DARK - THE FINAL POSSESSION
img img DARK - THE FINAL POSSESSION img Capítulo 3 2
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Capítulo 3 2

DUBLIN, IRLANDA.

20 de Janeiro.

9:56AM

- Não tem ninguém aqui?! - grito passando pelo hall e pela sala de estar, dou meia volta, deixando a mala de rodinhas na sala mesmo e ando até a sala de jantar onde acho eles tomando café da manhã.

- Voltei. - respiro fundo, soltando o ar pela boca e sorrio.

- Minha filha. - minha mãe se levanta para me abraçar.

- Oi mamãe. Demorei quase um mês e meio...estava com saudades. - beijo seu rosto e depois vou até meu pai, sentado na cabeceira da mesa para dar um beijo em sua bochecha.

- Está linda. - me abraço. - Como foi a viagem?

- Cansativa.

-Sente-se. - minha mãe chama para eu me sentar no lugar de sempre e eu o faço. - Deveria ficar mais em casa, eu morro sem você aqui. - acabo sorrindo carinhosamente de seu típico drama. Somos muito unidas e cúmplices, ela é como minha melhor amiga e eu não consigo esconder nada dela. Faz muita falta quando fico distante.

- Vocês aproveitam muito sem mim, isso sim. - olho atrevida para os dois enquanto estou enchendo uma taça de suco. - Resolvi todas as pendências por lá, fechei negócio, acabei com outros, fiz vistorias. - conto na ordem.

- Hum.. E não quer nos contar do seu noivo? - Pergunta com a sobrancelha arqueada.

Eles já sabem...

Solto o pão que eu comia.

- vocês já sabem, não é? - olho de um para o outro e meu pai assente. Está inexpressivo, e isso me assusta um pouco. Mas meu pai é muito paciente, então sua inexpressividade talvez seja porque ele não vai se alterar com nada até ouvir da minha boca que é algo o qual ele deva se preocupar.

Ele acredita muito na gente, então não importa o que outros digam, nossa palavras são as únicas que importam.

- Ele mesmo fez questão de me contar, com muita raiva, como deve imaginar. Mas não fez ameaças...- fala estranhando, franzindo as sobrancelhas levemente e dando de ombros. - E me contou antes de você, sabe que odeio saber as coisas da minha família pelos outros.

- Eu terminei com ele faz menos de vinte quatro horas, nem tive tempo. Ele foi rápido em avisar. - bufo frustada.

Linguarudo.

- O que houve, filha?

Olho para minha mãe um pouco tímida.

- Eu notei que não gostava dele, e não era a pessoa que eu queria passar o resto da minha vida. - falo superficialmente, mas o olhar que dou a minha mãe, entrega que depois contarei mais detalhadamente pra ela longe do meu pai .

- E ele não aceitou bem...não teria como aceitar, sabe como é no nosso mundo.

- E o que fez ele aceitar? - Indaga meu pai, ainda mais desconfiado.

- Eu...inventei algo pra ele.

- Que seria?...- me estimula a continuar.

- Que estou apaixonada por Alessandro e estamos namorando. A única forma dele não tentar nada contra nós por vingança e nem sujar nossa imagem por quebrar a palavra, por medo de Alessandro.

- O que? - Minha mãe engasga, levando o guardanapo a boca.

- É... mãe. Eu tinha que ser esperta, se dissesse isso de qualquer outro mataria um inocente, então...pra salvar a mim, tive que envolver ele nisso. Ele aceitou fingir...por um tempo, depois inventaremos que terminamos porque não deu certo, porque era só amizade e confundimos as coisas...

- Alessandro aceitou fingir que namora você? - Pergunta ela, achando graça. - Entendo...

- O que ele não vai aceitar é que isso é uma mentira, vai querer se aproveitar. Conheço o sangue dos Petrov. - Meu pai diz, já não achando tanta graça nessa situação.

- Não se preocupe, papai. Ele não vai fazer nada que eu não queira, ele só quis me ajudar. - falo tentando convencer a mim mesma também, sabendo que provavelmente não é bem assim que a banda toca. - Ele não vai se aproveitar de nada. - toco sua mão, acariciando e sorrindo.

- Sua ingenuidade me preocupa. - responde sério, mas retribuindo o carinho na minha mão.

- Estevan... Vamos deixar nossa filha, ela precisa comer em paz, se ela disse que tudo bem, está resolvido. E você tem aquela reunião, não tem? - Ela se levanta, o puxando da cadeira também. - Está na hora, meu amor.

- Não pense que vai conseguir desviar minha atenção disso. - Ela se deixa levantar, jogando o guardanapo na mesa - Depois conversamos mais sobre. - avisa sério, se curvando para deixar um beijo na minha testa e depois um nos lábios da minha mãe.

- Não se preocupe, papai. Eu fiz o que tinha que fazer, eu salvei a mim e a nós.- Digo sorrindo e quando ele sai, o sorriso morre e eu encaro minha mãe com a expressão preocupada.

Antes que ela vá o acompanhar, ainda sentada, a seguro pelos dedos.

- O que você fez, Angelina? - Joga a bomba agora que estamos sozinhas.

- Perdi a virgindade. - digo mexendo a boca sem fazer som, e sua expressão muda radicalmente quando faz a leitura labial.

Seus olhos arregalam até quase sair de orbita, e ela se joga na cadeira ao meu lado, se virando de frente para mim.

Acho que por essa ela não esperava...

- Não me diga que foi com...

Faço que sim.

Engole em seco.

- oh meus Deus... Está ficando maluca, Angelina? Você não pensa, menina? Jesus... Como isso aconteceu?

Ela tem uma filha, acho que ela sabe como aconteceu...

Eu riria com meu pensamento se não estivesse com o....não mão.

- É justamente por pensar que tive que fazer isso. O Peter e eu não acabamos só porque eu não gostava mais dele, ele me bateu, e me traia com todas as mulheres que passavam pela sua frente. Nada ia fazer ele me largar porque nossa relação era muito conveniente a ele, nada ia fazer ele aceitar se não fosse eu perder a virgindade com o futuro Subchefe, tinha o Eric claro,...mas credo. - faço careta. - E Alessandro não ia me negar essa ajuda. Sabe como ia ser horrível minha vida...apanhar e ser traída para sempre. Eu fiz o que eu pude.

- Ele bateu em você? Vou falar com seu pai, esse Maldito não vive mais um dia.

Balanço as mãos eufórica, colocando sobre a dela tão rápido que faz um barulhinho de tapa.

- Não! Foi justamente por isso que não contei nada pra ele. Você sabe que ele ia querer colocar o mundo abaixo e isso não é bom e nem seguro, vamos deixar isso pra lá, por favor. Nós estamos conseguindo crescer tanto, não podemos ficar arrumando conflitos. - meu olhar implorando.

- Minha filha, a sua vida vem antes da máfia, nada é mais importante do que ela. E é por isso que você não deveria ter envolvido Alessandro nisso... Você sabe que isso significa, não sabe?

- Mãe, se eu tivesse aceitado continuar com o Peter eu ia viver um inferno, e não foi pra isso que vocês me criaram com tanto amor e lutaram tanto pra eu ter direitos e poder governar aqui. E se eu tivesse dito não a ele sem usar o Alessandro, ele ia fazer algo contra nós...ou sei lá o que ele usaria para me fazer mal. Não tive outro caminho...- explico. - E está tudo bem com isso, Peter agora está no passado. Ele não é mais um problema e não pode mais nos prejudicar. O problema agora é que Alessandro disse que eu sou dele.

- É claro que ele disse... Em que mundo achou que ter Peter como problema era pior que Alessandro? Poderia vir para casa e faríamos um jeito... Não é de hoje que esse rapaz tem sentimentos por você. Desde sempre... E a família dele...Você sabe do histórico.

- dar que Jeito, mamãe?! - balanço a cabeça. - Íamos ficar com a imagem suja, de pessoas que quebram a palavra e sabe como isso pesa, ainda mais para os russos. - Ela se cala por um segundo, sabendo que eu estou certa neste ponto. - E sobre o Alessandro, eu senti coisas diferentes...depois que fiquei com ele. Mas não é amor e também não é paixão, eu estou atraída...mas não acho que isso é o suficiente para que eu queira ser dele.

- Esse é o problema... Você não o quer, mas ele quer você. Sabe quantas vezes eu vi as mulheres na Rússia sofrerem por causa desse impasse? Angel. - Passa a mão por meu rosto com carinho, olhando em meus olhos com compaixão. - Não seja inocente, você precisa estar pronta.

- Pronta como?

- Pronta para lidar com toda a intensidade, ciúmes e controle que ele vai tentar exercer sobre você. Se quiser levar isso adiante, fale agora e vamos resolver isso, mas se seguir com isso... Tem que ser forte.

- Eu...não sei. - fico completamente sem rumo. - Sabe como eu gosto de ser livre, de rir, viajar, conversar, festejar...- penso em tudo que eu perderia e ainda mais, como uma vida de casal com Alessandro parece estranha pra mim.

Como poderão resolver isso? Acho que ele não vai aceitar um não...não existe como escapar dele sem sairmos no prejuízo.

- Primeiro tente desvendar o que foi esse sentimento que sentiu e vai ter um norte... Nunca se esqueça que sempre vamos estar aqui para você.

- Eu te amo...- seguro mais forte sua mão, tentando tomar suas forças para mim, como se fosse possível. - Vou precisar...de um tempo. - respiro fundo, olhando para o nada.

[...]

Duas batidas na porta semi aberta do meu quarto, roubam minha atenção da televisão que eu assistia, sentada em minha cama.

- Oi, papai.

- Ocupada?

- Não, mas pra você nunca estou, vem! - Chamo com a mão, varrendo o ar para minha direção e ele sorri, caminhando até mim e se sentando na beirada da cama.

- Vim te chamar para jantar, então...largue isso. - tira o balde de pipoca do meu colo, colocando sobre o seu, levando um punhado a boca em seguida.

- Eu consigo comer pipoca e jantar, consigo comer tudo! - faço um biquinho vendo que ele não para de comer a pipoca roubada. - Dá o exemplo e para você também! - dou um tapinha em sua mão e ele ri.

- Não é só isso que eu vim falar. Eu não engoli aquela história no café da manhã.

- Como assim?

- Entendo que pra acabar com o noivado com o Peter sem sujar nossa imagem você teve que fingir namorar o Alessandro Petrov, mas sabe que não me importo com nada disso, o importante é a sua felicidade e você não tem que se submeter a fingimentos.

- Papai, eu me importo e me importo muito. Roubaram tudo da gente, você voltou pra cá e lutou muito para recuperar tudo isso...ainda estamos reconstruindo e eu quero que vocês partam desse mundo vendo que toda a dedicação de vocês não foi em vão, que somos grandes e fortes. Você sempre faz tudo certinho pra não sujar a nossa imagem, não se dá o ao luxo de arrumar conflitos por ego igual os outros Mafiosos podem....você se importa sim.

- Mais importante do que isso, é partir desse mundo sabendo que você está feliz. Você é acima de tudo.

- E pra mim vocês e a O'neill também são acima de tudo. Eu só vou ser feliz se puder realizar nosso sonho, e foi por isso que fiz o que fiz.

- Você saiu de um problema e se colocou em outro. Ele sempre foi obcecado por você e isso sempre me incomodou, porque sabia que na primeira oportunidade de render você, ele faria.

Seguro sua mão, olhando profundamente em seus olhos.

- Ele não fez nada comigo que eu não queira, papai. Pode confiar.

Falo sincera, até agora ele realmente não fez nada que eu não queira. Só...está tentando, me fazendo voltar pra Rússia e ser dele.

- Vou te falar uma coisa, e preste atenção, Angelina. Sei que conhece ele a vida toda e confia nele, mas não deveria, você acha que o conhece mas não xonhece...as pessoas mostram outra face por amor, e é o que ele vai fazer, se é que já não fez. Porque sinto que está me escondendo algo, mas não vou te obrigar a falar nada.

Me sinto muito culpada por estar mentindo para o meu pai, só que eu não quero deixar ele preocupado, mais preocupado...

- Não estou, eu vou ser inteligente, papai, vou continuar fazendo o que tenho que fazer. E quanto a minha felicidade, não se preocupe, vocês me fizeram a menina mais feliz do mundo até hoje, me ensinaram a ser feliz em qualquer lugar do mundo, a ver magia nas coisas mais simples, desde o nascer do sol até às mais grandes como uma jóia.

- E eu faria tudo de novo.

Sorrio.

- Confie em mim.

- Se precisar de mim, sabe que estarei onde precisar, e não importa o que faça ou o que aconteça, você sempre será o meu orgulho. Nada pode mudar isso. Você é minha princesa.

Me coloco de joelhos no colchão, atirando meu corpo em seu abraço, fico segundos com a cabeça apoiada em seu ombro, sentindo o carinho em minhas costas e usando isso como força para o que pode vir pela frente.

- Eu te amo...- sussuro.

_______________________________________

Dia seguinte....

21 de janeiro, 09:12AM

Largo todas as coisas que estava fazendo no quarto e me jogo na cama, atendendo o telefone que tocava insistentemente.

- Bom dia! - digo para Alessandro, na Rússia agora são 11H mas aqui em Dublin são 9h, o fuso horário não é muito grande mas faz uma pequena diferença.

- Bom dia... O que está fazendo? - Dá para saber que ele está sorrindo agora, pela maneira que sua voz soa.

- Estava arrumando o closet, colocando minhas roupas de volta no lugar e todas as compras que eu fiz. - respondo ele também sorrindo. - E você? Como está? E o que está fazendo?

- Estou indo para a sede. E não perca tempo desfazendo as malas já vai refaze-las em breve.

- Ainda faltam alguns dias. - falo tentando parecer normal com essa ideia, e não preocupada como realmente estou. - O Peter falou com meu pai, foi reclamar do final do noivado, passou na minha frente. E eu...disse pro meu pai que o casamento acabou porque eu notei que não gostava do Peter, e pra justificar para o Peter o fim, havia inventado que estamos namorando. Não contei que perdi a virgindade...e que o Peter tinha me batida e traído, contei para minha mãe mas para ele não...sabe o que ia acontecer,e eu só quero ficar em paz, não causar um estrago. Então não mencione nada diferente do que eu falei, por favor.

- Poderia dizer a verdade a ele, eu cuidaria do resto. - Diz gentil e protetor. - E fique tranquila, vou cuidar para que Peter não fique mais com seu nome na boca. E quando aos seus pais, faremos como achar melhor... Você decide se quer ou não dizer, o importante é que esteja aqui em breve.

- Eu mal sai daí. - acabo dando uma leve risadinha tensa, falhando na tarefa de disfarçar. - Sem pressa.

- Duas semanas, Angelina. Foi o combinado...- Agora sua voz muda, grossa e incisiva, com uma leve irritabilidade. - Não se esqueça que é minha.

- Alessandro, o que planeja? Aqui é minha casa, eu vou aí a negócios ou férias sempre que vou. Mas eu moro aqui, na irlanda, com meus pais. - Deixo cair por terra a tentativa de esconder meus sentimentos conflitantes. Eu sei que não quero voltar pra Rússia, eu gosto daqui, da minha casa, da minha família, dos meus amigos e de ficar com o Barry, das minhas missões.

Ele fico em silêncio por um tempo, segundos, e enquanto ele não fala nada meu coração golpeia meu peito.

- Volte e vamos falar sobre isso... Não se esqueça de não aprontar aí, eu vou saber. Preserve o que é meu, não se esqueça disso.

- Tudo bem..- concordo contra minha vontade. Não é difícil não transar com ninguém, fiquei sem isso por anos até ter Alessandro, o difícil mesmo, é fazer algo que não o vá irritar profundamente com ciúme, porque, coisas bobas o deixam assim, e se já era terrível quando éramos só amigos, agora que acha que eu sou dele, vai ser um caos. - pode voltar ao trabalho...não quero te atrasar. até mais.

- Até...- responde suave antes de desligar.

Bato a cara no colchão, dando um grito abafado.

[...]

Quando meu pai voltou para refazer a máfia, e a nomeou como O'neill, decidiu fazer as coisas diferentes. Ao chegar, a primeira coisa que fez foi ir atrás dos membros fiéis que sobreviveram, alguns muitos estavam até mesmo fora do país, eles os achou e apresentou a nova proposta, os que aceitaram, voltaram para a irlanda e tiveram seus cargos recolocados, alguns ficam em outros países para cuidar dos negócios por lá, somos muito influentes na Inglaterra, estados unidos e Rússia, que é onde estamos distribuidos, temos força, mas ainda não tanto quanto antes.

O plano era um grande sistema de lavagem de dinheiro, uma empresa fictícia para explicar de onde todo o nosso dinheiro vem. A O'neill como máfia só trabalha com contrabando de drogas, bebidas ilícitas, também há alguns casos de agiotagem para jogadores viciados em cassinos.

E é aí que entra a empresa fictícia, uma financeira de nível médio, com bastante capital. A empresa se localiza no 5° andar de um dos maiores prédios comerciais no centro de Dublin.

Não temos mais uma sede, meu pai não acha isso discreto, temos uma grande mansão localizada em uma área deserta cheia de vegetação onde os membros se reúnem.

Quanto a área de treinamento, compramos uma academia, é privada e só os membros da O'neill podem entrar, e é nela que estou agora.

Assim que passo pelo lobby, aceno para todos que sorriem de volta para mim, ao passar pela porta dupla que dá acesso a primeira sala extensa, com cerca de 30 metros de largura por 45 de comprimento.

Essa é a sala de tiro, com proteção sonora, ela tem as paredes brancas e vários alvos simulando humanos posicionados por toda parte.

- Oi, Clark. - Aceno na direção do homem loiro com cerca de 1,80 de altura, os olhos verdes e as bochechas rosadas.

- Oi, Angel. Demorou dessa vez, como foi na Rússia? - Diz ele colocando munição na arma.

- Foi bom, sabe que eu gosto muito de lá, estamos indo bem nos negócios por lá. Você viu o Barry?

- Na última sala. Ele chegou faz umas duas horas, deu umas aulas para os novatos e acho que está sozinho de novo.

- Eu vou lá fazer uma surpresinha pra ele. - dou um tapinha em seu ombro e ele sorri.

- Vai fazer o velho infartar, ele sente sua falta. Aluna favorita. - ri de lado.

- Não chama ele assim! - Falo alto com um sorriso no rosto ao caminhar para a segunda porta que divide as salas.

Cumprimento todos pelo caminho, mas ao chegar na última porta, eu a abro com cuidado sem fazer barulho e o vejo de costas em pé, mexendo no celular.

Tiro os saltos, deixando no chão e vou descalça na ponta dos pés, pisando fofo até chegar nele. Ele é muito alto, 2 metros de altura, e com meus 1,66 tenho que continuar na ponta dos pés ao passar minhas mãos por trás e cobrir seus olhos.

- Advinha quem é? - pergunto sorrindo completamente animada, minhas bochechas chegam a doer de tanto sorrir.

- A única mulher inocente o suficiente para achar que não notei sua presença assim que abriu a porta.

- Ah, não acredito!

- O seu andar te entrega, seu cheiro também, e mais ainda essas mãos pálidas pequenas com unhas pintadas de rosa. - Segura minha mão, tirando dos olhos, e se vira para mim.

- Sentiu minha falta? - me jogo em seus braços.

- Sempre sinto.

Barry é meu mentor, tem quarenta e dois anos e é um homem e tanto, as mulheres suspiram por onde ele passa. Nem dá pra acreditar que até hoje ele está solteiro, é muito centrado do negócio. Dois metros de altura, uma barba meio grisalha e cabelos pretos, é muito forte, musculoso e sua voz é grossa, capaz de arrepiar qualquer mulher, e seu cheiro amadeirado com fundo adocicado é hipnotizante, mas acima de tudo, o que mais encanta nele, é a pessoa maravilhosa que é. É paciente, inteligente, bem humorado, embora tenha uma aparência bem séria, muito leal e alguém que pode você confiar de verdade.

O pai dele foi um dos membros que na hora em que meu pai pisou na Irlanda, se uniu a ele para refazer a máfia morta. O pai dele era muito amigo do meu avô, foi um dos que escapou da carnificina, e nunca culpou meu avô por ter entregado a todos, entendeu completamente. O Barry cresceu e tomou o lugar do seu pai, e agora é um dos pilares da máfia O'neill.

Quando eu fiz dezesseis anos, ele começou a me treinar, se tornou meu mentor. Ele me ajudou a moldar o que eu sou hoje, ele me ensinou a lidar com a frustração, a lutar, atirar, a armar planos, me ensinou os ossos do ofício, tudo que eu preciso saber para um dia tomar conta do lugar do meu pai.

Nunca fui muito boa na parte de luta corporal, eu sou boa em atirar e me garanto na auto defesa, mas minha praia mesmo são as negociações. Só que eu preciso saber me defender, e ele é bem paciente, toda vez que eu perco, e perco feio pra ele, ganho uma nova dica de como fazer da melhor forma e escapar, ele nunca se irrita com as minhas falhas.

Barry foi tudo na minha vida.

- Estou te devendo seu presente de formatura, você saiu daqui antes que eu entregasse. Vai ser difícil ser memorável como eu queria, seu pai te deu uma ferrari. - ri, jogando as sobrancelhas para cima e para baixo quando balança os ombros.

- Barry, sabe que você também tem os melhores presentes, e se me der uma pedra catada do chão, eu vou guardar com todo carinho.

- É uma pedra, mas não peguei do chão. - Ele começa a caminhar na direção dos armários e eu o acompanho. Quando paramos em frente ao seu, ele retira uma caixinha azul escura e me entrega.

O olho de baixo, dando um sorriso analítico antes de abrir e minha boca formar um O. Passo os dedos sobre o colar de pérolas com um pingente pequeno de diamante em forma de coração no meio.

- Parabéns pela formatura. - abre os braços e eu ainda encantada, aceito.

- Eu estou apaixonada, vou usar muito. Combina com quase todas as minhas roupas.

- Não poderia ter nada tão você quanto isso, foi o que pensei quando vi.

- Obrigada...- me separo do abraço e me viro para que ele coloque. De costas para ele, entrego o colar e sinto seus dedos na minha nunca quando o colar é envolvido na área, ele demora um pouquinho para conseguir fechar.

- Está linda.

- Você é incrível, obrigada. E obrigada por ter me apoiado tanto e feito parte disso tudo.

- O mérito é seu, eu estou aqui para o que precisar. Estou orgulhoso. - a voz grave não esconde a emoção. - Agora vamos voltar para a sala, temos uma tradição para cumprir.

- Dardos? - Questiono.

- Sim. - movimenta a cabeça.

Além de tudo, ele também é um ótimo conselheiro, como se fosse um psicólogo. Desde quando ele começou a me treinar, desenvolveu uma tática simples porém muito eficiente, para ele saber como estava meu humor e respeitar meus limites daquele dia, nós íamos para a sala e jogávamos dardos no alvo enquanto eu contava tudo sobre como foi meu dia, minha semana, dependendo do período o qual ficamos longe. Ele me aconselhava, mas às vezes só escutava. Isso também ajudava a desenvolver os sentidos, porque era uma conversa casual a qual estávamos focados e tendo que dividir essa atenção entre a conversa e o alvo, então quanto mais eu conseguia acertar o alvo enquanto me focava na conversa, mais atenta eu me tornava com tudo ao meu redor.

O Problema, é que esse jogo de Dardos vai ser difícil de ganhar enquanto o que eu conto, não é sobre a escola, a faculdade ou sobre alguma pessoa idiota que me irritou, sobre meus pais, e sim sobre eu ter perdido a virgindade com meu amigo de infância, Alessandro Petrov, na Rússia.

            
            

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