Capítulo 3 Meu cigarro

Eu cavalguei a euforia, precisando de algo, qualquer coisa diferente do

que eu estava sentindo.

Maldita miséria.

Vazio.

Trevas.

Me. Engolindo.

Enterrando-me vivo.

Mais e mais rápido eu acelerei.

Cento e setenta quilômetros por hora...

Cento e oitenta...

-O que você está fazendo, Damien?- Ela perguntou sem fôlego, lambendo os

lábios como se estivesse preparando-os para mim.

-Eu não tenho nenhuma ideia, Muñeca-, eu admiti, inclinando-me perto de

sua boca. -Eu nunca tenho com você.

-Sou eu, Muñeca. Eu preciso ver o que sempre foi meu.

-Amira,- eu gemi roucamente em uma voz que nunca tinha ouvido antes. -

Abra os olhos. Eu preciso que você olhe para mim enquanto eu estou olhando para

você.

-Damien, eu estou...

-Eu nunca quis nada tanto quanto eu quero você, Muñeca.

Eu juro que não sabia que ela ainda era virgem. Não foi até que eu senti

cada centímetro de sua boceta no meu pau que descobri que estava roubando

mais uma parte dela que nunca deveria ter pertencido a mim. Eu escondi

meu rosto na curva do pescoço dela, sabendo que eu deveria ter parado,

colocado um fim em nós antes mesmo de começarmos, mas cada último

pedaço de minha mente e corpo se recusou a deixá-la ir.

Ela Era Minha.

Estava além do meu controle, ela sempre esteve além do meu controle,

então eu fingi que era outra época, outra vida, em que ela e eu poderíamos

estar juntos.

Para sempre.

Onde não havia passado me comendo vivo e nenhum futuro onde

estávamos condenados.

Onde só ela e eu existíamos.

Um feliz para sempre.

Um que nunca existiria.

Pelo menos não para mim...

Nunca. Para. Mim.

-Eu estou tão apaixonado por você, Muñeca, tão apaixonado.

Perdi a conta de quantas vezes eu disse isso para ela enquanto

deliberadamente a fazia sentir tudo o que eu nunca poderia dizer com

minhas palavras.

Duzentos quilômetros por hora...

Duzentos e dez...

Eu não controlei o meu destino na noite passada, à mulher na minha

frente fez. Eu peguei e tomei e peguei um pouco mais. Até que não havia

mais nada para tomar.

Meu carro começou a sacudir, e antes que me desse conta, afundei meu

pé no acelerador até o pedal encostar no chão. A vibração do motor retumbou

através de mim, fazendo com que os pelos dos meus braços arrepiassem. De

repente senti frio por toda parte, calafrios correndo pela minha espinha e me

atravessando. Eu nem sabia para onde estava indo até que contornei outra

colina e vi a beleza perpetua na minha frente. Inclinando a cabeça para o

lado, eu pálido apertei o volante, me elevando a um novo nível que eu ainda

tinha que vivenciar. Descansando minha cabeça contra o encosto do banco,

eu deixei isso acontecer.

Meus pensamentos estavam agora sangrando de mim, direto para o

penhasco para ondeeu estava acelerando.

Duzentos e nove quilômetros por hora...

Duzentos e dezessete...

Eu respirei fundo, buscando o ar. Meu coração batendo tão forte, que

achei que as batidas me levariam ao limite com a força da minha própria

raiva. Fechei meus olhos para permitir que o destino seguisse seu curso.

E depois...

Meu celular de repente disparou, me puxando de volta para a realidade

que eu criei.

-Foda-se!- Eu pisei no freio, derrapando pelo asfalto. Fazendo com

que meu carro saísse do controle, girando em torno de trezentos e sessenta

graus, junto com todas as nossas lembranças se revirando e girando enquanto

eu apenas mantinha os olhos arregalados. Tudo que eu podia cheirar era

borracha, gasolina e meu próprio medo. Vendo lágrimas caindo dos olhos de

Amira enquanto ela estava parada no meu túmulo no meu

funeral. Desaparecendo entre as árvores e o ar ao meu redor quando meu

carro parou abruptamente, jogando meu corpo com força.

Eu não conseguia me mexer. Eu apenas sentei lá em estado de choque,

olhando para a cidade com o capô do meu carro a centímetros da borda do

penhasco. Meu peito estava subindo e descendo, ofegando pela minha

próxima respiração.

Minha próxima qualquer coisa.

-Puta merda-, eu suspirei, ofegante. Rapidamente percebendo o que

poderia ter acontecido.

Meu telefone apitando do chão do banco do passageiro chamou minha

atenção para a chamada perdida que pôs fim à minha corrida.

Houve silêncio.

Sem pensamentos.

Palavras.

Recordações.

Quando meus olhos encontraram com o nome na tela da pessoa que

acabou de salvar a porra da minha vida...

Sem nem mesmo saber disso.

Mais tarde naquela noite, eu estava encostado no capô do carro dele,

fumando um cigarro, quando eles saíram pela porta dos fundos do prédio

por volta das dez da noite. Era uma das muitas propriedades seguras que ele

possuía, sem mais ninguém pela vizinhança por quilômetros. Exatamente do

jeito que ele gostava.

-Damien, o que você está fazendo aqui?- Salazar questionou, pego de

surpresa pela minha presença.

Eu não vacilei, respondendo calmamente -Eu senti sua falta- através

de uma nuvem de fumaça.

Ele riu, balançando a cabeça antes de acenar para seus guardas. -Tire

ela daqui. Esperem por mim no carro.

Afastei-me do veículo dele, observando Pedro abrir a porta traseira do

carro para ela entrar. Meus olhos se encontraram com um par de olhos verde

esmeralda por alguns segundos. Seu olhar sensual me dizendo tudo o que eu

precisava saber antes de inclinar a cabeça, entrando no carro dele.

-Estou feliz por você estar aqui-, declarou Emilio, trazendo minha

atenção de volta para ele. -Nós precisamos conversar.

~ 21 ~

El Pecador

M. Robinson

-Então fale.- Eu casualmente deslizei minha mão livre no meu bolso

enquanto dava outra tragada no meu cigarro. Nós caminhamos em direção

ao meu carro estacionado no final do lote pouco iluminado.

-Eu tenho os federais na minha bunda, Damien. Esses filhos da puta

não me deixam em paz. Eu preciso que você faça um trabalho de base para

mim. Descubra tudo o que puder sobre esses merdas e o que eles sabem. Eles

estão farejando por toda parte, e eu preciso saber quais malditos cães tem que

derrubar. Não são apenas eles, no entanto, acho que alguém está abrindo a

boca para o inimigo.

-Você acha ou sabe?

-Eu não sei merda nenhuma, e você sabe o quanto eu odeio não

saber. Você ouviu alguma coisa?

-Estou sempre ouvindo merda-, declarei, sufocando uma risada.

-O que isso deveria significar?

-Eu gaguejei? Eu não sei, Emilio. Diga-me você.

Ele se virou para mim quando chegamos ao meu carro, estreitando os

olhos com um brilho questionador que eu tinha visto muitas vezes, mas neste

momento ele tinha que saber que eu não dava à mínima.

-O que deu em você, hein? Apenas descubra quem eles são e me traga a

porra de suas cabeças. Você me entende? Ninguém me trai e vive para contar

sobre isso. Você é o único em quem confio, Damien.

Eu inclinei a cabeça para o lado, dando outra longa e profunda tragada

no meu cigarro. Deixando a fumaça demorar na minha boca.

-Poderia ter me enganado-, eu exalei.

-O que você está...

-Então me diga, Salazar? Você achou que eu não iria descobrir? - Eu

perguntei, sorrindo. Mudando completamente o assunto. -Vamos, meu

velho. Eu pensei que nós éramos família. Eu sou o filho que você sempre quis

e nunca teve, -eu zombei em um tom sarcástico, jogando suas palavras de

volta para ele.

-Damien, não brinque comigo. Fale a sério e diga o que quer dizer.-

Ele deu um passo à frente, chegando direto ao meu rosto. -Agora fale!

Eu sorri. -Quem disse que eu quero falar, quando sou tão bom em fazer

jogos. Talvez eu deva começar dando-lhe parabéns. Você tem o que você

queria, o que você sempre quis. Pena que teve que ser sua amante e não sua

esposa para finalmente lhe dar isso.

Ele recuou, entendendo minha não tão sutil de acusação.

            
            

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