O Diário de Jasmine
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Capítulo 62 Anthony e Jasmine img
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Capítulo 75 Isadora img
Capítulo 76 Meu Diário img
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Capítulo 78 Tereza img
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Capítulo 80 Isadora img
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Capítulo 82 Isabelly e Mikaelly img
Capítulo 83 Jasmine img
Capítulo 84 Anthony img
Capítulo 85 Epílogo Jasmine img
Capítulo 86 O Diário de Jasmine img
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Capítulo 2 Jasmine

Eu até queria sair hoje, mas amanhã tenho que acordar cedo. Então, resolvi avisar à Ana e à Cecília que não poderei ir ao barzinho que combinamos. Afinal, estou sem grana, e o meu bolso está me pedindo para ser mais responsável.

Adoro sair e me divertir com minhas amigas, mas desta vez o rolê vai ficar para outra oportunidade.

Enviei uma mensagem para a Ana, comunicando que não vou conseguir nos encontrar. E, confesso, fiquei com aquela pontinha de arrependimento. Ah, como eu queria arrumar um gatinho e dar uns beijinhos! Mas, não será hoje.

Quando a noite caiu, voltei para casa, tomei aquele banho revigorante que todo mundo sabe que é essencial depois de um dia cansativo, preparei um lanche, jantei e, por fim, me dei ao luxo de me tranquilizar. O objetivo? Relaxar e tentar dormir com a ansiedade pela entrevista do dia seguinte.

Deitei-me, fechei os olhos e logo adormeci, esperando que o próximo dia chegasse rapidinho.

Às seis da manhã, o despertador me acordou. Levantei e fui tomar um banho para começar o dia com o humor lá em cima.

Não tem nada melhor do que um banho matinal, é como se a água lavasse não só o corpo, mas também as preocupações.

Eu simplesmente amo essa sensação!

Sinto-me leve e energizada, e de repente o dia parece promissor. Hoje, mais do que nunca, eu precisava que esse dia fosse leve e positivo. Nada de drama, só vibrações boas e otimismo.

tomei meu café, e me arrumei de maneira simples, mas com aquele toque refinado, sabe? Porque, para quem não tem grana, a gente faz o que pode para não parecer que está na pior.

Como a residência ficava no Leblon, a uns trinta minutos ou mais da minha casa, eu sabia que precisaria sair mais cedo para não me atrasar. De metrô é mais rápido, então fiquei tranquila quanto ao tempo.

O problema é que o metrô está passando daqui a pouco, e eu realmente preciso me apressar, ou o atraso será inevitável. E, sinceramente, atrasar agora, no dia da entrevista, seria um desastre. Não posso deixar isso acontecer.

A Liliana deixou bem claro que o senhor Anthony não tolera atrasos. Eu, que em algumas ocasiões já tive a honrosa experiência de me atrasar, estava decidida a não cometer esse erro novamente. Hoje, fui pontual.

Ao chegar, fiquei de boca aberta com a grandiosidade da residência, que mais parecia uma mansão. Apresentei-me ao segurança que estava na entrada, e ele rapidamente acionou o interfone, permitindo minha entrada.

Fiquei pensando: Meu Deus, por que alguém construiria uma casa tão grande, especialmente um homem viúvo com duas filhas?

Mas, por outro lado, quem sou eu para questionar o que as pessoas fazem com sua grana, né?

Logo fui recebida por uma mulher extremamente amável, que me pediu para esperar no escritório. Gentilmente, ela me conduziu até o cômodo, e ali fiquei, aguardando ansiosamente para finalmente conhecer o senhor Anthony e, quem sabe, iniciar uma nova etapa na minha vida profissional.

- Já passou das 7 horas e o homem pontual ainda não apareceu.

Assim que pronunciei essas palavras, ele entrou na sala.

Será que ele ouviu?

Minha propensão à indiscrição verbal me traiu, como sempre!

Mas, para minha sorte, ele optou por não comentar o ocorrido. Apenas se dirigiu ao outro lado da mesa, como se nada tivesse acontecido.

Que ser humano maravilhoso, Jesus amado!

Que homem... meu Deus!

Eu não pude evitar. Uma sensação de calor invadiu meu corpo de forma quase elétrica.

Uau, isso foi... impressionante!

Agora estou em apuros!

Como deve ser a experiência de observar um homem assim todos os dias? Ele é... maravilhosamente irresistível!

Quem diria que ele possuía uma beleza dessa magnitude? Eu mal consegui processar minha própria reação.

Você já se sentiu assim? Perder o controle do corpo diante de um homem que te atrai, como se o próprio universo parasse?

Pois bem, é exatamente isso que estou sentindo agora!

E o pior: ele nem me olha. Sequer percebe a minha presença quando entra no escritório.

Preciso parar de pensar nisso, ele provavelmente será meu chefe.

"Peço desculpas pela demora! Você tem experiência prévia? Já trabalhou como babá? Tem afinidade com crianças? Trouxe seu currículo para a entrevista? São muitas perguntas, eu sei!"

- De jeito nenhum! Nunca trabalhei como babá. Minha experiência anterior foi como assistente administrativa em uma empresa, mas infelizmente fui demitida.

- E qual foi o motivo da sua demissão? Agora, você vai cuidar de duas crianças de quatro anos, então preciso entender melhor o porquê do seu desligamento, especialmente considerando que você não tem experiência com crianças - disse ele, o homem incrivelmente belo, que sequer me olhou diretamente.

Por que ele quer tanto saber a razão pela qual fui demitida? Isso não faz o menor sentido...

Esse homem deve ter algum tipo de paranoia. Só pode!

Mas como vou explicar que deixei o emprego porque o meu chefe tentou algo?

Ele vai pensar que eu aceitei ou, pior, que provoquei! Mas, de jeito nenhum, vou expor essa história.

- Fui dispensada porque me atrasei e esqueci de concluir uma tarefa importante que meu chefe havia solicitado - soltei a primeira desculpa que me veio à mente.

Que justificativa horrível! Jasmine, você está péssima nisso. Ele com certeza nunca vai me contratar agora.

- Tenho um carinho enorme por crianças, senhor. De verdade! - apressei-me em dizer, tentando suavizar o estrago.

Finalmente, o homem dos olhos azulados que eu já havia classificado como "os mais lindos do planeta" ergueu o olhar para mim. Pena que ele parecia mais sério que professor corrigindo prova de aluno bagunceiro.

Poxa, que homem é esse, hein?

Se ele estivesse em casa o tempo todo, eu com certeza seria demitida por pensar besteira. Quer dizer, eu jamais tentaria algo, claro! Pelo menos eu acho que não...

- Senhor, será necessário dormir aqui durante o trabalho? - perguntei com um nó no estômago. - Minha mãe precisa de cuidados. Ela está enfrentando problemas na coluna e nos ossos, tem muita dificuldade para se locomover. Preciso estar em casa à noite para cuidar dela.

- Sem problemas. Traga sua mãe para cá - disse ele, seco como um biscoito água e sal. - Preciso de alguém que durma aqui para cuidar das crianças. Isso não estava claro? Se aceitar, terá que dormir aqui, e pode trazer sua mãe. Caso contrário, tenho outras candidatas. O dilema é seu.

Mas que sujeito mais mal-educado! Meu primeiro instinto foi dizer umas boas verdades, mas lembrei que eu realmente precisava do emprego. Engoli em seco e mantive a calma.

- Certo, senhor. Eu aceito.

Ele pareceu satisfeito, ou pelo menos menos carrancudo, e logo retornou a mexer em seus documentos, quase sem me olhar. Depois de mais algumas instruções, avisou que eu deveria começar na próxima segunda-feira, com apenas um dia de folga a cada duas semanas.

Um dia de folga?

A cada duas semanas?

Nesse momento, quase gritei. Mas engoli o desespero e me despedi, prometendo voltar na segunda.

Enquanto saía, só conseguia pensar: Jasmine, o que você está fazendo da sua vida?

Como assim, apenas um dia de folga a cada quinze dias? Isso é uma piada, né?

E os meus lugares preferidos para sair?

O que eu faço com as noites que planejei com minhas amigas?

O pior: quando vou arrumar tempo para encontrar um gato decente para beijá-lo?

Ah, isso só pode ser brincadeira!

Estava tão indignada que, quando percebi, já tinha saído do local e estava quase chegando em casa. A irritação ainda queimava em mim, e a cada passo eu repassava a conversa na minha cabeça.

Aquele homem... Será que ele tem algo contra mulheres negras?

Mas, pensando bem, se ele fosse preconceituoso, nem teria me pedido para retornar, certo?

Me considero negra. Sou mais clara, é verdade, mas ainda assim, negra com muito orgulho. Minha mãe, com sua pele bem negra e uma beleza arrebatadora, sempre foi meu exemplo de força e determinação.

Ah, os olhos verdes... Esses eu herdei do traste do meu pai, que sumiu da minha vida antes mesmo de eu ter idade suficiente para entender o que isso significava.

Mas sabe de uma coisa?

Nunca senti falta. Minha mãe fez questão de preencher qualquer lacuna com um amor tão imenso que não deixava espaço para saudade de quem não merecia.

Graças a Deus, nunca tive problema em ser quem sou. Sou negra e sempre fui muito feliz com isso. Minha mãe me ensinou a caminhar de cabeça erguida, porque sabia que o mundo nem sempre seria gentil. E, por isso, nunca precisei buscar validação de ninguém.

Agora, refletindo sobre aquele homem, talvez tenha sido precipitada ao imaginar que ele pudesse ser preconceituoso. Se fosse, ele não teria me pedido para voltar. Ainda assim, a maneira como ele fala, tão fria e direta, dá vontade de balançar os ombros dele e dizer: "Ei, você tem um coração aí dentro?"

Deixei o assunto para lá. Afinal, se tem algo que aprendi com minha mãe, é que energia ruim a gente devolve para o universo e segue em frente.

É triste pensar que existem pais que não estão à altura do título tão nobre que carregam. Não é só sobre ter um filho, é sobre ser presença, cuidado e amor.

Com esses pensamentos, cheguei em casa. Minha mãe estava na sala, como sempre, com um sorriso que iluminava o ambiente. E eu sabia que, apesar do desafio desse emprego, faria tudo valer a pena.

            
            

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