Um amor para o BILIONÁRIO
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Capítulo 5 SAMANTHA

Deprimente. Essa era a minha definição naquele exato instante. O meu dia começou com um atraso de 10 minutos, que pode não ser nada para as pessoas, só que para mim, a única mulher em uma sala com mais cinco homens, era terrível.

Sussurros diziam: "TPM? Eu não sabia que ela tinha filhos".

Porra! Por que eu era tão cobrada, e os idiotas que tinham uma eficiência inferior à minha, não?

Estive cansada durante a semana toda e, para piorar, Hoper deixou, estrategicamente, um folheto sobre sua "pesquisa" em cima da peça, sabendo do meu jeito curioso. Passei uma boa parte da noite lendo-o e o relendo.

Primeiro: por que eu estava tão interessada nisso?

Segundo: por que não me mudava de cidade e me livrava dos dois problemas que me tiravam o sono? Não tinha que suportar resmungos, olhares de dúvidas e suposições sobre minha vida.

Precisava me esforçar duas vezes mais para conseguir algo, para ser ouvida e ter meu nome em trabalhos que eu criava.

E naquele minuto, exatamente naquele minuto, estava com o folheto idiota na mão, sentada no capô do meu carro, em frente ao prédio onde seria a primeira "entrevista". Chamei-a assim para não parecer ridícula demais.

- Você tem que ser mais aberta, Samantha. - tentei imitar a voz de Hoper, que, nesse instante, era irritante. - Não vai te matar aparecer lá e conversar com alguém. - continuei.

Meu intuito não era namorar. Deus me livre! O problema era a minha curiosidade. Meu lado cientista gritava, dizendo que eu estava sendo dura com a ideia.

- Meu dia já foi uma merda. O que tem de mais em entrar lá e despejar minha raiva em alguns idiotas desesperados?

Desci do capô, ainda achando uma burrice a minha atitude.

Não estávamos dentro da universidade onde Hoper estudou seu doutorado e começou com tudo isso. Pelo que sei, a danada arranjou um ricaço para bancar a brincadeira de laboratório com humanos. Não sabia quem ele era, entretanto o odiava.

Antes de entrar na sala, vi três mulheres diferentes sentadas cada uma em uma cadeira, a uma distância considerável umas das outras. Elas estavam com papel e caneta em mãos, anotando algo. Achei que tivesse a ver com a experiência.

Entrei pela porta de vidro e avistei a mulher negra, de cabelos cacheados, sorrindo de orelha a orelha e me encarando com brilho nos olhos. Hoper já tinha falado sobre ela; eu só não me lembrava do seu nome.

- Oi. Sou a Carol. Você veio por conta da experiência? - Foi simpática.

Quem seria eu para tirar o sorriso bonito do seu rosto?

- Eu vim por causa da minha loucura inconsciente de que passaria a noite sozinha no meu apartamento sem vida. - Dei um sorriso amarelo. - É, vim por conta da experiência.

Vendo a confusão em seu rosto, meu sorriso se tornou genuíno.

- Pode preencher este formulário e depois me entregar. - Colocou em cima do balcão de mármore preto a papelada e uma caneta.

- Ok. - Era ridículo. Tudo isso não iria dar certo, então por que eu estava ali? - Talvez um derrame cerebral.

Como se o local fosse um terreno hostil, andei com cuidado até as cadeiras onde, anteriormente, tinha visto as mulheres. Uma delas me olhou com simpatia e eu retribuí seu gesto com um sorriso.

Sentei-me e observei o papel com atenção. Pelo que eu tinha entendido, eles iriam analisar as nossas interações e alguns dos nossos temas abordados, para determinarem em que parte dessa loucura nós teríamos começado a nos interessar pela outra pessoa.

Eu iria sussurrar que isso não iria acontecer comigo, mas resolvi deixar minhas palavras irônicas para Hoper. No fim, assinei e devolvi o papel à mulher, no balcão. Recebi um número e achei isso estranho, porém depois me foi explicado que cada encontro aconteceria em uma sala diferente. Segui até a minha, sem esperança de sair dali sem uma dor de cabeça. Fui eu quem escolhi ir.

Parei em frente à porta com o meu número e, antes mesmo de pegar na maçaneta, senti meu peito palpitar. Era medo. Tinha me esquecido, com a raiva, o porquê de eu achar tal plano idiota. É óbvio que meu intuito era passar a noite conhecendo melhor a experiência, e não desejando alguém, só que era involuntário não me sentir tão amedrontada com a possibilidade de ser rejeitada.

Vamos! Não será tão difícil. Não veio aqui em busca de um amor. Pense que será uma conversa comum com um estranho no bar. - falou a menina dentro de mim. - Um estranho no bar! Um estranho no bar!

Respirei fundo, abri a porta com bastante gás e me assustei com a escuridão. Aos poucos, luzes pequenas instaladas no chão e nos objetos se acenderam, ajudando-me a identificar onde ficava cada coisa. O que era desnecessário, já que não havia mais ninguém no cômodo.

- Puta merda! Onde vim parar? - falei, achando que estava sozinha.

A voz de um homem não muito rouca logo me surpreendeu:

- Eu me fiz essa pergunta ao entrar. - Ele parecia tão desanimado quanto eu. - Até agora tento me convencer de que isso não vai estragar mais a minha noite.

O senhor anônimo era engraçado. Gostei de ser recebida desse jeito. Achava que fosse a única a odiar estar ali, embora tivesse sido escolha minha.

- Sofre da mesma ideia louca de odiar e não saber por que está aqui? - perguntei assim que fechei a porta, seguindo para o que pensei ser uma cadeira. Descobri que era uma poltrona macia. - Acabo me perguntando se faz parte da experiência causar tal confusão nos participantes.

- O que posso dizer é que torço para que isso acabe logo. - respondeu, fazendo-me rir.

- Cara, achei que odiaria conversar, mas estou gostando de você. - afirmei em um tom irônico. - Se odeia estar aqui, pelo que parece, por que veio?

- Fui alienado por todos ao meu redor. - disse ainda com rispidez. - Pelo que dizem, sou triste e solitário. E com base no que as outras duas mulheres disseram antes de você, sou arrogante e mereço ficar sozinho.

- Sabe? Acho você um cara legal só por odiar o experimento. - confessei.

- Jura?! - Achei graça da surpresa em sua voz. - Pensei que todas aqui estavam desesperadas e que essa era a única chance de encontrar alguém.

- Bem, eu não estou desesperada, apesar de ter vindo a este lugar. Mas tive um dia de merda. Meus colegas, posso dizer concorrentes, tornaram meu trabalho um inferno. Um deles roubou uma ideia minha, dizendo que foi dele, mesmo todos sabendo que não. Também, quase fui presa por dirigir além do limite adequado, e... estava tão puta comigo mesma, que vim até aqui sem nem saber. Talvez eu realmente esteja desesperada. - Acabei refletindo.

O silêncio me fez pensar que o cara ríspido do outro lado me deixou só. Novamente respirei fundo, achando-me deprimente.

- Não queria passar o resto da noite sozinha. - opinou. - Entendo.

- Por que veio?

- Meu irmão me acha deprimente e solitário.

Seria loucura dizer que estava gostando da conversa de ódio que estávamos tendo? Até parecíamos a mesma pessoa com situações diferentes e outro sexo.

- Não somos solitários. É uma opção. É como dizem: melhor sozinho do que mal acompanhado.

Por um minuto pensei no que estava acontecendo. Não imaginei que viria aqui, nem que estaria sentada naquela poltrona idiota, conversando com um estranho. E não estava sendo ruim. Algo inesperado.

- Por que roubaram a sua ideia? - questionou a voz do homem que ainda não me disse seu nome. - A propósito, sou Joseph. É estranho conversar com alguém que não sei como se chama.

- Samantha. - Dei um sorriso quase envergonhado. - Bem... Isso acontece com mais frequência do que eu gostaria. A verdade é que sou a única naquela empresa que tem o nível de eficiência elevado. Por isso me contrataram.

- Não faz sentido você ser a melhor e ser roubada dessa forma.

Uma pergunta que eu me fazia sempre era: "Por que eu tenho que passar por isso, e eles não?"

- A única coisa que sei é que ser mulher em uma empresa majoritariamente constituída por homens é difícil. - lamentei.

- Não pensa em sair de lá e procurar outro lugar?

- Tenho algumas opções, porém teria que sair de Nova York. E não é o que quero neste momento. Mas, e você? O que faz da vida?

Sua resposta não veio rapidamente. Não achei que estivesse sendo intrometida, já que tinha falado bastante sobre o meu dilema.

- Administro empresas. Um trabalho cansativo.

- Então, é um dos homens que se sentam na mais alta cadeira, assim como aqueles que me ferram todos os dias? - perguntei em um tom de graça.

- Não sou esse tipo de pessoa, apesar de estar em uma boa situação. - defendeu-se. - Na verdade, trabalho para diminuir essa questão onde administro. O que acontece dentro das empresas hoje em dia é o reflexo da criação e dos valores ensinados a esses homens. Se desvalorizam o trabalho de uma mulher só por ser mulher, não são líderes que merecem reconhecimento.

Seu comentário me trouxe uma alegria digna de colocar um sorriso no meu rosto. O que, novamente, impressionou-me.

- Fico feliz, Joseph. - comentei ainda sorrindo. - Você me surpreende. Acreditei que odiaria conversar com alguém neste lugar.

Apesar de eu não o conhecer e não desejar nada com ele, não achava que diria isso para agradar alguém que não tinha interesse algum em flertar.

- Posso dizer o mesmo, mas ainda continuo com o meu pensamento anterior: não vim aqui atrás da falsa esperança de um relacionamento.

- Posso dizer o mesmo. - concordei. - Seria louco imaginar que pessoas que não podem se ver ou se tocar, podem despertar interesse umas nas outras, porém acho válida a experiência. O problema, para mim, é como levar isso para fora destas salas.

- O problema, para mim, é como saber se devemos confiar no que o outro diz, se mal posso vê-lo. - disse duramente. - Lá fora conhecemos pessoas, convivemos com elas e confiamos nelas, até o momento em que nos traem, nos deixando com questionamentos. Devemos mesmo confiar em todos? E como saber se podemos confiar? O que essa experiência me traz não é a oportunidade de conhecer alguém compatível comigo, e sim a seguinte dúvida: se não posso confiar nem nos meus amigos mais íntimos, como posso depositar tal responsabilidade em quem nunca vi na vida?

Senti, em sua voz e em suas palavras, que sua amargura vinha de decepções anteriores. Eu mesma sabia como era esse conflito.

- Pessoas são decepcionantes, Joseph. Não importa se você as conhece ou se acabou de conhecê-las. Em algum momento elas vão mostrar uma atitude que você nunca imaginou que teriam. Afinal, se aquele alguém que você achou que te amava, pode te abandonar, como pensar que quem nem te conhece ou te ama não fará o mesmo?

De novo, o silêncio tomou conta da sala escura. Era algo irritante notar a nossa semelhança até nas dúvidas. Ele era um desconhecido que, mesmo não me vendo, parecia se sentir como eu.

- É impressão minha ou nós dois fomos postos neste lugar para testarmos os nossos limites emocionais?

Rimos. O efeito sonoro foi baixo, no entanto nítido aos nossos ouvidos.

Eu queria odiar nossa conversa só para chegar em casa e dizer à Hoper o quanto a odiei, contudo, em menos de meia hora, já me senti compreendida.

- Quando falaram que encontraríamos compatibilidade, não estavam mentindo. - afirmei.

- Mas não muda o fato de continuarmos odiando isso.

- Não mesmo!

- Então... Também passou por desilusões amorosas? É uma tola pergunta, já que parece que sim.

Geralmente, eu não conversava com as pessoas. No trabalho, falava sobre projetos e ideias, e com a Hoper lidava com algumas questões emocionais e do dia a dia. Todavia, até mesmo ela não sabia de tudo pelo que eu tinha passado.

Ouvir a pergunta dele me levou àquela situação de dúvida que sempre encontrava quando conhecia uma pessoa. Dessa vez, eu estava sendo questionada sobre a raiz do problema.

- O que posso dizer é que nunca estive em um relacionamento, mas que já fui derrubada no fundo do poço sempre que eu achava que teria algo: uma família. - lamentei, lembrando-me de todas as vezes em que entrava pela porta de uma casa bonita, repleta de desejos e sonhos. O que me eram tirados em menos de um mês.

- Não tem uma família?

A agonia em meu peito crescia a todo momento, alertando-me sobre os maus pensamentos que sempre me deixavam para baixo. Eu tinha que fugir desse caminho, ou libertaria a menina chorosa que costumava trancar no quarto mais escuro do meu peito.

- Não, não tenho. E gostaria de passar essa rodada de perguntas. - comuniquei nervosa.

- Ok. Me desculpe. - Com o silêncio de novo entre nós, minha cabeça idiota voltou ao passado, recordando-me de coisas que eu não queria lembrar. - Então, o que faz no seu tempo livre? - Sua pergunta me fez retornar à realidade, porém me deixou confusa.

- Quer saber mais sobre mim? - questionei surpresa.

- Bem... Estamos aqui. Falar sobre o passado não vai nos trazer bons pensamentos, e ir embora só nos prenderá a esses momentos. Então, achei uma boa ideia nos distrairmos com perguntas monótonas que eu faria se realmente quisesse conhecer uma mulher em um encontro.

- Nunca estive em um encontro. - falei meu pensamento em voz alta, com um pouco de preocupação.

- Sério? - A incredulidade em seu tom de voz me divertiu. - Você, realmente, não sai com pessoas para beber em algum bar, nem para noites casuais?

- Meus encontros casuais não são encontros. - Deixei claro. - Na verdade, as vezes em que fiquei com alguém foram em festas universitárias, e eram acontecimentos tão banais, que eu me esquecia deles no outro dia.

- É seu modo de proteção contra babacas?

- Posso dizer que é a minha forma de burlar a vida, que nunca foi legal comigo.

- Faço isso não indo a encontros e sendo um cara legal.

- No início, você estava sendo ríspido e arrogante, mas até que é um cara legal.

- Não gosto de ser grosso com as pessoas. Sinceramente, eu não era o homem que sou hoje. Mas, como você disse, a vida também não foi boa comigo e me tornei o que mais detesto.

A variação de humor na nossa conversa estava se tornando um gráfico triste e confuso.

- No meu tempo livre, gosto de assistir a alguma comédia, já que minha vida não é a mais alegre, e também de irritar a minha colega de quarto, que está sempre me apontando os meus defeitos emocionais. Ainda, em alguns dias, vou a um orfanato que sempre frequento, animar e ensinar as crianças a tocarem piano.

- É um apego emocional do seu passado?

Eu me lembrei dos dias em que ia àquele lugar. Apesar de isso fazer eu me recordar dos momentos ruins, ver as crianças brincando e sorrindo me alegrava.

- Nunca fui adotada ou escolhida. Sei como é se sentir sozinha, mesmo no meio de tantas crianças.

- Gosta de crianças? - Pigarreia. - Quero dizer... Pretende ter filhos? - Com essa última pergunta, ele não pareceu o mesmo homem que fez a anterior.

- Gosto muito, porém não acho que terei um filho, já que não sei o que é ser mãe.

Mãe! Essa é uma palavra forte e vazia para mim.

Joseph, apesar de eu não o conhecer, não achava que fosse um homem odiável. Ele tinha seus motivos para ser tão arrogante e eu sabia bem como era tentar se proteger das pessoas. Era um tipo de medo especifico: medo de se apegar e depois perder algo ou ser traído.

Ele não precisou dizer em palavras pelo que passou, para que eu soubesse que foi traído por quem um dia amou. Eu não passei por algo assim, entretanto as decepções que tive, também me marcaram.

Conversamos por um bom tempo. Os temas viam e iam em meio ao nosso passado que, mesmo não citados, eram entendidos por ambos.

Quando olhei para o relógio já tinha se passado uma hora, e o que me surpreendeu foi não querer parar de conversar com ele. Era raro encontrar alguém que me entendesse tanto.

A despedida não foi um alívio, e eu não sabia por quê. Desejei voltar e conversar com ele em outro dia.

                         

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