----O que estava fazendo ai parado?
----Eu conheci esse lugar a duas semanas e desde então venho aqui no final da tarde.
---- Achei que tinha se mudado a pouco tempo.
---- Não eu... me mudei faz umas duas a três semanas já.
A todo tempo ele me olha como se estivesse me analisando.
Fico sem jeito quando ele está perto de mim.
----Então eu... Estou indo... é, toma cuidado ai.
Pego minhas coisas e saio , eu nem se quero olhar para trás.
Dylan Hall estava conversando comigo, isso é estranho, mais ao mesmo tempo bem comum. O aluno novo tentando fazer amizade. Geralmente os alunos novos dessa escola ou são nerds ou são caras que se acham pra caramba e acabam ficando com garotas mais burras que uma porca.
Mas Dylan? Dylan é diferente, reservado, quieto, misterioso, e convenhamos, ele é lindo. Mais vou evitar ao máximo flertar com ele. Caras bonitos assim sempre fazem besteiras e acabam estragando de uma forma idiota seus relacionamentos, e isso quando tem um.
Olha eu aqui... pensando em relacionamentos e caras bonitos... ou melhor dizer..."o cara bonito".
Dylan pergunta se quero companhia até em casa, se fosse a um tempo atrás eu diria que não, mas devido a tudo que tem acontecido, eu aceito.
Viemos o caminho todo sem falar nada, ele é bem quieto e eu, não sabia mesmo o que falar. Na porta de casa eu o agradeço, e ele se despede com um pequeno sorriso no canto da boca.
No dia seguinte na troca de aula, Encontro Mary no corredor:
----E ai preparada pra aula de Química?---ela pergunta assegurando alguns livros.
----Eu odeio química. ----faço cara de choro.
Entramos na sala. Cada escolhe uma mesa. Eu escolho ficar com Mary como sempre. A senhorita Morg entra na sala. Ela é a professora mais engraçada que temos. Ela tem cabelos loiros cacheados, usa roupas coloridas que na maioria das vezes nem combinam e pra piorar, ela sofre de uma doença que com a medida do tempo ela vai ficando um pouco mais surda. Traduzindo, ela é meio surda.
----Pessoal hoje tem avaliação surpresa!
Nossa eu nem estudei nada...
A sala toda faz um alvoroço.
----Calma.... mas a boa notícia é que vai ser em dupla....---Ela diz.
---- Ainda bem. ---Digo a Mary.
----Mais eu vou escolher as duplas.----Ela ri.
Porque será que tenho a leve impressão que vou acabar me ferrando nessa?
Ela começa falando os nomes....
----Pitter e Jack, Lucy e Ember, Mary e Daniel, Chalotte e Vanessa, Alyssa e Dylan...
Um frio veio sobre minha barriga nesse momento , Dylan? É, o Dylan Hall.
Ele vem para mesa em que estou, se senta ao meu lado, não fala nada, não olha pra mim, fica somente olhando para frente.
A avaliação é passada e ele começa a fazer, sozinho, nem se quer pede minha opinião. Ele faz sem apagar nada, parece ter absoluta certeza do que está fazendo.
Puxo assunto ou não?
Apesar de eu odiar química também QUERO ter participação nisso. Não quero só ficar olhando.
----Você gosta de Química?
Sério que perguntei isso?
----Não muito.
Ele responde seco.
---- Mais você é bom nisso.
----Eu já vi isso antes...
---- Posso ver?
Ele olha pra mim e ignora minha pergunta... continua escrevendo.
Ontem conversamos e hoje ele finge que sou so uma garota estranha. Não nego em meu rosto que isso me deixou ocupadíssima.
No final da aula saímos da sala e vamos para o refeitório. Pitter:
----E ai como foi a avaliação de vocês?
----Horrível!---Digo prendendo o cabelo em forma de coque. ----Dylan fez tudo sozinho, disse que já sabia.
---- Isso é bom! Horrível foi minha avaliação, Jack é mais burro que um porta tive que fazer tudo sozinho.
Mary:
----Pra mim foi de boa.... estava muito facil.
----Também né Mary você é prefeita da nerdolândia.... ----Pitter cai na risada.
Na hora da saída estou com Pitter e Mary, Alguém me chama. Era Dylan.
----O que você quer ?---pergunto.
Mary e Pitter saem.
----Nós te esperamos ali em baixo Alyssa.
Ele esta com uma Folha e me entrega.
----Essa é a prova de Química. Toma. 10.
Pego a prova e devolvo para sua mão.
----Você tirou 10 Dylan... parabéns.
Me viro e saio andando. Ele me evitou e vou evita-lo também.
Vou para perto de Mary e Pitter e vamos embora.
♤
ESTOU casa ... são sete e meia da noite. Meu pai bate na porta.
---- Tem visita pra você lá em baixo Alyssa.
----Eu já vou descer pai obrigada.
Desço as escadas.
----O quê quer ?
Dylan está em pé ao lado de meu pai.
----Só falar com você sobre o nosso trabalho de Química...
Revido.
----Seu trabalho de Química!
----Ok mais podemos conversar?
----Fiquem à-vontade, se precisar de alguma coisa estaremos na cozinha. - diz meu pai.
----Obrigada pai.
Me Sento no sofá.
----E então?---pergunto já que ele só fica me observando e não fala nada.
---- Porquê fez aquilo?
----Aquilo o quê?
----Você sabe do que estou falando.
----É , eu sei... mais eu também acho que você sabe muito bem porque fiz aquilo.
Ele se aproxima para mais perto de mim.
----Você odeia química , então eu facilitei o trabalho.
----Eu nunca te disse que não gostava! Como sabe disso? Aliás... como sabia onde eu moro?
----Isso não vem ao caso Alyssa, só peço que não faça mais isso.
---- Você veio até a minha casa, pra me dar ordens? É isso mesmo?
---- Entenda... eu não estou te dando ordens.
----A não?
----Não.
Abro a porta...
----Ok então se já acabou "senhor"...
ELE se aproxima tanto de mim que seu rosto fica bem perto do meu. Seu olhar é um pouco intimidador... Minha respiração fica mais rápida a cada segundo.
Dylan diz:
---- Se cuida Liz.
Liz?
Sinto uma vontade incontrolável de beija-lo. Ele esta tão perto. Não Alyssa, não! Mantenho-me firme.
Ele sai e fecho a porta.
Ele veio me pedir desculpas ? Juro que não estava esperando por isso. Confesso que essa atitude dele me deixou meio sem palavras.
---- Quem era Alyssa?
Minha mãe aparece na sala.
----Um amigo da escola. ---Subo as escadas para o quarto.
Sinto uma atração por ele inexplicável. Quando ele está perto de mim, eu me sinto segura. Ele parecia sempre confiante, estava sempre sério, tinha resposta pra tudo.
Tiro um pouco Dylan Hall do meu pensamento e relembro o que passei na última semana. Ainda vem na minha mente àqueles homens brigando, o corte no braço. Tudo foi tão estranho.
No dia seguinte por mais que fosse difícil evitei falar com Dylan. Ele parecia um famoso ou criminoso, se falasse com ele todos ficavam olhando pra sua cara.
DEPOIS do intervalo por incrível que pareça fui a primeira a voltar pra sala. Mais ao chegar na porta vejo Dylan conversando com o novo professor o senhor Nefeloz. Eles não me viram.
Encosto na parede ao lado da porta. Eu não queria ouvi-los mais foi inevitável.
---- Não pode ficar perto dela Dylan, Você vai Atraí-los. ----Era o senhor Nefeloz.
---- Eu estou tentando.----Diz Dylan.
Não ouço mais nada. O sinal toca e entro pra sala enquanto Dylan sai. Não o vejo até o fim da aula, mais percebo que Nefeloz não para de me olhar. Por um minuto cheguei a pensar que eles estavam falando de mim.
Na saída da escola resolvo ir novamente para o lago, resfriar a cabeça e pensar um pouco, tentar assimilar o que eu havia ouvido mais cedo.
O fim da tarde ia chegando, e eu sentada na grama via o pôr do sol. Eu adorava ficar ali, sentada, sentindo o vento, escrevendo ou desdenhando. Não havia lugar melhor.
Estava escurecendo e eu peguei minhas coisas para ir embora. Apesar de ter sido uma boa tarde, eu estava com fome e cansada.
Estou caminhado de volta pra casa. Nossa ... eu nunca havia reparado que a rua do lago é tão vazia a noite.
Estou andando .... um vento gelado passa me dando um calafrio. Evito ao máximo olhara para trás.
Estou caminhando e ouço um som ao qual lembrei já ter ouvido uma vez. Ouço o som de um rosnado. Paraliso . Olho em volta e não vejo ninguém.
Começo a apertar os passos. Ouço mais uma vez os rosnados e dessa vez mais auto. Começo a correr, sei no que isso deu da última vez.
Alguém parece correr atrás de mim, corro e der repente ouço um barulho de moto.
É uma moto!
Ela para bem na minha frente.
----Sobe! ---Diz o homem da moto.
----Não eu nem te conheço.
Ele rapidamente tira o capacete.
----Dylan?
Ele da o seu capacete em minha mão.
---- Sobe logo Alyssa!
----Eu...
Ele me empurra para o lado e algo vai pra cima dele. É aquele homem que tentou me atacar da última vez. Dylan esta no chão. O homem das manchas vem para me atacar quando Dylan levanta e o puxa. Segura pelo pescoço e o joga no chão.
A imagem daquela noite vem como um Flashback, Dylan é o cara que me salvou da ultima vez. Mais, essa força que ele tem é surreal para um jovem de 18 anos.
Os olhos de Dylan mudam de cor, Ficam pretos ao olhar o rosto do homem das manchas. Dylan olha para ele com raiva, e aperta seu pescoço de uma forma que acaba o quebrado. De uma de suas mãos sai uma lâmina que fura o homem.
Fico assustada. Com medo. Alguém me puxa e sou arremessada para longe de Dylan. Sinto uma dor insuportável em uma das pernas.
Dylan corre e vai na direção do homem que me arremessou, ele da um salto muito alto e sua mão para no pescoço do homem...o chão racha, posso sentir o impacto. Dylan pega a lâmina novamente e enfia na barriga do homem.
Ele se levanta , e quebra a lâmina ao meio. A joga de lado e olha para mim.
Não estou me sentindo bem , minha perna doi muito. Dylan vem , coloca suas duas mãos em meu rosto, ele é gelado. Estou com medo.
---- Como você está?---Ele me pergunta ainda com as suas mãos em meu rosto.
----Estou com medo. ---Meus olhos estão cheios de lágrimas.
---- Calma Alyssa...
----Calma?
Olho para os homens que Dylan havia matado ... eles estão agonizando, deles saem fumaça.
----O que esta acontecendo com eles?
---- Eles vão se desintegrar até virar cinza.
Cinza? Porque?
--- Porque?
----Depois te explico.
Ele me pega no colo. A dor eh insuportável.
---- Acho que você quebrou a perna.
Ele sai andando comigo. Percebo que sua moto fica lá parada. Dylan esta andando sentindo contrário ao que eu estava indo.
Minha perna esta doendo muito. Não consigo nem pensar. Alguns minutos caminhando Dylan entra em um lugar onde tem algumas árvores. La no fundo do terreno vejo uma casa grande. Nós entramos na casa .... ele me coloca em cima de uma mesa de vidro.
----Você vai ficar bem Alyssa. Tome isso.
Ele me da algo para beber. Me nego.
----Você tem que tomar se não vai perder a perna.
Penso um pouco. Isso pode me ajudar a aliviar a dor. Bebo. Tem um gosto amargo e nojento. Parece planta. Eu rapidamente começo a ver tudo embaçado. Não consigo ficar acordada. Tudo vai se escurecendo e der repente não enxergo mais nada.
"VOCÊ tem que ficar longe dela." "VOCÊ tem que ficar longe dela." "VOCÊ tem que ficar longe dela." "VOCÊ tem que ficar longe dela."
Essas palavras ficam vindo em minha mente.
Sinto um peso. Abro os olhos. Estou em um quarto,as luzes são baixas, olho para minha perna e ela esta enfaixada.
Tento me sentar quando ouço alguém abrir a porta.
----Alyssa?
É o Dylan.
----Quem é você? Por favor não se aproxime!
Ele para.
----Alyssa eu vou te explicar tudo mais tem que ficar calma entendeu?
----Como posso ficar calma quando vi você matando duas pessoas e...
----Alyssa eles não eram pessoas.
----O que eram então?
----Posso sentar?---Ele pergunta.
Faço cara de quem não liga.
Ele se senta na ponta da cama.
---- Eles não são homens ou pessoas Alyssa. Eles são ....
----São o que?
----Eles são vampiros assim como eu!
---- Isso não pode ser verdade.
Ele olha pra mim.
----Mais é.
----Quer dizer então que você fica como eles?
----Não... eles vem de uma Ceita de rebeldes são os amaldiçoados. Eu... eu sou um transformado ... não fico como eles.
----Não consigo acreditar nisso Dylan.
---- Não?
Ele se levanta. Fica na frente da cama. E logo se transforma. Seus olhos ficam pretos. Seus dentes ficam maiores. Seu semblante muda completamente.
Minha respiração fica mais ofegante e não consigo desacelerar minha respiração.
----Acredita agora?---Ele diz vindo até mim.
----O que eles querem comigo eu Não tenho nada pra oferecer ,porque estão atrás de mim?
---- Você tem muito a oferecer. Você é uma cura Alyssa para os vampiros maldiçoados. Por isso eles estão atrás de você.
----Eu não estou entendendo nada Dylan.
Ele me encara.
----Seus criadores não te contaram não é?
---Meus criadores? Meus pais você quer dizer né.
Ele se senta mais perto de mim.
---Alyssa eu preciso que fique calma e preste bastante atenção no que eu vou ti falar ok?
Afirmo com a cabeça.
---- Vitor e Ellie não são seus pais biológicos.
----Não sabe o que está falando!-sussuro.
----Me escuta Alyssa. Eles não são seus Pais verdadeiros. Você foi deixada na porta deles com oito meses de vida.
Fico irritada.
----Como pode saber isso?
----Porque eu estava lá. Eu vi, eu conheci seus pais Alyssa. Como acha que eu sabia onde era sua casa, como eu sabia que odeia química, que aos seis anos seu cachorro morreu e você o enterrou na floresta Blent. Como eu saberia, que no seu aniversário de 15 anos vice disse que estava feliz, mas chorou no seu quarto durante todo o dia porque se sentia sozinha.
---- Quantos anos você tem?
----Isso não importa agora ....
Repito:
----Quantos anos você tem?
----208 .
----Impossível. tem cara de 18, no máximo 20.
----Pode acreditar que não.----Ele diz.
----Eu.... vou te deixar um pouco sozinha... quando quiser saber sobre quem você realmente é ,estarei aqui.
Ele sai e as lagrimas logo caem em meu rosto. Adotada? Nunca imaginei que poderia estar dormindo e acordando com pessoas que nem se quer conheço direito.
Isso realmente é decepcionante. É frustrante. Sinto um ódio mais ao mesmos tempo um alívio por saber disso. É estranha a sensação.
Choro a noite até dormir. Ou melhor dizer, até cochilar.