Capítulo 9 Não perca sua essência

Ao ouvir a garota, Franklin recobrou seus sentidos e caiu em si. "Senta aí. Eu quero falar com você!"

'Falar sobre o quê?' Mary ficou confusa por um instante pois não achava que havia qualquer coisa que eles precisassem discutir ou conversar. Mas por educação e até mesmo um pouco de curiosidade para saber sobre o que seria, ela respondeu: "Sobre o que você quer conversar?"

"Você está precisando de dinheiro, certo? Você pode me ajudar a administrar essa casa e como pagamento eu lhe ofereço pagar o dobro que você está ganhando atualmente na boate. Considere isso como uma forma de ficarmos quites por ter te ajudado anteriormente e assim teremos um acordo no qual seremos empregador e empregada. O que você acha? Esse acordo te interessa?"

Franklin falou em um tom tão agradável que se assemelhava ao som de um violoncelo. Ele já tinha o costume de ser conciso e direto ao ponto no que dizia respeito a qualquer tipo de negociação que fazia. Mary estava certa, ele de fato era um homem frio. E ela até duvidou por um instante que ele era o mesmo homem triste e sozinho que ela havia visto anteriormente.

Ao suspirar, Mary ponderou sobre a proposta que acabara de ouvir. As condições pareciam ser muito atraentes e embora ela não quisesse se tornar empregada daquele homem frio e de intenções estranhas, ela precisava do dinheiro para contratar um advogado para seu pai e também para pagar as despesas médicas de sua mãe.

Ela estava tendendo para aceitar a proposta sem pestanejar, mas infelizmente a sua situação não permitia que ela o fizesse. "Senhor Franklin, eu sinto muito mas acho que não poderei aceitar!" Ela disse educadamente.

"Como é? A quantia que eu lhe ofereci não é o suficiente para você?" Ao dizer isso, um sorriso sarcástico surgiu no canto de seus lábios. As pessoas estavam cada vez mais gananciosas ultimamente. O salário que ele havia lhe oferecido se tratava de uma quantia um tanto quanto considerável. E por mais que ela fosse parecida com a menina que morava em seu coração, ela nunca se tornaria de fato ela. Ninguém poderia sequer se comparar com Jeannette. Ela sim era a única mulher que ele amaria na sua vida.

Mary percebeu o tom sarcástico de Franklin instantaneamente. Desde que sua família faliu, ela não parou de trabalhar para ganhar dinheiro e já havia enfrentado esse tipo de situação muitas vezes. Mas ela tinha uma certeza, não importava o que os outros pensassem dela, pois ela sempre daria o seu melhor e faria todo o possível para não perder a sua essência. Contanto que as pessoas de quem ela mais se importava não a desprezassem ou zombassem dela, as opiniões dos outros não seria importante para ela de forma alguma.

"Senhor Franklin, a questão não é a quantia de dinheiro oferecida! E sim sobre a minha atual situação. Eu não tenho como ficar longe de casa por um longo período de tempo. Eu ainda estou estudando, no momento, estou de férias mas em breve minhas aulas voltarão. Além disso, minha mãe está atualmente internada no hospital e eu tenho que cuidar dela pois não temos mais ninguém que o faça. Para ser totalmente sincera, as condições que você me ofereceu são extremamente tentadoras, e eu

realmente estou precisando de dinheiro e seria de grande ajuda tal salário, mas infelizmente não tenho escolha! Há momentos na vida que precisamos fazer certas escolhas que não necessariamente são as mesmas que gostaríamos de fazer de fato. A verdade é que eu não queria interagir com você anteriormente pelo fato de que eu não posso me dar ao luxo de te ofender de forma alguma. Além do que, uma pessoa como eu não tem espaço no seu círculo social. Então eu sinceramente peço desculpas pelo que eu fiz anteriormente, mas de modo algum eu me arrependo! Eu não me sinto preparada para te servir, levando em conta o quão linda e bem administrada é essa moradia! As pessoas que trabalham em sua casa atualmente devem ser extremamente qualificadas. É um tanto quanto óbvio que eu não posso te oferecer muito, mas ainda assim eu quero lhe dizer que se algum dia precisar da minha ajuda, eu estarei aqui para fazer todo o possível para te auxiliar. Este é o meu número de celular. E já está um tanto quanto tarde e eu realmente preciso ir para casa! Adeus!" Enquanto Mary dizia essas palavras a Franklin, ela viu uma caneta e papel na mesa de chá próxima a eles e anotou seu número de telefone. Depois disso, ela o colocou na mesa na frente de Franklin e saiu da sala sem olhar para trás.

"Espere um minuto!" Franklin pegou o pedaço de papel a sua frente e olhou para a caligrafia delicada da garota. Sua letra era de fácil entendimento, e seu pulso firme! Se assemelhava bastante com ela própria.

"Mary, você tem um bonito nome! E ele se assemelha a você!" Disse o homem encarando o pedaço de papel. "Mas você não precisa me dar uma resposta definitiva agora! Pondere sobre minha proposta, ela ficará válida por até três dias! Se vier depois desse prazo, te digo que não estarei de tão bom humor e será um pouco mais díficil de negociarmos. Aqui está o meu cartão de visita. Você pode ir agora!" A falta de ganância de Mary fez com que Franklin a visse com outros olhos e tivesse uma impressão um tanto quanto boa dela. 'Com essa boa impressão, talvez eu possa ser capaz de ajudá-la um pouco.'