Capítulo 5 Amarras do passado

Eu abri meu cinto e puxei-o do meu jeans, tirando-o e usando-o como

um torniquete no meu braço para parar o sangramento. Não demorou muito

para ouvir os cliques dos martelos batendo nas câmaras vazias de suas armas,

revelando que ele estava sem munição

-Maldição!- Eu gritei, levantando. Rindo na cara dele. Voando alto de

pura adrenalina.

Ele olhou para mim através das fendas de seus olhos, consciente do fato

de que eu tinha acabado de assassinar sua prostituta grávida. Foi a sua hora

da verdade, provavelmente a primeira em sua merda de vida miserável.

-Eu sempre quis fazer isso. Você sabe-, eu dei de ombros. -Deixa de

ser uma novidade tirar a vida das pessoas do mesmo jeito, muito enfadonho

se comparado a explodir coisas. É bom para apimentar as coisas também,

mantém tudo mais interessante. Quero dizer, você viu seu carro

explodir? Ufa... agora isso é uma boa merda!

Seu peito arfava e seus olhos ardiam. Tenho certeza que tudo o que ele

via era vermelho. Raiva não conseguia nem chegar perto de descrever como

ele se sentia. Isso assumiu cada fibra do seu ser.

-Oh, me desculpe. Onde estão minhas boas maneiras?- Eu o persuadi,

balançando a cabeça. Sorrindo astutamente. -Eu não lamento a sua perda.

Seus olhos redondos se arregalaram e sua boca se abriu enquanto ele

apertava as armas em seus lados. Eu calmamente coloquei minhas mãos nos

bolsos, caminhando até ele. As solas das minhas botas queimaram assim que

cruzaram a linha imaginária que sempre esteve entre nós. Eu me movi no

piloto automático como um homem possuído, e de certa forma, eu estava. Eu

tinha estado minha vida inteira. Eu podia sentir fisicamente o peso dos

grilhões ao redor dos meus tornozelos a cada passo que eu dava, arrastando-

os em frente junto comigo. Exceto que eu de bom grado escolhi as corrente

que usava. Elas eram apenas outra parte que eu adicionei às minhas cicatrizes

de batalha, tilintando juntos através da vida.

Amarrado a lembranças.

Arrependimentos.

Erros

Minha vida.

Cada passo que eu dei até atingir meu objetivo final me lembrou da

prisão perpétua que eu nunca quis. A vida que me escolheu, mesmo assim.

Um pé na frente do outro.

Quatro passos.

Três passos.

Dois passos.

Um.

Eu parei bem na frente dele. Não haveria mais mentiras para ele vomitar,

sem mais ordens para eu seguir, pelo menos não mais.

-Sem balas, hein? Eu te conheço melhor do que você mesmo.- Peguei

minha arma e apontei para o coração dele. -Se eu atirar em você, você vai

sangrar?

-Foda-se, seu filho da puta! Eu confiei em você! Eu dei tudo a você-,

ele cerrou o maxilar. -E é assim que você me paga?! Eu vou ter a porra da

sua cabeça por isso, Damien! Mesmo que isso signifique que eu tenha que

voltar da sepultura, seu filho da puta!

Inclinando a cabeça para o lado, olhei-o diretamente nos olhos.

-Qual foi o checkup de hoje? Bem, vamos ver... na semana passada

você descobriu que o bebê tem um pau, então hoje foi confirmado que ela

está de fato carregando sua cria de Satã, correto? Nunca poderia estar muito

certo com uma prostituta.

Ele rosnou, dando um passo em minha direção, e eu apontei minha arma

para o coração dele mais uma vez. -Tsk, tsk, tsk. Seu temperamento, Emilio,

vai ser o seu fim,- eu zombei com as mesmas palavras que ele usou comigo

muitas vezes. -Você não deu uma merda sobre ela, tudo que você queria era

o bebê. Seu filho. Você ia matá-la depois que ela desse à luz ao seu

demônio. Ela era um meio para um fim para você, exatamente como ela era

para mim.- Eu sorri. -Muito triste ver aqueles lábios de chupar

pau queimarem. Eu não estava mentindo quando te disse que ela poderia

chupar um maldito pau.

Seu peito subiu e desceu com cada palavra cruel caindo da minha

boca. -Quem diabos você pensa que é?!

-Eu sou o homem que você me fez ser. Você deveria estar me

agradecendo agora. Eu poderia tê-la fodido e a torturado na sua frente, mas

não o fiz. Em vez disso, ela morreu instantaneamente junto com seu filho

bastardo.

Ele me bateu com a coronha da sua arma, fazendo com que meu rosto se

afastasse com seu golpe. Eu ri, me afastando. Cuspindo sangue a seus pés

antes de limpar minha boca com as costas da minha mão. -Eu vou deixar

isso passar, considerando que eu acabei de matar sua prole.

-Por quê? Depois de tudo que fiz por você! Você me deve uma

explicação!

-Eu não lhe devo uma merda! Eu sou o homem que tem falado com os

federais! Eu sou o traidor que você me atribuiu para procurar, seu fodido

idiota. Tem sido muito divertido vê-lo todos esses meses, cavando seu

próprio túmulo com cada impulso em sua prostituta. Transformando você

em uma cadela enquanto ela me passava todas as informações que você

estava compartilhando com ela. Mas você sabe qual foi a melhor parte,

Emilio? Ver você se contorcer em seu assento, tentando descobrir quem

estava alimentando os federais quando estava bem debaixo do seu maldito

nariz o tempo todo. Quem sabia que tudo o que você construiu poderia ser

derrubado por um pedaço de bunda. Eu acho que o ditado sobre as mulheres

no seu caso deve ser verdade - nunca confie em nada que sangra por dias e

não morre, porra.

Seus olhos se arregalaram e ele recuou, atordoado pela minha repentina

confissão.

-Veja, minha esposa trabalhava para a Interpol dos EUA. Não era eu

que ela queria, era você. Tudo está fazendo sentido agora? As peças estão se

juntando?-Perguntei. -Você honestamente acha que eu não iria investigar?

Vamos, você me conhece melhor que isso. Depois que eu descobri para qual

agência ela estava trabalhando, eu aceitei uma fodida reunião. Eles

obviamente já sabiam quem eu era através de sua investigação. Eles estavam

esperando pelo meu maldito telefonema. Eles não davam a mínima para

Evita, como você não dava a mínima para sua prostituta. Os Estados Unidos queriam suas bolas, meu velho. A motivação inicial deles era te derrubar, mas

assim que eles souberam sobre o meu conhecimento, meu temperamento,

minhas experiências - sabendo que eu queria ficar longe de você e do seu regime – eles queriam que eu fizesse parte do time deles. Fazendo uma oferta que eu não poderia recusar, - eu parei, querendo que tudo o que eu

compartilhei realmente afundasse. Escoando em sua pele e poros para que se

tornasse uma parte permanente dele. Eu poderia dizer pelo brilho em seus olhos que ele sabia onde eu estava indo com isso.

No entanto, isso não tirou o meu prazer de confirmar isso para ele. -Você está olhando para um cidadão americano, Emilio Salazar. O país que você despreza, é para quem eu trabalho agora. Eu sou um advogado, vou me

encaixar bem.

Eu pensei em fornecer as provas que os EUA queriam por ele, mas não teria sido um castigo severo e brutal o suficiente. Nem a morte seria. Tirando tudo que ele sempre quis, incluindo a minha lealdade. Virando as costas para

ele e partindo com tudo o que ele já me ensinou, cruzando a linha para ser um aliado do seu pior inimigo.

Agora isso...

O destruiu, porra, e isso foi bom o suficiente para mim.

-Você acha que é melhor que eu, Damien. Você é exatamente como

eu. Não importa onde você está ou para quem você trabalha. Isso nunca vai

mudar. Você me entende? Eu te possuo porque somos um e o mesmo.

Eu andei em direção a ele, inclinando-me em seu ouvido. Sussurrando:

-Eu sei-. E com isso eu atirei na perna dele, peguei seu celular para que ele

                         

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