Deus."
Ela grita mentalmente tentando dissipar todas as sensações confusas que a invadiam. Mas quando Rafael pigarreia baixinho,ela não consegue resistir e logo o aprecia , subtilmente, acariciando com o olhar cada contorno de seu rosto. Foi aí que percebeu que não podia ter feito pior asneira, os calafrios de imediato surgiam da nuca até as pontas dos dedos dos pés ao visualizar tão delicioso sorriso estampado em seus lábios, apesar de ser dirigido a Marta e não a ela .
Marco observa ao redor como sempre fazia , às vezes encontrava ali seus velhos camaradas de escola, se sentando num dos bancos rotativos , de imediato dá com Sara quase hipnotizada por seu irmão. Descontraído como sempre , rapidamente presenteia Sara com um enorme sorriso. Ela sorri de volta já com um suave nervosismo latente, que começa rapidamente a piorar quando Rafael de repente se vira e fica quase a milímetros de seu rosto.
Sara sem mesmo pensar prende a respiração, o olhar daquele homem era intenso, enigmático até, mas isso só a fazia ruborizar ainda mais. Rafael apesar de dominante e confiante , por uns segundos fica tenso ao inalar em direção dela , seus olhos se abrem em perplexidade e um ofego baixo sai de sua garganta . Ela não entendia o que poderia ter provocado tamanha alteração de comportamento, e rapidamente fica preocupada. Clareando a garganta ela se esforça para que sua voz se torne firme para o questionar se havia algo errado ,mas no mesmo momento Rafael simplesmente a ignora retornando de novo sua plena atenção a Marta que naquele momento lhes servia uma xicara de café quente. Apesar da viagem cansativa, Sara sabia que seu perfume corporal não estava assim tão desagradável, mesmo assim fica um pouco desconfortável ,talvez fosse somente a presença dela ali, na lanchonete , ou quem sabe ,na cidade , que o deixava tão incomodado. Suspirando frustrada e mesmo sem sair do seu lugar , tenta se afastar o mais possível daquele estranho , rodando seu banco ela lhe dá as costas , talvez assim também aliviasse a questão do delicioso perfume que emanava do corpo dele.
Ela estava feliz por não ter incluído homens no seu plano de vida nova, pois cada vez mais se convencia que os homens só serviam para destabilizar uma mulher . Colocando uma postura indiferente se mantém firme olhando sua xicara de café , ela tentaria náo respirar nos proximos minutos perto daquele homem , mesmo que corresse o risco de fazer uma figura triste e desmaiar...com falta de ar.