O Diário de Jasmine
img img O Diário de Jasmine img Capítulo 3 Anthony
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Capítulo 3 Anthony

Há exatos quatro anos e meio, meu mundo desmoronou. Minha esposa, a luz da minha vida, partiu para sempre enquanto dava à luz nossas filhas gêmeas.

Isadora não era apenas minha esposa; ela era meu tudo. Nós vivíamos uma história intensa, repleta de amor e cumplicidade. Ainda consigo ouvir sua risada ao me contar que estava grávida – um som que, naquele instante, pareceu preencher todos os cantos do meu ser com felicidade.

Mas essa felicidade foi cruelmente testada. Os meses que se seguiram foram um misto de esperança e medo. A gravidez trouxe desafios que nenhum de nós poderia prever.

A pressão arterial dela subia a níveis alarmantes, e as queixas de dor tornaram-se constantes. Eu a acompanhava em cada consulta, impotente diante dos termos médicos que pareciam um idioma estranho, enquanto o pavor crescia em meu peito.

Quando chegou o sétimo mês, a tragédia bateu à nossa porta. Isadora acordou em agonia, e eu a levei às pressas para o hospital. O que aconteceu em seguida ainda é um borrão de vozes, lágrimas e desespero. Eles me disseram que ela havia sofrido eclâmpsia durante o parto. Em questão de horas, eu perdi o amor da minha vida.

Mas a mesma noite em que Isadora me foi arrancada trouxe a única coisa capaz de manter meu coração batendo: minhas filhas. Os médicos lutaram contra o tempo, e, graças a eles, minhas pequenas guerreiras nasceram, frágeis e prematuras, mas vivas.

Eu me lembro de segurar as duas pela primeira vez. Elas eram tão pequenas, tão delicadas. Chorei como nunca havia chorado, porque enquanto meus braços estavam cheios, meu coração estava vazio.

A cada novo marco – o primeiro sorriso, as primeiras palavras, os primeiros passos – uma parte de mim se enche de alegria, enquanto outra sangra de saudade.

Às vezes, no silêncio da noite, penso em como seria se Isadora estivesse aqui. Como ela estaria orgulhosa de nossas meninas. Como ela seguraria suas mãos e as guiaria com a ternura que só ela tinha.

Isadora era minha âncora, meu lar, e agora eu tento encontrar força no amor pelas nossas filhas. Elas são a razão pela qual continuo. Mas todos os dias carrego o peso do vazio que ela deixou. E todos os dias, sinto a dor de um amor eterno que, mesmo além da vida, ainda pulsa em meu peito.

Por que este destino desabou sobre mim?

Por que Deus decidiu arrancar ela – e de mim – todas as possibilidades de um futuro juntos?

Isadora era tudo o que havia de mais belo neste mundo. Seus cabelos dourados, caindo em ondas suaves, combinavam perfeitamente com seus olhos azuis que refletiam um oceano de calma e mistério.

Eu a amava com uma intensidade que mal consigo descrever, e cada vez que olho para nossas filhas, sinto a presença dela de forma quase cruel. Elas têm os mesmos olhos hipnotizantes e os mesmos fios dourados, uma lembrança constante do que perdi.

Sinto uma saudade avassaladora. O silêncio da casa pesa como um luto interminável. Ela tinha apenas vinte e cinco anos, tão jovem, com tanto a viver, e ainda assim o destino decidiu que nossa história terminaria de forma tão abrupta.

Casamo-nos quando ela tinha dezoito, mas nossa conexão era muito anterior a isso – éramos almas gêmeas desde os tempos de escola, e juntos construímos uma vida que parecia destinada à felicidade.

Agora, minhas filhas e eu estamos navegando por esse vazio. Recentemente, perdemos a babá que cuidava delas; ela retornou para sua cidade natal. Liliana, minha secretária de longa data, recomendou uma jovem para o cargo. Concordei em entrevistá-la, sem grandes expectativas, e pedi que fosse pontual.

No dia seguinte, às 7 horas em ponto, ela já estava no local combinado. Eu, no entanto, estava atrasado. A noite anterior havia sido um caos; minhas filhas choraram por horas, e eu mal preguei os olhos. Quando cheguei, cansado e com a mente embotada, ouvi uma breve reclamação dela sobre minha demora, mas decidi ignorar. Não tinha energia para confrontos tão cedo.

Sentado à mesa, com documentos espalhados à minha frente, iniciei a conversa sem erguer os olhos. Era rude, eu sabia, mas minha exaustão não permitia gestos de cortesia. Perguntei, com voz monótona, se ela tinha experiência no cuidado de crianças. A resposta dela me tirou do torpor: "Não."

Levantei o olhar, finalmente, e a vi pela primeira vez. Jovem, quase tão perdida quanto eu me sentia. Por um instante, algo no olhar dela – um misto de determinação e vulnerabilidade – me deixou sem palavras. Ela parecia tão deslocada quanto eu, mas havia algo ali, algo que eu não conseguia definir.

O que estava prestes a acontecer, naquele instante, eu ainda não sabia. Mas, de alguma forma, a chegada dela traria uma mudança – para mim e para as minhas filhas. Uma mudança que, talvez, eu nem soubesse que precisava.

Parece que encontrar uma babá que realmente se conecte com minhas filhas é mais difícil do que eu imaginava. A Carminha, com sua paciência infinita e habilidades incríveis, deixou um vazio que parece impossível de preencher.

Desde que ela partiu, Isabelly e Mikaelly têm resistido a qualquer nova babá que tento trazer para suas vidas. E, honestamente, não as culpo.

Elas têm apenas quatro anos e meio, mas já possuem um senso aguçado de quem as faz se sentir seguras. Com a Carminha, havia uma conexão quase mágica. Ela entendia cada choro, cada risada, cada olhar.

Sua formação em enfermagem fazia dela não apenas cuidadora, mas também uma figura protetora. Quando ela decidiu voltar para sua cidade natal, senti que perdíamos mais do que uma funcionária – perdíamos alguém que era parte da nossa pequena família.

            
            

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