Capítulo 2 Própria vida

-Filho da puta!- Eu rugi até minha garganta ficar crua e meu peito

queimar, batendo meus punhos no volante. -Por que você não me

ouviu? Por que você nunca me ouve?- Eu gritei comigo mesmo,

empurrando meu pé mais fundo no acelerador.

Cento e quatro quilômetros por hora...

Cento e dez...

Cento e vinte...

Cento e trinta...

Cento e quarenta...

-Por favor-, ela ofegou.

Atraindo-me. Tentando-me. Quebrando-me.

Eu rosnei, batendo minha boca na dela. Agarrando o lado do seu rosto com as

mãos pela primeira vez, mordendo seu lábio inferior. Impiedosamente a batendo com

força na parede atrás de nós, fazendo com que sua boca se abrisse do prazer e dor do

meu toque. Procurando sua língua com a minha.

O gosto dela.

A sensação dela.

O cheiro dela.

Estava tudo ao meu redor...

-Jesus Cristo, isso não vai parar! Isso nunca vai parar, porra! Apenas

faça isso parar!- Eu implorei por não sei o quê, me lembrando de todas as

vezes que eu a machuquei. Uma depois da outra sem avistar o fim.

El Pecador

M. Robinson

-Você era tão carente com o seu Papi? Sempre na bunda dele, implorando por

mais merda de atenção? Já não te dou o suficiente disso? Tudo que eu faço é para

prover você...

-É meu aniversário, Damien-, ela informou, esperando por um grama de

calor.

-Para mim é apenas mais um dia de você querendo alguma coisa. Então, que

porra posso fazer por você agora...

Alcançando o mais rápido possível a orelha de Evita, chupei-a entre os dentes e

rosnei: -Eu também te amo, mi luz.- Chamando-a de minha luz.

Puxando o gatilho para o coração de Amira.

Acabando com ela completamente...

-Por quê? Por que você continua fazendo isso comigo? O que eu fiz para você,

para fazer você me tratar assim! Eu não sou seu maldito capacho, Damien! Pare de

me tratar como um...

-Eu te odeio, Damien! Eu te odeio tanto!- Ela fervia, as lágrimas caindo pelos

lados do rosto enquanto ela batia os punhos no meu peito...

Cento e cinquenta quilômetros por hora...

Infringindo três dígitos.

Eu dirigi, lutando contra o santo e o pecador nos meus ombros como eu estive fazendo toda a porra da minha existência. Contemplando a vida que eu queria, a que eu merecia e a que eu vivia.

Quando a pessoa passa da medida, quebra uma lei, faz algo de errado.

-Como diabos isso aconteceu? Como pude fazer isso com ela? Que

porra é essa?!

Eu a amava com cada respiração no meu corpo, cada pedaço do meu

coração escuro e fodido, cada parte do meu ser pertencia a ela.

Eu pertencia A Ela.

-Retorne, apenas vire o carro e faça isso direito! Ainda há tempo para

fazer isso certo!- Eu gritei, batendo meu punho no volante novamente. -

Cala a boca! Você não é bom para ela! Você nunca foi bom o suficiente para

ela! Você não é nada além de um maldito monstro! É quem você é!

Outra curva acentuada, outro retorno, outra ladeira.

Mais rápido...

Mais rápido...

Mais rápido...

Saí da casa de Rosarío ontem à noite com toda a intenção de nunca olhar

para trás. Finalmente deixando Amira livre. Tão longe de mim quanto

humanamente possível, onde ela sempre deveria ter estado. Eu fui até ela por

uma razão.

Para dizer adeus.

Como tudo com Amira, a visita tomou seu próprio rumo. Sua própria

vida, seu próprio maldito destino. Pela primeira vez, eu disse a ela que a

amava. Eu me desculpei por toda a merda que a fiz passar, e todos os

arrependimentos que eu nunca poderia mudar. Todos os momentos entre nós

seriam para sempre uma parte de mim, esculpido tão profundamente em

minha mente, exatamente onde deveriam estar. Eu me arrependi por meus

pecados, querendo dizer cada última palavra falada, e a deixei para trás.

Exceto que o destino entrou e colocou um fim nos meus planos. Mesmo

que eu tenha tentado de tudo para evitar o filho da puta desgraçado e

implacável.

Ele já estava em ação, o filho da puta sabia o que eu queria, precisava e

não podia viver sem.

-Eu vim aqui para desejar-lhe um feliz aniversário, para lhe dar o seu presente

e dizer que amo você, Muñeca. Eu sempre vou, não importa o que, te amar. Eu

preciso que você lembre-se disso. Você acha que poderia fazer isso por mim?

Depois de dar a ela meu presente e dizer adeus, rodei alguns quarteirões

na estrada antes de pisar nos freios, derrapando no asfalto molhado quando

me lembrei de que ainda tinha sua boneca, Yuly. Não havia nenhuma

maneira no inferno que eu ia tirar Yuly dela também. Eu virei o carro com

um coração pesado e uma consciência culpada. Rezando silenciosamente

para que eu não visse seu lindo rosto novamente.

Sabendo que provavelmente o faria.

Meus pensamentos eram tão implacáveis quanto eu de fazê-la minha na

noite passada. Eu precisava reduzir a merda da velocidade, precisava

diminuir a velocidade que eu estava dirigindo, mas não consegui. A

adrenalina do que eu queria sentir começou a fazer efeito.

Elevada.

            
            

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