Capítulo 2 Um CEO mal humorado

PONTO DE VISTA DE BRIAN

Eu estava na minha sala revisando alguns contratos que precisavam ser assinados até o fim do dia, quando meu advogado e melhor amigo, Alex Bernardi, entrou na minha sala como se fosse dono do lugar.

- "Você não sabe bater na porta não?" - perguntei meio impaciente e o filho da mãe abriu um sorriso cínico como sempre fazia quando me via mal humorado.

- "Tá mal humorado, Brian? Teve uma noite solitária?" - o infeliz teve a cara de pau de perguntar. Ele se jogou em uma cadeira na minha frente e colocou os pés em cima da minha mesa como se estivesse na sala da casa dele.

- "O que você quer, Alex? Tô cheio de trabalho." - Alex e eu somos amigos desde sempre, não existe uma época da minha vida em que ele não estivesse lá, se eu precisasse de alguém pra esconder um corpo, com certeza seria ele que eu chamaria.

- "Falar de trabalho, cara. O que mais seria?" - ele revirou os olhos como se fosse óbvio. - "Você sabe que meu pai sempre joga vôlei de praia com o seu pai aos domingos né? Pois então, eu soube de fonte segura que ele está pensando em encerrar a aposentadoria e voltar pro cargo de CEO."

- "Como é?? Por que?" - Essa merda não pode ser verdade, eu estava a frente do Grupo Cesarini a 3 anos, quando meu pai se aposentou. Eu estudei pra caramba, trabalhei feito um condenado, pra provar que estava a altura da cadeira de CEO e que eu não era só um garoto mimado que iria herdar o império da família. Ninguém podia dizer que eu não era o melhor pro cargo. Meu pai havia me treinado e quando viu que eu estava pronto, se aposentou. Mas porque essa merda agora?

- "Parece que seu pai achou que quando você assumisse a empresa iria amadurecer, ficar mais sossegado, encontrar uma moça legal e todas aquelas coisas de ser um homem de família que seu pai sempre fala. Mas parece que o tiro saiu pela culatra, não é mesmo?" - Meu amigo estava claramente se divertindo as minhas custas enquanto eu não conseguia ver graça nenhuma nisso. Eu dou o meu sangue por essa empresa e meu pai acha que porque não tenho um relacionamento não sou maduro o suficiente?! Mas nem fudendo.

- "Como você soube disso?"

- "O seu pai falou pro meu pai, que por acaso comentou comigo... sabe como é." - ele estava realmente achando graça da situação.

Enquanto eu tinha um pequeno surto e meu melhor amigo ria da minha desgraça, a minha secretária, também conhecida como srta. Desastre, entrava na minha sala com uma bandeja com café. Heloísa Mortágua trabalha pra mim a 3 anos, e é a pessoa mais azarada que eu já conheci, e olha que eu conheço muita gente. Eu sempre me vejo perguntando como uma pessoa com duas pernas esquerdas e distraída ao extremo consegue ser tão competente, não faz sentido pra mim. Não que eu já a tenha elogiado por isso, é claro que não. Mas a menina consegue surpreender. Ela atrai o caos.

- "Com licença senhores, espero não estar atrapalhando." - Heloísa colocou a bandeja em cima da mesinha de centro, pegou um pote de biscoitos com geleia no armário no fundo da minha sala e serviu as duas xícaras com café. Alex foi logo se jogar no sofá todo sorridente pro lado da minha secretária a fazendo corar. Era outra coisa que eu não compreendia naquela mulher, como uma pessoa de 24 anos podia ficar tão constrangida perto do sexo oposto?

Eu me levantei e fui em direção ao sofá para tentar colocar a cabeça no lugar, quando minha secretária teve a brilhante ideia de me entregar a xícara em mãos, o que dado ao histórico dela é uma péssima ideia. Eu estava a poucos passos dela quando as duas pernas esquerdas se embolaram e ela foi caindo em minha direção, por puro reflexo eu me inclinei para tentar segurá-la e impedir que se machucasse quando a xícara de café virou em cima de mim, queimando o meu peito e me fazendo esbravejar.

- "Me desculpe, sr Cesarini, eu não sei o que aconteceu, eu sou muito desastrada. Vou providenciar outra camisa pro senhor, tem referencia de cor? Não claro, eu sei que prefere camisas brancas, vou buscar agora. Se quiser pode descontar essa aí do meu salário, é tudo minha culpa. Mas não, peraí, deve ser muito cara, vai complicar tudo, eu não posso pagar por uma camisa dessas...." E como sempre acontecia quando ela fazia uma burrada, começava a falar pelo cotovelos e parecia que não iria parar nunca mais.

- "Já chega, srta Mortágua!" - Falei um pouco mais alto do que deveria, a deixando assustada. Ela se encolheu um pouco e ficou com o rosto todo vermelho. - "Só providencie a camisa e saia da sala, por favor."

Ela correu até o closet que tinha no meu escritório, pegou uma camisa branca, me entregou sussurrando um pedido de desculpas e saiu correndo da minha sala. Quando a porta fechou, Alex começou a gargalhar com a mão na barriga.

- "Do que você está rindo, seu idiota?"

- "Meu Deus, vocês são incríveis juntos, não tem como observar os dois e não achar graça." - Eu não conseguia acompanhar o raciocínio do meu amigo, o que tinha de tão incrível? Se a srta. Mortágua não fosse tão boa no seu trabalho eu teria me livrado dela na primeira semana, aquela mulher tira o meu juízo.

            
            

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