A Ária é linda, linda mesmo. Seus olhos castanhos enormes, a pele branquinha e os lábios grossos, além de um corpo escultural enlouquecem qualquer um e eu não sou diferente! Mas em todo o tempo de faculdade eu não vi a Ária com ninguém, apesar de sair e se divertir, nunca vi agarrando ou dando um beijo sequer, o que é muito estranho na faculdade, porque todo mundo está aqui para estudar, mas principalmente para se divertir.
Ela é muito séria e tem um ar daquelas feministas radicais e sempre que ela me via dando uns amassos gostosos ela me ignorava com cara de nojo.
Hoje ela com certeza me odeia e vai odiar ainda mais quando souber como eu consigo prever os seus passos! Eu rio internamente.
Então nesse momento provocar a Ária é uma delícia, principalmente quando ela está entrando na brincadeira.
"Acho que uma hora é pouco para 'tudo' que quero fazer com você", o sorriso perverso dela e o jeito que insinuou a palavra 'tudo'.
"Quer passar a noite aqui?", como vou perder uma oportunidade dessas de ter essa mulher embaixo de mim? Nunca!
"Não podemos, não é? Mas não vai faltar oportunidade!", ver o sorriso dela me excita e acende um sinal vermelho no meu cérebro... porque isso está completamente fora do cardápio do que eu conheço dela.
De qualquer forma, a Lilian vai me dizer o que ela planeja, então...
Logo após a Ária partir, meu motorista encostou e fomos ao hotel pegar as malas e para minha surpresa, encontro a Ária descendo com as malas também.
"No seu carro ou no meu?", pergunto sendo gentil, afinal ela insinuou pouco antes que me queria.
"Tanto faz", ela me dá um olhar vazio.
Puxo a mala dela de suas mãos e entrego toda nossa bagagem ao concierge do hotel. Pego a mão de Ária e a conduzo para a saída, abrindo a porta do carro para ela tão logo ele para junto à calçada e me junto a ela no banco de trás.
No caminho para o aeroporto examino a mulher ao meu lado discretamente. Seus cabelos escuros presos em um coque com alguns fios soltos, sua pele branca e delicada, lábios cheios e grandes olhos castanhos claros como o mel me tiram o fôlego. Ela cheira a sabonete ou um perfume muito leve e tem uma corrente fininha de ouro no pescoço que escorrega por dentro da blusa dela.
Ária é uma mulher conservadora na total acepção da palavra. Hoje ela está com uma calça social de risca vertical fininha azul e branca e uma blusa ombro a ombro branca, que deixa seus ombros levemente à mostra e esconde os seios perfeitamente.
Seu pescoço é perfeito e longo como o de uma bailarina e a correntinha de ouro caindo por dentro da blusa me faz querer ver onde ela vai parar... mesmo sendo uma roupa tão séria e sem graça, nela parece delicada e tentadora, como os brincos de diamante que ela usa, completamente simples, mas que a deixam sofisticada.
Com certeza ela está brincando comigo, mas eu quero brincar com ela...
O voo sairá logo e nós temos que nos preparar para nossa batalha pelo contrato, o que não impede que eu conheça os encantos da Ária, afinal nada melhor do que desestressar nos braços de uma mulher linda como ela.
Embarcamos e em todo o trajeto tento ser um perfeito cavalheiro. Nossas poltronas estão juntas na primeira classe e vejo o olhar que ela me dirige quando descobre o lugar dos nossos assentos e sorrio para ela.
Destino, baby!
Depois de nos acomodarmos, ela reclina a poltrona e está procurando por alguma coisa há algum tempo.
"O que você quer?", pergunto solícito.
"Máscara para dormir", seu rosto parece mesmo cansado.
Me inclino e procuro nos acessórios da minha poltrona e estendo para ela.
"Obrigada!", ela me diz com um leve sorriso e vira de costas para mim, tentando se acomodar na poltrona.
"Vem aqui", fecho a divisão das poltronas e a puxo para os meus braços a acomodando de forma a que se apoie em mim para dormir.
Ela recua, arrancando a máscara e me olhando com seus grandes olhos dourados.
"Não precisa, estou bem", ela diz depois de um tempo.
"Eu não mordo Ária", digo e a puxo de novo.
Ela se deixa vir e deita no meu ombro, enquanto a abraço.
Logo ela está dormindo, ressonando de leve, enquanto sinto o cheiro leve e perfumado de seus cabelos e já me sinto feliz, antecipando possuir a mulher delicada que está dormindo nos meus braços, tão tranquila...
Horas se passaram e também pego no sono, embalado pelo ressonar leve e a fragrância de Ária que já me envolveram por completo.
Acordo assustado com a turbulência e Ária se mexe preguiçosamente no meu ombro, abrindo os lindos olhos castanhos e me encarando surpresa.
Sorrio para ela... "Sim Ária, você dormiu no meu ombro, acho que vai fazer isso muitas vezes...", penso.
Ela tenta se organizar, levantando o banco e se endireitando no momento em que o comandante faz ouvir sua voz grave nos alertando para colocar as poltronas em posição vertical, afivelar os cintos e nos prepararmos para uma emergência que pudesse vir a ocorrer, porque houve um problema com uma das turbinas.
Meus olhos encontram com os da Ária porque nunca passei por uma situação dessas, mas ela não está impaciente ou nervosa, pelo menos não deixa transparecer.
As comissárias de bordo passam correndo por nós e sinto que algo grave está para acontecer.
"Ária, vamos cair", digo com calma para ela.
"Imagina...não seja dramático, é só uma turbulência", ela me diz olhando para frente.
Puxo o seu queixo e a olho nos olhos. "As comissárias estão apavoradas, vamos cair".
Ela para um segundo, me encara e então ri. "Boa tentativa Scott Derek!"
O que ela está pensando? Essa maldita mulher burra!